João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Lúcia Tolson mora nos
Estados Unidos e, de lá, me enviou um e-mail nos seguintes termos: Eu acabo de
topar no nome acima (Silvério Martins de Oliveira) no seu artigo “Cartas da
Ilha de Manoel Gonçalves” de 2/3/2011.
Tenho uma suspeita de que ele seja meu ancestral. Não tenho, porém, os elementos para ligá-lo a
meu trisavô Silvério Martins Ramos, além da semelhança de nomes e da
proximidade no tempo e no espaço em que viveram.
Silvério Martins de
Oliveira parece-me ter sido um dos habitantes da Ilha de Manoel Gonçalves em
seus últimos anos, entre as décadas de 1820 e 1830.
Meu trisavô Silvério
Martins Ramos morreu muito velho em Curralinho na década de 1930. Ele era casado com Leonídia de Oliveira e
tinha, entre outros filhos, um filho também chamado Silvério Martins Ramos
(conhecido em família como Nozinho, que morreu centenário em Pendências no
começo deste milênio).
As únicas informações
que tenho sobre os pais de Silvério Martins Ramos são que seu pai ficou viúvo
de sua primeira mulher e depois casou-se com Anna, a mãe de Silvério, que
morreu centenária em Curralinho na década de 1930. De ambos casamentos esse senhor teve uma
prole imensa, mas hoje não resta sequer lembrança do seu nome na família. Suspeito que ele também fosse Silvério.
Será que o Senhor
teria condições, sem lhe dar demasiado trabalho, de traçar a descendência de Silvério
Martins de Oliveira até ela possivelmente bater em Silvério Martins Ramos? Creio que haja uma ou no máximo duas gerações
entre os dois, se eles são de fato parentes como suspeito.
Espero não estar
abusando de sua boa vontade, mas é que fico animada demais quando encontro uma
possível pista de história familiar nos seus artigos.
Em outro e-mail,
pergunta se Francisca Martins de Oliveira, esposa de José Alves Martins, não
seria uma das filhas do capitão Silvério Martins de Oliveira.
Para responder aos
questionamentos de Lúcia, tenho as seguintes informações: O capitão Sílvério
Martins de Oliveira era compadre do meu trisavô major José Martins Ferreira,
por ter sido padrinho de meu tio-bisavô Manoel José Martins. Esteve em muitos
eventos religiosos, na companhia do meu tetravô, o capitão João Martins
Ferreira. Foi o primeiro Administrador da Mesa de Rendas de Macau e, também,
foi um dos representantes de Apodi, na eleição para Junta Constitucional, em
1821. Sua esposa, dona Joanna
Nepomucena, era filha de Anna
Josepha Joaquina de Albuquerque (que morou um tempo na Ilha de Manoel
Gonçalves) e do capitão Manoel Ignácio de Carvalho.
Sobre a existência de
filhos do capitão Silvério não tenho documentação comprobatória, mas apenas suspeitas
de que seriam: Antonia Silvéria de Oliveira, natural da Serra de Martins, que
foi casada com Eliziário Antonio Cordeiro, natural de Lisboa; Silvéria Martins
de Oliveira, Joana Nepomucena, mesmo nome da mãe; e Francisca Martins de
Oliveira, citada por Lúcia Tolson.
Sobre o outro
Silvério, o que temos é o seguinte: Em 1862, viúvo de Anna Raimunda da Luz,
casou na capela de Nossa Senhora do Rosário da Várzea, com Anna Joaquina de
Maria, filha de João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa, tendo como
testemunhas Manoel Pinto Queiroz e Vicente Barbalho Bezerra. Do seu primeiro
casamento com Anna Raimunda, encontramos os seguintes filhos, segundo registros
da Igreja: Maria, nascida em 1855, em Macau, tendo como padrinhos Christovão
Francisco Gomes e Thomazia Martins Ferreira (irmã do major José Martins
Ferreira); Manoel, nascido em 1856, batizado em Curralinho, teve como padrinhos
José Alves Martins e Maria Gomes Pinheiro; Higino, nascido em 1858, tendo como
padrinhos Marcolino José de Moraes; outra Maria, nascida em 1860, teve como
padrinhos João Coelho da Silva e sua irmã Josefa Clementina de Moraes; Ritta
Martins dos Passos, que casou com José Alves Barbosa (3º grau de
consanguinidade), filho de Manoel Alves Barbosa e Anna Francisca Xavier, no sítio
Curralinho, em 1871, na presença de Manoel Alves Barbosa e Vicente Rodrigues
Ferreira.
No ano de 1904,
faleceu Luis Martins Ramos. Segundo sua inventariante e esposa, Cosma Porcina
Lessa, não tiveram filhos. Seus bens foram herdados pela dita Cosma e os irmãos
dele: Rita Martins Passos, moradora em Boa Vista, com 50 anos, citada acima;
Pedro Martins Ramos, com 55, casado com Alexandrina, moradores em Recife;
Manoel Martins Ramos, com 49 anos, morador em Curralinho, citado acima, e
casado com Maria Gomes dos Santos; José Martins Ramos, com 46 anos, casado com
Maria Silvana de Mello, também morador em Curralinho e, citado acima; e João
Martins Ramos, com 57 anos, casado com Damiana Rodrigues Lessa, moradores nas
Oficinas.
Do casamento com Ana
Joaquina, encontramos, até agora, Silvério, que nasceu aos 22 de outubro 1863, e foi batizado
aos 13 de novembro 1863, na capela das Oficinas, tendo como padrinhos Joaquim
José Lessa e Maria dos Prazeres. Esse
Silvério é justamente o trisavô de Lúcia Tolson, que ela diz que casou com
Leonídia.
Não encontrei nada
que fizesse ligar o capitão Silvério Martins de Oliveira com Silvério, tetravô
de Lúcia.
Sobre João Baptista
do Espírito Santo e Maria Alves Lessa, pentavós de Lúcia, por parte de Anna
Joaquina, encontramos os seguintes filhos: Joanna, nascida em 1843; as gêmeas
Damiana e Cosma, nascidas em 1854; Josefa Rodrigues Lessa, que casou, em 1869,
com Idalino Tranquilino de Sousa. Essas gêmeas, irmãs de Anna Joaquina, casaram
com dois filhos do primeiro casamento de Silvério, pelo que se vê do inventário
de Luis Martins Ramos.