Inocentemente pensava que pertencia a duas famílias. A viagem ao passado nos leva a descobrir que pertencemos a muitas famílias cujos sobrenomes vão desaparecendo com os casamentos. Alguns sobrenomes vão sobrevivendo e resistindo ao tempo. Desaparecem, temporariamente, e ressurgem em outro instante. Eu estava fixado em Avelino e Trindade; Agora sei que sou Torres, Lopes Viegas, Machado, Martins, Martins Ferreira, Xavier Cruz, Garcia, Bezerra, Barbosa, Costa, Araújo Pereira, Lins, Lessa, Duarte, Azevedo, Sá Barroso, Lins de Vasconcelos, Dornelles Bittencourt e, possivelmente, muitos outros sobrenomes.
Embora único, sou constituído de muitas partes. Em meu sangue, tem muitos outros sangues. Sou de muitas raças, de muitas linhagens, de muitas regiões, e de muitos povos. Quando queremos saber de nossos ancestrais, queremos, na verdade, ir atrás de partes da gente que ficaram lá para trás.
Não estou procurando nobreza, nem brasão. Estou procurando a mim mesmos que viveu em outras épocas e outras regiões. Procuro saber que destinos tiveram minhas outras partes.
Muitas vezes convivemos com pessoas que tratamos como estranhas, mas que tinha um bisavô que era irmão do nosso bisavô, que viveram e brincaram juntos. Muitas vezes essas pessoas e nós, no passado, éramos as mesmas pessoas. Tínhamos um ascendente comum.
Éramos de muitos lugares, de muitos, sítios, e de muitas fazendas. Extremoz, Porto de Touros, Ilha de Manoel Gonçalves, Macau, Angicos, Utinga, São Gonçalo do Potengi, Acari, Sítio Santa Luzia, Fazenda Carapebas, São Romão, Cacimbas do Vianna, Flores, Santana do Matos e outros mais.