João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Muito se tem falado sobre o capitão J. da Penha, mas poucos
conhecem seus ascendentes, sua família, sua origem. Vez por outra um equívoco
nos nomes dos seus pais e dos seus familiares. Cuidemos, pois, de melhorar
essas informações, muito embora as fontes, incluindo as primárias, podem conter
erros.
Seus pais, José Francisco Alves de Sousa e Maria Ignácia
Teixeira do Carmo casaram-se aos seis de junho de 1864, em Angicos, em oratório
particular, sendo testemunhas Miguel Pinheiro de Vasconcelos Costa e José
Irineu da Costa Pinheiro. Ele, natural da Freguesia da cidade de Sousa, da
província da Paraíba, filho legítimo de José Alexandre Pereira de Souza, e de
Maria Leopoldina Josefa Carolina (mesmo nome da esposa de D. Pedro I),
falecida; ela de Vicente Ferreira Xavier da Cruz, e de Maria Ignácia Rosalinda
Brasileira. O celebrante foi o tio do noivo, Padre Felis Alves de Souza.
Os pais de José Alexandre e Padre Felix eram José Joaquim
Pereira de Souza e Anna do Sacramento. Padre Felix nasceu em 27 de agosto de
1820, em Rio do Peixe, depois Antenor Navarro.
José Francisco e Maria Ignácia tiveram muitos filhos, mas
somente seis chegaram a vida adulta, sendo quatro Josés e duas Marias: José da
Penha, José Anselmo, José Francisco, José Felix, Maria das Neves e Maria
Pureza. Mas, esse que tinha o mesmo nome do pai, pouco depois de receber o
diploma de cirurgião-dentista, no Rio, foi visitar a família em Angicos, e
morreu, após uma queda de cavalo, no ano de 1912; José Anselmo morreu
envenenado, em 1952, e era casado com Marfisa Pinheiro, filha de José Rufino, e
neta de Miguel Pinheiro, que foi testemunha no casamento acima; Maria das Neves
casou com o jornalista Pedro Avelino e são pais do senador Georgino Avelino;
Maria Pureza, morreu solteira; José Felix casou com Cynira, uma filha de
Cirineu Vasconcelos, um dos apoiadores de J. da Penha, em 1913.
José da Penha nasceu
aos treze de maio de 1875, e foi batizado, pelo tio-avô, Padre Felix, na matriz
de São José de Angicos, no primeiro de junho do dito ano, sendo padrinhos
Cassiano Maria da Costa Ferreira, e Francisca Rita Xavier de Souza, por sua procuradora
Izabel Maria da Costa Ferreira (esposa de Cassiano, e prima legítima de Maria
Ignácia).
A professora Maria Ignácia, mãe do capitão, que em alguns
registros, pós-casamento aparece como Maria Ignácia Alves de Souza ou Alves da
Silva, era filha de Vicente Ferreira Xavier da Cruz e Maria Ignácia Rosalinda
Brasileira, nasceu em 28 de fevereiro de 1846, e foi batizada, também, pelo
Padre Felix, no Sítio São Romão (herdado por minha avó, Maria Josefina), aos 17
de Junho do mesmo ano. Foram padrinhos o próprio Padre, por procuração que deu
a José Thomas Pereira, e Rita Teixeira da Conceição.
Subindo na ascendência do capitão, vejamos o casamento dos
pais de Maria Ignácia: Vicente Ferreira Xavier da Cruz, viúvo por falecimento
de sua esposa Maria Francisca Duarte (possivelmente, sua parente), casou aos
treze do mês de janeiro de 1840, no sítio denominado São José, da Freguesia de
Santa Ana do Matos, do Assú, com Maria Ignácia Rosalinda Brasileira. Ele, filho
de Francisco Xavier da Cruz e Lourença Dias da Rosa (esses dados não constam no
registro); ela, filha de Cosme Teixeira de Carvalho, falecido, na época, e de
sua mulher Maria Ignácia de Carvalho. Vicente era natural da Vila de Angicos, e
Maria Ignácia, natural de Santana do Matos. Foram testemunhas José Thomas
Pereira e Luiz da Rocha Pitta. Esse José Thomaz, que, também, foi procurador do
Padre Felis, no batismo da mãe de J. da Penha,
era filho de Antonio Thomas, um irmão de Cosme Teixeira de Carvalho.
Cosme Teixeira de Carvalho, bisavô de José da Penha, era
natural da Freguesia de Caicó, filho de João Pereira da Silva. Ele foi casado
anteriormente, com Aldonsa da Fonseca Pitta. Rita, madrinha da mãe de J. da
Penha, era filha de Cosme e Aldonsa, e foi casada com seu primo, José Thomas,
citado acima. Quanto à segunda esposa, Maria Ignácia de Carvalho, não descobri
seus ascendentes, mas acredito que sejam das famílias dos Fernandes, Silvas e
Carvalhos, de Santana do Matos. Absalão Fernandes da Silva Bacilon, avô de
Aluízio Alves e Aristófanes Fernandes, era afilhado de Maria Ignácia Rosalinda
Brasileira. Além disso, Aluízio se dizia parente de Georgino, sobrinho de J. da
Penha, e José Anselmo tratava Aristófanes como parente.
Os pais de Vicente Ferreira Xavier da Cruz, portanto,
bisavós de J. da Penha, alferes Francisco Xavier da Cruz e Lourença Dias da
Rosa, casaram em 17 de novembro de 1774, aqui na Vila de Extremoz, sendo
filhos: ele, de João Barbosa da Costa e de Damásia Soares, moradores no Assú;
ela de Antonio Dias Machado e Francisca Lopes Xavier. Uma das testemunhas desse
casamento foi o tenente Antonio Lopes Viegas, considerado fundador de Angicos, cunhado
do noivo.
Não consegui informações sobre os pais de João Barbosa da
Costa e de Damásia Soares, que eram sogros, segundo Aluízio Alves, de Antonio Lopes
Viegas.
Antonio Dias Machado e Francisca Lopes Xavier, primos
legítimos, trisavós do capitão José da Penha, casaram em 3 de julho 1757, aqui
na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, ele filho legítimo de João Machado
de Miranda e Leonor Duarte de Azevedo, na época defuntos; ela viúva de Nicácio
Duarte, e filha de Luiz Duarte de Azevedo e Lourença Lopes Xavier, moradores no
lugar chamado Potigi.
Nos registros de batismos mais antigos, da Freguesia de
Nossa Senhora da Apresentação, aparece, como madrinha, Lourença Lopes, filha de
um Antonio Lopes Viegas. Talvez, ela fosse a esposa de Luiz Duarte de Azevedo,
irmão de Leonor Duarte, tetravó de J. da Penha. Vários descendentes de tenente Antonio
Lopes Viegas tinham Duarte ou Azevedo no sobrenome. É possível que o fundador
de Angicos e o próprio J. da Penha descendam desse velho Antonio Lopes Viegas.
É o que pude apurar, até agora, com o que restou dos livros
mais antigos. E quem é que está cuidando da preservação e digitalização dos
velhos documentos?
Casa da Fazenda São Romão |
Maria Ignácia, mãe de J. da Penha |