Por Fernando Antonio Bezerra
A
genealogia é um ramo da história que nos aproxima das pessoas pelo
conhecimento de nossos laços familiares. É muito bom quando nos galhos
da árvore genealógica descobrimos novos ramos e nos aproximamos de
pessoas que não imaginávamos nossos parentes! Felizmente vários foram os
seridoenses que se dedicaram a pesquisar a genealogia e alguns
continuam pesquisando, o que nos ajuda a encadear os fatos do passado
para compreendermos muitos aspectos do presente.
Um dos troncos antigos do Seridó, iniciado em Caicó, é a família Fernandes, originalmente, chamada “Fernandes Pimenta”. José Augusto Bezerra de Medeiros, político e escritor, descendente do citado ramo familiar, esclarece que “o ramo da família Fernandes Pimenta que habita a região seridoense procede todo elle directamente do casal Cosme Damião Fernandes-Izabel de Araújo, que residiu na Fazenda Cavalcanti, município de Caicó”. Cosme Damião, por sua vez, é neto do português Antonio Fernandes Pimenta e de Joana Francelina (ou Franklina) do Amor Divino. O casal, segundo os pesquisadores, fixou inicialmente residência na cidade de Nossa Senhora das Neves da Paraíba, em seguida em Brejo de Areia, também no estado paraibano e, finalmente, na fazenda Riacho do Pimenta, atual Município de Campo Grande-RN. Do casal Antonio e Joana, dentre outros filhos, nasceu André José Fernandes, pai de Cosme Damião que, como dito anteriormente, é o patriarca da família Fernandes no Seridó.
André José Fernandes casou duas vezes. A primeira, com Ana Francisca do Sacramento com quem gerou uma única filha: Felícia Fernandes Pimenta. Do segundo matrimônio, com Luíza Maria da Encarnação, nasceram três filhos, sendo criados dois: Cosme Damião Fernandes e Manoel José Fernandes. Luíza era filha de Manuel da Anunciação Lyra e Anna Filgueira de Jesus, e irmã do Padre Francisco de Britto Guerra.
Escreve o Desembargador Felipe Guerra, reproduzido pelo grande genealogista e pesquisador Olavo Medeiros Filho, que André José Fernandes indo a uma feira de gado sua mulher – Luíza Maria da Encarnação – “propos-lhe ficar em casa de sua mãe, que morava a poucas léguas de distância, fazenda Jatobá. O marido não concordou. Em sua ausência a mulher realizou a projetada viagem. Por essa 'desobediência' André Fernandes, ao voltar da feira não procurou mais a mulher, vivendo até o fim da vida separado, tendo ido residir em 'Irapuá', entre Apodi e São Sebastião”. Luíza estava grávida de Manoel José Fernandes quando foi abandonada pelo marido.
Manoel, na
idade adulta, foi ordenado Padre recebendo a nomeação de Visitador. Uma
rua em Caicó, onde morou, o homenageia: Visitador Fernandes. Ele faleceu
no dia 10 de fevereiro de 1858 deixando, em testamento, a libertação de
seus escravos e uma sincera devoção a Sant´Ana: “(...) minha Padroeira e
Gloriosissima Senhora Santa Anna advogada de minha especial devoção;
protestando eu morrer firme na Fé Catholica, em que tenho vivido como
verdadeiro Cristão e Ministro de Jesus Cristo”.
Sendo irmã do
Padre Guerra suponho que Luíza tenha vindo para Caicó em decorrência do
apoio recebido pelo irmão. Sobre a mãe de Cosme Damião Fernandes e do
Visitador Fernandes, falecida em 1810, Dom Adelino Dantas escreveu:
"quanto a Dona Luíza, mãe do Visitador Fernandes, merece ela, nestas
comemorações do seu filho, uma evocação especial, foi uma dessas
heroínas, dessas esposas e mães sertanejas, mártires do dever. Teria
morrido muito jovem, levando para a eternidade as amarguras de um
matrimonio atormentado, que cristãmente suportara”.
Sobre Cosme
Damião Fernandes, nascido em 1799, que governou Caicó no período de 1840
a 1843, também Dom Adelino Dantas escreveu: “o Major Cosme, assim
chamado por ter pertencido à Guarda Nacional, cidadão probo e honrado,
hábil carpinteiro, casou-se com uma filha de Felipe de Araújo, tendo
residido no Sitio Cavalcanti. Muito amigo do irmão padre, geriu-lhe os
negócios civis. Faleceu repentinamente, no dia 3 de setembro de 1851, de
sarampo recolhido, deixando numerosa descendência”.
De fato, é
grande a descendência do casal Cosme Damião e Izabel! Rossini Fernandes,
ao falar sobre "José Josias Fernandes, perfil de um homem público"
conseguiu relacionar os nomes da segunda geração da família em solo
seridoense: Maria Izabel Fernandes casada com Joaquim Apolinar;
Francisco Rafael Fernandes - sacerdote católico fundador de São
Fernando; Ana Filgueira de Jesus casada com o Major Antonio Garcia de
Medeiros; Egídio Malalael Fernandes casado com Olímpia Dantas e, em
segundo matrimonio, com Maria Paulina de Araújo; Manuel José Fernandes
(meu trisavô) casado com Cristiana Fernandes e, em segundo matrimônio,
com Maria Rozalina Bezerra Galvão (minha trisavó); Ananias Fernandes
Pimenta casado com Maria Senhorinha de Araújo e, em segundo matrimônio,
com Vicência Bernardino de Medeiros; Isabel Fernandes casada com Manuel
Clementino Dantas; Ezequiel de Araújo Fernandes casado com Josefina de
Araújo Nóbrega e, em segundo matrimônio, com Teresa Bezerra Galvão.
Com tanta
descendência, a família Fernandes - inaugurada pelo casal Cosme Damião e
Izabel no Seridó - está espalhada muito além do solo potiguar, todavia,
com as amarras dos laços e entrelaços do parentesco que nos unem ao
velho tronco!
Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó
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