sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Breve História dos Medeiros e sua herança em Pendências

BREVE HISTÓRIA DOS MEDEIROS
E SUA HERANÇA EM PENDÊNCIAS
Marcos Medeiros

Tudo, tudo começou
Com Manoel Alves Barbosa
Paraibano que migrou
Tendo prole numerosa
Vinda de dois casamentos
Ornados de nascimentos
E vivência harmoniosa.

Tendo ascendência garbosa
Bateu terras e terreiros
De atitude valorosa
Foi por meios verdadeiros
Um produtivo empregado
Tendo do patrão herdado
O sobrenome Medeiros.

Os seus primeiros herdeiros
de Ana Xavier nascidos
Maria e José, nos cueiros,
Por mais quatro prosseguidos
Manoel e Joaquim no lero
Antonio Alves, Ludgero
Foram mui bem recebidos.

Diante de acontecidos
Pela morte da mulher
Manoel buscou sentidos
Como quem sabe o que quer
Casou com Maria Inácia
Mostrando toda eficácia
Que tal momento requer







Testou logo pra o que der
Essa nova conjunção
Se outra Maria tiver
Teve mais Pedro e João
Petronilo e Francisco
Com Luiz disse: eu arrisco
Ter Antonio na missão.

Sendo doutra geração
Antonio assim se casou
E por Cândida a paixão
Logo, logo revelou
Seguindo reto, nos trilhos,
Pode gerar cinco filhos
E por igual os amou.

Manoel novo já chamou
Pra compor a descendência
Francisco Hermógenes gerou
Com toda clarividência
Além de duas Marias
Milagres, Vitórias, guias
De Artur, vivendo em sequência.

Não foi por coincidência
Que João Alves de Medeiros
Demonstrou sua tendência
E sorrisos prazenteiros
Pra Maria Humbelina
Cumprindo assim sua sina
De casadoiros parceiros.

Em versos mais que ligeiros
Destaco essa filharada,
Entre tantos brasileiros:
Sebastião na jornada,
Humbelina e o bom Glicério,
Pacheco, Elzevir, Silvério,
E Marfisa, enfim listada.


Nessa longa caminhada
Francisco Hermógenes vem
Pedir Leopoldina amada
Para esposa e pro seu bem
E depois onze crianças
Vieram dar esperanças
Para todo o sempre, amém.

Chagas que Hermógenes quer bem
Feito Almir ali nasceu
Josefa e Alda que tem
Aldemir como irmão seu
 Dagmar, Maria Estela
Armando, Aécio, Aldo, em tela
Foi riqueza que Deus deu.

  Maria Estela proveu
Ao seu bem Geraldo Costa
Sete filhos concebeu
Mostrando boa resposta
De que o amor e o carinho
São aconchegos do ninho
De quem dos filhos bem gosta

Maternidade já posta
Concebe duas Marias
Socorro e Graça, em proposta
Gilson, Gildemar, nas vias
Depois Geraldo e Gilberto
Gutenberg ali bem perto
Trazendo mil alegrias.

Mas falando em novas crias
Do tronco familiar
De seu João, biografias
Quero aqui apresentar
O seu caçula Elzevir
Que na história devo adir
Pra poder me apresentar


Sem querer me destacar
Sou de Elzevir e Elita
O filho dentro do par
Que Vilma completa e dita
Meu nome é Marcos Medeiros
Meus versos são verdadeiros
Tendo os Medeiros na fita

Apesar de circunscrita
A poesia descritiva
Dos Medeiros nessa escrita
Serve para manter viva
A chama dessa família
Qual verdadeira mobília
De Pendências sempre ativa.

Claro que contem missiva
Com alguns pontos revelados
Pois o espaço curto priva
De mostrar mais resultados
Da pesquisa mais completa
Que chega as mãos do poeta
Sobre os seus antepassados

O enfoque nestes dados
É para a genealogia
Não pra títulos legados
Aqui nessa freguesia
Mostra o nome das pessoas
Sem contar as suas loas
Que a própria história historia.

Cedo ou tarde alguém diria
Como Gutenberg fez
Que a pesquisa tem magia
Encanto e desfaçatez
Por isso com muito jeito
Nesse momento aproveito
Para contar pra vocês


Nossa família tem vez
Desde muito tempo atrás
Como mascate se fez
Na política se faz
Gente boa numa escrita
Religiosa e contrita
Cheia de ternura e paz

Nisto mostrou-se capaz
Meu caro tio Glicério
Que desde quando rapaz
Demostrou-se honrado e sério
Pedreiro, ajudou a igreja
Tocou sino e viu peleja
Pra tudo usou seu critério

Hoje habita o cemitério
Ao lado da companheira
Tia Júlia, um minério
Dessa mina alvissareira
Graças ao bom Manoel
Que deu, passando o papel,
A morada derradeira.

Nas terras desta ribeira
Do terreno à construção
Campo santo foi bandeira
Da sua obstinação
E também para a capela
Seu Manoel investiu nela
Grande contribuição.

Pra maior satisfação
Do clã seguido adiante
Glicério e a religião
Firmaram pacto atuante
E por décadas além
Os sonhos de Manoel bem
Foram levados avante.



























  

A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu

A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu
Gustavo de Castro Praxedes*
A família Praxedes do Vale do Ceará Mirim e Taipu é a mesma que povoou a região Oeste do Rio Grande do Norte em meados do século XIX e teve como tronco genealógico o Tenente Coronel Vicente Praxedes Benevides Pimenta e suas duas esposas, dona Herculana Josefa do Amor Divino e dona Antônia Mafalda de Oliveira. Destes abençoados casamentos, o “Adão da família Praxedes”, foi pai de 22 filhos, todos batizados com o seu sobrenome e continuadores de sua estirpe.
Dentre os muitos filhos que teve, no ano de 1835 nasceu Francisco Praxedes Benevides Pimenta, que como o pai, foi Tenente Coronel da Guarda Nacional, senhor de terras, gado e escravos. Francisco, em plena jovialidade, faleceu em 1872 com apenas 37 anos, deixando viúva, sua esposa Raimunda Cândida do Rego Leite Praxedes e seis filhos com idades que variava entre dois e onze anos.
Conta a tradição oral que na seca de 1877, Raimunda migrou da Serra do Martins para o Vale do Ceará Mirim onde se estabeleceu com seus seis filhos. Ao sair de sua cidade, levava consigo um contingente de 100 bestas.
Porém, chegando ao Vale, restava apenas a que vinha montada, pois o restante havia morrido de fome pelo caminho. Os menores, Maria Praxedes, João Praxedes, Herculana Praxedes, Cândida Praxedes e dois Franciscos, cresceram e constituíram família pelo verde Vale, principalmente na localidade de Coqueiros, reduto de muitos Praxedes nascidos e por nascer.
Maria, a mais velha, nasceu em 1860, casou com João Ferreira Nobre e foram avós do Dr. Waldir Calvalcanti, médico em Recife e empresário em Garanhuns; João, nasceu em 1861, casou com Petronila Rodrigues Santiago; Herculana, nasceu em 1862, casou com Vicente Felizardo; Francisco, o primeiro com este nome, em 1864, foi casado com Joana Ferreira Nobre; Cândida, em 1865, casou com Manoel de Melo Pinto e o segundo Francisco, nascido em 1869, não tendo-se conhecimento do seu casamento ou se deixou descendentes.
O segundo filho de Francisco Praxedes e dona Raimunda Cândida recebeu na pia batismal o nome de João Praxedes do Amaral Lisboa. João, Barbeiro de profissão, nasceu em Martins, região Serrana do Estado e casou, como já foi dito, com Petronila Rodrigues Santiago. Deste casamento nasceu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, origem da família Praxedes do Taipu. É bom destacar que Dona Petronila, era filha de Jerônimo Ferreira Santiago e Felipa Rodrigues da Silveira; tetra neta de Gonçalo Soares Raposo da Câmara, conhecido por “Gonçalo Morgado”, membro do Senado de Natal em 1801 e de dona Ana Maria do Nascimento; Por sua vez era sétima neta de Manoel Raposo da Câmara, fidalgo português, Morgado da Ilha de São Miguel dos Açores, Portugal e de sua esposa dona Antonia da Sylva, tronco de uma das mais tradicionais famílias do Vale do Ceará Mirim nos séculos XVII, XVIII e XIX.
Os Praxedes de Taipu Otávio Praxedes do Amaral Lisboa, bisneto de Vicente, filho único, nasceu em Ceará Mirim aos 04 de maio de 1901 e faleceu na capital pernambucana aos 10 de janeiro de 1983 com quase 82 anos de idade. No final da década de 1910, deixou Ceará Mirim e foi residir com o seu tio materno Manoel Rodrigues Santiago, “Ué”, no povoado da Boa Vista, Município de Taipu. Posteriormente, passou a residir na sede do município, onde foi tomar conta do comércio de secos e molhados do tio. Com a ajuda do “Tio Ué”, montou seu próprio negócio. Com o passar do tempo a mercearia de “Seu Otávio”, tornou-se referência na região e ele um negociante de prestígio na Vila do Taipu.
Na década de 40 e 50, chegou a ser um dos maiores fornecedores de secos e molhados do Mato Grande, bem como produtor rural. Para se ter idéia do prestígio que possuía, basta dizer que a marca do ferro usada em seu gado, era conhecida por todos e em todas as feiras da região, pois ao invés de ter o sinal “VT”, Vila Taipu, possuía um “U” em homenagem a sua fazenda de criação, Ubiratã. Cada filho possuía seu próprio ferro, João Praxedes era JP e cada neto um número, que junto com a marca do pai, identificava a quem
pertencia o novilho. Por indicação do seu primo, Senador João Severiano da Câmara, foi empossado como Intendente da Vila do Taipu no ano de 1932, tendo durado sua administração menos de um ano. De estatura baixa, magro e de personalidade forte, era homem de idéias avançadas para sua época. Na década de 40, adquiriu o primeiro rádio do município movido à energia eólica e o primeiro caminhão Mercedes Bens do Rio Grande do Norte, assim como, o primeiro trator colheitadeira. Na década de 1970, tornou-se o maior produtor de cana-de-açúcar individualmente do Vale do Ceará Mirim. Em termos de produção, a fazenda Barra de Levada batia recordes, só perdia para Usina São Francisco, dona da maioria das terras da região.
No distante ano de 1926 casou com a jovem Maria das Dores Soares, filha de João Soares de Silva e Izabel de Vasconcelos Soares. Ao longo de 57 anos de casados, Otávio e Maria das Dores foram pais de 12 filhos, sendo o primeiro João Praxedes do Amaral, que reproduzia o nome do avô paterno, pai do autor deste trabalho, casado com dona Susanira de Castro; Otávio Praxedes do Amaral Filho, casado com a cearense Terezinha Nogueira Fernandes; Maria de Lourdes Praxedes, casada com Manoel Dantas Barreto, cujas origens, são as mesmas dos Praxedes; Fernando Praxedes do Amaral casado com Francisca Dantas; Alba Praxedes, casada com Severino Guedes; Armando Praxedes, falecido criança; Renato Praxedes do Amaral Lisboa, casado com sua prima Helione Rodrigues Santiago; Ivone Praxedes, falecida criança; Cristovam Praxedes, 1º com este nome, faleceu criança; Cristovam Praxedes, 2º com este nome, Desembargador, Secretário de Segurança no Governo Iberé Ferreira de Souza, casado com a mineira Adélia Izabel da Cunha; Gilberto Praxedes, agropecuarista no Ceará Mirim, casado com Marluce Ramalho e Djalma Praxedes, o mais novo, panificador, casado com Alzira Amorim de Carvalho, descendente dos Amorins de Martins e que são da mesma estirpe dos Praxedes de Caraúbas.
Otávio e Maria representaram o exemplo de união familiar. Ao longo de suas vidas, muitos foram os momentos de fortalecimento desta união. Durante anos, era quase que sagrado, sempre no dia dos pais, mães, aniversários e até mesmo no domingo para a ferra do gado, a família estar reunida. Cada encontro servia para que filhos e netos reavivassem esse ELO que por muitos séculos chamamos FAMÍLIA.
Natal-RN, 11 de junho de 2010.

Descaso e Incompetência


Descaso e Incompetência
Dalton Melo de Andrade
Professor universitário

               Se há algo que me deixa desolado é o descaso das ditas "nossas autoridades"  com o sofrimento do povo. O "Jornal de Hoje" do começo da semana passada publicou uma reportagem e uma fotografia dos professores aprovados, levando documentos para serem contratados. Uma enorme fila. Esta semana, uma reportagem sobre candidatos à renovaçao, ou emissão, de carteiras de habilitação. Outra fila interminável. Horas perdidas, cansaço, desânimo, enfim, sofrimento.
Tudo isso retrata o descaso e a incompetência ululantes dessas ditas "nossas autoridades". O que ocorre na Educação, no Detran, se repete em várias outras áreas dos governos, em seus diversos níveis. Os problemas da saúde e da segurança são evidentes.
Não me digam que falta dinheiro, pois não saem das TVs, rádios  e  jornais uma propaganda cansativa de tão repetida, além de enganosa, e que não é gratuita. Além de outras gastos dispensáveis, como os da Copa, festas de ano novo, Carnaval, que só deveriam ocorrer após atenção às necessidades básicas. Não acredito que  esse comportamento seja proposital, pois ninguém que exerce um cargo público, procurando voltar à ele, de sã consciência, praticasse tais ações. Portanto, uma única explicação: descaso, incompetência, ou ambos.
               Fui Secretário de Educação no governo Cortez Pereira. Encontrei alguns absurdos do passado que resolvi enfrentar e tentar corrigir. O primeiro e mais grave - a centralização. Tudo tinha que ter a assinatura do Governador. No meu primeiro despacho com Cortez, levei uma caminhonete cheia de processos para ele assinar. Parei a caminhonete em frente ao Palácio Potengi, subi à sua sala e o levei para ver a caminhonete cheia de processos. Para você assinar.   Riu muito e respondeu: está louco, resolva isso. Já está resolvido; assine este decreto me delegando poderes que resolvo. Assinou na hora. Por minha vez, deleguei poderes aos meus auxiliares e praticamente deixamos, eu e ele, de assinar papeis. Sem perder o acompanhamento das atividades, para as quais tinhamos ambos mais tempo.
               Entre os processos, os de contratação de professores, que estavam já trabalhando sem receber dinheiro. Procurei Joanilson de Paula Rego, Secretário de Administração, que encontrou uma solução: o professor assinava o contrato, entrava imediatamente na folha de pagamento e o processo corria seu tramite legal sem prejudicar ninguém.
               Outra solução que demos a um problema que não devia existir - as enormes filas de matrículas. Adotamos a sistemática de que os alunos já saiam automaticamente matriculados para o ano seguinte. Só os novos tinham que ir à escola se matricular. E fizemos um zoneamento. A escola atendia, de preferência, os moradores de sua área. Não só facilitávamos o comparecimento, como colocávamos os pais dos alunos mais perto da escola.
               Uma outra providência, para acabar com exemplos. Quando entrei  no Atheneu, em 1942 (assumi a Secretaria em 1971), fui obrigado a levar um atestado de saúde física e mental, que era dado pela Secretaria de Saúde. Esse atestado já estava pré-assinado pelo médico, que não nos via, e a enfermeira só fazia escrever o nosso nome. Essa exigência ainda existia. Genibaldo Barros era o Secretário de Saúde. Conversei com ele e mudamos o sistema, e os exames passaram a ser feito nas escolas.
               Mais das vezes, as soluções são fáceis de encontrar. Outras vezes, não. Mas a preocupação com o bem estar das pessoas, obrigação dos governos, deve vir sempre em primeiro lugar.  Em todos os níveis de governo.
               Mas, convenhamos, descaso não é privilégio nosso. Contam que um administrador de uma cidade inglêsa observou um guarda que ficava 24 horas ao lado de bancos numa praça da cidade. Procurou saber o por que e descobriu que havia uma velhissíma decisão, esquecida no tempo, que mandava ficar um guarda junto aos bancos recém pintados, para avisar os distraídos para nele não sentarem.  Suspendeu a ordem.
                Para tudo há um jeito. É só querer.
                E uma observação final. Deve ter entrado em vigor a nova ortografia inventada. Os puristas por favor corrijam os possíveis erros. Grato.