João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Nas minhas pesquisas genealógicas, uma personagem sempre
presente, na vida de Assú, foi sem dúvida o capitão Manoel Varella Barca.
Entretanto, não encontrei, até agora, maiores referências sobre sua vida por
parte de nossos escritores. Está esquecido pelos seus e pelos outros. Faleceu
aos dez de setembro de 1850.
Pelos assentamentos de praça, vemos que passou a tenente em
3 de março de 1791 e a capitão em 18 de agosto do mesmo ano. Quando da invasão
da Ilha de Manoel Gonçalves, por corsários ingleses, em 1818, foi o capitão
Manoel Varella Barca quem recebeu a primeira informação do Comandante do
Degredo da Ilha, Alexandre José Pereira.
Foi procurador e administrador das várias fazendas de
Cristovão da Rocha Pitta, morador na Bahia, e da viúva Costa, da praça de
Pernambuco.
No seu testamento, escreveu que era natural da Vila do Cabo,
da Província de Pernambuco, filho de José Varella Barca e Dona Brites Paz
Barreto, na época, já falecidos. Cita alguns irmãos, já falecidos, José, Rosa
Josefa, Maria, Anna e Brites. Não fala sobre irmãos vivos.
Disse mais que foi casado três vezes. O primeiro casamento
foi com Dona Luzia Florência da Silva, da qual teve quatro filhos, a saber:
Manoel Varella, Maria Juliana, José Varela e Francisco Varella, todos falecidos;
seu segundo casamento foi com Dona Francisca Ferreira Souto, da qual teve seis filhos,
a saber: Domingos Varella, Manoel Varella, falecido, Rosa, Maria Beatriz, Maria
Francisca, Francisca Ferreira Souto, já falecida; seu último casamento foi com
Dona Bertholeza Cavalcanti Pessoa, da qual não teve filhos.
Dona Luzia Florência da Silva, primeira esposa do capitão
Manoel Varella Barca, era filha do capitão João Ferreira da Silva e Brites
Maria de Mello. Os quatro filhos desse casamento eram falecidos quando do
testamento do capitão. Francisco e José morreram conforme o relato a seguir.
Em seu discurso pronunciado na abertura da segunda sessão da
terceira legislatura da Assembleia Legislativa Provincial, do Rio Grande do
Norte, do dia 7 de setembro de 1841, o vice-presidente da Província, coronel
Estevão José Barboza de Moura, faz o seguinte relato: dia 13 de dezembro de
1840, se apresentou pelas nove horas da manhã no campo fronteiro à Matriz na
qual tinha de celebrar-se o ato de eleição, um concurso de setenta pessoas,
mais ou menos, armadas e capitaneadas pelo tenente da extinta segunda linha,
José Varella Barca, e por seu irmão Francisco Varella Barca. Por aquela mesma
hora teve de seguir para o lugar destinado o destacamento do Corpo Policial,
que ali existe, e havia sido requerido pela autoridade competente para guardar
e manter o sossego, na forma da lei; e quando passava este em pequena distância
do grupo recebeu tiros de mosquetaria; à vista do que o seu digno comandante, o
tenente de Polícia José Antonio de Souza Caldas, mandou fazer também fogo
contra o inimigo, que então reconheceu, repelindo assim a força, que o
guerreava; de cuja luta, que durou por espaço de três quartos de hora, resultou
morrer imediatamente o segundo chefe Francisco Varella, e ficar gravemente
ferido em um perna o primeiro José Varella; serem baleados um sargento, e um
guarda de Polícia, ambos gravemente, uma mulher que chegava à sua porta na
ocasião do fogo, e alguns outros do inimigo, ao número de dez ou doze, os quais
todos escaparam, menos o infeliz tenente José Varella, que faleceu de um mês de
padecimentos.
Francisco Varella Barca foi representado no testamento pelos
seus filhos: Manoel Varella Barca, casado; Pio Pierres Varella Barca, maior de
21 anos; Maria Senhorinha Varella Barca, casada com Antonio Barbalho Bezerra
Junior; Senhorinha, casada com Luis Felis da Silva; Francisca, e mais Luzia
Maria, Maria Josefa e José, menores.
José Varella Barca foi representado pelos seus filhos
legitimados Maria Clara, casada com Manoel Tavares da Silva (no registro de
casamento, em 1835, ela aparece como filha natural de Clara Francisca Bezerra);
José, Manoel, Luzia e Maria, esses menores.
Maria Juliana, já falecida em 1835, era casada com Francisco
de Souza Caldas, e foi representada
pelos filhos Manoel Lins Caldas, Francisco Lins Caldas e Tertuliano de Alustau
Lins Caldas, todos casados; Luiz Lucas Lins Caldas, solteiro e maior de 21
anos; Maria Genoveva Lins Caldas casada com Felis Nobre de Medeiros; Luzia
Leopoldina casada com Felis Francisco da Silva.
Em um assentamento de praça, consta que Manoel Varella Barca
Junior, filho do capitão Manoel Varella Barca, era natural das várzeas do
Apodi, idade de 20 anos, de altura 5p e 6p, cabelos pretos, olhos pardos,
sentou praça em 23 de junho de 1806, solteiro e criador de gados.
Manoel Varella Barca Junior, o mais velho deles, era casado
com Thereza de Jesus Xavier, filha de Francisco Xavier de Souza Junior e Dona
Bernarda Dantas da Silveira. Esse casamento foi na capela da Utinga, em 30 de
outubro de 1817. No testamento foi representado por seus filhos Francisco
Xavier Varella Barca, nascido na Utinga, batizado em 20 de novembro de 1820,
casado com Josefa Jovina Pimentel Varella Barca; Manoel Varella de Souza Barca;
José Varella de Souza Barca (na época do inventário, preso na cadeia de Natal);
e Luzia, nascida na Utinga, batizada em 29 de outubro de 1819, casada com João
Gomes Freire.
Trecho de um debate na Câmara Federal entre José Moreira Brandão Castelo Branco e Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti |