João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de
Matemática da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Casarão, Olho d'Agua, de João Chrisóstomo |
Em 1975, eu estava em Fortaleza cursando o mestrado de
Matemática da Universidade Federal do Ceará. Morávamos eu, Graça e nossa filha,
Alessandra, em um apartamento, na Rua Francisco Pinto, na Gentilândia. Na mesma
rua, em frente ao meu prédio morava o casal José Praxedes Barreto e Mirtes
Dodt, ele natural do Rio Grande do Norte, ela do Ceará, mas com ascendentes no Seridó, e seus filhos: Ana, Fátima e
Zezinho. Fizemos amizade que se consolidou com o nascimento de Miguel Felipe.
Depois, eles se tornaram nossos compadres, pois são os padrinhos de Thiago,
nosso filho. Mirtil, minha comadre, descende do engenheiro alemão Gustavo Luiz
Guilherme Dodt, que mereceu um artigo de Câmara Cascudo, em Velhas Figuras.
Com os artigos sobre o professor de latim, Francisco
Emiliano Pereira, acabei encontrando o personagem Domingos Velho Barreto
Junior. Daí, pensei que pudesse haver algum parentesco entre ele e meu compadre
Zé Barreto, pois o pai deste último, que se chamava Domingos Barreto, tinha sido prefeito de Alexandria. Então, pedi
informações ao próprio Zé Barreto e as suas irmãs Hilda e Tetê, sobre seus avós.
Mas, eles não tinham os nomes completos dos mesmos. Saíram os nomes Manoel Barreto, Abigail e
Otília, os dois primeiros avós paternos e a última, avó materna. George Veras
me indicou o livro “Martins” do Prof. Dubas (Manoel Jácome de Lima).
Manoel Jácome de Lima, que foi casado com Marcina Barreto, tia
de Zé Barreto, no livro acima escreveu, que Manoel (de Melo Montenegro) Barreto,
como Alexandrina Chaves, casada com Dr. Joaquim Ferreira Chaves, e Dona Inácia
Barreto de Paiva, casada com o coronel João Bernardino de Paiva, eram filhos de
Domingos Velho Barreto Junior.
Disse mais, que entre netos, bisnetos e trinetos de Domingos
Velho Barreto Junior estão Leôncio Barreto, Dr. João Ferreira Barreto, Dr.
Manoel Barreto Neto, Dr. Leôncio Barreto Filho, Dr. João Barreto de Medeiros,
Manoel Barreto de Medeiros, Ivo Barreto de Medeiros, José Barreto de Medeiros,
Hilda Barreto, Professora Raimunda Barreto e Professora Maria de Lourdes
Barreto. Com essas informações, as minhas suspeitas se confirmaram. Hilda é
irmã de Zé Barreto, e este tinha um irmão chamado Leôncio Barreto Sobrinho.
Junior Marcelino, lá de Martins, mais uma vez me socorreu e
me mandou mais três documentos, para me situar no tempo, quanto aos vários
Domingos Velho Barreto. O primeiro é o casamento de um Domingos Velho Barreto.
Aos vinte e nove de junho
de mil oitocentos e noventa e três, no Sítio Poldros Mortos, em minha presença
e das testemunhas: Cândido de Albuquerque Barreto e Juvêncio d’Albuquerque
Barreto, depois de dispensados do parentesco de consanguinidade em terceiro
grau atingente ao segundo lateral simples, receberam-se em matrimônio os
contraentes naturais desta Freguesia: Domingos Velho Barreto e Otília
d’Albuquerque Bezerra Cavalcante, ele com vinte e seis anos de idade, filho legítimo de Domingos Velho Barreto e
Vicência Praxedes Barreto, falecidos, ela com vinte e três anos de idade, filha
legítima de Felipe de Albuquerque Bezerra Cavalcante e Ana Bezerra Cavalcante
d’Albuquerque. Do que, para constar, mandei fazer este termo que assino.
Nessa informação acima, ficava clara a origem de Praxedes,
no sobrenome do meu compadre, primo legítimo do poeta vaqueiro, Zé Praxedes.
Segundo José Barreto, primo de meu compadre, Zé Barreto, Otília ficou viúva e
casou, uma segunda vez, com Antero, tio do primeiro marido, Domingos.
Os documentos seguintes enviados por Junior eram de óbitos.
Vicência Praxedes
Barreto, casada com Domingos Velho Barreto Junior, morreu de apoplexia a vinte
e um de outubro de mil oitocentos e sessenta e sete, com a idade de vinte e
oito anos, foi por mim encomendada solenemente, foi sepultada no cemitério
público no mesmo dia. Padre Anizio de Torres Bandeira.
Domingos Velho
Barreto, viúvo, idade cinquenta e dois anos, morreu tísico, aos cinco de
dezembro de mil oitocentos e oitenta e dois, foi sepultado no cemitério de
Barriguda, aos seis do mesmo mês, amortalhado em branco, sem encomendação, do
que fiz este assento que assino. Pro Pároco Izidro Álvares da Silva.
Por esse segundo óbito, o Domingos que faleceu teria nascido
por volta de 1830, e, portanto, salvo erro no registro, não poderia ter sido
prefeito de Martins em 1845, com 15 anos de idade.
As informações sobre Dona Alexandrina dão conta que ela era
filha de Domingos Velho Barreto Junior e Ignácia Francisca Xavier, e nascida em
1852. Portanto, o Domingos Velho Barreto Junior deve ter se casado, primeiro com
Ignácia e depois com Vicência. Ignácia, que casou com João Bernardino de Paiva
Cavalcante, também era filha de Domingos e Ignácia Francisca.
Encontro na Biblioteca Nacional, no jornal Brado Conservador,
um assunto de justiça nos seguintes termos: Imperatriz- Apelante João Chrisóstomo
Bezerra Cavalcante de Albuquerque, apelada, a viúva D. Ignácia Francisca de
Albuquerque e mais herdeiros do tenente Domingos Velho Barreto – julgou-se por
sentença a habilitação dos herdeiros. 23/10/1877.
O pai de Felipe de Albuquerque era João Chrisóstomo Bezerra
Cavalcante de Albuquerque, mas não sei se era o mesmo da notícia.
Encontro informações sobre Artur Albuquerque Bezerra
Cavalcante, nascido aos 9 de janeiro de 1859, filho de João Chrisóstomo Bezerra
Cavalcante e Maria Barreto Cavalcante.
A família Velho Barreto, de Martins, precisa de um estudo
maior, por conta dos vários nomes que se repetem. Este artigo é só um começo, e
tem a intenção de estimular o debate genealógico sobre essa família.
Domingos Barreto, pai de Zé Barreto. Prefeito de Alexandria, na época João Pessoa. |