segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Cidade dos Veados e outras notícias

A Cidade dos Veados e outras notícias
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG
Hoje, trago notícias de fatos que extraímos do Centro de Memória Digital da Universidade de Brasília cujo enderêço eletrônico é www.cmd.unb.br. Entramos na Capitania do Rio Grande do Norte e colocamos a palavra Jerônimo na caixa da ementa. Daí, apareceram vários documentos que passamos a noticiar.
Em 1726, o Padre Hieronimo de Souza da Companhia de Jesus, Superior da Aldeia de Guajiru, distante três léguas da Cidade do Natal, Capitania do Rio Grande do Norte, fez requerimento ao Rei de Portugal, solicitando uma légua de terras para os Índios de sua Aldeia. Nas suas justificativas, dizia que seus índios padeciam de falta de mantimentos, por não ter onde plantar, porque as terras onde faziam suas lavouras estavam já muito cansadas, e cheias de formigueiros, e perdiam todo trabalho que nelas faziam. A légua de terras solicitada ficava em um lugar despovoado, que chamavam Cidade dos Veados, distante da Aldeia de Guajiru duas léguas.
Dom João, Rei de Portugal, e dos Algarves, daqui e dalém mar, em África, Senhor da Guiné, comunicou ao Governador e Capitão General da Capitania de Pernambuco, Dom Manoel Rolim de Moura, sua decisão de conceder uma légua de terra no lugar chamado de Cidade dos Veados, porque as poucas reboladas de matos que havia nos tabuleiros sáfios, da área que estava a sua Aldeia, estavam cansadas e cheias de formigueiros, e por que os índios eram merecedores delas, porque a eles se deviam estar hoje a Capitania do Rio Grande desinfestada do Gentio Bárbaro que tantos anos a perseguia.
Quem quiser conhecer mais sobre a localidade acima, há uma monografia na internet, de Jean de Paiva Leite, intitulada Narrativa e memória indígena na Cidade dos Veados.
O segundo documento que encontrei é de Jerônimo Cabral de Macêdo. Ele foi casado com Dona Maria do O' de Faria, filha de Dona Joana Martins e do capitão-mor José Ribeiro de Faria. Lembramos que Dona Joanna era filha mais velha de Manoel Lopes de Macedo e Dona Bárbara Freire de Amorim, embarcados, em 12 de Outubro, da cidade do Porto para o Brasil.
Em Agosto de 1756, Jerônimo Cabral de Macêdo fez requerimento ao Rei Dom José pedindo confirmação de carta patente do posto de sargento-mor da Cavalaria do Regimento da Ribeira do Assú concedida por Pedro de Albuquerque e Melo, em onze de novembro de 1755.
Nesse requerimento, foi anexada a concessão que recebeu. Nela o capitão-mor da Capitania do Rio Grande do Norte, e Governador da Fortaleza dos Santos Reis Magos, em virtude de se achar vago o posto de sargento-mor, da Cavalaria da Ribeira do Assú do Regimento de que era coronel David Dantas de Faria, por ausência de Antonio da Rocha Bezerra para a Capitania do Ceará Grande, escolheu, entre os três homens indicados pelos oficiais da Câmara, o que vinha em primeiro lugar da lista, no caso, o Capitão do mesmo Regimento, Hierônimo Cabral de Macedo.
O terceiro documento é uma carta, datada de 8 de abril de 1801, do 4º filho de Jerônimo Cabral de Macedo e Dona Maria do O' de Faria, que se chamava Jerônimo Cabral de Oliveira.
Nessa carta, enviada para o Príncipe Regente Dom João, ele escreveu: Persuadido de que os Chefes das Tropas de Vossa Alteza Real, que cada um deve olhar, e ter em vista às mãos acontecimentos nos seus respectivos Corpos para lhe procurar o remédio, por isso, havendo-me Vossa Alteza Real confiado o da Cavalaria Auxiliar desta Vila Nova da Princesa, Ribeira e Sertão do Assú, Capitania do Rio Grande do Norte, anexa a de Pernambuco, julgo-me na precisa obrigação e necessidade de fazer subir a Real presença de Vossa Alteza Real os movimentos acontecidos no Corpo do dito meu Regimento, quais vão desconcertando, e desorganizando aquela ordem, que é da intenção de Vossa Alteza Real, se conserve nos Corpos Militares, para se evitarem nocivas, e perigosas conseqüências, que olhadas e vista por Vossa Alteza Real, ditos acontecimentos se fazem assaz dignos, ou não de remédio.
Conta, então, Jerônimo, que estando exercendo o posto de tenente-coronel do seu regimento, e falecendo o chefe do mesmo, foi em seu lugar promovido pelo Governo Interino e Geral de Pernambuco. Estando, portanto, vago o posto de tenente-coronel, foi mandado pelo Governo Interino da Capitania do Rio Grande do Norte que fizesse e remetesse, como de praxe e de lei, a proposta do dito posto. Segundo Jerônimo, com toda a imparcialidade propôs em primeiro lugar Luiz José de Araújo Picado, em segundo a Manoel Antonio de Macêdo, e em terceiro a Manoel Varella Barca, todos capitães do seu Regimento.
Reclama, então, o Chefe da Cavalaria Auxiliar, que se passaram de nove para dez meses sem que tivesse conhecimento dos efeitos da sua proposta. Mais ainda, em seguida tomou conhecimento que sua proposta tinha sido glosada pelo Governo da Capitania do Rio Grande do Norte que propôs em primeiro lugar a Francisco de Souza, e Oliveira, também, capitão do seu regimento.
A carta de Jerônimo Cabral de Oliveira não chegou ao seu destino, pois em 19 de junho de 1801, Francisco de Souza, e Oliveira foi nomeado para o posto de tenente-coronel, obrigando o Chefe Auxiliar de Cavalaria a dar posse e juramento ao mesmo.
Mais uma vez inconformado, escreveu nova carta para Príncipe Regente, datada de 8 julho de 1802, anexando duas vias da carta de 1801. Nela se justifica pelo envio, a fim de que não recaísse sobre ele a reputação de omisso, por não dar conta da nova patente sem que fosse provido pelo Príncipe Regente.