João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do
IHGRN e do INRG
Escreveu Aluízio Alves em
“Angicos”: Manoel Geminiano Teixeira de Souza foi outro poeta humilde, em que a
poesia era menos rasgo de inteligência e mais alegria íntima, suprindo uma
vocação infelizmente perdida. Filho de José Vitaliano Teixeira de Souza e D.
Urbana Matins de Souza, teve, apenas, as letras minguadas de uma escola
rudimentar. Nascido em 1848, em Angicos, viveu sempre na penumbra, entre os
afazeres suaves de sacristão, e, por algumas vezes, promotor interino da
capela.
No livro, Aluízio apresenta
algumas poesias do poeta Manoel Geminiano. Aqui, eu apresento uma poesia que ele
mandou para o jornal “Brado Conservador”, que foi publicada em 7 de dezembro de
1877, e que tinha o título “Ao prematuro passamento de meu amigo, o tenente
Francisco Martins Ferreira”.
O tenente-cirurgião, Francisco
Martins Ferreira, meu bisavô, faleceu jovem, de hidropisia, faltando dois dias
para completar 36 anos. Com essa morte abrupta, minha avó ficou totalmente
órfã, faltando alguns meses para completar 7 anos de idade. Foi, por isso,
criada por sua tia Maria Ignácia Alves de Souza (Maria Ignácia Teixeira do Carmo,
nome de solteira).
Nessa poesia, feita pelo seu
amigo, temos a oportunidade de conhecer melhor como era meu bisavô.
Ontem...qual astro de fulgor brilhante
Hoje...na campa esquecido jaz!
Não dos amigos, que chorando o lembram
Porém da glória, quando do mundo apraz.
A parca ingrata, por demais cruel,
Sempre insensível, e sem ter clemência,
Roubou aos filhos extremoso pai,
E à sociedade uma inteligência.
Tranquilo dorme o funerário sono,
Tendo por leito a regelada lousa,
E o seu espirito de fiel cristão,
Junto ao Deus Trino lá no céu repousa
Banhada a face do sentido pranto,
Opresso o peito de pungente dor...
Prantear venho do amigo a perda,
Pois do meu pranto é merecedor.
Afável sempre conquistou estima,
De Deus cumprindo o salutar preceito,
Entregando seu espirito ao mesmo.
Viu por amigos rodeado o leito.
E da terra mesquinha desprendeu-se,
e voou à celeste eternidade,
É justo, pois verter sobre o seu túmulo
Uma lágrima de dor e de saudade.