João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do
IHGRN e do INRG.
Tive algumas dificuldades na
descoberta de alguns parentescos, em virtude de segredos que eram mantidos por
familiares. Grande parte desses segredos vinha do nascimento de filhos naturais,
como se isso não fosse comum nas famílias do mundo todo, desde o começo dos
tempos.
A primeira dessas dificuldades
veio quando tentei descobrir o parentesco do Senador Georgino Avelino com a
nossa família. Todo mundo era parente dele, mas não ninguém sabia explicar
como. Através de exaustivas pesquisas em documentos fui me aproximando mais e
mais da verdade. Ela somente foi confirmada através do meu parente José
Nazareno Avelino, morador no Assú. O avó do Senador Georgino, Vicente Maria da
Costa Avelino, era filho bastardo (como se dizia naquela época) do meu trisavô
Alexandre Avelino da Costa Martins.
Depois, tentei descobrir como
era nosso parentesco com os Alves. Papai deixou escrito que tanto os Alves
Fernandes como os Rodrigues do Baixo Assú e Macau eram do clã do velho José
Martins Ferreira. Foi uma pesquisa difícil, aonde a maior dificuldade vinha da
afirmação que os Alves eram de Santana do Matos. Minha irmã, que conversou mais
com minha avó, Maria Josefina Martins Ferreira, afirmava que ela era prima
legitima de seu Nezinho. Ninguém mais sabia dizer coisa alguma. Cheguei a
conversar com membros da família Alves, incluindo aí, descendentes de Manoel
Alves Martins Filho, irmão de seu Nezinho, mas qualquer elo para eles estava
distante no tempo. Somente, quando encontrei, lá no Fórum de Assú, o inventário
de meu tio-bisavô José Alves Martins, tudo se esclareceu repentinamente. Nele
estavam nomeados todos os nove filhos dele e da sua esposa Francisca Martins de
Oliveira, incluindo aí Manoel Alves Martins, Josefina Emília, Militão Alves
Martins e Delfino Alves Martins.
Minha tia Águida Torres Avelino
foi casada com Bernardo Pinto de Abreu. Não tinha nenhuma informação sobre ele.
Procurei entre os familiares mais detalhes, mas nada. Com a ajuda de meus tios
Francisco Avelino e Láercio Avelino, localizei no Rio de Janeiro, Fátima
Pantoja e Manoel Pantoja, filhos de Pintinha (Maria Pinto de Abreu) e netos
maternos de tia Águida. Havia um ranço com relação a minha tia-avó, pois ela,
quando viúva de Bernardo Pinto de Abreu, teve uma filha natural, conhecida na
família com Ritinha. Deram-me o telefone de Rosália Pinto de Abreu, outra filha
de Bernardo e Águida, que mora em Recife, e, atualmente está com 107 anos. Como
na época estava doente, conversei tranquilamente com Irene filha dela que me
deu maiores detalhes dessa descendência, que já comentei em artigo anterior.
Um dia quando meu tio Chiquinho
esteve aqui em Natal, perguntei por que ele não tinha o nome completo do seu
avô Francisco Avelino da Costa Bezerra. Ele me respondeu que isso aconteceu por
conta da existência de um filho bastardo desse referido avô. Agora, quando da
vinda de Francisco Avelino Neto, por conta da doença de mamãe, resolvi continuar
a conversa. Queria saber mais detalhes, iniciando pelo nome desse irmão de meu
avô. Chamava-se Luiz Torres. Foi descrito como um homem alto e moreno. Meus
tios lembravam-se de um dos filhos dele, de nome Chico Torres. Tia
Francisquinha disse que estudou com ele, no primário, lá em Angicos, e tio
Laércio disse que ele, Chico Torres, foi casado com a viúva de um tal Clarindo
Dantas.
Uma pergunta que meus tios não
souberam responder: Se Luiz era filho natural de Francisco Avelino da Costa
Bezerra, porque ele tinha o sobrenome da esposa dele, Josefa Maria da Costa
Torres?
Nas pesquisas que tenho feito em
livros de registros que começam em 1688, filhos naturais estão sempre presentes.
A esposa do português Manoel Raposo da Câmara nasceu antes dos pais se casarem.
O coronel Francisco Machado de Oliveira Barros gerou um filho natural que foi
presidente de nossa Província, Joaquim José do Rego Barros. Minha tetravó
Lourença Dias da Rosa nasceu antes de sua mãe, a viúva Francisca Xavier Lopes,
casar com meu tetravô Francisco Xavier da Cruz. Não esperou pelo casamento com
o primo. Os padres Thomaz Pereira de Araújo, Francisco de Brito Guerra, Antonio
de Souza Martins, Pantaleão da Costa Araújo e tantos outros deixaram larga descendência
por aqui. Jerônimo de Albuquerque Maranhão, uma das figuras exponenciais da
nossa história, era filho natural de Jerônimo de Albuquerque com uma índia.
Batismo de Lourença Dias da Rosa |