Por Jose Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo
A
Família Lopes Galvão no Oeste Potiguar
Uma
das mais tradicionais famílias potiguares, os Lopes Galvão, tiveram atuação
relevante no Oeste Potiguar, deixando raízes, especialmente, em Mossoró, como
no caso de Romualdo Lopes Galvão, Clemente Lopes Galvão, Olinto Lopes Galvão e
Petronilo Lopes Galvão.
Romualdo
Lopes Galvão nasceu em 7 de fevereiro de 1853, na residência de seus avós
maternos, no sítio Alto dos Patacões, na cidade de Campo Grande-RN. Era filho primogênito
de João Lopes Galvão, Coletor de Rendas Gerais naquela localidade e Maria
Ferreira de Melo, da família Cascudo. Neto paterno de Cipriano Lopes da Rocha,
natural de Currais Novos-RN e Rosaura Albuquerque Galvão, natural de Campo
Grande-RN. Neto materno de Antônio Ferreira de Almeida (Cascudo), natural de
Catolé do Rocha-PB e Maria Vieira de Melo Almeida, natural de Campo Grande-RN.
Eram
irmãos de Romualdo Galvão: João Crisóstomo Galvão, Clemente Lopes Galvão,
Emília Galvão Vieira de Melo, Amélia Galvão de Oliveira, Izabel Galvão de
Miranda (Bela), Maria Lopes Galvão de Oliveira (Liquinha), Bonifácio Lopes
Galvão e Olinto Lopes Galvão.
Romualdo
Galvão foi membro destacado da Loja Maçônica “24 de junho”, onde justamente com
seus pares desempenharam importante participação na abolição dos escravos, em
1883. Romualdo Galvão foi um dos mais ardorosos e influentes abolicionistas,
juntamente com sua esposa Amélia Dantas de Souza Galvão e seu sogro, o
jornalista e poeta português, José Damião de Souza Melo. Comerciante de
destaque na cidade, com a firma Romualdo Lopes Galvão – casa de fazendas,
exportadora de algodão e de peles, situada na Praça 06 de Janeiro, atual Praça
Rodolfo Fernandes.
Participou
ativamente do movimento. Em 6 de janeiro de 1883, é criada a Sociedade
Libertadora Mossoroense, entidade pioneira da nobre causa congregava em seu
meio os abolicionistas locais, sob a presidência de Joaquim Bezerra da Costa
Mendes, tendo Romualdo Galvão como vice-presidente.
Foi
um dos sete diretores da Sociedade Libertadora Mossoroense. Nessa época, o próspero
empreendedor cearense Miguel Faustino do Monte (1858-1952), gerenciava a firma
Souza Nogueira & Cia. (em sociedade com o mossoroense Alexandre de Souza
Nogueira) subscreveu o manifesto conhecido como Pacto de Honra, juntamente com
Romualdo Galvão, gerente da Casa Mayer, do operoso comerciante suíço Conrado
Mayer (1844-1897), para, se for preciso, lançar mãos de todo o dinheiro de seus
patrões para ajudar a libertar os escravos em Mossoró.
No
ano de 1883, Mossoró estava sendo administrada por Romualdo Galvão em seu
primeiro período, pois exerceu novo mandato entre os anos de 1892 a 1895. Em
seguida, transferiu residência para Natal, ocupando cargos públicos diversos:
prefeito de Natal, diretor do Banco de Natal e deputado estadual por duas
vezes. Matrimoniou-se com Amélia de Souza Melo, em 05 de dezembro de 1882, em
Fortaleza-CE, passando a se chamar, Amélia de Souza Melo Galvão. Dessa união com
Amélia Galvão, como ela ficou mais conhecida, não houve filhos. Com o seu
falecimento, em Mossoró, no dia 14 de novembro de 1890 casou novamente com
Antônia Monteiro Galvão, tendo os filhos: maestro José Monteiro Galvão,
Romualdo Galvão Filho e João Monteiro Galvão. Romualdo Galvão faleceu em 1 de
agosto de 1927, em sua chácara, situada na Avenida Hermes da Fonseca, onde
atualmente funciona o Instituto Maria Auxiliadora, no bairro de Petrópolis. Está
sepultado no Cemitério do Alecrim.
Em
sua homenagem, na cidade de Mossoró, é nome de rua, localizada nos bairros Alto
da Conceição e Belo Horizonte. Amélia Galvão é nome de rua, localizada no
bairro Lagoa do Mato.
No
dia 15 de novembro de 2001 foi criada a Associação das Samaritanas “Amélia de
Souza Galvão”, também denominada de Clube de Samaritanas. O seu quadro de
associados é composto das esposas dos maçons da Loja Maçônica “24 de Junho” e
tem por finalidade a pratica da filantropia, de forma ampla e irrestrita.
Clemente
Lopes Galvão nasceu em 23 de novembro de 1860, também, em Campo Grande. Da
mesma forma que o seu ilustre irmão Romualdo Galvão foi um abolicionista
mossoroense e maçom integrante da Loja Maçônica 24 de Junho. Comerciante mantinha
a firma Clemente Galvão & Cia. - negociante de fazendas que funcionava no
local onde estava situada a firma Romualdo Lopes Galvão e tinha como sócios os
irmãos Clemente Lopes Galvão e Olinto Lopes Galvão.
Clemente
matrimoniou-se com Mafalda Miranda Galvão nascida em 2 de maio de 1858 e falecida
em 2 de julho de 1925, filha de Antero Frederico Borges de Miranda Henriques1
nascido em 19 de abril de 1819 na cidade de Areia-PB e falecido em 23 de abril
de 1915 na cidade de Parelhas-RN e de Zeferina Maria da Cunha de Miranda
Henriques nascida em 26 de agosto de 1828 na cidade de Jardim do Seridó-RN e
falecida em 3 de novembro de 1890 na cidade de Mossoró. Dessa união, tiveram
sete filhos: João, Francisco, Solon, Maria, Ismênia, Zeferina e Raimunda. Anteriormente,
Mafalda Galvão havia sido casada com um parente de Clemente, Joaquim Fontes
Galvão, com dois filhos: Cândida e Antônio. Clemente Galvão tomou o mesmo
caminho de Romualdo Galvão, ao se mudar para Natal, onde faleceu em 2 de julho
de 1925, no mesmo dia de sua esposa.
Olinto
Lopes Galvão, do mesmo modo que os seus irmãos, Romualdo e Clemente Galvão
manteve atividades comerciais. Em 18 de julho de 1903, Olinto Galvão recebe do
Poder Público Municipal a concessão de fornecer água à Mossoró, no período de
50 anos, através de poços artesianos.
Olinto
Galvão teve atuação política. Foi suplente de intendente (vereador) na
legislatura de 1892 a 1895, assumindo o cargo de intendente, em 23 de julho de 1894,
por ocasião da saída do Presidente da Intendência (Prefeito), Romualdo Galvão,
que se transferiu para Natal e pela renúncia de Horácio de Azevedo Cunha. Matrimoniou-se
com Cândida de Miranda Fontes Galvão, filha do casal anteriormente citado
(Joaquim Fontes e Mafalda), natural de Lavras de Mangabeira-CE, tendo os filhos:
Joaquim de Fontes Galvão, Antônio, Ercílio, Ester, Dalila de Fontes Galvão,
José Olinto Galvão, Olinto Galvão Filho e João Batista Galvão.
Petronilo
Lopes Galvão foi aquele dos membros familiares pesquisados que encontrei
menores informações a respeito. Foi suplente de intendente, no período de 1911
a 1913. Contraiu núpcias com Elvira do Couto Galvão, filha de Jeremias Soares
do Couto e sua terceira esposa Belisária Alves do Couto, com descendência.
Anteriormente, Jeremias era casado com Maria da Penha de Melo, tendo os filhos
Antônio2, Luiz, Enéas, Francisca e Josefa. Depois, casou com Maria
Gamelo de Oliveira, havendo os filhos Delmira e Alexandre. Da terceira união
com Belisária, teve além de Elvira, Enéas, Virgília, Adélia3,
Guiomar, Odília e João Capistrano do Couto, avô materno do conceituado
jornalista Dorian Jorge Freire.
Entre
1928 a 1933, Petronilo Galvão, juntamente com a família passaram a residir em
Macau, em virtude da incumbência de administrar a salina Trapiche Furado,
pertencente ao seu cunhado, Antônio Soares do Couto (Totô Reis).
Notas
Explicativas
1 - Antero Frederico era o filho
primogênito do casal Francisco Xavier de Miranda Henriques Filho e Joana do
Rego Bezerra. Depois do casamento passou a se chamar Joana de Miranda Henriques.
O casal constituiu uma extensa prole de 18 filhos.
2 – Antônio Soares do Couto nasceu
em 10 de fevereiro de 1866, na cidade de Mossoró. Industrial salineiro de larga
projeção. Presidente da Intendência, no período de 1908 a 1910. Matrimoniado
com a sua parente Justa Nogueira da Costa, filha de Joaquim Nogueira da Costa e
Maria Idalina do Couto. Depois de casada passou a se chamar Justa Nogueira do
Couto. O casal teve um filho adotivo, Francisco Nogueira do Couto, que fez
época, em Natal, com o seu Cine Rex. Totó Reis como era carinhosamente
conhecido faleceu em 27 de fevereiro de 1933.
3- Adélia Couto
foi casada com Manoel Benício de Melo Filho. Benicio Filho era mossoroense e
nasceu no dia 4 de outubro de 1886, sendo filho de Manoel
Benício de Melo e de Maria Ericina da Cunha Melo. Concluiu o curso de
Direito da Faculdade do Ceará, em 1910. Ocupou as várias funções públicas:
1918: Juiz de Distrital em Jardim do Seridó; 1919: Juiz de Direito da Comarca
de Jardim do Seridó; 1926: Comissário de Chefe de Polícia do governo de José
Augusto;1928: Promovido ao cargo de Desembargador; 1934: Procurador Geral do
Estado; 1943: Eleito Presidente do Tribunal de Justiça; 1946: Eleito suplente
do Tribunal Regional Eleitoral - TRE. Em 1949 aposentou-se das funções de
magistrado. Faleceu em 16 de julho de 1949. Informações extraídas do site: http://www.mprn.mp.br/memorial/pgj16.asp
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José Edilson de
Albuquerque Guimarães Segundo (Mossoró-RN, 1976), filho de José Edilson
de Albuquerque Guimarães e Deodina Silveira de Albuquerque Guimarães, graduado em
Ciências Biológicas (UFRN) e Mestre em Geociências, pela mesma universidade, é
servidor da Prefeitura Municipal de Mossoró. Iniciou suas atividades
literárias, em 2012, na Revista Oeste, com a publicação do artigo Reminiscências:
Alto da Conceição, um exemplo de fé cristã, em coautoria com Edimar
Teixeira Diniz Filho. Em 2013, publicou, também, na Revista Oeste, outro artigo
intitulado: Deoclides Vieira de Sá: um dos mais bem-sucedidos comerciantes
mossoroenses. Em 2014, em parceria com o professor Doutor David de Medeiros
Leite, publicou o livro: Mossoró e Tibau em versos: antologia poética (Ed.
Sarau das Letras). No ano seguinte,
publicou o livro: Nas trilhas de meu avô (Ed. Sarau das Letras).
Artigo muito bom, claro nas informações e mostrando a importância de uma grande família do RN.
ResponderExcluirEdilson Segundo, grande pesquisador, sempre muito preciso nos seus artigos e publicações. Excelente texto.
ResponderExcluirTens a árvore até Cipriano Lopes Galvão?
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