João Felipe da  Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,  membro do IHGRN e do INRG
Já fizemos, anteriormente, um artigo sobre João Garcia  Valladão, onde expressamos as dificuldades para encontrar maiores registros de  sua descendência. No artigo apresentamos o registro do óbito de sua mulher Dona  Izabel Rodrigues de São José, ocorrido em 1830, sepultada na capela de Nossa  Senhora da Conceição de Guamaré. Entretanto, não fomos capazes de descobrir se  José Garcia Valladão, presente em vários documentos na Freguesia de Macau, era  seu filho. Mas, agora, com o inventário do Velho João Garcia  Valladão, trazemos mais informações sobre  essa família que habitou a Ilha de Manoel Gonçalves e foi uma das primeiras a  povoar a Ilha de Macau, família essa homenageada com o nome de um bairro no  referido município.
João Garcia Valladão, segundo seu inventário, faleceu em 10  de março de 1869, tendo sido seu inventariante herdeiro, o filho José Garcia  Valladão.
Segundo o dito inventário eram seus filhos: João Garcia  Valladão de Macedo, com a idade de 50 anos, que se encontrava ausente, em lugar  não sabido, há mais de trinta anos; Josefa de Brito Viana, casada com Custódio  José Viana, e moradores em Pernambuco; José Garcia Valladão, já mencionado  acima, casado com Anna Rosa da Costa; e Francisca Izabel de Brito, já falecida,  e representada por seus oitos filhos: Izabel de Brito Viana, casada com João  Macedo do Amaral; Maria de Brito Viana, casada com Luis Francisco de Medeiros;  Josefa de Brito Viana, solteira, com 28 anos, Rosa de Brito Viana, solteira, 23  anos, Antonio José Viana, solteiro, 22 anos; João José Viana, solteiro, 20  anos; Constância de Brito Viana, 19 anos; e Joanna Isabel Viana de Brito, 12  anos.
Segundo o inventariante que era residente em Macau, quase  todos os herdeiros moravam na Praça de Pernambuco a exceção da herdeira Joana  Izabel de Brito, Maria Izabel de Brito e seu marido Luis Francisco de Medeiros  que moravam na Vila de Macau, e João Garcia Valladão de Macedo cujo paradeiro  ignorava.
Nesse inventário o Padre Manoel Jerônimo Cabral foi curador  ad bona do herdeiro ausente João Garcia Valladão de Macedo, e Lourenço Pinto  Martins, o curador ad litem dos órfãos herdeiros. Além deles, atuou como Juiz  de Órfãos, Thomaz Lourenço da Silva Pinto e, como Escrivão de Órfãos, João  Baptista de Almeida Monteiro. O capitão Joaquim Rodrigues Ferreira foi  procurador de Josefa e seu marido Custódio; Balthazar de Moura e Silva foi procurador  de Izabel e seu marido João Macedo, de Josefa, Rosa, Antonio e Constancia,  órfãos púberes; o herdeiro inventariante José Garcia Valladão representou a si,  a sua esposa e ao herdeiro púbere João José Viana. E Dona Maria de Brito  representou a si e ao seu marido Luis Francisco de Medeiros.
No inventário quem aparece, como escravo, é Nicolau, com 32  anos. No artigo sobre João Garcia Valladão, colocamos o registro do batismo  dele, que foi na Ilha de Manoel Gonçalves, em 1836. Na verdade, em 1869, ele  deveria completar 33 anos. Era filha da escrava Noberta, que consta agora como  liberta. Aparece, também, um outro escravo de nome José, com 30 anos, filho de  Noberta. Outro detalhe desse inventário, é que o nome que aparece como esposa  do finado João Garcia Valladão era Izabel de Brito Macedo, diferente do  registrado no seu óbito, que era Izabel Rodrigues de São José. Mas, pelo que  vimos acima, alguns filhos tinham no sobrenome, Brito ou Macedo, e, portanto,  esse deveria ser o verdadeiro nome de família da esposa de João Garcia  Valladão.  Não há registro de que João  Garcia Valladão tenha se casado novamente, e tudo indica que permaneceu viúvo  até sua morte.
O inventário acima foi um dos encontrados no Fórum de Macau.