João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Nos Anais da Biblioteca Nacional, encontramos um trecho escrito por Dom Domingos Lorêto Couto que diz: Caetano de Mello de Albuquerque nasceu na cidade do Natal do Rio Grande, sendo filho de Manoel de Mello de Albuquerque, natural de Olinda, filho ilegítimo de João Velho Barreto; e de Dona Eugenia Rodrigues de Sá, filha natural do Doutor Simão Rodrigues de Sá, que depois de a ter se ordenou presbítero, e foi arcediago da Sé de Olinda, e morreu sendo vigário colado do Rio Grande. Serviu nesta capitania, sendo capitão, sargento-mor, comandante das ordenanças, e passando a Lisboa foi eleito capitão-mor da Ilha do Fogo onde morreu.
Câmara Cascudo complementa quando escreve sobre o vereador do Senado da Câmara, Manoel de Mello e Albuquerque: O padre Simão Rodrigues de Sá já paroquiava Natal em julho de 1706. Veio a falecer antes de maio de 1708. Manoel de Melo de Albuquerque já estava em Natal em 1709 e tratado por capitão, foi como se sabe um dos grandes inimigos do capitão-mor Ferreira Freire.
Os registros paroquiais do início do século XVIII nos trazem informações mais precisas sobre os personagens acima, que nos levam a refletir melhor sobre as informações passadas por Dom Domingos Lorêto e Câmara Cascudo. Começamos com o batismo de Caetano de Melo e Albuquerque.
Em 28 de março de 1701 anos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, batizei a Caetano, filho do provedor da fazenda real, o tenente Manoel de Mello de Albuquerque e de sua mulher Dona Eugenia Rodrigues de Sá, fui padrinho e Dona Caetana Leitão, mulher do capitão-mor Bernardo Vieira de Mello, tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá, vigário.
Esse primeiro batismo já situa a presença tanto de Manoel de Mello, como do Vigário, no ano de 1701. No batismo acima, o vigário Simão Rodrigues de Sá, foi padrinho do seu neto Caetano. Vejamos agora o batismo de outro filho de Manoel que recebeu o nome do vigário avô.
Em 26 de julho de 1705 anos, nesta Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, batizei a Simão, filho do capitão Manoel de Mello e Albuquerque e de sua mulher Dona Eugenia Rodrigues de Sá, fui eu o padrinho, e madrinha Maria Fernandes de Araújo, viúva, tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá.
Outro filho de Manoel de Mello, já capitão, teve como padrinho um outro Rodrigues de Sá: em 8 de setembro de 1707 anos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, batizei a Manoel, filho do capitão Manoel de Mello de Albuquerque e de sua mulher Dona Eugenia Rodrigues de Sá, foi padrinho Matheus Rodrigues de Sá. Tem os santos óleos, Simão Rodrigues de Sá.
Em outros artigos trataremos de outros membros dessa família Rodrigues de Sá. Por enquanto, vamos no deter nos registros dos filhos de Manoel de Mello e Albuquerque (algumas vezes, de Albuquerque) e na presença do vigário no Rio Grande do Norte. Os assentamentos de praça dão uma ideia das características físicas dos assentados. Por isso, transcrevemos alguns trechos deles.
Simão Rodrigues de Sá, filho legítimo do Comissário Geral Manoel de Mello de Albuquerque, natural desta cidade do Natal, de idade de 16 anos, pouco mais ou menos, cheio de corpo, cor moreno, cara redonda, cabelo crespo e reto, senta praça na companhia de soldado desde primeiro de agosto de 1718.
Caetano de Mello de Albuquerque, filho do Comissário Geral, Manoel de Mello de Albuquerque, natural desta cidade do Natal, de idade de dezessete anos, pouco mais ou menos, cor alva de rosto, cabelo crespo e reto, sobrancelhas arqueadas e grossas, senta praça nesta companhia de soldado desde primeiro de outubro de 1718.
Manoel de Mello de Albuquerque, filho do Comissário Geral, Manoel de Mello de Albuquerque, foi soldado da Companhia do capitão Matheus de Mendes Pereira, já em 1719. Não encontrei a descrição dele.
Em 29 de abril de 1737, o Comissário Manoel de Mello de Albuquerque e sua mulher Dona Eugenia Rodrigues de Sá aparecem como testemunhas de um casamento na capela de Nossa Senhora do Rosário, desta cidade do Natal. Outra testemunha desse casamento era Dona Ângela de Sousa, mulher do Alferes Manoel de Mello de Albuquerque.
O primeiro documento que encontro com a assinatura do vigário Simão Rodrigues de Sá é o batismo seguinte: em 6 de novembro de 1697,batizou nesta Matriz, o Reverendo Padre Coadjutor Joseph Martinho Marcello, a Marcelina, parda, filha de pai incógnito e de Marta, escrava do sargento-mor Pedro da Costa. Foram padrinhos Mathias da Costa e Maria Antunes, e lhe pôs os santos óleos. O Vigário Simão Rodrigues de Sá.
O último registro de batismo encontrado, desses mais antigos, é de 1714, no livro de batismos de escravos. Está lá: em 4 de abril de 1714 anos, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, de licença minha, batizou o padre Pedro Fernandes a João, filho de Maria, escrava do alferes Antonio Barbosa; foram padrinhos Francisco da Costa de Oliveira e Custódia de Oliveira. Simão Rodrigues de Sá.
Com a informação acima, o padre Simão não poderia ter falecido antes de 1708, como escreveu Cascudo.