João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Quando estava escrevendo sobre o Professor de Latim,
Francisco Emiliano Pereira, minha intuição dizia que poderiam ser dois com esse
nome. Cheguei até escrever isso, mas apaguei. Com o artigo no ar, novas
informações de amigos e pesquisadores foram chegando e comprovando uma intuição
que foi desprezada. Mas, antes uma correção. No artigo sobre o mestre
latinista, onde aparece Afonso Arinos, leia-se Almino Afonso.
O primeiro documento, que me chegou às mãos, o óbito de
Francisco Emiliano, foi enviado lá de Martins pelo pesquisador Junior
Marcelino.
Francisco Emiliano
Pereira, branco, casado com Josepha Cordulina de Souza Pereira, morreu de
hidropisia do peito, com a idade de quarenta e cinco anos, aos dois de agosto
de mil oitocentos e sessenta e nove, e foi sepultado no cemitério público no
mesmo dia, sendo encomendado solenemente. Padre Anísio de Torres Bandeira.
Coadjutor.
Com a informação acima, o fundador da cadeira de latim do
Assú, em 1827, não poderia ser o Francisco Emiliano que foi prefeito de Martins.
Mas, Junior Marcelino mandou o casamento que fecha a relação entre o que foi
Professor de Latim e o que foi Prefeito de Martins.
Aos vinte três dias do mês de agosto de mil oitocentos e
quarenta e sete, em oratório privado, em minha presença e das testemunhas José
de Souza Pereira e Domingos Velho Barreto Junior, receberam-se em matrimônio os
meus paroquianos Francisco Emiliano Pereira Junior e Josefa Cândida de Souza,
branco, aquele filho legítimo do Professor Francisco Emiliano Pereira, e esta
filha legítima de João de Souza Pereira, moradores nesta Vila e logo receberam
as bênçãos nupciais; do que para constar fiz este assento em que assino. O
Vigário Antonio de Souza Martins.
Outra informação, para enriquecer nossos estudos sobre o
mestre latinista, veio de Mossoró, do nosso amigo e genealogista Marcos Pinto.
É uma partilha dos bens deixados pelo professor Francisco Emiliano, do qual ele
extraiu o seguinte trecho, que nos interessa para este estudo.
Dizemos nós, abaixo assinados, Maria Joaquina Chaves,
Francisco Emiliano Pereira e sua mulher Josefa Cordulina de Souza Pereira, José
de Souza Martins Pereira e sua mulher Emília Cândida de Souza, Manoel Antonio
Pinto e sua mulher Rosa Caetana de Jesus, Francisco Fernandes Pinto e sua
mulher Lucina Emiliana Pereira, Maria Joaquina de Chaves, solteira, idade de
vinte e sete anos: aquela mulher do falecido Francisco Emiliano Pereira, e
estes filhos e genros dos mesmos; que tendo falecido nosso marido, e pai no ano
de mil oitocentos e cinquenta e oito, aos vinte de nove de julho, temos
acordado unanimemente em proceder a partilha dos bens deixados pelo mesmo
particular, e amigavelmente, e de conformidade com o beneplácito da lei,
havendo para isto concordado todos nós os bens do monte, pedido para isto os
autores, o herdeiro Francisco Emiliano Pereira, cujo termo de partilha
convencional é da maneira seguinte: cidade de Imperatriz, 1º de abril de mil
oitocentos e sessenta e dois. Seguem assinaturas.
No mesmo dia, mês e ano retro, reunidos todos nós abaixo
assinados, mulher, filho e genros do falecido Francisco Emiliano Pereira, e de
conformidade com a convenção já declarada foram dados à partilha pela
inventariante, viúva Maria Joaquina Chaves, os bens existentes no seu monte,
bem como as dívidas ativas e passivas, os quais bens foram por nós avaliados
unanimemente, tudo da maneira seguinte...
Na relação acima são filhos: Francisco Emiliano Pereira,
Emília Cândida de Souza, Rosa Caetana de Jesus, Lucina Emiliana Pereira, e
Maria Joaquina de Chaves.
Posteriormente, Marcos Pinto complementa com mais
informações: Li em um compêndio de edição fac-similar do jornal “O Comércio de
Mossoró”, ano de 1904, de grande seca, que informa em uma das páginas que uma
das suas filhas (de Francisco Emiliano), a esposa do advogado rábula Manoel
Antonio Pinto, grande articulista das primeiras edições do jornal “O
Mossoroense” (1873-1874), Sra. Rosa Caetana de Jesus, faleceu de inanição em
Mossoró.
Informa, ainda,
Marcos Pinto, que José de Souza Martins Pereira (esposo de Emilia) é da gens
dos Souza Martins, que vem do padre e político Antonio de Souza Martins. No meu
blog, postei um artigo, A Paisagem Humana de Martins, de Franklin Jorge, que
transcreve o testamento do Padre, bisavô de Junior Marcelino.
Na relação dos filhos não aparece Antonio, cujo batismo
transcrevi no artigo anterior. Deve ter falecido. Outro detalhe, importante, é
que Domingos Velho Barreto Junior, que aparece como testemunha no casamento de
Francisco Emiliano, era pai de Alexandrina Barreto Chaves, esposa de Joaquim
Ferreira Chaves Filho. Este último foi duas vezes governador do Rio Grande do
Norte.
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