Por João Felipe da
Trindade
jfhipotenusa@gmail.com
O meu blog tem trazido, para meu convívio virtual, pessoas
que moram nos mais diversos lugares do país, e, até, de fora dele. Recebi
recentemente um e-mail com solicitações genealógicas, onde constava o seguinte:
Meu nome é Carlos Roberto Galvão Sobrinho, sou médico e historiador, moro nos
Estados Unidos, mas sou brasileiro e filho de potiguares que imigraram para o
RS nos anos 60. O meu pai é de Natal, mas a sua família descende dos
Lopes Galvão de Mossoró e Açu. Estou engajado num projeto de reconstrução
genealógica deste ramo da família e escrevendo um artigo sobre a sua
contribuição para a história do RN. Como estou nos EUA (e só
ocasionalmente venho ao Brasil), tem sido naturalmente difícil me dedicar
ao trabalho em tempo integral e fazer pesquisa arquival etc. Ainda que
tenha conseguido aos poucos levantar muitos dados, há ainda várias
lacunas no meu trabalho. Enfim, escrevo para saber se teria alguma
informação sobre os Lopes Galvão.
Em outro
e-mail, ele escreveu: Se não
for abusar da sua generosidade, gostaria de consultar mais uma vez a sua
sabedoria sobre a matéria, mas desta vez sobre um período mais próximo.
Entre as lacunas que tenho na reconstrução da árvore genealógica paterna figura
o parentesco entre os Lopes Galvão do Seridó e os Lopes Galvão de Mossoró; O
meu bisavô paterno era Olinto (Olynto) Lopes Galvão de Mossoró. Olinto
nasceu em 1860, foi juiz suplente em Mossoró e intendente em Açú/Assu;
casou-se com Cândida Miranda Fontes (descendente dos Miranda Henriques), minha
bisavó.
Aqui vão as minhas
perguntas: 1. Quem foi o pai de Olinto Lopes Galvão? Infelizmente a
memória familiar se perdeu, ainda que tenha tios que se recordem do avô; 2.
Qual o parentesco - se é que o há - entre Olinto Lopes Galvão e Romualdo Lopes
Galvão (n. 1864), também de Mossoró, abolicionista, republicano, comerciante,
presidente do Banco de Natal, governador, etc. etc., e contemporâneo de
Olinto? Romualdo era filho de João Lopes Galvão (n. 1839 em Mossoró) e
irmão de Isabel Lopes Galvão (n.1873), que se casou com Sylvio Policiano de
Miranda. A minha família também não sabe com certeza se há ligação entre
eles; 3. Qual a relação entre João Lopes Galvão, pai de Romualdo e Isabel, e os
Lopes Galvão do Seridó?
Com os
pedidos acima, resolvi buscar o que tenho nos meus arquivos sobre esses Lopes
Galvão, que ainda não tinha explicitado em algum artigo. Embora, tenha
informações sobre alguns deles, não foi possível encontrar o elo com o Cipriano
Lopes Pimentel.
Os Lopes Galvão aparecem
espalhados por vários lugares do Rio Grande do Norte. Aqui, vamos apresentar
vários deles, que encontrei, através dos registros da Igreja. Inicialmente,
lembramos um documento importante apresentado por Hélio Galvão, no seu livro
sobre a Fortaleza da Barra do Rio Grande, o testamento de Cipriano Lopes
Pimentel, datado de 19 de dezembro de 1729. Nele Cipriano declara que é filho
do sargento-mor Francisco Lopes e de sua mulher Joanna Dornelles. Apresenta sua
esposa Dona Tereza da Silva, filha de Filipe da Silva e Joana Salema. Na
sequência nomeia como seus filhos e da sua dita mulher: Lázaro Lopes Galvão, Cipriano
Lopes Galvão, Jorge Lopes da Silva, Archângelo Lopes, Estevam Lopes, Manoel
Lopes e Dona Luiza da Silva, casada com o sargento-mor Manoel Álvares Maciel.
Esse Jorge, citado acima, é um
deles, que encontramos o registro de casamento: Aos 15 de outubro de 1736, na
Igreja de São Miguel da Missão de Guajirú, na presença do Reverendo Antonio
Andrade de Araújo, Cura de Goianinha, e das testemunhas capitão Duarte Pinheiro
Rocha, tenente Francisco Xavier Ribeiro, Maria Magdalena, esposa do
sargento-mor Hilário de Castro Rocha, e Maria Gomes, se casaram Jorge Lopes
Galvão, natural de Goianinha, filho legítimo do capitão Cipriano Lopes Pimentel
e Thereza da Silva, com Francisca Xavier Figueira, filha do sargento-mor
Francisco Rodrigues Coelho, falecido, e Joana Figueira. Manoel Corria Gomes,
vigário, Antonio de Andrade de Araújo.
O Cipriano Lopes Galvão, também
citado acima, é nomeado em um registro de batismo, onde sua esposa foi
madrinha: Em 28 de setembro de 1756, era batizado, aqui na Matriz da Cidade do
Natal, pelo padre Francisco de Albuquerque de Mello, Phelippa, filha do capitão
Manoel Gomes da Silveira e sua mulher Luzia de Albuquerque de Mello, tendo como
padrinhos Manoel de Oliveira Miranda e dona Adriana de Holanda de Vasconcelos,
mulher do sargento-mor Cipriano Lopes Galvão, por seu bastante procurador
Faustino da Silveira.
Encontramos, também, um registro
de casamento de um neto de Cipriano e Adriana: No dia 22 de junho de 1800, na
Capela de Nossa Senhora da Guia de Acari, dispensados do parentesco em que
estavam ligados, em presença do reverendo padre Manoel Teixeira da Fonseca, de
licença minha, e na presença das testemunhas capitão João de Albuquerque
Maranhão e capitão Miguel Pinheiro Teixeira, se casaram João Lopes Galvão,
filho legítimo do capitão-mor Cipriano Lopes Galvão e Vicência Lins de
Vasconcellos, com Joana Francisca da Conceição, filha legítima de José de
Freitas Leitão e Francisca Xavier, já defunta. Vigário José Antonio Caetano de
Mesquita.
Essa Vicência Lins de
Vasconcelos era filha dos meus hexavós, Francisco Cardoso dos Santos e Thereza
Lins de Vasconcelos.
Nos registros de Touros, e na
localidade de Caiçara, vamos encontrar, também, um Cipriano Lopes Galvão e um
Francisco Lopes Galvão: Aos 20 de setembro de 1835, de licença minha, o
Reverendo Frei José de Santo Alberto, da ordem dos Carmelitas, assistiu ao
matrimônio de Francisco Lopes Galvão, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão e
de sua mulher Anna Francisca, já falecida, com Felipa Maria da Conceição, filha
legítima de João de Sousa Galvão e Silvana Maria da Conceição, na presença das
testemunhas José Ignácio de Miranda e André de Sousa Miranda e Silva, moradores
na Ilha de Manoel Gonçalves, onde se fez este sacramento. Felix Alves da Cruz,
vigário por oposição.
Aos 10 de maio de 1838, na
Capela de Guamaré, na presença do Reverendo David Martins Gomes, de minha
licença, e das testemunhas Francisco José Soares, morador em Guamaré, e de
Antonio Ferreira de Brito, desta Freguesia, se receberam em matrimonio, João
Galvão Lopes, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão e Anna Francisca de Sousa,
já falecida, com Maria Freire da Silva, filha legítima de João Freire da Silva
e Gertrude Gomes da Rosa. Felix Alves da Cruz, vigário colado.
Aos 2 de setembro de 1842, na
povoação de Caiçara, em desobriga, se receberam em matrimônio, Manoel Galvão
Lopes de Sousa, filho de Cipriano Lopes Galvão e de sua mulher Anna Francisca
de Sousa, já falecida, com Florinda Maria da Soledade, filha legítima de Luiz
Correa Chaves, e de sua mulher Joanna Correia da Soledade, brancos, em minha
presença, e das testemunhas Pedro José dos Santos, e João Francisco Cacho, moradores
em Caiçara. Antonio Camelo Valcácer.
Aos 6 de setembro de 1842, no
Sítio das Bicúdas, em desobriga, se receberam em matrimônio Alexandre Lopes de
Sousa, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão, e de sua mulher Anna Francisca,
já falecida, com Fausta Maria, filha legítima de Luiz Correia Chaves, e de sua
mulher Joana Maria da Soledade, brancos, em minha presença, e das testemunhas
José Bezerra da Costa e Francisco Ferreira da Costa, brancos, casados, Antonio
Camelo Valcácer, vigário apresentado.
Nosso Cipriano, dos registros de
Touros, casa novamente, depois de ficar viúvo: Aos três de agosto de 1844, na
povoação de Caiçara, em desobriga, se receberam em matrimônio, Cipriano Lopes
Galvão, viúvo que ficou de sua primeira mulher Ana Francisca de Sousa, com Francisca
Freire da Silva, filha legítima de José Nunes de Oliveira, já falecido, e de
sua mulher Izabel Correia de Brito, brancos, em minha presença e das
testemunhas Jerônimo Freire de Queiroz e Vicente Ferreira de Brito. Vigário
Antonio Camelo Valcacer.
Lá no Assú,
vamos encontrar outros Ciprianos: Aos treze dias do mês de novembro de 1823, pelas cinco horas da tarde, na Matriz de São João Batista do Assú, em presença do Padre Manoel Fernandes Pimenta da Silva, e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes Cipriano Lopes da Rocha e Rosaura Maria, meus fregueses: O esposo de idade de 22 anos, filho natural de Ana Maria da Rocha, e natural da Freguesia do Seridó, donde apresentou seus papéis desembaraçados; a esposa de idade de 22 anos, moradores neste Assú, onde se fizeram as denunciações necessárias sem impedimento; a nubente viúva que ficou por falecimento de Antonio José de Albuquerque; e logo lhes deu as bençãos matrimoniais, sendo primeiramente confessados e examinados na doutrina cristã, presentes por testemunhas Antonio Caetano Monteiro e Antonio Barroso de Carvalho, casados. Joaquim José de Santa Ana, pároco do Assú.
Desse casal acima, o registro de mais um nome repetido: Cipriano, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão, natural do Seridó, e Rosa (deve ser Rosaura) Maria da Conceição, natural do Assú, nasceu aos 4 de março de 1832, e foi batizada aos 8 de abril do dito ano, pelo Reverendo Vito Antônio de Freitas, de licença minha, na Capela de Santa Ana de Campo Grande, sendo padrinho o referido Reverendo Vito Antonio. José Joaquim de Santa Ana, vigário do Assú.
Desse casal acima, o registro de mais um nome repetido: Cipriano, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão, natural do Seridó, e Rosa (deve ser Rosaura) Maria da Conceição, natural do Assú, nasceu aos 4 de março de 1832, e foi batizada aos 8 de abril do dito ano, pelo Reverendo Vito Antônio de Freitas, de licença minha, na Capela de Santa Ana de Campo Grande, sendo padrinho o referido Reverendo Vito Antonio. José Joaquim de Santa Ana, vigário do Assú.
Outro filho do casal: Francisca, filha de Cipriano Lopes Galvão,
lá do Seridó, e Rosaura Maria da Conceição, do Assú, nasceu aos 29 de janeiro
de 1834 e foi batizada na Capela de Santa Ana de Campo Grande, aos 24 de
fevereiro do mesmo ano, sendo padrinho Antonio Manoel Barroso, solteiro. Mais uma vez a presença de um Barroso, nessa família.
Em 1832, foi batizado José, filho de Felisberto Barroso de Carvalho e Francisca Maria, tendo como padrinho Cipriano Lopes Galvão.
Em 1832, foi batizado José, filho de Felisberto Barroso de Carvalho e Francisca Maria, tendo como padrinho Cipriano Lopes Galvão.
Aos 30 de novembro de 1833, na
Fazenda Adquinhon, em presença do Padre Vito Antonio de Freitas, de licença
minha, se receberam por esposos presentes, Raimundo José de Sousa, de 24 anos,
natural do Seridó, filho legítimo de Manoel Lopes Galvão e Ana Rosa Pereira, e
Tereza Maria de Jesus, de 17 anos, natural do Assú, filha legítima de João
Batista de Sousa e Tereza de Jesus Maria, sendo presentes por testemunhas
Ignácio Francisco e Idalino de Alexandre Bezerra, casado. Joaquim Jose de Santa
Ana, vigário do Assú.
Para os lados de São José e
Papari, mais Lopes Galvão. Em 9 de fevereiro de 1836, na Matriz de Santa Ana da
Vila de São José, o Reverendo Francisco Antonio de Souza e Silva, batizou Úrsula,
branca, nascida aos 5 de janeiro do dito ano, filha de André Lopes Galvão e
Senhorinha Mathildes Barbosa, moradores na Boca da Picada, sendo padrinhos
Estevão Teixeira Brandão e sua mulher Antonia Clara, naturais e moradores na
Freguesia de Papari.
Aos 13 de novembro de 1846, na
Matriz de Nossa Senhora do O’ de Papari, em presença do Reverendo Gregório
Ferreira Lustosa, vigário da cidade de São José de Mipibu, de licença minha, e
na presença das testemunhas Bernardo de Castro Leitão e Francisco Xavier
Carneiro, casados, se casaram Joaquim Lopes Guarim, branco, de 25 anos, natural
do Assú, de onde veio de menor para a cidade de São José de Mipibu, filho
legítimo de Francisco Lopes Galvão, falecido e Thereza Maria de Jesus, com
Violante Rozalinda da Silva, branca, de 20 anos, natural de Brejo da Cruz, de
onde veio criança para Papari, filha legítima de Francisco Xavier de Macedo,
falecido e Catharina Barbosa da Silva, foram dispensados do 2º grau de
afinidade ilícita, contraído pelo nubente, em que estavam ligados, Vigário José
Manoel dos Santos Brígido.
Aos 26 de janeiro de 1847, na
Matriz de Papari, na presença do major José de Araújo Costa e João Porfírio
(ilegível), se casaram José Felippe Santiago Jr. natural de Natal, filho
legítimo de José Felippe Santiago e Antonia Joaquina de Sousa Santiago, com Ana
Joaquina do Sacramento, natural de Acari, filha de Bartholomeu Lopes Galvão e
Francisca Alexandrina do Sacramento. José Manoel dos Santos Brígido.
Em março de 1859, no sítio
Vista, o padre João Damasceno Xavier Dantas casava José Joaquim Torres Galvão,
viúvo que ficou de Leocádia Guedes da Fonseca, com Michelina Guedes de Paiva,
filha de Manoel Francisco de Paiva e Francisca Barbosa do Carmo.
Em 6 de fevereiro de 1883, em Ceará-mirim,
presentes Ignácio Guedes e Joaquim Guedes, casavam Francisco Lopes Galvão, 32 anos,
filho de José Joaquim Torres Galvão e Leocádia Joaquina da Fonseca, com Cândida
Belarmina da Conceição, de menor, filha de Belarmino Lins de Vasconcelos e
Maria Marculina Monteiro.
Essas informações poderão ser
completadas por outras pessoas que descendem dessas ou que tenha tido acesso a
outros registros. Infelizmente, não acessei ainda os registros da Igreja de
Mossoró.
Sobre Olyntho, encontrei seu
óbito no ano de 1930, aqui nos registros da Catedral. Dizia que ele tinha 63
anos e era oriundo de Goiana, Pernambuco, Quanto a Romualdo, que nasceu em
Campo Grande, hoje Augusto Severo, encontrei, também, seu óbito, em 1927.
Segundo esse registro, faleceu com 74 anos de idade e era filho de João Lopes
Galvão.
Diz Carlos, que ele era filho de
João Batista Galvão, e neto de José Olinto Galvão. Diz mais que este e mais
Joaquim Fontes Galvão, Ercílio Fontes Galvão, Olyntho Lopes Galvão Filho eram
filhos de Olynto Lopes Galvão, e Dona Cândida
de Miranda Fontes.
Volto aos registros para buscar
algum registro sobre esses membros da família Fontes Galvão.
José Olinto Galvão, com 18 anos
de idade, filho de Olintho Lopes Galvão e Cândida Fontes Galvão, casou na
Catedral aos 31 de janeiro de 1931, com Maria da Conceição Santos, de 16 anos,
filha de João Pedro dos Santos e Elvira Ephigenia Santos.na presença de Nestor
dos Santos Lima e Rodrigo Affonso Cunha.
Em outro registro, encontro que Zélia
Maria, branca, nascida aos 17 de agosto de 1940, era batizada na Catedral,
sendo filha legítima de José Olinto Gomes, funcionário público, natural de
Natal, e de sua esposa Dona Maria Conceição Santos Galvão, natural de Natal,
neta paterna de Olinto Lopes Galvão e Cândida Fontes Galvão, e materna de João
Pedro dos Santos e Efigenia dos Santos, sendo seus padrinhos Hercílio Galvão,
casado, funcionário público e sua esposa D. Laura Gambarra Galvão.
João (Batista Galvão), filho
legítimo de José Olinto Galvão e de Maria da Conceição Galvão, nasceu aos 3 de
julho de 1936, e foi batizado na Catedral em 1 de agosto do mesmo ano, tendo como
padrinhos Antonio Coelho e Thereza de Nazareth Santos Coelho.