João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
sócio do IHGRN e do INRG
O livro de Hélio Galvão, “Velhas Heranças”, foi fac-similado
pelo Sebo Vermelho em 2012. É a partir dele que construo este artigo, fazendo
alguns comentários e acrescentando outras informações do meu conhecimento.
Meu último artigo, neste jornal, foi sobre Valentim Tavares
de Mello, filho de Manoel Gonçalves Branco e Catharina de Oliveira e Melo. Pois
bem, um dos inventários, do livro de Hélio Galvão, é o de Damiana de Oliveira e
Mello, que faleceu em 9 de dezembro de 1748, solteira, não deixando testamento.
Foi seu inventariante, o irmão, sargento-mor Gregório de Oliveira e Melo, e habilitaram-se,
para receber a herança, os irmãos: ele próprio, Gregório, solteiro, mas que
teve uma filha com Suzana Brito Palhano; Maria da Conceição, que era casado com
o tenente-coronel, José Pinheiro Teixeira, natural de Arrifana de Sousa;
Francisco de Oliveira Ramos, viúvo; Eugenia de Oliveira e Mello, que era casada
com o sargento-mor Dionísio da Costa Soares; capitão Miguel de Oliveira e
Mello, que foi casado com Ângela Correa da Costa, filha de Fradique Correa da
Costa; Cosma de Oliveira dos Santos, solteira; sargento-mor Valentim Tavares de
Mello, casado em segundas núpcias com Luzia de Albuquerque Mello, falecido, e,
por isso, representado pela filha do casal, Maria Manoela, nessa data com três
anos, mas que posteriormente casou com o viúvo Estevão da Cunha de Mendonça.
Em artigo que fiz sobre Manoel Gonçalves Branco, Damiana não
apareceu como filha. Pode ter nascido em data posterior ao ano de 1711. Talvez
Cosma seja sua irmã gêmea; Francisco de Oliveira Ramos, que aparece acima, deve
ser o tenente Francisco de Oliveira Banhos, mesmo nome do avô, que morava em
Recife; da mesma forma Cosma de Oliveira dos Santos, deve ser Cosma de Oliveira
Banhos.
Outro documento, constante do livro de Hélio, era o
testamento (29 de março de 1718) de Joanna de Barros Coutinho, que teve como
inventariante, seu marido Manoel Rodrigues Taborda. Nesse testamento ela se diz
natural de Olinda, freguesia de São Pedro Martyr, filha legítima do
sargento-mor Manoel da Silva Vieira (Hélio só conseguiu ler Manoel) e dona
Graçia do Rego, não tendo filhos, nomeou, como herdeira, sua mãe.
Manoel Rodrigues Taborda era português da Villa de Buarcos,
e casou com Dona Joanna de Barros Coutinho, em 8 de setembro de 1697.
Dona Gracia, mãe de Joanna, faleceu antes dela, e, por isso,
foi representada por filhos e netos: Tereza da Silva, viúva, filha; Luzia
Romana da Silva, filha; Joanna de Barros, casada com Cosme de Freitas, neta,
filha de Maria de Barros (falecida) e do tenente-coronel Gonçalo Ferreira da Ponte
(casamento em 20 de abril de 1697); Francisco (25 anos), neto, irmão de Joanna
de Barros; Atanásio, 20 anos, outro irmão de Joanna; Luis (14 anos), neto,
filho de Anna do Rego, que foi casada com o primo legítimo, Lázaro de Barros
(casamento em 28 de maio de 1703); Manoel e Miguel irmãos de Luis; Josefa,
também irmã, com 7 anos.
Outro inventário é o de Cipriano Lopes Pimentel, que era
filho do sargento-mor Francisco Lopes e de Joanna Dorneles, esta filha do
escabino Manoel Rodrigues Pimentel e
neta de João Lostau de Navarro. Cipriano era casado com Tereza da Silva, filha do
alferes Felipe da Silva e de Joana Salema. Nos registros mais antigos, encontro
referências, tão somente, sobre escravos de Felipe, de José Gomes Salema e de
Domingos Gomes Salema.
Mais outro inventário é do capitão Domingos da Costa (Rocha
em alguns registros) Araújo, que foi casado com Brásia Bezerra de Vasconcelos,
inventariante. Uma das herdeiras habilitadas é Monica da Rocha, casada com o
capitão Julião Borges, ascendentes de Nísia Floresta. Nos registros antigos,
encontro batismos de três filhos de Domingos e Brásial: Tereza, batizada em 30
de agosto de 1688; Hieronima, batizada em 8 de outubro de 1690; e João batizado
em 19 de setembro de 1694. Todos eles habilitados, além de Álvaro da Rocha; Brásia,
Maria Madalena e Bonifácia, órfãos. Segundo Hélio, a sentença final desse
inventário data de 20 de janeiro de 1818.
É nesse inventário do capitão Domingos que encontro uma
informação que confirma uma questão levantada em um artigo anterior sobre a
família Casa Grande do Assú. No livro que foi escrito, constava a seguinte
informação de Antonio Soares de Macedo: D. Joanna Martins, filha mais velha do
coronel Manoel Lopes de Macedo, minha 3ª avó, casou com o capitão-mor José
Ribeiro de Faria, meu 3º avô, o qual era natural do Rio São Francisco e morador
na Capitania desta Província, hoje Estado. No artigo que escrevi, eu coloquei
dúvidas sobre tal informação, pois supunha
que Joanna era filha do capitão João Martins de Sá e Clara Macedo.
No inventário do capitão Domingos, consta dívidas passivas,
ao tenente-coronel Manoel Martins de Sá e a seus cunhados capitão João Marinho
de Carvalho e capitão José Ribeiro de Faria, herdeiros do defunto capitão José
Martins de Sá, 106$400. Na transcrição
do inventário, mais um equivoco, pois os três eram herdeiros do capitão João
Martins de Sá. Assim, se confirma que D. Joana Martins de Sá era filha do
capitão João Martins de Sá e não do coronel Manoel Lopes de Macedo.
Casamento de Manoel Rodrigues Taborda e Joana de Barros Coutinho |