João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Batismo de Clara |
Relata, ainda, Manoel Dantas sobre D. Clara Joaquina de
Almeida Castro: Foi a companheira fiel e devotada do insigne herói que o
acompanhou até o começo do seu martírio. Morando em companhia de Miguelinho,
foi suspeitada de cumplicidade nos acontecimentos revolucionários e por esse
motivo encarcerada de ordem de Luiz do Rego, saindo somente da prisão depois
que o governo do Rio de Janeiro mandou peremptoriamente que desse por finda a
terrível devassa. D. Clara era digna irmã do intemerato patriota, e dotada de ânimo
varonil e forte. Sofreu com inabalável constância a prisão afrontosa e os
castigos que lhe foram infligidos.
Outro fato contado por Manoel Dantas sobre Clara: A respeito
dessa senhora, conta-se um episódio que dá a justa medida da força de ânimo
indomável que possuíam os Castros. Tendo, ao sair da prisão, concordado em
casar-se com o sobrinho tenente-coronel Ignácio Pinto de Almeida Castro, que
então se achava em Recife, encontrou embaraços por parte da Igreja. Desenganada
de efetuarem essa união, fizeram ambos, na ocasião em que assistiam uma missa,
declaração solene e pública de que estavam casados e assim seguiram para o
Ceará onde receberam as bênçãos.
Dizem vários escritores, que em 1784, Clara seguiu para
Recife na companhia de Miguelinho e outros irmãos. Mas Câmara Cascudo, que não
tinha visto o batismo de Clara, infere por várias razões, que ela para ter ido
morar em Recife deveria ter sido uma das irmãs mais velha de Miguelinho. Por
isso, escreveu: Proponho o ano de 1769 como do nascimento de Clara de Castro. É
supositício, mas possui todos os elementos de convicção comprovada.
Na verdade, Clara não poderia ter ido para Recife, naquele
ano, como informaram os historiadores, pois seu nascimento se deu em data
posterior, se não vejamos: Clara, filha
do capitão Manoel Pinto de Castro e de sua mulher Francisca Antonia Teixeira,
neta pela paterna de Francisco Pinto de Castro e de sua mulher Izabel Pinto de
Almeida e pela materna de Francisco Pinheiro Teixeira e de sua mulher Bonifácia
Antonia de Mello, nasceu aos doze de agosto de mil setecentos e oitenta e sete,
e foi batizada aos vinte dois do dito mês e ano por mim abaixo assinado; foram
padrinhos o Reverendo Padre Joaquim José Pereira e Joanna Gomes de Mello,
solteira, do que mandei fazer este assento em que por verdade me assino.
Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.
Segundo Mariana Almeida Assunção, em sua tese de mestrado
sobre escravidão em Fortaleza, D. Clara Joaquina de Almeida Castro deixou um
testamento, com as seguintes informações: era moradora da Rua do Garrote em
Fortaleza e não teve filhos do seu casamento com o sobrinho Ignácio Pinto de
Almeida Castro; entre seus bens, havia 29 escravos, sendo que doze deles deixou
alforriados; havia ainda plantações de cana, engenho de ferro e alambique em seu
sítio na povoação de Maranguape; no sítio São Francisco, situado na Serra de
Maranguape, deixou plantações de café; seu inventário, datado de 21 de novembro
de 1855, encontra-se no Arquivo Público do Ceará – COF, maço 19.
Ignácio Pinto casou novamente quando enviuvou. Sua esposa,
Maria Joaquina, sua sobrinha, era filha de Joaquim Felício (mesmo nome de um
tio), um irmão de Ignácio. Houve descendência.
Outra informação que precisa ser corrigida é sobre o nome do
irmão de D. Clara, que era pai de Ignácio Pinto de Almeida Castro. Ele se
chamava Francisco Pinheiro Teixeira, como vários dos seus ascendentes. Casou em
9 de junho de 1799, na capela de Santo Antonio do Potengi, com Maria de
Assunção Oliveira, filha do sargento-mor José de Oliveira Leite e de Maria de
Assunção, e neta paterna de Thomé Leite de Oliveira e Marianna de Assunção, e
materna de Antonio Vaz de Oliveira e Bernardina Josefa de Moraes. Ele deixou
descendentes no Ceará.