quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Notícias de Cosme de Abreu Maciel, lá de Flôres.

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com
Sócio do IHGRN, do INRG
No Livro “Florânia”, editado pela Fundação José Augusto, como em vários sites na internet, Cosme de Abreu Maciel aparece como fundador de Florânia. Mas, há umas informações desencontradas nesses lugares, e, por isso, trago informações novas para todos, a bem da verdade.

Nos registros que consegui fotografar, encontrei, em um assentamento de praça, de 1806, um filho de Cosme. O nome desse filho que me foi possível ler, até por conta da qualidade do registro, era Ignácio Pereira de Boaventura, branco, casado, de idade de trinta e dois anos.

Nos livros de Sesmarias do Rio Grande do Norte, da Coleção Mossorense, encontro dois registros onde ele e outras pessoas fazem requerimentos de terras. Esses documentos já são transcrições e, por isso, algumas vezes confusos. O primeiro data de 1754, e os requerentes são Cosme de Abreu Maciel, sua filha Jennaria (?) Gomes de Abreu e Gregório Carvalho de Deus, moradores na Ribeira do Seridó, sendo que o dito Cosme se diz proprietário de um sítio chamado Passaribú, há mais de onze anos, tendo lá, currais de gado e casas, nas proximidades das terras requeridas. O segundo requerimento data de 1756 e os requerentes são Cosme de Abreu Maciel e Ignácia Francisca Fernandes, no lugar Patacurá, que fica entre o dito Patacurá, e o riacho Mosarita e Piriquito e o riacho da Luzia. Cosme, nesse novo requerimento se diz morador do lugar há mais de trinta e quatro anos. Nesse último documento, de 1756, aparecem citados nas proximidades das terras requeridas, o capitão Domingos da Silveira, Miguel de Abreu Maciel, e o padre José Freire, além do capitão Rimetro (?) da Cunha Bezerra.

No livro “Florânia” consta, ainda, que Cosme de Abreu Maciel era casado com Angélica Mamede Maciel, e, deste casal nasceram Athanásio Fernandes de Morais, Manoel Antonio Fernandes e Claudiana Fernandes de Morais. Diz mais que Manoel Antonio Fernandes casou pela região, mas foi embora, sendo desconhecido seu paradeiro; e Claudiana Fernandes de Morais faleceu solteira e Athanásio casou com uma paraibana de nome Izabel Maria de Souza, tendo o casal gerado 22 filhos, que são listados no dito livro.

Segundo um amigo genealogista, que andou pesquisando documentos de Florânia, há um equivoco com relação a Athanásio Fernandes de Moraes. Esse nosso amigo encontrou o seguinte registro de casamento de Athanásio que esclarece a sua filiação, onde ele, na verdade, era filho de Manoel Antonio Fernandes de Moraes. Segue o registro.

Aos oito dias do mês de setembro de mil oitocentos e quinze pelas onze horas da manhã nesta Matriz de Santa Anna do Seridó, tendo obtido dispensa de sanguinidade, corridos os banhos, precedendo confissão, comunhão sacramental e exame de doutrina cristã, em minha presença e das testemunhas Manoel Pereira Bolcont e José Lino de Moraes, casados, moradores nesta Freguesia, se receberam em matrimônio por palavras de presentes meus fregueses Athanásio Fernandes de Moraes, natural da mesma Freguesia, e Isabel Maria de Souza, natural da de Mamanguape, ele filho legítimo de Manoel Antônio de Moraes, já falecido, e Angélica Mamedes da Conceição, e ela filha legitima de Cipriano Rodrigues de Souza, também falecido, e de Joanna Francisca do Rego, e logo lhes dei as bênçãos nupciais de que para constar fiz este assento, que com as ditas testemunhas assino. O Vigário Francisco de Brito Guerra, Manoel Pereira Bolcont e José Lino de Morais.

Informa, mais ainda, o nosso genealogista, que Claudiana Gomes de Lima, irmã de Athanázio, também casou como escrito no registro a seguir.

Aos cinco dias do mês de setembro de mil oitocentos e dezesseis anos pelas sete horas e meia da manhã, nesta Matriz do Seridó, feitas as denunciações sem impedimento em minha presença, e das testemunhas Alexandre de Araújo Pereira, e Manoel Pereira da Silva Castro, casados moradores nesta Freguesia, se receberam em matrimônio por palavras de presentes José Luiz Barreto, filho legítimo de José Severo da Silva, e de Anna Maria de Meira, natural da Freguesia de Pombal, e Claudiana Gomes de Lima, filha legítima de Manoel Antônio Fernandes, já falecido, e de Angélica Mamede da Conceição, natural desta Freguesia, donde são moradores, e logo lhes dei as benções nupciais. De que tudo para constar  mandei fazer este acento em que com as ditas testemunhas me assinei. Vigário Ignácio Gonçalves de Mello, pro-pároco, Manoel Pereira da Silva Castro, Alexandre de Araújo Pereira.

Pelos dois documentos acima, Manoel Antonio aparece com dois sobrenomes, mas seu nome completo era Manoel Antonio Fernandes de Morais, como veremos abaixo, e que a Angélica, tão comentada nos livros e sites, era na verdade esposa do dito Manoel Antonio e não de Cosme.

Vejamos outro registro onde aparece mais uma irmã de Athanásio: Aos vinte e sete dias do mês de julho de mil oitocentos e doze anos,  pelas dez horas da manhã nesta Matriz do Seridó em minha presença e das testemunhas João Baptista Soares, e Bento Antonio Fernandes, moradores nesta Villa, tendo sido feito as denunciações sem impedimento, precedendo confissão, comunhão sacramental, exame de doutrina cristã, se receberam em matrimônio por palavras de presente José Gomes de Souza, e Anna Maria da Conceição, ele natural da Freguesia da Beira, Bispado do Porto,  donde justificou menor idade, filho legítimo de Bento Gomes, e Maria Josefa, e ela natural da freguesia da Sé, filha legitima de Manoel Antonio Fernandes de Morais, já falecido, e de Angélica Mamede da Conceição, moradores nesta Freguesia, e logo lhes dei as benções nupciais, de que para constar mandei fazer este assento, que assino. O vigário Francisco de Brito Guerra, João Baptista Soares e Bento Antonio Fernandes.

O genealogista que me passou as informações encontrou o óbito de Cosme. Segundo ele, o capitão Cosme de Abreu Maciel faleceu aos 23 de maio de 1790, com a idade de 86 anos, pouco mais ou menos. Na certidão de óbito constava com sendo sua esposa Maria Tereza de Jesus.

Meu interesse por Flrânia vem do fato de meu bisavô Alexandre Garcia da Cruz ter vindo de lá,


Alexandre Garcia da Cruz, meu  bisavô