sábado, 17 de setembro de 2016

Nicolau Paes Sarmento e Francisco Godinho Mota

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com



Na internet encontramos referências a um militar e religioso de nome Nicolau Paes Sarmento. Aqui, no Rio Grande do Norte, encontramos tanto em assentamentos de praça, como em registros religiosos, notícias de um Nicolau Paes Sarmento, que não sei dizer se tinha alguma relação com o Deão de Pernambuco.  Neste nosso trabalho, chamamos a atenção para o fato de que, muitas vezes, as informações de registro a registro variam, criando dificuldades de entendimento sobre a veracidade dos assentos encontrados, tanto com relação aos nomes, como em relação as naturalidades das pessoas. Não vamos deixar que essas dificuldades nos impeçam de levar adiante nosso intento.
Nicolau Paes Sarmento, filho de José de Almeida Vilanova, natural desta capitania, de idade de 14 para 15 anos, de estatura espigada, seco de corpo, cara comprida e cheia, homem branco, cabelo curto, castanho, olhos pardos, sobrancelhas aparadas, senta praça de soldado por sua vontade, nesta Companhia do capitão Francisco Ribeiro Garcia, em 7 de janeiro de 1739, por mandado do senhor governador general de Pernambuco, Duarte Sodré Pereira, e intervenção do Provedor da Fazenda Real e Vedor da Gente de Guerra, o capitão Domingos da Silveira, com o vencimento de dois mil e quatrocentos réis por mês, e por ano, vinte e oito mil e oitocentos réis por ano, a saber: quinze mil trezentos e sessenta réis em dinheiro, e em farda treze mil quatrocentos  e quarenta réis, na forma da ordem de sua Majestade. Bento Mousinho.
Em seu casamento, cinco anos mais tarde, Nicolau aparece com outro sobrenome: Aos 17 de dezembro de 1744, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, Nicolau José de Almeida, filho legítimo de José de Almeida Vilanova, falecido, e de sua mulher Maria Josefa Pessoa, casou com Maria do Espírito Santo, filha do capitão Francisco Godinho Mota e de sua mulher Clara do Nascimento, dispensados no terceiro grau de consanguinidade, na presença do alferes Marcos de Oliveira, e do cabo de esquadra Estevão Ribeiro da Silva, da companhia do capitão Domingos de Araújo.
Desse Francisco, sogro de Nicolau, temos um assentamento de praça: Francisco Godinho Mota, filho legítimo de José Godinho Mota, natural da Ilha do Faial, de idade de 34 anos, pouco mais ou menos, de estatura alta, cheio de corpo, cara comprida e cheia, cor branca, rosado, cabelo castanho, com volta nas pontas, olhos pardos e grandes, senta praça, nesta Companhia do capitão Francisco Ribeiro Garcia, de soldado raso, em 28 de dezembro de 1733. Mais adiante, falaremos mais sobre ele.
Aos 29 de junho de 1764, nascia Clara, mesmo nome da avó materna, filha de Nicolau José de Almeida e Dona Maria do Espírito Santo, neta por parte paterna de José de Almeida, natural deste Rio Grande, e de Dona Maria Josefa Vieira, natural de Pernambuco, e pela materna de Francisco Godinho Silva, natural da Vila de Faial, e de Dona Clara do Nascimento Xavier, natural desta cidade, tendo sido batizada aos 15 de julho de dito ano, na Matriz, sendo seus padrinhos o sargento-mor Francisco Machado de Oliveira Barros, homem casado, e Elena Archângela de Jesus, filha de Bernardino de Sá.
Nicolau Paes Sarmento, filho de Nicolau Paes Sarmento, natural de Pombal, e morador nesta Ribeira do Assú, branco, casado, de estatura alta, seco de corpo, cabelo curto, e ruivo, pouca barba, olhos pardos, sobrancelhas medianas, com idade de 34 anos, senta praça em revista de 27 de julho de 1789. Deve ter nascido por volta de 1755.
Antônio José de Freitas, filho legítimo de Nicolau Paes, natural das Piranhas, pardo, solteiro, e morador na Ribeira do Assú, de estatura ordinária, cara redonda, boca grande de beiços grossos, olhos fundos, sobrancelhas pequenas, com a idade de 21 anos, senta praça em Revista de 27 de julho de 1789.
Manoel José, filho legítimo de Nicolau José, desta Freguesia, branco, de estatura baixa, oficial de ourives, senta praça por mandado do capitão-mor desta capitania Joaquim Félix de Lima, e intervenção do Vedor de Gente de Guerra, Doutor Antônio Carneiro de Albuquerque Gondim, em 29 de dezembro de 1763.
Essa mudança no sobrenome de Nicolau, como já visto no casamento dele, se repete, posteriormente, em outros registros: Maria, filha legítima de José Antônio de Sá e Mariana Pereira, neta pela parte paterna de Nicolau José de Almeida e de Maria do Espírito Santo, e pela materna de Gonçalo de Barros e Antônia (Vieira), nasceu aos 4 de agosto de 1772, e foi batizado na Matriz, aos 12 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos João de Barros Coelho e sua mulher Luzia Maria do Espírito Santo. Em 16 de agosto de 1770, tinha nascido Ana, filha de José Antônio e Mariana, que foi batizada aos 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Manoel José, e sua mãe Maria do Espirito Santo, mulher de Nicolau José. Nesse último registro, consta que Gonçalo de Barros era natural da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Vila de Goiana e sua esposa, Antônia Vieira, de Goianinha.
Em 1778, na Matriz, Manoel José de Almeida, filho de Nicolau José, e de sua mulher Maria do Espírito Santo, casou com Thereza Maria do Espírito Santo, filha de Antônio Ribeiro de Aguiar e de sua mulher Domingas Ramos; Domingos, filho legítimo de Manoel José de Almeida e Thereza Maria da Conceição, nasceu aos 29 de março de 1788, e foi batizado na Matriz aos 29 de abril do mesmo ano, tendo como padrinhos José Bezerra (de Lira) e sua mulher Genoveva (Maria da Apresentação). Esta Genoveva era filha do tenente José Barbosa Goveia, natural da Ilha de São Miguel, e Quitéria Thereza de Jesus, natural da Paraíba.
 De um registro, já com muitas falhas, extraímos que Desidéria, filha legítima de Nicolau José de Almeida e Maria do Espírito Santo, naturais desta Freguesia, neta por parte paterna de José de Almeida Vilanova, desta, e de Maria Josefa, natural de Pernambuco, e pela materna de Francisco Godinho, natural da Ilha, foi batizada em 1762, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, e teve como padrinhos o capitão José Pedro de Vasconcelos, casado, e Luzia, filha de Antônia Maria, mulher de Manoel Gomes de Albuquerque.
Em 15 de agosto de 1769, faleceu Alexandre, filho de Nicolau e Maria do Espírito Santo, com a idade de 8 anos; Dona Maria do Espírito Santo, mulher de Nicolau, faleceu em 20 de abril de 1778;
Voltando a família de Francisco Godinho, encontramos em um assentamento de praça, que: Francisco Xavier do Nascimento (sobrenome da mãe), natural desta cidade do Natal, capitania do Rio Grande do Norte, moço solteiro, filho legítimo de Francisco Godinho Mota, de idade que disse ter de 21 anos, pouco mais ou menos, de estatura baixa, cara comprida, cor morena, cabelo preto e corredio, com um sinal de ferida no rosto, senta praça na Companhia do capitão Luiz Bernardes de Morais, de soldado raso, em 24 de setembro de 1739.
Vejamos assentamentos de netos de Francisco Godinho Mota: Antônio José de Albuquerque, solteiro, filho de Francisco Xavier do Nascimento, natural desta cidade, de idade de quatorze anos, de baixa estatura, seco de corpo, testa estreita, rosto redondo, olhos pequenos e pardos, nariz comprido, sem buço e falta de dentes , cabelo corredio e castanhado, senta praça de soldado voluntário em 14 de julho de 1781; Bernardo José de Albuquerque, filho legítimo de Francisco Xavier do Nascimento, natural desta cidade, de idade de 15 anos, pouco mais ou menos, cor alvaria, de estatura pequena, sem ponta de barba, testa de cantos redondos, cabelo estirado, rosto algum tanto redondo, seco de corpo, olhos pardos, sobrancelhas grossas, nariz ordinário, boca grande, e com todos os dentes, senta praça voluntário em outubro de 1780.
Aos oito de janeiro de 1750, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, Francisco Xavier do Nascimento, filho de Francisco Godinho Mota e sua mulher Clara do Nascimento Xavier, casou com Maximiana Valéria Tibúrcia de Albuquerque, filha legítima do capitão-mor Caetano de Melo de Albuquerque e de sua mulher Dona Violante de Sá.
Bernardo, filho legítimo de Francisco Xavier do Nascimento e Dona Maximiana Valeriana Tibúrcia de Albuquerque, naturais desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, neto por parte paterna de Francisco Godinho Mota, natural das partes de Portugal, e de sua mulher Clara do Nascimento, natural desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, e pela materna do capitão-mor Caetano de Melo de Albuquerque e de sua mulher Dona Violante  (Dias) de Sá, natural desta Freguesia,  foi batizado aos 28 de agosto de 1763, sendo padrinhos Nicolau José, casado, e Antônia da Silva, mulher de Simão Rodrigues, da Vila de São José.
Ana, filha legítima de Francisco Xavier do Nascimento, e de Maximiana de Albuquerque, natural desta cidade, neta por parte paterna de Francisco Godinho Mota, natural da Ilha de Faial, e de Clara Xavier do Nascimento, natural desta Freguesia, e pela materna de Caetano de Albuquerque de Melo, natural desta cidade, e Dona Violante Dias de Sá, natural de Santo Amaro de Jaboatão, nasceu aos 24 de março de 1770, e foi batizada com os santos óleos, de licença minha, nesta Matriz, pelo padre Francisco Manoel Maciel, aos 28 de abril do dito ano, foram padrinhos Victorino Rodrigues e sua mulher Luiza de Souza. Ana faleceu cinco anos depois.
Em 20 de dezembro de 1761, foi batizada Thereza, e nesse batismo, o nome do pai é Francisco Godinho, a mãe Maximiana de Albuquerque e Melo, a avó paterna é Clara do Sacramento, e avó materna Violante Dias Rodrigues, tendo como padrinhos Vicente Rodrigues, lá do Curato de Papari, e Antônia do Sacramento, mulher de Manoel Gomes de Albuquerque. Se não tivermos atentos, registros com tantas diferenças podem nos confundir.
Tanto Francisco Xavier do Nascimento adotou o sobrenome da mãe, como seus filhos acima adotaram o sobrenome Albuquerque, da esposa dele. Dona Clara Xavier do Nascimento, já viúva, faleceu aos 16 de maio de 1771, com a idade de 60 anos pouco mais ou menos.
Em 5 de maio de 1777, nascia João, filho de Estevão Nicácio de Souza, e Francisca Xavier, naturais desta cidade, neto por parte paterna de Gonçalo Rodrigues de Souza, natural do sertão do Jaguaribe, e Ana Rodrigues de Sá, e pela materna de Francisco Xavier do Nascimento e Maximiana Valéria de Albuquerque e Melo, natural desta cidade, foram padrinhos Antônio de Carvalho e sua filha Ana Rosa.