João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do
IHGRN e do INRG.
Lá das Alagoas, Fábio Arruda me
enviou um e-mail contendo um documento datado de 1711, onde constava o nome de
Bento Teixeira e queria saber quem era ele e qual era o nome de sua esposa.
Nesse documento, certo João Coelho de Araújo, morador na Capitania da Paraíba
do Norte, requereu a cobrança de uma dívida contraída por empréstimo, por
Christovão de Olanda Figueroa, que se encontrava preso na cadeia da dita Capitania,
e sem bens. Como seu principal fiador era Francisco Camello Valcacer, já
falecido, solicitava demandar os herdeiros, os genros por cabeça de suas duas
filhas, Hierônimo Cavalcanti de Albuquerque, morador na capitania de Itamaracá,
e Bento Teixeira, morador na capitania do Rio Grande.
Sobre Hierônimo, informou que
era pessoa muito poderosa, aposentado, rico e afazendado, e aparentado na dita
capitania, por ter exercido o posto de
capitão-mor e várias vezes o lugar de Juiz Ordinário e ter assentado
praça de soldado só a fim de não ser demandado perante o Corregedor da Comarca,
que ia em Correição; e naquela capitania havia Ouvidor e Auditor Donatário e
tanto este com as mais justiças da dita Capitania lhes eram subordinados.
Quanto a Bento Teixeira, disse
que era sargento-mor, na Capitania do Rio Grande, e que também exerceu várias
vezes o posto de Juiz Ordinário, sendo pessoa poderosa, rica e afazendada.
Fui, então, procurar, entre os
documentos que fotografei, notícias desse Bento Teixeira. Achei, apenas, quatro
informações sobre Bento, todas em documentos que me foram enviados, anos atrás,
pelo próprio Fábio Arruda.
No primeiro registro, Bento foi
padrinho: Em 12 de junho de 1698 anos, na Capela de Nossa Senhora do O’ da
Aldeia de Mipibú, com licença minha, batizou o Reverendo Manoel de Jesus a
Phelippe, filho de Miguel da Rosa (Leitão) e de sua mulher Maria Dias; foram
padrinhos o capitão Bento Teixeira Ribeiro e Maria de Moraes. Tem os santos
óleos. Vigário Simão Rodrigues de Sá.
No documento seguinte,
encontramos o batismo de um filho, cujo nome não foi transcrito para o registro:
Em 10 de setembro de 1699, na Capela de Nossa Senhora do O’ da Aldeia de
Mipibú, com a minha licença, batizou o Reverendo Padre Manoel de Jesus a (em
branco), filho do sargento-mor Bento Teixeira Ribeiro e de sua mulher Joanna
Camello Valcacer, padrinhos o capitão-mor Bernardo Vieira de Mello e (seu
filho) o alferes tenente André Vieira de Mello. Não tem os santos óleos. O
coadjutor Antonio Rodrigues Frazão.
O terceiro documento, com partes
ilegíveis, datado de 5 de julho de 1693, trata
do batismo, em Mipibú, de Joanna, filha de Domingos Camelo e sua mulher
Leonor do Rego, escravos de Bento Teixeira .
O quarto documento é um batismo,
também, em Mipibú, de uma escravinha de Bento: em 27 de dezembro de 1707 anos,
na capela de Nossa Senhora do O’ da Aldeia de Mipibú, de licença minha, batizou
o Padre Antonio de Araújo e Sousa a Luzia, filha de Sebastiana, escrava de Bento
Teixeira Ribeiro, e de Manoel Martins de Sá; foram padrinhos o mesmo padre
Antonio de Araújo e Sousa e Violante Dias. Tem os santos óleos. Vigário Simão
Rodrigues de Sá.
Nada mais encontrei sobre Bento
e Joanna. Segundo Fábio Arruda, a única filha que apareceu para Francisco
Camelo Valcacer e sua esposa Catarina de Vasconcelos, na Nobiliarquia
Pernambucana, foi a esposa de Jerônimo Cavalcante de Albuquerque, com o mesmo
nome da mãe, ou seja, Catarina de Vasconcelos. Joanna Camelo Valcacer não foi
citada.
Quando Dona Anna da Silveira,
mãe de Francisco Camelo Valcacer, fez seu testamento não citou entre os netos
beneficiados, o nome de Joanna, É possível que na data desse dito testamento,
Joanna ainda não tivesse nascido.
Por aqui, encontramos outras pessoas
com sobrenome Valcacer, mas não foi possível estabelecer nenhum parentesco com
os membros das família de Francisco Camelo Valcacer: o sargento-mor Manoel
Camello Valcacer, como testemunha em um casamento,em 1727, de uma escrava do
capitão João Leite de Oliveira; Manoel Valcacer de Morais, padrinho em 1833, lá
no Assú; Antonio Camello Valcacer, Vigário Encomendado em Touros, por volta de
1840; Luiz Valcacer da Rocha Pitta; lá em Santana do Matos; e Francisca Barbosa
Valcacer, natural de Igarassú, esposa do português, da Ilha de São Miguel,
Simão Pereira da Costa; Francisco Carvalho Valcacer, que foi sesmeiro neste Rio
Grande, e era casado com Dona Joana Maria da Fonseca.