João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
De Fortaleza, o prof. Luciano Klein, descendente dos capitães
João Martins Ferreira e Balthazar de Moura e Silva, portugueses que passaram
pela Ilha de Manoel Gonçalves e que moraram em Macau, me escreve com o seguinte
pedido: Gostaria de lhe solicitar a ajuda a fim de encontrar informações
sobre um dos professores do médico Bezerra de Menezes. No livro de Manoel
Onofre Jr, "Martins, a cidade e a serra", que você gentilmente me
presenteou, há ligeiras informações sobre o professor de latim Francisco
Emiliano Pereira.
Luciano está fazendo uma nova edição do seu livro sobre
Bezerra de Menezes, que morou em Martins de 1842 a 1846, entre os 11 e 15 anos.
Procurei nos meus arquivos e na internet o que existia sobre o mestre para
subsidiar meu parente.
Nestor Lima, no seu livro sobre os municípios do Rio Grande
do Norte, escreveu na parte referente ao Assú: a cadeira de Latim, criada em
1827, foi regida pelo professor Francisco Emiliano Pereira, seu instalador; já na
parte referente ao município de Martins, encontramos Francisco Emiliano Pereira,
como professor do secundário, no ano de 1843, e como administrador de Martins
nos períodos 1865-1869 e 1869-1873. Mas segundo informações de outros autores,
o professor Francisco Emiliano faleceu no ano de 1869, não concluindo o seu
mandato.
Na Revista do Instituto do Ceará, encontramos um artigo de
Carlos Feitosa com o título de “A descendência de Antonio Leite de Chaves e
Melo”. Antonio era filho de Francisco Álvares Afonso, radicado no Rio Grande do
Norte, e tinha entre seus irmãos Manoel Álvares Afonso Leite, Maria Afonso de
Chaves e Melo Pereira (Mariazinha) e Alexandre Leite de Chaves e Melo.
Diz Carlos Feitosa que Mariazinha casou-se com o português
Francisco Emiliano Pereira, latinista e educador de grandes méritos, tendo sido
professor de seu sobrinho o senador Almino Afonso. Sua filha Maria Joaquina
Chaves (Marocas) casou-se com o primo Ildefonso Leite de Araújo Chaves.
Continua Carlos Feitosa: Manoel Álvares Afonso Leite, que
não usava o restante do sobrenome, de Chaves e Melo, morava entre Patu e
Martins, no Rio Grande do Norte, tendo deixado dois filhos Francisco Manuel Álvares
Afonso e Viriato Afonso. Viriato foi coletor em Independências, Ceará, e
advogado em Martins e Francisco Manuel é pai do senador Almino.
Nos registros paroquiais de Assú, encontro o seguinte
batismo, com os nomes reduzidos: Antonio, filho legitimo de Francisco Emiliano
e D. Maria Joaquina, desta Freguesia, nasceu aos três de dezembro de trinta e
oito, e foi batizado, por mim solenemente, na Matriz, aos vinte e cinco de
março de trinta e oito; foram padrinhos Basílio Quaresma Torreão (Junior, filho
de nosso Presidente de mesmo nome), e sua mulher Josefa Enfigenia, do que para
constar, fiz este assento que assino. Luiz Teixeira da Fonseca, vigário interino
do Assú.
Acredito que o Francisco Emiliano que aparece acima é o
nosso professor, por conta dos padrinhos ilustres. Só que isso gera um
problema. Nas anotações de Carlos Feitosa a esposa era Maria Afonso de Chaves e
Melo (Mariazinha) e a que aparece no registro tem o nome da filha do casal. É
possível que tenha havido erro na nomeação dos nomes, pois houve abreviação dos
mesmos ou, então, a mãe e a filha tinham o mesmo nome.
Outro detalhe é que em um site sobre Assú consta que
Francisco Emiliano Pereira nasceu em Barriguda, hoje Alexandria, mas a Revista
das Academias de Letras diz que ele era português da Ilha de São Miguel.
Monsenhor Severino, em Levitas do Senhor, faz duas menções
ao professor Francisco Emiliano: diz que o padre Cosme Leite da Silva foi aluno
do latinista, de português, latim e outras matérias, juntamente, com os futuros
sacerdotes Antonio Dias da Cunha, Antonio Joaquim Rodrigues, Matias Fernandes
de Queiroz, Joaquim Manoel de Oliveira Costa e Candido Pereira de Oliveira; e
que por intermédio do Padre Francisco Justino Pereira de Brito foi criada, na
povoação de Jardim, a cadeira de Latim e nomeado para mesma Francisco Emiliano.
Na biografia dos
patronos de grupos escolares, Francisco Emiliano Pereira aparece como tio afim
e também como padrinho de crisma de Almino Afonso, mas pelas informações de
Carlos Feitosa o professor era casado com a tia avó do senador. Há, portanto,
problemas de geração, que se dá principalmente por falta de datas nas
informações. Precisamos aprofundar esses estudos sobre o professor de Latim,
para esclarecer e ao mesmo tempo conhecermos melhor esse personagem da nossa
História. Talvez, um inventário ou alguns registros paroquiais resolvessem nossas
dúvidas.