Parque da Cidade, a testemunha |
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
No mundo todo esse fenômeno deve ocorrer. Os políticos vão se esquecendo de fatos de suas carreiras, de seus partidos, e da história. Quando mudam de partido a coisa piora. Perdem os discursos anteriores e se transformam em novos idealistas do socialismo, do trabalhismo, do humanismo, do comunismo, da democracia ou da ecologia. Surpreendem até os velhos militantes. Quando há eleições, a impressão que tenho é que eles se transformam em marionetes dos coordenadores de suas campanhas. Perdem a racionalidade e a memória. Às vezes, penso que eles viviam noutros lugares ou não prestavam atenção ao que acontecia por aqui.
Fiz parte da administração municipal da cidade do Natal do começo de 2003 até final de 2008. Sem nenhum vínculo partidário ou pessoal, fui convidado pelo Prefeito para conduzir a Secretaria de Planejamento no ano de 2003 e nos anos seguintes, a Secretaria de Administração. Por isso, posso lembrar, neste pequeno espaço, algumas coisas daquele período, embora um exame dos Diários Oficiais do Município revele muito mais. Foi um período rico de realizações, mesmo com os parcos recursos orçamentários.
Natal teve bons prefeitos, mas nenhum solucionou boa parte dos problemas da cidade. Digo mais, nenhum que assumir, proximamente, vai conseguir, mesmo que tenha 20 anos de mandato. A cidade é um ser vivo que se modifica a cada momento, muitas vezes contra a própria vontade dos seus moradores. Nenhum prefeito pode eleger todas as áreas como prioritárias, é materialmente impossível. Ademais, questões maiores como Educação, Saúde, Segurança e Saneamento (incluindo aí todos os seus componentes) atingem a maioria das cidades brasileiras. Muitos brasileiros saíram da condição de miséria, mas continuam pobres e sem acesso decente aos serviços básicos. Gozam de alguns benefícios como acesso aos equipamentos eletroeletrônicos e meios de transportes como bicicletas, motos e carros de pequeno porte. Vão se divertindo com seus celulares e antenas parabólicas.
As obras físicas são mais fáceis de perceber do que outras que modificam a vida do cidadão. O programa eleitoral na televisão, do PDT, poderia explorar mais as obras realizadas por seu candidato. O que não é visto não é lembrado.
A Prefeitura Municipal da Cidade do Natal, no período que estive lá, avançou muito internamente. Instituímos o protocolo eletrônico, a licitação por registro de preços e por pregão eletrônico; disponibilizamos o resumo mensal da folha de pagamento no site da prefeitura (atualmente só aparecem lá, os anos de 2007 e 2008); implantamos o Bussiness Object-BO, para auditoria permanente da folha de pessoal, atualmente desativado; o DOM (Diário Oficial do Município) foi colocado no site desde 2003, facilitando a vida de todos que querem acessar os atos e decisões da administração municipal, incluindo aí a Câmara Municipal); foram realizados concursos públicos em 2004, 2006 e 2008 para admissão de novos servidores, principalmente na área da saúde; realizamos censo previdenciário; foi criada uma secretaria para regularização fundiária; mensalmente a administração municipal, como um todo, se fazia presente em alguns bairros de Natal, levando respostas para questões propostas previamente pelos seus moradores; o prefeito, quase que diariamente, fazia visitas às obras em andamento, além de semanalmente cobrar em reunião com as empresas construtoras o andamento das mesmas; reformas administrativas foram realizadas; vários planos de cargos e salários foram revistos; o Plano Plurianual, que se iniciou em 2005, já foi baseado no plano integrado que construímos junto com a sociedade nos anos anteriores, levando em conta os planos Natal 2015, o 3º Milênio, e o Estatuto das Cidades; foram criados instrumentos para revitalização da Ribeira; o arquivo municipal deixou de ser um mero setor de descarte de papéis e processos das secretarias; houve um esforço para recebimento da dívida ativa do município, com reforço da Procuradoria.
Na parte política, a memória histórica é totalmente esquecida. O PMDB é o mais esquecido de todos. Em 1978, o grande Aluízio Alves e o filho Henrique abandonaram o candidato do partido, Radir Pereira, para apoiar Jessé Freire, sem sair do partido. Hermano, Henrique e Garibaldi não se lembram disso? Em 1992, os gêmeos Henrique e Ana Catarina disputavam a prefeitura de Natal, cada um de um lado. Esqueceram? O grande Garibaldi apoiou Rosalba do DEM para senadora e depois para governadora. Por que, Garibaldi apoiou o candidato do partido que mais batia em Lula, seu aliado? O que diz, hoje, publicamente, o nosso ministro, de 1 milhão de votos, do desempenho da sua governadora? Enildo é Alves da gema e já está no DEM.
A exploração da reação de Carlos Eduardo no debate sobre saúde é pura propaganda dos adversários políticos e jornalísticos. Qualquer pessoa que tenha sangue nas veias se irritaria, a menos que seja cínico.
Sempre me lembro de Jesus sendo provocado pelos Doutores da Lei, escribas e fariseus, que procuravam com suas questiúnculas colocar o mestre em contradição e contra o povo. Jesus, humano, sempre prevenia seus apóstolos sobre o fermento dos fariseus e chamava os seus opositores de raças de víboras, sepulcros caiados (ou como se diz por aqui: por fora bela viola, por dentro pão bolorento).
As primeiras colocações nas pesquisas sobre vereadores revelam que a cidade não se dá conta que a Câmara Municipal pode ser uma grande aliada para a recuperação da cidade do Natal! Lembrem-se, mesmo com índice baixíssimo de aprovação, a maioria dos vereadores estava com ela. Incrível.