segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Angicos, Carta aos Deputados Provinciais

Em 1835, a Câmara Municipal de Angicos encaminhou carta aos Deputados Provinciais, onde fazia a defesa da Vila diante da  possibilidade dela ser dissolvida.Transcrevo para cá o texto desse documento, que encontrei no IHGRN, que trás importantes informações da nossa História.
A Câmara Municipal da Vila de Angicos desta Província do Rio Grande do Norte, persuadida que há quem pretenda representar a Vós Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados Provinciais, para ser dissolvida esta Vila, alegando ser falta d'água, de materiais para construção de casas, de meios para sustentação dos habitantes, e de cidadãos capazes por conhecimento para exercer os Empregos Públicos, julga, esta Câmara, ser do seu dever, levar ao Vosso Conhecimento Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados Provinciais, que esta Vila não tem falta d'água como dizem, pois tem uma Cacimba que não falta água ainda nos anos mais rigorosos de sêca, e juntamente um olho d'água, que a dá com abundância, e nunca seca, acrescendo haver grandes poços, que recebendo água do inverno, duram quase todo ano, e o terreno é tal que sempre se conserva muito clara e sem corrupção, servindo uns poços para a lavagem de roupa e banhos, e outros para beber-se.
A planta da Vila é agradável e oferece (maravilhosa) vista, tem terreno suficiente para se fazer muitas casas, há dentro da Vila muito barro para telha, e tijolo, e muita pedra, que dá boa cal, e não se querendo fazer as casas de tijolos, podem se servir  de pedras, pois há em abundância. O terreno desta Vila, Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados, tem de comprimento mais de quarenta léguas, e de largura quatorze dezesseis, e dezoito, é povoado por mais de cinco mil almas e é dividido o povoamento em três grandes distritos com as denominações de Santa Anna do Mattos, Angicos, e Guamaré e em cada um se vê uma boa Capela, sendo Angicos o do centro do termo, como até assim reconhece a Câmara da Vila de Princesa, como se vê dos Artigos das Atas juntos, e por assim ser, oferece muita comodidade aos habitantes do Município a se reunirem no ponto da Vila.
No Distrito de Santa Anna do Mattos se fazem grandes plantações em uma Cordilheira de Serra, e de Guamaré é o ponto desta Província onde há mais armadilhas de pescarias, sendo facílimo entrar para a Vila o preciso para sustentação dos habitantes, acrescendo ser todo Município povoado de Fazendas de Gado que o fertiliza, ficando por isto demonstrado que a Vila de Angicos não padece falta de mantimentos, e até os que precisa da Praça de Pernambuco, desembarcados no lugar das Oficinas, chegam em carros com dois dias de viagem. Tendente a falta de Cidadãos de conhecimentos para os Empregos Públicos seja lícito a esta Câmara dizer, que se esta falta fosse bastante para ser dissolvida a Vila, então deveria ser dissolvida a Cidade da Paraíba, por ter a Câmara da Capital procedido a nomeação de Promotor Público, e eleição de Jurados por meio de eleitores de Paróquia, como se vê no correio oficial do ano passado, nº 87; também deveria ser dissolvida a Capital de Pernambuco, onde uma junta de Paz tomou deliberações tendentes a moeda de cobre, privativo a Assembléia Geral Legislativa, e de cujo procedimento foi a junta acusada pelo Promotor Público; deveriam  ser dissolvidas as Capitais das Províncias do Ceará e Maranhão pela deliberação que tomaram relativa ao cunho, e valor da moeda de cobre, o que só é da competência da Assembleia Geral Legislativa; deveriam enfim ser dissolvidas quase todas as Cidades, e Vilas do Império Brasileiro, por terem praticado atos ilegais, umas por falta de conhecimento, e outras por caprichos. O certo é que os Empregados Públicos da Vila de Angicos não tem praticado erros consideráveis no desempenho de seus deveres, e se os tem praticado em matéria leve, desse-lhe as desculpas que se dá aos mais Empregados das Vilas da Província, e se os tem em matéria grave, sofram as penas da Lei, e não seja a Vila dissolvida por erros, que por falta de conhecimento praticaram os Empregados.
Esta Câmara, Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados vos certifica que a maioria dos povos de seu Município deseja que seja a Vila confirmada no ponto de Angicos, como está criada, por terem os (ilgível)  mais pertos do que tinham quando eram sujeitos a Vila de Princesa, e por que esta Câmara não duvida acreditar que a boa ordem que há em seu Município seja alterada se a Vila for dissolvida, tomou a deliberação de levar o exposto ao vosso conhecimento Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados, para que tomem em consideração o negócio que não é de pequena monta por pender do bem estar dos Povos, que se esperam dos vossos atos legislativos, todo seu cômodo, paz, e sossego, delibereis Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados como vos ditam  a vossa Alta Sabedoria.
Esta Câmara, Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados, aproveita a ocasião para vos pedir aceiteis o seu devido cumprimento, aplaudindo o dia em que cada um de vós prestarem juramento e posse do muito alto Emprego de Legislador, que dignamente haveis desempenhar.
Deus Guarde por muitos anos a vós Ilustríssimos e Excelentíssimos Senhores Deputados. Vila de Angicos em Sessão Extraordinária de ( ilegível) Janeiro de 1835
Antonio Francisco Bezerra da Costa, Alexandre Lopes Viégas e Azevedo, João Manoel da Costa e Mello, Francisco de Borja Soares Rapozo da Câmara, Antonio Lopes Viégas e Azevedo, José Teixeira de Souza, Miguel Francisco da Costa Machado.
Os sete componentes da Câmara Municipal faziam parte de um núcleo familiar. Eram todos parentes consangüíneos ou por afinidade do Patriarca da região, o português João Barbosa da Costa. Por exemplo, Antonio Francisco, João Manoel e Miguel Francisco eram primos legítimos e, respectivamente, meu tetravô, meu tio-trisavô e meu trisavô. Francisco de Borja era sogro de duas filhas de Miguel Francisco. Alexandre Lopes e Antonio Lopes eram netos de Anna Barbosa da Conceição, filha de João Barbosa. José Teixeira era parente dos Lopes Viégas.

Em que ano Padre Felis veio para Angicos?

O Padre Felix (ou Felis, como está na maioria dos registros) esteve presente na Freguesia de Angicos por mais de 50 anos. Segundo Monsenhor Severino, no livro Levitas do Senhor, nasceu a 27 de Agosto de 1820, no lugar antigamente chamado São João do Rio do Peixe, Paraíba. Por ter perdido seus pais cedo, José Joaquim Pereira de Sousa e Ana do Sacramento Pereira de Sousa, foi criado por seu irmão José Felis, segundo Monsenhor Severino, ou José Alexandre Pereira de Sousa, segundo Aluizio Alves.
Do registro de casamento de José Francisco Alves de Sousa com Maria Ignácia Teixeira do Carmo, tiramos que José Alexandre Pereira de Sousa, pai do noivo, era casado com Maria Leopoldina Josefa Carolina. Assim, pela informação acima de Aluizio, o padre Felis seria tio de José Francisco, e, portanto, tio avô do Capitão José da Penha Alves de Sousa.
Seus dois biógrafos Aluizio e Monsenhor Severino afirmam que o Padre Felis ordenou-se em 1844 e veio para Angicos no início de 1845, para recuperar as suas condições de saúde, enfraquecidas por conta dos esforços despendidos nos seus estudos no Seminário de Olinda. Mas, os registros da Igreja dão conta que o Padre Felis já atuava em 1844, em Angicos. Vejamos o registro a seguir:
Aos trinta de Maio de 1844, pelas oito horas do dia na Fazenda Carapebas, presentes as testemunhas Alexandre Francisco da Costa, e Januário Brasiliano Alves, uni em matrimônio, e conferi as bênçãos nupciais aos contraentes meus fregueses Gonçalo e Luiza, escravos de João Manoel da Costa, servatis servandis; e para constar, fiz este assento em que me assino. O Padre Felis Alves de Sousa, Vigário Encomendado de Angicos.
Esse João Manoel da Costa (e Mello) era irmão dos meus trisavós Vicente Ferreira da Costa e Mello do O' e Agostinha de Sousa Monteiro.
Há outros registros, do mesmo ano de 1844, que confirmam a presença do Padre Felis anterior ao ano de 1845. Um deles, o óbito de Damásia Pereira Pinto, já colocado aqui no artigo "Damasia Francisca Pereira e a Lenda". O padre Felis celebrou casamento, também, em Macau naquele ano de 1844. Segue registro.
Aos trinta de Setembro de 1844, pelas oito horas da manhã, na Capela de Nossa Senhora da Conceição, em Macau, recebi em matrimônio, e abençoei aos contraentes, meus fregueses, Amaro Mathias Antonio, e Rita Maria da Conceição, presentes por testemunhas João Martins Ferreira e José Freire; e para constar fiz este assento em que assino. O Padre Felis Alves de Sousa, Vigário Encomendado de Angicos.
João Martins Ferreira era meu tetravô, aquele da Ilha de Manoel Gonçalves. Ainda no ano de 1844, na data de 19 de Novembro, o Padre Felis casou João Batista Xavier da Costa e Michaela Francisca da Trindade. João Batista e Michaela são os ascendentes dos Trindades do município de  Pedro Avelino. São também os pais de Maria Batista, segunda esposa do Capitão Antas.
O padre Felis faleceu em Natal, no dia 7 de Dezembro de 1895, na residência do Jornalista Pedro Avelino que era casado com Maria das Neves Alves de Sousa, sua sobrinha neta. Aliás, foi o padre Felis quem celebrou o casamento desse casal. Uma das singularidades desse casamento é a assinatura do casal junto com o Padre Felis.
Aos 27 de outubro de 1886, pelas 7 e meia horas da noite, nesta Matriz, precedendo as canônicas denunciações sem impedimento, confissão e exame de doutrina cristã, em minha presença e das testemunhas Thomas Antonio Nunes Monteiro, e Balthasar da Rocha Bezerra, se uniram em matrimônio, e tiveram as bênçãos nupciais, os nubentes, meus fregueses Pedro Celestino da Costa Avelino, e Maria das Neves Avelino, livres, solteiros, sem relação de parentesco, ele, com 24 anos, e ela com 20, brasileiros, sendo as profissões, dele = negociante, e dela = costureira, e assinaram o assentamento; do que mandei fazer este termo em que assino. O Vigário Felis Alves de Sousa, Pedro Celestino da Costa Avelino e Maria das Neves Alves Avelino.
Padre Felis casou os pais de Pedro Avelino, Vicente Maria da Costa Avelino e Ana da Natividade Bezerra, em 1857; batizou Pedro em 1861; casou Pedro como vimos acima, em 1886; e, depois batizou Maria Albertina, uma filha de Pedro Avelino e Maria das Neves, em 1888. O senador Georgino Avelino, sobrinho bisneto de Padre Felis, nasceu em Angicos, em 1888, mas não encontrei seu batismo.
Talvez, nos livros de tombo da Igreja, haja mais informações sobre o Padre Felis.

O perfil de Cosme Teixeira de Carvalho

Um colega de Genealogia me avisa que encontrou um assentamento de praça de Cosme Teixeira de Carvalho no IHGRN, e me enviou um resumo. Como sabia que esses registros continham um pequeno perfil do assentado, fui ao IHGRN em busca do dito registro.

A maior parte das informações que tinha sobre Cosme Teixeira de Carvalho era proveniente dos casamentos das suas filhas Rita Teixeira de Carvalho e Maria Ignácia Rosalinda Brasileira. Por esses casamentos descobrimos que Cosme foi casado, inicialmente, com Aldonsa da Fonseca Pita, mãe de Rita, e que posteriormente foi casado com Maria Ignácia da Conceição, mãe de Rosalinda Brasileira. Em 1827, Aldonsa era falecida. Dona Maria Ignácia, faleceu em 1865, com a idade aproximada de 84 anos. Ela deve ter nascido por volta de 1781.

Agora, temos novas informações sobre Cosme Teixeira de Carvalho, bisavô do Capitão José da Penha, a partir desse assentamento de praça em Açu, no ano de 1789. Diz o registro:

Cosme Teixeira de Carvalho, filho de João Pereira e Silva (ou da Silva, como aparece em outros registros), natural da Freguesia de Caicó e morador nesta Freguesia do Assú, branco, casado, de estatura alta, barba fechada, testa grande, cabelo corredio, robusto de membros, de idade de trinta e cinco anos, assenta praça em revista de 27 de Julho de 1789. Passou para Cabo de Esquadra desta Companhia.

Pelas informações acima, Cosme nasceu por volta de 1754, e no ano de 1789 já era casado. Pelos registros encontrados, até agora, descobrimos que, em 1838, Cosme ainda era vivo, mas, em 1840, no casamento de Rosalinda Brasileira, já era falecido. Portanto, deve ter falecido com a idade de aproximadamente 85 anos de idade, entre 1838 e 1840.

Rita Teixeira, em 1827 tinha contraído núpcias com José Thomaz Pereira, tendo havido dispensa de segundo grau de consanguinidade, denunciando parentesco entre os nubentes. As minhas experiências com os graus de consanguinidade são péssimas, pois em alguns casos não conferem. Cosme tinha um irmão com o mesmo nome do marido da filha Rita, como podemos ver no assentamento abaixo.

José Thomaz Pereira, filho de João Pereira da Silva, natural e morador nesta Ribeira do Assú, branco, casado, de estatura ordinária, cor trigueira, olhos fundos, sobrancelhas fechadas, corpo refeito, cabelo preto corredio, de idade de vinte e oito anos, praça em revista de 27 de Julho de 1789. Passou a Cabo de Esquadra da Companhia do Capitão Francisco de Sousa Oliveira.

Há uma contradição com relação à cor de José Thomaz, no mesmo registro aparecem as cores branca e trigueira.

É interessante observar que José Thomaz Pereira já nasceu em Açu. Assim, seu pai deve ter vindo para Açu pouco depois de Cosme ter nascido. Esse José Thomaz assentado em 1789, também era casado. Assim, não poderia ser o mesmo que casou com Rita. O que reforça também essa informação era o fato do pai do marido de Rita ser o alferes Antonio Thomaz Pereira. Pelos nomes e pela consanguinidade, acredito que Antonio era irmão de Cosme, e, portanto, o marido de Rita era primo dela. Em 1846, nascia Maria Ignácia, filha de Vicente Ferreira Xavier da Cruz e Maria Ignácia Rosalinda Brasileira. Os padrinhos foram o Padre Felis Alves de Sousa, por procuração dada a José Thomaz Pereira, e Rita Teixeira de Carvalho, tia da batizada. A afilhada do Padre Felis Alves de Sousa contraiu núpcias, em 1864 com o sobrinho dele, José Francisco Alves de Sousa. Eles geraram, em 1875, o Capitão José da Penha Alves de Sousa.

Mas Cosme tinha outros irmãos pelo que podemos ver em outros assentamentos. Vejamos.

Manoel Thomas de Carvalho, filho de João Pereira da Silva, natural da Freguesia da Senhora Santa Anna de Caicó, casado e morador nesta Ribeira do Assú, cor escura, feições grossas, sem falta de dentes, cabelo corredio, estatura ordinária, refeito de membros, de idade de trinta e sete anos, assenta praça em revista de 27 de julho de 1789. Passou para Cabo de Esquadra desta Companhia.

Manoel pelo que observamos, também nasceu em Caicó. Fazendo as contas, deve ter nascido por volta de 1752. Outro filho de João Pereira da Silva era Francisco Xavier, cujo registro de assentamento segue abaixo.

Francisco Xavier de Carvalho, filho de João Pereira da Silva natural e morador nesta Ribeira do Assú, branco, solteiro, de estatura ordinária, refeito de corpo, barba fechada, e sobrancelhas grossas e fechadas, olhos pretos e fundos, de idade de vinte e seis anos assenta praça em Revista de 27 de Julho de 1789. Passou a Cabo de Esquadra desta Companhia.

Assim, pelos registros acima, temos dois filhos de João Pereira da Silva nascidos em Caicó e dois em Açu. O sobrenome Teixeira de Carvalho pode ter vindo da esposa de João Pereira da Silva.
Agora precisamos dar mais um passo e tentar descobrir quem era esse João Pereira da Silva, meu pentavô, que vivia na Freguesia de Caicó, por volta de 1752.
Pós-escrito
Depois de certo tempo encontrei o óbito de Cosme. Aproveitamos para transcrever, também, o de  sua esposa Maria Ignácia.
Aos vinte e nove de novembro mil oitocentos e trinta e oito, nesta Matriz de Santa Anna do Mattos do Assú, se deu a sepultura de grades acima ao cadáver do adulto Cosme Teixeira de Carvalho, branco, de idade de setenta e seis anos, casado com Maria Ignácia de Carvalho, como todos os sacramentos, envolto em hábito branco, e encomendado pelo Reverendo Coadjutor desta Freguesia, Ignácio Damazo Correa Lobo, de minha licença, do que para constar mandei fazer este assento, e por verdade assinei. O Vigário João Theotônio de Souza e Silva.
Aos dois de agosto de mil oitocentos e sessenta e cinco foi sepultado no Cemitério Público desta Vila, o cadáver de Maria Ignácia da Conceição, moradora nesta Freguesia, e viúva, que ficou por falecimento do seu marido Cosme Teixeira de Carvalho, falecida de uma constipação, com todos os sacramentos, na idade de oitenta e quatro anos, pouco mais ou menos, foi amortalhada em branco, e por mim encomendada; do que faço este termo em que assino. O Vigário Felis Alves de Sousa.
Pelos registros acima, Cosme deveria ter nascido por volta de 1762, e Maria Ignácia, por volta de 1787. Devemos lembrar, entretanto, que a maioria dos registros da igreja continha erros quando informava as idades dos falecidos. Pelo assentamento, ele nasceu em 1754.

João Gomes Carneiro, o Lisboeta

Em artigo anterior, sugerimos a possibilidade de Francisca Bella Carneiro de Mello, filha de João Gomes Carneiro de Mello, ser descendente do português de Lisboa, João Gomes Carneiro, e de sua mulher Anna Ferreira de Miranda. Hoje vamos tratar, justamente, desse português acima.
Em vinte de Setembro de mil oitocentos e oitenta, na Capela de São Gonçalo do Potegi, Ana Maria Carneiro (no registro, Rocha) e Antonia Gomes Carneiro, filhas de João Gomes Carneiro e de Anna Ferreira de Miranda, contrairam matrimônio, respectivamente, com Manoel de Abreu Soares e Bento José Luis Mello, tendo como testemunhas, nos dois casamentos, o Alferes Pascoal Gomes de Lima e o Capitão mor Prudente de Sá Bezerra. Pascoal, Prudente e Manoel eram filhos do, também português, Hipólito de Sá Bezerra, e de Dona Joana Barbosa de Albuquerque. Pascoal herdou o nome do avô, pai de Joana Barbosa, e Manoel, o do bisavô, o Velho Manoel de Abreu Soares.
O mais interessante desses casamentos, ocorridos na mesma data, era o fato de Manoel de Abreu Soares ser o pai de Bento Luis e, portanto, nesse dia, tornou-se cunhado da nora. Manoel era viúvo de D. Antonia Francisca de Mello.
Os vários registros encontrados trazem contradições com relação às naturalidades das pessoas. Entretanto, em sua grande maioria, a naturalidade dos filhos de João Gomes e Anna Ferreira era a Freguesia do Assu. Já a de João Gomes era Portugal e a de Anna Ferreira era Papari.
Em quatro de Novembro de mil oitocentos, na Capela de São Gonçalo da Ribeira do Potegi, mais um filho de João Gomes e Anna Ferreira, com o mesmo nome do pai, contrai matrimonio com Maria Thereza de Mello, filha de Antonio Rodrigues Santiago e de sua mulher Dona Ignácia Francisca de Mello. Nesse registro, o nubente é natural da Freguesia do Assu. Essa Ignácia, mãe da noiva, era irmã de Bento José Luis de Mello, citado acima. Esse casal João Gomes Carneiro (filho) e Maria Thereza Mello pode ser ascendente de João Gomes Carneiro de Mello, pai de Francisca Bella Carneiro de Mello.
 Outra possibilidade pode advir de Bento José Luis de Mello e Antonia Gomes Carneiro, pois eles tiveram um filho com nome João, nascido em 1784. Esse João pode ser o João Gomes Carneiro e Mello casado com Joana Batista da Cunha, pois nos registros encontrados de batismos de filhos desse último casal, aparecem como padrinhos, Bento Luis Gomes de Mello e a esposa Antonia Gomes Carneiro, como também o filho Francisco Gomes de Mello.
Vejamos, na íntegra, um batismo de um neto de João Gomes, onde aparece mais um filho e consta sua naturalidade. Já a naturalidade de Anna, nesse documento é Goianinha. Outro detalhe desse registro é que esse outro filho de João e Anna era casado com outra filha de Antonio Rodrigues Santiago e Ignácia Francisca de Mello, que tinha o nome da avó, a primeira mulher de Manoel de Abreu Soares.
Aos dois de Agosto de mil setecentos e noventa e nove anos na Capela de São Gonçalo, de minha licença, o Padre Antonio Pedro de Alcântara batizou, e pôs os Santos Óleos a Jerônimo, nascido a vinte de Julho, filho legítimo de Alexandre Ferreira, natural da Freguesia do Assu, e de sua mulher Antonia Francisca de Mello, natural e moradores do lugar de São Gonçalo, da Freguesia da Senhora da Apresentação do Rio Grande; neto por parte paterna de João Gomes Carneiro, natural de Lisboa, e de sua mulher Anna Ferreira de Miranda, natural da Freguesia de Goianinha, pela materna de Antonio Rodrigues Santiago, e de sua mulher Dona Ignacia Ferreira de Mello, naturais do lugar de São Gonçalo desta Freguesia; foram padrinhos o Alferes Antonio Rodrigues Santiago, viúvo e Joana Gomes, casada. E para constar mandei fazer este assento em que me assinei. Feliciano José Dorneles, Vigário Colado.
O casamento de Alexandre Ferreira e Antonia Francisca de Mello gerou mais uma junção das famílias Gomes Carneiro e Mello. Isso dá outra possibilidade para ascendentes do pai de Francisca Bella. Lembramos que alguns irmãos de Francisca Bella eram naturais de São Gonçalo do Potegi.
Através dos registros de batismos de filhos de Manoel de Abreu Soares e de Bento José Luis de Mello, no ano de 1782, descobrimos mais duas filhas de João Gomes e Anna Ferreira. São elas Joana Gomes Carneiro e Maria Gomes Carneiro. Ambas foram madrinhas nesses batismos. Não sei do destino dessas duas. Como diria o genealogista de Utinga: "quem quiser busque sua linha". Outra informação importante são os óbitos abaixo.
No dia 27 de Maio de mil setecentos e oitenta e seis faleceram da vida presente, tanto a viúva de João Gomes Carneiro, Anna Ferreira de Miranda com a idade aproximada de cinqüenta e seis anos, como o filho do casal, Francisco, com mais ou menos quatorze anos de idade, sendo sepultados na Capela de São Gonçalo. Dona Anna Ferreira de Miranda deve, portanto, ter nascido por volta de 1730. Talvez , o casamento do casal tenha sido em Papari, e pela naturalidade dos filhos devem ter vivido um tempo na Freguesia do Assu.

Francisca Bella Carneiro de Mello

É a partir de Francisca Bella Carneiro de Mello que pretendemos rastrear as origens do pai dela, João Gomes Carneiro, pois, suspeitamos que ele descenda do português de Lisboa, João Gomes Carneiro, que era casado com Anna Ferreira de Miranda.

Francisca Bela Carneiro de Mello nasceu no ano de 1848, como podemos ver do seu batizado que transcrevemos a seguir.

Francisca, branca, filha legitima de João Gomes Carneiro e Anna Joaquina Teixeira de Sousa, nasceu a vinte de Abril e foi batizada a trinta de Maio de mil oitocentos e quarenta e oito pelo Padre Silvério Bezerra de Menezes, com os Santos Óleos, de minha licença, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Macau; foram padrinhos Antonio Teixeira de Sousa e Francisca Joaquina Gomes. Do que para constar fiz lançar este termo em que me assino. Manoel Januário Bezerra Cavalcante. Vigário Colado de Assú.

 Uma irmã de Francisca, de nome Maria Florentina Carneiro de Melo, nascida em cinco de Junho de 1855, foi batizada na Matriz de São José de Angicos. Nesse batismo, João Gomes Carneiro é dado como natural da Freguesia da Cidade do Natal. Outro irmão de Francisca Bella, de nome Antonio, nascido em 7 de Fevereiro de 1845, foi batizado pelo Padre Felis Alves de Sousa, na Fazenda São José, da Freguesia de Angicos. Vejamos a seguir o casamento de Francisca Bella, que casou com 16 anos incompletos.

Aos vinte de Janeiro de mil oitocentos e sessenta e quatro, às dez horas da noite na Fazenda Conceição, Freguesia de Santa Anna do Mattos, precedendo dispensa das Canônicas Denunciações, Confissão, e Exame da Doutrina Cristã, em minha presença e das testemunhas Francisco Horácio da Silveira Borges, casado, José Francisco Alves de Sousa, solteiro, se unirão em matrimonio, por palavras de presente, e receberão as Bênçãos Nupciais, os meus fregueses Cosme Teixeira de Carvalho, digo Xavier de Carvalho, e Francisca Bella Carneiro de Mello, moradores nesta mesma Freguesia, filhos legítimos; ele, de Vicente Ferreira Xavier da Cruz e de Maria Ignácia Rosalinda Brasileira; e ela, de João Gomes Carneiro, e de Anna Joaquina Teixeira de Sousa. Do que fiz este assento, pelo qual faço este termo em que assino. O Vigário Felis Alves de Sousa.

Nesse registro acima, observamos que José Francisco Alves de Sousa, ainda era solteiro nessa data. Depois, em Junho do mesmo ano, veio a se casar com uma irmã de Cosme, Maria Ignácia Teixeira do Carmo. Eram os pais do capitão J. da Penha.

Entre os filhos do casal, Cosme e Francisca Bella, citamos Cosme Teixeira Xavier de Carvalho Filho, casado com Joana Gomes da Costa Torres; Vicente Ferreira Xavier da Cruz (segundo do nome), casado com Maria Segunda Pereira Pinto; Maria Ignácia de Carvalho, casada com José Tito Teixeira de Sousa; Ana Xavier Teixeira de Carvalho, casada com Francisco de Sousa Monteiro; e Gonçalo Teixeira de Carvalho.

Entres os netos do casal, Cosme e Francisca Bella, estão: Maria Joaquina, com seus filhos Valdomiro e Tarcisio Carvalho; Francisca da Chagas, com seu filho Monsenhor Lucilo Machado; Anna do Carmo, com seu filho José Tito Filho; Francisco Tito, com seu filho Hidelbrando; Egézipo Monteiro com sua filha Maria de Lourdes; e  Luiz de Carvalho.

João Gomes Carneiro deveria ter muitas terras pelo interior do Rio Grande do Norte, pois vamos encontrá-lo em varias partes. Vimos que ele batizou Francisca Bella em Macau. Em 1867, foi feito um batismo em Cacimbas do Viana, de Joana, escrava dele. Nessa mesma Cacimbas do Viana, João Gomes Carneiro e sua filha Maria Florentina foram padrinhos de batismo. Ainda, em 25 de Agosto de 1850, foi testemunha junto com o Major José Martins Ferreira, em Cacimbas do Viana, do casamento do filho deste último Manoel Martins Ferreira com Prudência Maria Teixeira. Vejamos mais dois casamentos de irmãos de Francisca Bella.

Em vinte e oito de Novembro de 1861, na Vila de Angicos, uma filha de João Gomes Carneiro e Anna Joaquina Teixeira de Sousa, de nome Maria Leocádia Teixeira de Sousa, casou, com dispensa de sanguinidade, com José Odorico da Costa Ferreira, filho de Antonio Martins Wladislau da Costa e Antonia Teixeira de Sousa, sendo testemunhas Francisco Justiniano Teixeira de Sousa e Antonio Honório de Azevedo. No registro deste casamento consta que Maria Leocádia era natural da Freguesia de São Gonçalo.

Em dez de Julho de 1871, no Sitio São Joaquim, Maria Florentina, já citada acima, casou, com dispensa de sanguinidade, com João Viterbino Gomes Carneiro, filho de Manoel Gomes Carneiro e Francisca Xavier de Miranda Henriques, sendo testemunhas José Odorico da Costa Ferreira e Francisco Coelho de Assis. Nessa data, João Gomes Carneiro já era falecido. João Viterbino era natural da Freguesia de São Gonçalo.

No próximo artigo escreveremos sobre João Gomes Carneiro, o português de Lisboa, que provavelmente era ascendente de Francisca Bella Carneiro de Mello. A partir dos registros que apresentaremos, ficará aberta a discussão sobre essa hipótese. A falta de alguns documentos dificulta uma conclusão mais precisa.

Pós-escrito: Aos 29 de setembro de 1884, faleceu Francisca Bella Xavier de Carvalho, natural e moradora nesta Freguesia, livre, casada que era com Cosme Teixeira Xavier de Carvalho, com 36 anos de idade, brasileira, sendo sua profissão - ocupação doméstica, e causa da morte - parto; e lugar do óbito, no domicílio, e seu cadáver, por mim solenemente encomendado, foi sepultado no Cemitério Público desta Vila, aos 30 do dito mês e ano; do que mandei fazer este termo em que assino. O Vigário Felis Alves de Souza.

Um bom padrinho

Qualquer que seja o lugar, qualquer que seja o tempo, ali estará o tráfico de influencia.  Lembramos que "o bom ladrão" conseguiu um bom lugar no céu quando estava na cruz. Jerônimo de Albuquerque concedeu Sesmarias para dois filhos que deu o que falar. O tráfico de influencia começa, muitas vezes, com a proteção que os pais querem dar aos seus filhos, a partir da escolha dos padrinhos.
Padrinho e madrinha são personagens vivas de nossas infâncias. Sempre há briga entre irmãos quando a questão é relativa aos padrinhos de cada um. Nada melhor do que um bom padrinho e nada mais frustrante do que um padrinho mal escolhido.
Nos batizados que encontrei, havia a presença constante de avós, tios e irmãos entre os padrinhos. Os avós nem sempre era o casal, mas um avô de cada lado. Os tios da mesma forma. Mas havia, também, escolhas para padrinhos de pessoas com algum destaque, naquela época. Padrinho lembra o dicionário, é a mesma coisa que protetor. Vejamos alguns exemplos.
Vicente Maria da Costa Avelino e Ana Bezerra da Natividade escolheram para padrinhos do seu filho, Jornalista Pedro Avelino, o futuro Barão do Açu, Luiz Gonzaga de Brito Guerra, e Anna Teixeira de Sousa, em 1861. Para Cecília, que faleceu pouco tempo depois, foram escolhidos o republicano e primo de Pedro Velho, João Avelino Pereira de Vasconcelos e Maria Silveira da Conceição, em 1878.
Francisco Avelino da Costa Bezerra, irmão de Vicente Maria da Costa Avelino, e Josefa da Costa Torres escolheram para padrinhos do seu filho, Cícero Torres Avelino, o Bacharel Jose Moreira Brandão Castello Branco, e Justina Deodata Moreira Brandão, em 1884. Moreira Brandão foi Secretário de Governo e deputado. Cícero era meu avô materno.
João Felippe da Trindade e Francisca Ritta Xavier da Costa escolheram para padrinhos de André Avelino Trindade, meu tio avô, o futuro Barão de Ceará Mirim, Manoel Varela do Nascimento e sua mulher Bernarda Varela Dantas, em 1854. Os padrinhos eram os donos da Fazenda Santa Luzia, onde viviam os Trindades.
O Major José Martins Ferreira, do seu relacionamento com Delfina Maria dos Prazeres, escolheu para padrinhos de quatros filhos, como segue: Manoel José Martins, que nasceu em 1830, teve como padrinhos, o Capitão Silvério Martins de Oliveira e Joana Nepomucena; José Alves Martins, que nasceu em 2 de Julho de 1831, teve com padrinhos, Pedro Álvares Ferreira e Francisca Martins Ferreira; Josefa Martins Ferreira, que nasceu em 1 de Janeiro de 1831, teve como padrinhos Manoel Antonio de Sousa e sua mulher Thomásia Martins Ferreira; Joaquim José Martins Ferreira, que nasceu em 6 de Abril de 1834, teve como padrinhos Manoel José Fernandes e sua mulher Anna Martins Ferreira. Anna e Thomásia eram irmãs do Major. Quanto a Pedro e Francisca suponho que fossem, também, irmãos do Major. Quanto a Silvério não encontrei nenhuma relação com José Martins Ferreira.
Em 1835, o Major José Martins Ferreira já estava casado com Josefina Maria Ferreira, sobrinha do Coronel de Milícias de Pernambuco Bento José da Costa. Para os quatro filhos, cujos batismos encontramos, escolheu para padrinhos pessoas ligadas a Bento. Para José, nascido em 5 de Março de 1837, os padrinhos foram o Capitão João Martins Ferreira, avô do batizado, e Anna Maria Theodora, esposa ou filha do Coronel Bento; já Francisco Martins Ferreira, meu bisavô, nascido em 7 de Outubro de 1841, teve como padrinhos o Tenente Coronel José Ramos de Oliveira e sua mulher Dona Maria da Costa, ele fundador da Companhia Beberibe de Águas do Recife, deputado e herdeiro do Engenho Ipojuca, ela filha de Coronel Bento; João Martins Ferreira, que nasceu em 22 de junho de 1840, teve como padrinhos Pedro Álvares Correia e Maria Teodora da Costa Pires, esta última conhecida como a noiva da revolução de 1817, e filha do Coronel Bento; para a última filha encontrada do Major José Martins Ferreira, Maria, os padrinhos foram Bento José da Costa Junior e sua mulher Emília Julia Pires Ferreira, ele sócio de José Ramos de Oliveira na Companhia Beberibe, deputado e filho de Bento José da Costa, e ela filha de Gervásio Pires Ferreira que presidiu Junta Governativa em Pernambuco.
Por fim, informamos que em primeiro de Setembro de 1877 nascia Vicente, filho de Renovato José da Silva e Cândida Maria dos Anjos. Os padrinhos de Vicente foram o Doutor Vicente Simões Pereira de Lemos, e sua mulher Dona Maria Alexandrina Bulcão de Lemos.

O Alferes Florêncio Octaviano da Costa Ferreira

Quando na sessão da Câmara datada de 8 de Agosto de 1848, em Macau, foi aprovada a expulsão do Coronel Jerônimo Cabral, as reuniões voltaram a acontecer em Angicos, e sobre a Presidência do Alferes Florêncio Octaviano da Costa Ferreira, conta Aluizio Alves, no seu livro Angicos. Florêncio Octaviano presidiu a Câmara, também, nos períodos 1861-1864, 1867-1868 e 1873-1880.
Não foi possível identificar, através dos registros da Igreja, quem seriam os pais de Florêncio Octaviano da Costa Ferreira. Nem o casamento dele foi encontrado. Entretanto, pelos registros dos filhos foi possível encontrar o nome de sua esposa. Vejamos um desses registros, no caso o mais antigo que encontramos.
Cassiano, filho legítimo de Florêncio Octaviano da Costa e Ignez Lucania Francisca, digo, da Costa Ferreira, nasceu aos vinte e seis de Março de mil oitocentos e quarenta e um, e foi batizado aos onze de Abril do mesmo ano, por mim, nesta Matriz, solenemente; foram padrinhos Antonio Martins Wladislau da Costa, e Joana Martins de Miranda. Do que, para constar, fiz este assento, em que me assino. Manoel Jerônimo Bezerra Cavalcanti, Vigário Encomendado de Angicos.
Cassiano Maria da Costa Ferreira contraiu núpcias com Izabel Maria da Luz, minha tia bisavó, pelo lado paterno, em nove de Outubro de 1871. Seus dois irmãos, Taurino Tibúrcio da Costa Ferreira e Francisco Germano da Costa Ferreira, foram testemunhas. O primeiro casou, em 15 de Janeiro de 1870, com minha tia bisavó pelo lado materno, Francisca Maria das Chagas Torres. O segundo contraiu núpcias, em 31 de Maio de 1874, com Emília Vitoriana Xavier de Menezes, filha de Francisco Xavier de Menezes e Maria Antonia de Fontes Braga. Enviuvando, Francisco Germano contraiu segunda núpcias, em 20 de Maio de 1890, com Valeriana Maria de Jesus, filha do Tenente Coronel João Luiz Teixeira Rola e Maria Silvéria da Conceição.
Cassiano faleceu em 1889, com 38 anos de idade, de inflamação do fígado. Cassiano não foi o primeiro filho, pois, em 23 de Fevereiro de 1844, foi sepultado Francisco, filho legitimo de Florêncio Octaviano e Ignez Lucania, com 5 anos e dez meses de idade. Além de Francisco Germano, acima citado, havia outro com o nome de Francisco João da Costa Ferreira, que casou, em 30 de Setembro de 1885, com Joaquina Petronila da Costa. Nessa data ele tinha 39 anos e ela 31.
Em 22 de Abril de 1877, Vivina Maria da Costa Ferreira, filha de Florêncio e Ignez Lucania, contraiu núpcias com José Martins Pedroso da Costa, filho de João Martins Pedroso da Costa e Izabel Francisca Bezerra. Josefa Genuína da Costa Ferreira que nasceu em 5 de Fevereiro de 1853, foi casada com meu tio bisavô, pela parte paterna, Antonio Francisco da Costa Machado, viúvo. Desse casamento nasceram José Machado e Cecília. Cecília foi casada com Pedro Antas, filho do Capitão Antas.
Já Maria Florência da Costa Ferreira, outra irmã de Vivina, que nasceu em 5 de Setembro de 1855, foi casada com Joaquim Francisco Pereira Pinto, viúvo de Maria Martins Bezerra.
Outros filhos que encontramos de Florêncio Octaviano e Ignez Lucania, através dos registros de batismos foram: João que nasceu em 20 de Outubro de 1844, e teve como padrinhos no seu batizado, Januário Braziliano Álvares, e Maria Catharina de Sena; Valério, nascido em vinte e oito de Abril de 1856 (acredito que há um erro nesse registro, pois Valério faleceu em 1858, com 1 mês de idade), tendo com padrinhos, no seu batizado, Vicente Ferreira Naziaseno Bezerra,da Freguesia de Macau,  por seu procurador Vicente Verdeixa Xavier de Sousa e Maria Donata Iziolinda da Costa;Maria, nascida a 5 de Setembro de 1855.
Meu tio bisavô, o Cadete José Avelino Martins Bezerra, que nasceu em quatro de Março de 1845, teve como padrinhos Florêncio Octaviano da Costa Bezerra e Clara Francisca Bezerra. Florêncio Octaviano e Maria Ignácia Teixeira de Carvalho foram procuradores do ilustre casal, José Bernardo de Medeiros e sua esposa Paulina Engrácia de Medeiros (Brito), no batismo de Maria, nascida em 1 de Junho de 1884, e filha de José Francisco Alves de Sousa e Maria Ignácia Teixeira do Carmo.
Dona Ignez Lucania faleceu em 15 de Abril de 1844, com a idade de 70 anos, de pneumonia.
A família Costa Ferreira traz uma particularidade nos seus nomes e sobrenomes como vimos acima: Florêncio Octaviano, Ignez Lucania, Taurino Tibúrcio, Francisco Germano, Josefa Genuína. Outros nomes que surgiram nas descendências são: Basiliano, Bertoldo, Águida, Demétrio, Genésio, Heliodoro. Algumas famílias são conhecidas através desses nomes que são agregados ao primeiro nome, como Tibúrcio e Germano.
Embora não tenha sido possível encontrar os ascendentes de Florêncio Octaviano, acredito que pelo sobrenome, Costa Ferreira, ele descenda de João Barbosa da Costa e Damásia Soares, pois é da descendência deles, através dos filhos, que aparecem os sobrenomes Ferreira e Costa.  Francisco Xavier da Cruz tinha um filho de nome Vicente Ferreira Xavier da Cruz; Antonio Barbosa da Costa tinha um filho de nome Vicente Ferreira Barbosa; João Manoel da Costa tinha um filho de nome Vicente Ferreira da Costa e Mello do O'. Suspeito que esse último era o pai de Florêncio. Quanto a Ignez não tenho a menor idéia de quem tenha sido seus pais.
Entre os muitos descendentes, de Florêncio e Ignez, que são nossos contemporâneos, citamos Melquisedec, Juarez, e Jocildo, todos da UFRN; Pedro Jorge que foi Secretário Adjunto de Educação do Município; os irmãos João Bosco, Antonio Tibúrcio e Luciano; Pedro Antas Filho e sua irmã Natividade.
Aproveitamos este espaço para informar que Carlos Alberto DantasDVD, a segunda edição do livro Família Ribeiro Dantas de São José de Mipibú.

Acari, uma viagem ao passado

Sábado, partimos Graça, Aurino Simplício, Ruth e eu para Acari. Fomos participar do Concurso de Miss e Mister Seridó de 2010.
Durante muitos anos passei por Acari, sem me demorar por lá, nem para ver o Gargalheiras. Era passagem para minhas férias em Florânia, Cruzeta ou para as Festas dos Coroas, em Caicó. Admirava a cidade que tinha o título de cidade limpa. Entretanto, depois de descobrir que descendia de pessoas que moraram há muitos anos por lá, veio a curiosidade de conhecê-la.
Para Florânia, nas minhas férias, saía de Natal em um misto (no livro de Pery, "A Rodagem", encontramos um fotografia desse tipo de transporte), pernoitava na casa  do meu primo Dedinho, funcionário dos Correios, filho do meu tio Francisco Martins Trindade e Deoclécia Véras Bezerra. No dia seguinte, seguia de Jeep para a Serra onde morava minha tia Lulu (Luisa Avelino), casada com Heráclito Clementino de Medeiros, este filho de Júlia Bezerra de Medeiros e Euclides Clementino de Medeiros. Júlia, por sua vez era filha, de José Garcia da Cruz e Izabel Rainha da Hungria.  José era filho de Manoel Rodrigues da Cruz e Inácia Maria da Conceição.
Para Cruzeta fui, pela primeira vez, em 1965. Passei uma temporada na Fazenda Cauaçu onde morava outra tia, Cirene Avelino, irmã de tia Lulu, de Florânia. Cirene Avelino era casada com Sérvulo Teodoro da Cruz, filho de João Theodoro da Cruz. João Theodoro da Cruz, por sua vez, era filho de Joaquim Theodoro da Cruz e Rita Joaquina da Conceição (ou Medeiros).
Heráclito administrava as terras de Sérvulo Pereira de Araújo e Cândida Medeiros. Cândida era filha de Pacífico Clementino de Medeiros e Anna Olindina. Ana era filha de Manoel Rodrigues da Cruz e Umbelina Bezerra Cavalcanti, segunda esposa.Tia Nana, como chamávamos era, portanto, irmã de meu bisavô, Alexandre Garcia da Cruz. Já Sérvulo Teodoro da Cruz administrava as terras de João Lopes Damasceno casado com Elza, irmã de Sérvulo Pereira de Araújo. Nessa vizinhanças ainda encontrávamos as Fazendas de Felix Pereira de Araújo, casado com Anália Bezerra; de Miguel Pereira de Araújo, casado com Senhora, outra filha de tia Nana; e de Haroldo Pinheiro Borges, cuja mãe era irmã de Elza.
Joaquim Theodoro da Cruz e Manoel Rodrigues da Cruz eram irmãos, ambos filhos de Thomaz Lourenço da Cruz e Maria Rosa do Nascimento. Thomaz e Maria Rosa eram meus tetravós, informação que descobri há pouco tempo. A partir deles é que descobri minha ascendência na região de Acari.
Em "Coronéis do Seridó" de Pery Lamartine temos notícia que Thomaz de Araújo Pereira chegou a Acari, no ano de 1720, já casado com Maria da Conceição de Mendonça. Pelos batismos dos filhos de José de Araújo Pereira aprendemos que o Tenente Coronel Thomaz de Araújo Pereira era natural da Viana, Portugal, e Maria da Conceição de Mendonça, natural da Freguesia de Nossa Senhora das Neves, da cidade da Paraíba. Dois filhos de Thomaz e Maria da Conceição eram meus hexavós: Thomaz de Araújo Pereira (2º) e João Damasceno Pereira, casados respectivamente com as irmãs Thereza de Jesus Maria e Maria dos Santos Medeiros. Essas minhas duas hexavós eram filhas de Rodrigo de Medeiros Rocha, português da Ilha de São Miguel, nos Açores, e de Apolônia Barbosa de Araújo, filha de Pedro Ferreira das Neves e Custódia de Amorim Valcácer.
Thomaz (2º) e Thereza geraram minha pentavó Anna Gertrudes de Santa Rita que era casada com José Garcia de Sá Barroso. Este último casal gerou meu tetravô, citado acima, Thomaz Lourenço da Cruz. A esposa de Thomaz Lourenço, Maria Rosa do Nascimento, era filha de Thereza Maria José, outra filha de Thomaz(2º) e Thereza. Portanto Thomaz Lourenço e Maria Rosa eram primos legítimos. Thereza Maria José era casada com Manoel Rodrigues da Cruz. Por isso um dos filhos de Thomaz Lourenço e Maria Rosa tinha o mesmo nome do avô..
João Damasceno Pereira e Maria dos Santos Medeiros geraram minha pentavó Maria Rosa da Conceição que era casada com João Garcia do Amaral. Este último casal gerou meu tetravô Alexandre Garcia do Amaral que era casado com Maria Angélica do Amaral. Alexandre e Maria Angélica, por sua vez geraram minha trisavó, Inácia Maria da Conceição, esposa do meu trisavô, citado acima, Manoel Rodrigues da Cruz.
João Damasceno e Maria dos Santos foram padrinhos, em dez de Fevereiro de 1872, na Capela de São Gonçalo do Potengi, de Thomaz, filho de José Pereira de Araújo e Elena Barbosa de Albuquerque. José era irmão de João.
Outro personagem citado por Olavo de Medeiros Filho em "Velhas Figuras do Seridó" é o português Alexandre Rodrigues da Cruz que era casado com Vicência Lins de Vasconcelos. Segundo Olavo, ele se localizou na Fazenda Acauã Velha, no Acari. Alexandre e Vicência foram os pais das minhas hexavós Anna Lins de Vasconcelos e Tereza Lins de Vasconcelos, casadas respectivamente com Antonio Garcia de Sá Barroso e Francisco Cardoso dos Santos, este último, português e morador na Fazenda do Bico da Arara, em território do Acari.
Anna e Antonio Garcia geraram meu pentavô, citado acima, José Garcia de Sá Barroso, pai de Thomaz Lourenço da Cruz. A esposa de Thomaz, Maria Rosa era filha de Manoel Rodrigues da Cruz, filha de Thereza Lins de Vasconcelos e Francisco Cardoso, nominados acima.
Anna e Antonio Garcia geraram, também, outro pentavô
Desta vez, aproveitando a viagem, fomos conhecer o Gargalheira. Almoçamos por lá. Uma vista belíssima. Infelizmente, neste Rio Grande do Norte, não conseguimos  tirar o máximo de proveito das nossas belezas. Três coisas me impressionam no Rio Grande do Norte: sua História riquíssima, suas belezas e nossa incompetência para aproveitar tudo isso. Estamos sentados em cima de muitos tesouros e continuamos reclamando. Enquanto isso nossos políticos continuam, diariamente, com suas arengas sem futuro. Os partidos não têm  projetos para o Rio Grande do Norte. Quando chega a eleição, os candidatos é que cuidam disso. E haja copiar e colocar.
Na volta, Graça e Ruth quiseram fazer orações na Matriz de Nossa Senhora da Guia, mas às nove horas do Domingo a Igreja estava fechada. Por que as Igrejas não ficam continuamente abertas? Cada vez mais as Igrejas e as repartições públicas ficam mais parecidas!

Uma visita ao Município de Afonso Bezerra

Sábado, dia 13 de Junho, saímos, Graça e eu, com destino ao Município de Afonso Bezerra, para fazer o lançamento do livro "Servatis ex more servandis", dentro da programação de comemoração dos 102 anos do nascimento do escritor Afonso Bezerra, pois, no ano passado não foi possível, em virtude das fortes  chuvas que caíram por lá.
Chegamos, por volta das onze horas, e fomos direto para a Igreja que até o presente não tinha visitado. Segundo Aluizio Alves, Carapebas passou em 1894 a ser considerada povoação. Escreveu ainda Aluizio: "Nesse ano, Alexandre Avelino Bezerra ergueu a capela sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição." Resta uma dúvida que ainda não consegui sanar. Qual dos Alexandre construiu a capela: meu trisavô Alexandre Avelino da Costa Martins ou Alexandre Avelino Martins de Maria seu filho. Estou procurando algum documento que dirima essa dúvida. Na Igreja, que já passou por várias reformas, não há nenhuma inscrição sobre a construção. É uma Igreja grande e está em fase de conclusão de mais uma reforma. O povo da cidade, sob o comando de Dona Cezarina, tem cuidado bem do seu templo.
Da Igreja fomos para a casa do Prefeito que nos convidou. Fomos recebidos por Jackson e sua esposa Aldenora. Jackson, filho de Gildenor e Cezarina, é um dos sobrinhos do escritor Afonso Bezerra. Enquanto organizavam os eventos do dia, nos deixaram na casa de Dona Cezarina, onde ficamos hospedados.
Dona Cezarina nos contemplou com muitas histórias interessantes, desde a época do seu casamento com Gildenor até o presente momento, incluindo aí, todo seu empenho em favor da Igreja de Afonso Bezerra. Estava presente, Abrahão Lincoln, que foi nosso colega quando passamos pela Secretaria Municipal de Administração de Natal. Ele é filho de Gilce, sobrinha de Afonso Bezerra. Outros sobrinhos do escritor que estavam lá prestigiando a festa eram Fátima, Regina, Rosário e João Batista e Afonso Bezerra Sobrinho
No final da tarde saímos todos para o Circo da Luz para fazer o lançamento do livro. O nosso promotor Pedro Avelino foi, mais uma vez, nos prestigiar fazendo a minha apresentação para os presentes. Pedro descende de Agostinha Maria Martins Bezerra, irmã de Anna Jovina, avó de Afonso Bezerra. Tive a alegria de encontrar pela terceira vez, em um lançamento do livro, o nosso amigo Lourival Avelino que descende dos irmãos  Alexandre Avelino de Martins Maria e Joaquim Avelino Martins Bezerra. Conversamos com Anilda que descende de Agostinho Barbosa da Silva, um dos filhos de Balthazar da Rocha Bezerra. Ela nos contava da dificuldade que tinha para explicar que  ela era uma Rocha Bezerra por conta do nome de Agostinho. Na verdade, acredito que o nome de Agostinho deve ter vindo dos ascendentes de Josefa Maria da Silva, sua mãe. Alguns documentos da Igreja escrevem o nome dela como Josefa Barbosa da Silva.
O livro tem um capítulo especial sobre João Barbosa da Costa que é ascendente de muitas famílias daquela região do Sertão Central Cabugi. Tem, também, um capítulo dedicado ao Tenente Alexandre Avelino da Costa Martins, bisavô de Afonso Bezerra. Meu objetivo, naquele momento, foi me situar entre eles. Usei a capa do livro, que tem várias fotos, e uma árvore genealógica de Afonso Bezerra que mandei desenhar, usando o Corel Draw, para demonstrar que fazia parte daquela família, embora meu sobrenome não denunciasse essa ligação. Foi um momento gratificante por conta do esforço que fiz ao escrever aquele livro que resgata parte da história dos nossos ancestrais. Aquelas pessoas, ali presentes, teriam a oportunidade de conhecer melhor quem eram e o que faziam seus ascendentes.
Na parte da noite houve outra programação no Circo da Luz. Alguns trabalhos de Afonso Bezerra  foram declamados ou cantados por amigos e familiares.
Pernoitamos em Afonso Bezerra. Logo cedo, observei sobre uma mesa de centro da casa de Dona Cezarina os retratos dos pais de Afonso, João Batista Alves Bezerra e Maria Monteiro. Depois, ainda pela manhã, enquanto Graça foi assistir a missa, fui conhecer o cemitério. Nossos cemitérios, infelizmente, não conservam os túmulos mais antigos.  As ruas são desencontradas e não há  registros que informem onde estão enterrados os mortos. Cada vez que vou a um cemitério público fico convencido que as informações que preciso não estão lá e que eu devo voltar para os meus papeis. São os registros que dão fidedignidade ao que escrevo. Continuo minhas pesquisas para encontrar alguns elos, ainda perdidos, dessa cadeia genealógica que estou construindo.

Um pulo até Cacimbas do Vianna

Em 19 de Novembro de 1739, foi concedida por João de Teive Barreto e Menezes, uma carta de data de Sesmaria, a pedido de Dona Mariana da Rocha Bezerra, que no seu pedido disse: Mariana da Rocha Bezerra, moradora nesta Capitania, para poder acomodar os seus gados e porque há as devolutas nas testadas do Sítio das Cacimbas correndo pela Ponta do Mel, na Ribeira do Assu, quer haver três léguas de terras contínuas pegando nas testadas da data das Cacimbas de Viana correndo com elas pela costa do mar, até entestar com a Ponta do Mel e uma légua de largura para o sertão excedendo no comprido com as ditas três léguas ainda que exceda da data de Ponta do Mel.
Foi em Cacimbas do Viana que nasceu minha avó paterna, Maria Josefina Martins Ferreira. Foi lá, também, que viveram outros descendentes do Major José Martins Ferreira, no século XIX. A curiosidade não me deixou em paz, até o dia que viajei para Cacimbas do Viana. Tentei localizá-la dentro de um dos Municípios do Rio Grande do Norte. Pelo mapa de Cândido Mendes, datado de 1868, a localização mais provável seria Porto do Mangue. Fui atrás da mapoteca do IDEMA em busca de informações. Como não encontrei ninguém, pedi ajuda a Leonel Leite que me sugeriu ir até a SEARA, pois deveria ter muitas informações sobre terras. Lá, estive com Canindé França, que, para minha surpresa, tinha entre seus livros o "Atlas do Brasil Império" de Candido Mendes, que tanto eu buscava. Das conversas com Canindé, surgiu a possibilidade de me encontrar com Luizinho, Prefeito de Carnaubais. A coisa estava prosperando.
Por fim, com a vinda de Luizinho a Natal, ficou combinado que iríamos até Carnaubais e de lá até Cacimbas do Viana. Depois de alguns desencontros, finalmente, no sábado, dia 20 de Março, partimos de Natal, eu e Graça, ao encontro de Toni Martins, assessor de comunicação da Prefeitura de Carnaubais que ia nos ciceronear nessa viagem.
Em Carnaubais, além de Toni, foi com a gente Carlos Augusto, Secretário de Esporte e Turismo, que se interessava pelo assunto. Pelo que disse Toni, já no começo da viagem, Cacimbas do Viana ficava mesmo em Porto do Mangue.
Em Porto do Mangue, após consultarmos alguns moradores, encontramos a entrada para a Fazenda de Cacimbas do Viana. Infelizmente, era uma estrada carroçável. Tentamos entrar com o carro que não tinha tração nas quatro rodas, mas não conseguimos. Logo no início o carro atolou. Recuamos daquela empreitada e fomos em direção a cidade de Porto do Mangue para conversar com algumas pessoas mais antigas sobre Cacimbas do Viana. Tínhamos a localização, mas não conseguimos ir até o centro da Fazenda para conhecê-la.
Em Porto do Mangue, conversamos com Manuel Alves do Nascimento, mais conhecido como Manuel Freire. No começo, ele disse que o nome, Cacimbas do Viana, era devido a um dos donos que era o Padre Viana que a adquiriu através de Sesmarias. Informou, também, que o atual dono era Francisco Ferreira Souto Filho. Falou, também, sobre alguns donos anteriores, como Manoel Lucas. Manoel Freire não tinha conhecimento sobre os Martins Ferreira, Alves Ferreira, ou Alves Martins que viveram por lá, quando saíram de Macau.
Conversamos, ainda, no Sindicato dos Pescadores e com seu Expedito em busca de outras pessoas, mas nada foi acrescentado de útil sobre nossos familiares. Resolvemos voltar, mas antes tirei uma foto da Igreja, e, também, do Rio das Conchas que banha a cidade, e é muito citado nos documentos de terras de Domingos Afonso Ferreira e Bento José da Costa.
No caminho de volta, paramos no local onde atolamos e batemos uma foto da entrada da Fazenda Cacimbas do Viana e do outro lado da estrada, onde se situa várias salinas. Queríamos marcar as proximidades daquela localidade, para um dia, com outras condições mais favoráveis, ir até o centro da Fazenda. Acredito que isso que chamam, hoje, de Cacimbas de Viana, seja só uma parte do que existiu mais para trás. É provável que Fazenda Velha e Fazenda Nova, nas circunvizinhanças, faziam parte da Fazenda como um todo.
Em alguns documentos, aparece, simplesmente, Sítio ou Fazenda das Cacimbas, em outros, praia das Cacimbas. Há menção ao Sítio das Mercês na Fazenda das Cacimbas. Foi lá que, em 26 de Novembro de 1855, se realizou o casamento de Joaquim José Martins Ferreira com Maria Izabel da Conceição, tendo como testemunhas João Martins Ferreira e Manoel José Martins, irmãos do noivo e filhos do Major José Martins Ferreira.

Um passeio até a Fazenda Catolé, em Lagoa Salgada

Dia 28 de Outubro, fomos, Graça e eu, até a Fazenda Catolé, em Lagoa Salgada, atendendo convite dos amigos, Paulo Leitão de Almeida e esposa Dos Anjos, que todo ano mandam celebrar, naquela localidade, uma missa no dia de São Judas Tadeu. As quatro primeiras missas foram celebrados por Dom Nivaldo Monte, segundo Paulo. Seguimos, por orientação de Paulo, para Lagoa Salgada, por Macaíba, através da  estrada que passa por Jundiaí.
Passando por Jundiaí, veio à lembrança, a velha Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiahy, tão presente nos registros que consultamos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação. Os descendentes de Antonio Vilela Cid e Estevam Machado de Miranda, sempre estavam alternando os atos religiosos entre as Capelas de Jundiahy, Santo Antonio do Potegi, Nossa Senhora do Socorro da Utinga e São Gonçalo do Potegi.
Passando pelo Colégio Agrícola de Jundiaí, mais uma lembrança. Nosso historiador, Olavo de Medeiros Filho, em seu livro "Os holandeses na Capitania do Rio Grande", acredita que foi ali, naquele entorno, que foi construída, no tempo dos holandeses, a Cidade Nova ou Amsterdam. A Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiahy talvez fosse localizada nessa mesma área. Diz Olavo que há ruínas por perto. Precisam ser exploradas. Mais adiante, passamos por Peri-Peri, dos Simplícios.
Com cuidado, por conta do péssimo estado da estrada, vamos observando o que vai aparecendo. Passamos por vários próprios do Instituto de Neurociências. Tenho certeza absoluta que essa Instituição faz e fará mais pelo Rio Grande do Norte, do que a Copa de 2014. Mesmo assim, é inacreditável que um organismo Internacional desse porte, que tem a frente um brasileiro com possibilidades de ser premio Nobel, não esteja recebendo os devidos apoios. Aquela estrada que dá acesso aos vários prédios do Instituto é para ser da melhor qualidade. Mas nossos governantes não parecem juntar coisa com coisa. Eles, pelo que vejo e acompanho, têm muita energia, mas não conseguem dirigir para as coisas essenciais. A Copa além de trazer a destruição do patrimônio público, com o silêncio irritante das mais diversas autoridades e dos candidatos a Governador, não trará benefícios perenes para o nosso Estado e nem para nossa Capital.
Continuando nossa viagem, passamos, por Canabrava dos Lucena, Vera Cruz, que me lembra um dos nomes de nossa terra e 4 Bocas que lembra uma das Ilhas que meu tetravô, João Martins Ferreira, administrava na região do Assu..
No caminho para Lagoa Salgada, um trator removia restos de asfalto sem nenhum cuidado ou sinalização. Uma total irresponsabilidade.
Chegamos, finalmente, a Fazenda de Paulo Leitão. Bem cuidada e com uma vista belíssima, nos sentimos gratificados por ter chegado até lá. Na sala, em uma das paredes, muitas fotografias antigas que Paulo ia nomeando. Seu pai Boanerges Leitão de Almeida e seu avô Calixtrato estavam lá retratados com suas respectivas esposas.
Chega um parente de Paulo, de nome José Leitão de Almeida, músico que viveu um bom tempo em São Paulo, mas que também morou em Santa Cruz. O patriarca dessa família era o português, de mesmo nome, José Leitão de Almeida, Professor Régio, em Recife, e  pai de Agostinho Leitão de Almeida, que militou na nossa política, por volta de 1820. Puxando conversa, ele nos conta que sua avó Luiza Gomes de Melo falava muito nos Umbelinos. Na verdade os Umbelinos são Gomes de Melo e, portanto eram parentes.
Mais adiante, Paulo nos mostra uma fotografia onde ele está com aproximadamente 7 anos e é padrinho de uma menina que nos mostra. Ela também estava presente naquele momento, com seus 81 anos de idade. É a mãe de Marcos Tassino. Maria da Conceição Tassino de Araújo, mais conhecida por Meyre ou Mary Tassino, neta de Juvêncio Tassino Xavier de Menezes e Marcolina Gouveia Varela e bisneta de Francisco Xavier de Menezes, citados no meu último artigo. Meyre fez questão de citar o nome da sua bisavó Maria Ignez Fontes Taylor, esposa de Francisco Xavier de Menezes e descendente de ingleses.
Estava presente, também, nosso historiador Itamar de Sousa, primo de Dos Anjos. Após a missa, celebrada por Padre Zezinho, fez um pequeno histórico da vida de Coronel Paulo Leitão de Almeida, salientado sua passagem pela Superintendência de Suprimentos de Itaipu e da Companhia de Gás do Rio de Janeiro.
Foi uma manhã agradabilíssima. Almoçamos e enfrentamos, novamente, aquela péssima estrada, no caminho de volta.

Um dia auspicioso para os Martins Ferreira

Quando estive em Açu, só consegui fotografar dois livros na Casa Paroquial: um de batismo e outro de casamento. A casa Paroquial só funciona pela manhã e quando o relógio marca  onze horas e trinta minutos, Padre Canindé não perdoa, levanta-se e começa a fechar as janelas. Ele tem uma programação extensa para a parte da tarde, fora da Casa Paroquial. Usei 3 GB de memória, recarreguei a bateria por trinta minutos  e, para concluir, usei a máquina fotográfica do celular. Como eram volumes com muitas informações, saí satisfeito. Agora, depois de renomear as imagens, começo minhas buscas, priorizando tudo que se relaciona aos Martins Ferreira, a Ilha de Manoel Gonçalves e a Fazenda Cacimbas do Viana.
Feitas algumas transcrições  comecei  digitar alguns registros. Notei que o dia  27 de novembro, ou próximo dele, se repetia com certa frequência nos casamentos relacionados as minhas buscas, principalmente, as ligadas ao major José Martins Ferreira e seus descendentes. Outra observação que faço, é que em uma  parte dos registros de casamento da Freguesia de São João  Batista do Assú, não são citados os nomes dos pais dos nubentes, dificultando, por isso, o trabalho dos pesquisadores. Repetindo Dom Adelino, uma lástima. Mas vamos as informações que colhi no livro de registros.
No ano de 1848, na data de 27 de novembro, lá no "Sitio das  Cassimbas" (Fazenda Cacimbas do Vianna), com a presença do major José Martins Ferreira e Manoel José de Sousa, casaram-se Félix de Lima do Nascimento e Maria José de Medeiros. Nesse mesmo dia, mês e ano, casaram-se Manoel Lucas de Lima e Faustina Maria do Espírito Santo, com a presença das testemunhas, o major José Martins Ferreira e João Martins Ferreira.
Em 1850, no mesmo dia e mês supra,  no lugar Curralinho, com a presença de João Martins Ferreira e Antonio Fragoso de Oliveira, casaram-se José Alves Martins e Francisca Xavier de Oliveira. Eles eram os pais de Josefina Emília Alves Martins, avó de Aluízio Alves e de Aristófanes Fernandes. O sobrenome Alves de Manoel Alves Filho, vem dos descendentes do major José Martins Ferreira. Lembramos que seu Nezinho tinha um irmão que se chamava Manoel Alves Martins Filho, os dois filhos de Manoel Alves Martins, mas mães diferentes.
Em 1853, no "Sítio das Cassimbas", na mesma data, 27 de Novembro, casaram-se João Martins Ferreira e Josefa Clara Martins, dispensados do parentesco que tinham, sendo presentes por testemunhas o coronel Manoel Lins Wanderley e o tenente Francisco Lins Wanderley, ambos casados. Os pais do major José Martins Ferreira, repetimos aqui, eram João Martins Ferreira e Josefa Clara Lessa. Os nubentes deveriam ser descendentes diretos deles. Se no registro de casamento não tivessem omitido os nomes dos pais, saberíamos, exatamente, os nomes dos pais dos noivos.
Em 1855, no dia 26 de novembro, mas às sete horas da noite, no Sitio das Mercês, na Fazenda das Cacimbas, casaram-se Joaquim José Martins Ferreira e Maria Isabel da Conceição, com o testemunho de João Martins Ferreira e Manoel José Martins, casados.
Fui a internet para verificar se o dia 27 de novembro  tinha algum significado religioso. Um site informava para ter cuidado com essa data, pois, havia informações das companhias de seguro que era o dia do ano com maior quantidade de acidentes. Outro site informava que nessa data, no ano de 1830, Nossa Senhora apareceu para Catarina de Labouré. É, também,  o dia de Nossa Senhora das Graças. O Google me levou, ainda, para o meu blog, onde em um artigo, havia a informação que meu bisavô, Francisco Martins Ferreira, nessa mesma data, no ano de 1869, havia casado com Francisca de Paula Maria de Carvalho, lá em Angicos, coisa da qual não me lembrava mais e que não aparecia nesses registros de Assú, pois eles se casaram na Freguesia de São José de Angicos. Joaquim José Martins Ferreira foi testemunha.
Em 28 de Novembro de 1850, Manoel Martins Ferreira desposou Prudência Maria Teixeira  em Cacimbas do Vianna.
Em 29 de Novembro de 1876, João Alves Martins desposou Maria Agnelina Fernandes. João era filho de José Alves Martins e Francisca Xavier de Oliveira, já citados acima, e Maria Agnelina filha de João Alves Fernandes. João Alves Martins era, portanto, irmão de Josefina Emília.
Há muito ainda que se descobrir sobre a família Martins Ferreira que esteve presente na fundação de Macau. Qualquer informação é útil para se construir uma história. Essa repetição em torno do dia 27 de novembro passa a ser, também, importante.

Um certo Capitão Pedro Álvares Ferreira

No livro de Leyla Perrone – Moisés, intitulado "Vinte Luas", que conta a viagem de Paulmier de Gonneville ao Brasil, de 1503 a 1505, ela escreveu: "O relato histórico, tanto quanto o ficcional, é sem limites de extensão. As ramificações, os pormenores e as especulações são infinitos. Os limites do discurso histórico são os documentos. Mas na interpretação e na interligação dos documentos, é a imaginação que constrói a verdade possível, sobretudo quando os documentos são poucos e lacunares."
Muitos livros da Igreja que registraram os batismos, óbitos e casamentos, já não existem mais. Entre os que ainda encontramos, vários estão deteriorados. Em muitos, os registros de casamentos são incompletos, não citando os nomes dos pais dos nubentes. Assim, a tarefa de reconstituição de uma genealogia torna-se difícil. São necessários vários documentos para se imaginar uma hipótese.
Quando se conta a História de Macau ou da Ilha de Manoel Gonçalves não há nenhuma referência ao Capitão Pedro Álvares Ferreira, mas ele aparece nesses lugares, e colado com a família do Capitão João Martins Ferreira. A primeira vez que vi o seu nome, foi no batismo de José, filho do Major José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres. Ele e Francisca Martins Ferreira foram os padrinhos, em dezesseis de Agosto de 1831, em Macau, do dito José, nascido em dois de Julho do dito ano. Fiquei intrigado com esse nome e passei a prestar atenção a todo registro onde o nome dele aparecia. Queria saber quem ele era e sua relação com a família do Capitão João Martins Ferreira. Encontramos vários registros.
Já em 1824, ele está na Ilha de Manoel Gonçalves. Nessa data ele e José Martins Ferreira eram solteiros. Foram testemunhas do casamento de Manoel Barbosa de Andrade e Maria Francisca da Conceição. O noivo, com 36 anos, e filho de Gonçalo Barbosa de Moura e Catharina Maria de Jesus. A noiva, com 20 anos, sem informações sobre os pais.
No ano seguinte, na mesma Ilha de Manoel Gonçalves, ele aparece como testemunha, juntamente, com o Capitão João Martins Ferreira, pai de José Martins Ferreira, no casamento de José Álvares Barbosa e Dionízia Ribeiro. O noivo, com vinte e três anos de idade, era filho de Miguel Teotônio de Seixas e Tereza Maria de Jesus. A noiva, com dezoito anos de idade, era filha de Joaquim José Ribeiro e Maria Anna Barbosa da Rocha.
Em 1831, na mesma Ilha, e ainda solteiro, foi padrinho junto com a mulher do Capitão João Martins Ferreira, Dona Josefa Clara Lessa, de Maria, filha de Tomás Pinto Martins e Josefa Florinda Pessoa.
No batismo de Maria, filha do Major José Martins Ferreira e Josefina Maria Ferreira, em dois de Junho de 1845, no Comissário de Cacimbas do Vianna, o Capitão Pedro Álvares Ferreira e Dona Josefa Christiniana Ferreira foram padrinhos por procuração passada por Bento José da Costa Junior e Dona Emília Júlia Pires Ferreira. Nesse ano o velho Bento José da Costa, dono das terras administradas por João Martins Ferreira, era falecido. Emília Júlia era filha de Gervásio Pires Ferreira que juntamente com o Coronel de Milícias Bento José da Costa fizeram parte de uma junta governativa de Pernambuco. O avô de Bento Junior era primo legitimo de Gervásio Pires.
Quando houve o batismo de um filho do Capitão Pedro Álvares Ferreira, o Major José Martins Ferreira é quem foi procurador como podemos ver no registro a seguir.
"João, filho legitimo de Pedro Álvares Ferreira e Maria Emília das Dores Ferreira, nasceu a vinte e quatro de Junho de mil oitocentos e quarenta e quatro: foi batizado solenemente de licença minha, na Fazenda Cacimbas, pelo Reverendo David Martins Freire Delgado a vinte e cinco de Dezembro do mesmo ano e foram Padrinhos Nossa Senhora da Conceição, e Domingos da Costa de Oliveira, por procuração ao Major José Martins Ferreira, casado; e para constar mandei fazer este termo em que assinei. Manoel Januário Bezerra Cavalcante, Pároco Colado do  Assú."
Em um trecho constante do Livro "Questão de Limites", de Vicente Lemos e Tavares de Lira, encontramos o seguinte documento:
"José Paulino Cabral, secretário da Intendência Municipal da Cidade do Açú, por titulo e nomeação legais, etc.
Certifico em virtude de petição supra que revendo e dando busca nos livros de vereação em meu poder e arquivo em um deles as folhas 202 v. e na vereção de trinta e um de Janeiro de mil oitocentos e vinte e nove encontrei, além de muitas outras nomeações e administradores de novo imposto de carne verde e subsídio literário para diversos lugares, a de Pedro Alves Ferreira para Mossoró. É o que me cumpre certificar em virtude da petição e a vista do próprio original, ao qual me reporto; dou fé. Secretaria da Intendência Municipal da Cidade do Açú, em 28 de Agosto de 1901. O Secretário, José Paulino Cabral (Estava selada)."
Acredito que seja o mesmo Pedro Álvares Ferreira que estudamos aqui, pois, próximo a essa época, o Capitão João Martins Ferreira arrematou o dízimo de sal de Mossoró.
Embora não tenha nenhuma comprovação, mas a partir dos documentos encontrados, acredito que Pedro Álvares Ferreira fosse um dos filhos do Capitão João Martins Ferreira. Aliás, alguns filhos do Major José Martins Ferreira tinham o sobrenome Alves. Um deles é justamente José Alves Martins cujo batizado noticiamos no inicio deste artigo. É dele que se origina a família Alves de Angicos.

Theodósio de Graciman no Jaguaribe e Guimarães

É Hélio Galvão no seu livro magistral sobre a nossa Fortaleza quem diz: "Teodósio de Graciman em 1701 estava no Jaguaribe e comprava à Dona Maria de Siqueira, viúva do Capitão Abreu Soares, e a sua filha Helena Barbosa de Albuquerque e seu marido Pascoal Gomes de Lima, duas léguas de terra no sitio do Aracati, ribeira do Jaguaribe." De outra forma escreveu Valdelice Carneiro Girão em "Estudos históricos e de evolução urbana da cidade de Aracati, na Revista do Instituto do Ceará – 2001, citando o historiador Antonio Bezerra: "A cidade de Aracati está encravada na data que tirou, em 23 de janeiro de 1685, o Capitão-mor Manoel Soares, e seus 14 companheiros, na parte que pertenceu ao mesmo Capitão-mor, demarcada pelo Desembargador Cristovão Soares Reymaão em Outubro de 1707 que foi vendido por sua viúva D. Maria de Siqueira e seu filho Pachoal de Lima em 6 de dezembro de 1701 ao Comissionario Geral Teodosio de Graciman. Há uma inversão quanto ao nome do filho de Manoel de Abreu Soares e Maria de Siqueira.
Para não gerar dúvidas para os pesquisadores, sobre quem era na verdade o filho de Manoel de Abreu Soares cito ainda o trabalho de Ivoncísio Meira de Medeiros, intitulado: "Documentos do Rio Grande do Norte", onde está escrito: "Requerimento do Alferes Paschoal Gomes de Lima, filho do Capitão-Mor Manoel de Abreu Soares, em que pede a S. Mag. o cargo de Escrivão da Paraíba ou de Escrivão da Fazenda da Capitânia do Rio Grande." Assim, fica clara a presença de Theodosio de Graciman no Jaguaribe e de quem era filho Pascoal Gomes de Lima, personagem da História do município  São Gonçalo do Amarante (antigo São Gonçalo do Potengi)
Um dos registros mais ricos que encontrei sobre a família Graciman (escolhi essa grafia) é o casamento de Mathias Ferreira da Costa e Paula Barbosa de Graciman, lá na Utinga, pois além de reforçar a participação dessa família na região de Jaguaribe, traz maiores  informações sobre outros familiares citados por Helio Galvão no seu livro sobre a nossa  Fortaleza. Vejamos o registro.
"Aos quatro de novembro de mil setecentos e trinta e nove anos na Capela de Nossa Senhora do Socorro de Utinga desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte feitas as denunciações nas partes necessárias da Freguesia e apresentando o contraente banhos corridos na sua Freguesia, natural e juntamente Sentença de dispensa de parentesco em que com a contraente estava ligada e pela que mandou o excelentíssimo Senhor Bispo casar, tendo satisfeito as penitências sem se descobrir impedimento sendo presentes por testemunhas o Capitão Bonifácio da Rocha Vieira, o Capitão Francisco Xavier de Souza, Isabel Rodrigues, Dona viúva, e Lourença de Araújo mulher  de Luis Soares Correa, pessoas todas conhecidas, moradores desta dita Freguesia, de licença minha, por comissão especial do Reverendo Vigário em cuja ausência fazia as vezes de Pároco o Padre Antonio de Araújo e Souza, assistiu ao matrimônio que entre si contraíram Mathias Ferreira da Costa filho legitimo  do Coronel Antonio Nunes Ferreira, e de sua mulher Catarina Barbosa já defunta natural da Ribeira do Jaguaribe freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Russas e Paula Barbosa Graciman filha legitima do Alferes Pedro Siqueira da Costa, já defunto, e de sua mulher Custódia Barbosa Graciman, natural desta dita Freguesia, e nela moradora e logo lhes deu as benções guardando-se em tudo a forma do Sagrado Concilio Tridentino e pelo assento que veio do dito Reverendo fiz este assento e por verdade assinei. Manoel Correa Gomes, João Gomes Freire Coadjutor, Bonifácio da Rocha Vieira, Francisco Xavier de Souza."
No livro de batismos de "pretos e pardos escravos" existente no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte vamos encontrar mais outras informações e entre elas a citação da localidade de moradia da família Graciman, de nome Magalhães, que segundo Hélio Galvão ficava na localidade conhecida hoje por Igreja Nova. Observemos o hábito que tinham os senhores de colocar nos seus escravos os sobrenomes da família deles. Vejamos o registro de batismo:
"Aos quatro de julho de mil setecentos e trinta e cinco anos na Capela do Senhor São Gonçalo do Potegy desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte feitas as denunciações nesta Matriz e nas mais partes necessárias desta Freguesia, e na Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Jaguaribe onde o contraente foi morador, sem se descobrir  impedimento, sendo presentes por testemunhas o Capitão José Figueira, o Capitão João Soares, Custódia Barbosa viúva que ficou de Pedro Figueira e Dona Adriana Siqueira viúva que ficou de Antonio Simões Moreira, pessoas todas conhecidas, moradores  desta dita Freguesia e, de licença minha,  o Padre Domingos Rodrigues  assistiu ao matrimônio, que entre si contraíram Sebastião Lustau preto forro do Gentio da Guiné morador, que foi em Jaguaribe da Ribeira de Aracati e Isabel de Graciman, escrava do Capitão Gregório Graciman Galvão, moradores no Magalhães desta dita Freguesia  guardando-se  em tudo o Sagrado Concilio Tridentino . e pelo assento que veio do dito Reverendo Padre mandei fazer este em que por verdade assinei. Manoel Correa Gomes Vigário."