Por
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG
Na relação dos herdeiros da Fazenda Panom, pelo que se observa da escritura de venda da mesma, em 1774, não aparecem filhos, nem esposa do Coronel David Dantas de Faria. Não há nenhuma observação sobre seu estado civil. Por isso, fui atrás de documentos da época, para ver se encontrava mais informações sobre o Coronel.
Em 7 de fevereiro de 1752, no casamento do português de Vianna, Bento José Taveira Vianna, com Dona Lourença de Araújo Correa, viúva de Luis Soares Correa, uma das testemunha é o tenente-coronel David Dantas de Faria, ainda solteiro. Mas, o Coronel teve filhos. Em primeiro lugar vamos apresentar o casamento de uma filha dele, em um registro onde aparecem poucas informações. Uma lástima, repetindo Dom Adelino. Somente o registro de batismo, que se segue, esclarece melhor os fatos.
Aos vinte e seis de outubro de mil setecentos e setenta e nove, de licença minha, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, corridos os banhos, sem impedimento, até a hora do recebimento, a horas da manhã, em presença do Padre Coadjutor de Papari, Ignácio (ilegível) Coelho, e das testemunhas com ele assinadas, Francisco Xavier de Sousa, não diz se é casado ou solteiro, e de Salvador Maria da Trindade, meus fregueses, receberam com as bênçãos, conforme o Sagrado Concílio Tridentino e Ritual Romano, com palavras de presente, corridos os banhos de suas naturalidades, e domiciliar, Vicente Ferreira de Lira, não diz filho de quem, e Anna Maria Dantas de Faria, minha freguesa, e não se continha mais no dito assento, e por verdade, ausente o Reverendo Vigário, me assinei. Padre Joaquim José Pereira, Pró Vigário do Rio Grande.
Vicente e Anna Maria, tiveram um filho em 1781. Vejamos o registro, onde há uma mudança no sobrenome de Vicente.
Miguel filho legítimo de Vicente Pereira Lira e de Anna Maria Dantas, naturais da Freguesia de Nossa Senhora do O' da Vila de São José de Mipibú, nasceu, nesta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, aos vinte e nove de setembro de 1781, e foi batizada, aos vinte e nove de outubro de 1781, na Capela de São Gonçalo do Potegi, filial desta matriz, com os santos óleos, pelo Reverendo Coadjutor Luis Felis de Vasconcellos; neto por parte paterna de Firmiano de Abreo Lira e de Theresa de Jesus, ambos naturais da dita Freguesia de Papari, e pela materna do Coronel David Dantas de Farias, solteiro, e de Sebastiana Netta, solteira. Foram padrinhos José de Araújo, solteiro, morador na Freguesia de Estremoz e Anna Theresa de Jesus, filha do sobredito Firmiano de Abreo; de que fiz este assento para constar. Francisco de Sousa Nunes, vice-vigário do Rio Grande.
Registro de batismo de 16 de outubro de 1814, em Jundiaí, dá conta que Davi Dantas e Maria Manoela, filhas da viúva Anna Dantas, foram padrinhos de Antonio, filho de Josefa escrava de Angélica Maria. Outro, na mesma data, diz que Davi Dantas e Josefa Teresa, filhos da viúva Anna Dantas, foram padrinhos de Lourenço, filho de Francisco Ramos e Teresa Maria. Por escassez de outros registros, não é possível dizer se essa Anna Dantas é a mesma Anna Maria Dantas de Faria, filha do Coronel.
Pode haver outros filhos do Coronel. Para futuras investigações, deixo aqui outras informações que podem ajudar outros pesquisadores, pois, encontramos várias pessoas de nome David Dantas de Faria.
Comecemos com um registro de assentamento de Praça, na Ribeira do Assu. Está no documento: David Dantas de Faria, filho de Heronimo Mendes Pereira, natural e morador nesta Ribeira do Assu, pardo, solteiro, de estatura ordinária, nariz grande, cor trigueira, olhos pardos, boca pequena, de idade de dezenove anos, assenta praça em revista de vinte e sete de julho de 1789.
Encontramos mais assentamentos de filhos de Jerônimo Mendes Pereira, na Ribeira do Assu: Matheus Mendes Pereira, de 26 anos, assentou praça, também, em vinte e sete de julho de 1789; Manoel José Dantas de Faria assentou praça em oito de novembro de 1793, com a idade de 19 anos, falecido em 1807; e Francisco Alves Xavier, 25 anos, assentou praça, em 8 de novembro de 1793.
É interessante observar que os dois primeiros filhos de Jerônimo, citados acima, tinham nomes de militares que chefiaram Regimentos em tempos passados. Talvez tenha sido uma homenagem aos ditos. Entretanto, há outras coincidências que sugerem alguma ligação de Jerônimo Mendes com o Coronel David Dantas de Faria.
Em dezoito de agosto de 1839, na Fazenda Panom, foi batizada, Izabel, filha de Jerônimo Mendes Pereira e Ignácia Maria da Conceição, tendo como padrinhos Nicolau Vieira de Mello e sua mulher Maria Francisca da Fonseca; Em oito de novembro de 1833, no sítio Barra, Joanna Maria da Conceição, filha de Jerônimo e Ignácia, casava com José Marinho Dantas, filho de Antonio da Cunha Calheiros e Joanna Maria da Conceição, com presença de José Francisco de Farias e Antonio Francisco Dantas. Em vinte oito de novembro de 1828, no Sítio Barra, David Dantas de Faria, 24 anos, filho de David Dantas de Faria e Angélica Rosa, desposou Izabel de Seixas de 29 anos, tendo como testemunhas José Francisco de Faria e Luiz de França Dantas; Esse Luiz de França era filho de David e Angélica Rosa, e em vinte de dois de janeiro de 1827 tinha desposado Izabel Maria de Jesus, na Matriz do Assu, filha de João de Maia Correa e Anna Maria, presentes José Dantas de Farias e João Baptista, casados.
A Izabel de Seixas, acima, deve ser Izabel Pereira de Lima, pois em dois de junho de 1833, no Saco dos Seixas, houve o batismo de João, filho de David Dantas de Farias Junior com ela, tendo como padrinhos José Francisco de Farias e Anna Quitéria de Sana Anna. Em doze de fevereiro de 1835, outro filho do casal de nome Alexandrino, foi batizado, tendo como padrinhos Francisco Xavier de Seixas e Felippa Maria do Espírito Santo.
Outro detalhe, é que em quatro de junho de 1843, houve o batismo, na Fazenda Panom, de Manoel, filho de José Francisco Xavier e Francisca Maria do Nascimento, onde um dos padrinhos foi o viúvo David Dantas de Faria. Devia ser o esposo de Angélica Rosa, pois, David Junior foi padrinho junto com Izabel em 1846, na Fazenda Morro.