quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Francisco Machado de Oliveira Barros


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do INRG e do IHGRN
Voltei à presença do Coronel Paulo Leitão de Almeida em busca de mais detalhes sobre o mestre de campo Francisco Machado de Oliveira Barros, que deveria constar nos documentos que serviram de base para o trabalho sobre o Professor Régio, José Leitão de Almeida. Com 90 anos de idade, Paulo continua dedicado ao trabalho de deixar para filhos e netos memórias de sua vida, através dos fascículos Gotas de Saudades. Recebi para exame a brochura que continha os documentos de pesquisa encomendado por ele.
Nessa brochura estavam documentos relativos ao polêmico testamento deixado pelo mestre de campo. Conforme escrevemos em artigo anterior, Dona Ana de Melo e Albuquerque contestou o testamento do irmão, que instituiu o filho Joaquim José Barros do Rego, por ser este nascido de punitivo coito, tendo sido excluído do mesmo o Padre Antônio Caetano do Rego Barros e Dona Francisca Xavier de Vasconcelos. Esses, ao contrário do que eu pensava, eram filhos ilegítimos do Mestre de Campo. Parece, pelo que se depreende dos documentos, que D. Inácia do Carmo, primeira esposa do dito Francisco Machado, não deixou descendência.  Assim, Dona Ana de Melo e Albuquerque se considerava herdeira do falecido irmão, e por não ter ascendentes e descendentes fez doação aos seus sobrinhos Padre Antônio Caetano e D. Francisca Xavier (esposa do Professor Régio José Leitão de Almeida), incapacitados de herdar por conta da ilegitimidade do nascimento, como se ver nos diversos depoimentos.
Uma das cláusulas de doação era que os beneficiados reservassem para Dona Ana, alguns móveis caso ganhassem a ação.
Os bens estavam quase todos na posse do alferes Joaquim José do Rego Barros, como herdeiro nomeado no testamento do seu defunto pai. Havia uma parte dos títulos dos bens na posse do Padre Antônio Caetano do Rego Barros, incluindo aí uma casa de pedra e cal de sobrado na Boa Vista.  O Padre Miguel Francisco do Rego Barros detinha também parte dos bens, incluindo aí, três canoas velhas no sitio Rodrigo Moleiro. Os genros do mestre de campo Alexandre de Melo Andrade e Francisco Antônio Carrilho detinham, também,  em suas mãos parte dos bens. Alexandre, por exemplo, estava com: uma estante grande em bom uso e, a metade do dote que ficou em si para entrar na herança do defunto, no caso de ser sua mulher herdeira, e como no testamento foi excluída pelo mesmo defunto que não devia dele herdar por ter tido, em tempo de casado, com a primeira mulher Inácia do Carmo, deixando esta metade de dote as suas netas fêmeas, filha do mesmo Alexandre. A mesma forma se aplicou com relação à metade do dote em mãos de Francisco Antônio Carrilho. Em todo o documento, o único momento em que aparece citada D. Inácia do Carmo é o que está acima.
Alexandre de Melo de Andrade, filho de Manoel de Melo de Andrade e D. Joana Gomes de Abreu, ambos falecidos, casou, em 11 de julho de 1780, em casa de oratório de Francisco Machado, com Dona Rita Joaquina da Conceição, filha legítima do tenente-coronel Francisco Machado de Oliveira Barros e D. Antônia Maria Soares de Melo.
Francisco Antonio Carrilho, natural de Beja, da Freguesia de Santa Maria, filho de José Fernandes Carrilho e Esperança Rodrigues, casou na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, em 28 de julho de 1783, com Dona Dionísia Romana da Costa Soares, filha do tenente-coronel Francisco Machado de Oliveira Barros e D. Antônia Maria Soares de Melo, desta Freguesia.
O Coronel de Milícias Joaquim José do Rego Barros, filho do mestre de campo Francisco Machado de Oliveira Barros e D. Antonia Maria Soares de Melo, casou em casa do Coronel Francisco da Costa e Vasconcellos, no lugar chamado Coité, em 25 de fevereiro de 1802, com D. Maria Angélica da Conceição e Vasconcellos, filha do coronel de cavalaria Francisco da Costa e Vasconcellos e D. Maria Rosa Teixeira. No registro aparece como filho legítimo, acho que por ter sido regularizado o casamento do mestre de campo.
Em um dos documentos, aparece como depoente um primo de Ana de Melo e Albuquerque e, portanto, do mestre de campo, de nome João Pita Porto Carrero de Melo e Albuquerque. Esse João Pita foi casado com uma filha legitimada do vigário do Rio Grande do Norte, Pantaleão da Costa de Araújo.
Entre os óbitos que encontrei está o de Francisca Xavier de Vasconcelos, viúva de um Cosme do Rego Barros, que faleceu com 90 e tantos anos, em 1783. É interessante notar que o mestre de campo tinha uma filha com esse nome. Há um Cosme do Rego Barros, que Cascudo não achou o elo com o mestre de campo, mas parece ser um dos filhos de Fernando Antonio Carrilho. Cosme e sua esposa Francisca podem ser ascendentes do mestre de campo. Se encontrássemos o testamento resolveríamos a questão.