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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Francisco Emiliano Pereira, pai e filho

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Quando estava escrevendo sobre o Professor de Latim, Francisco Emiliano Pereira, minha intuição dizia que poderiam ser dois com esse nome. Cheguei até escrever isso, mas apaguei. Com o artigo no ar, novas informações de amigos e pesquisadores foram chegando e comprovando uma intuição que foi desprezada. Mas, antes uma correção. No artigo sobre o mestre latinista, onde aparece Afonso Arinos, leia-se Almino Afonso.
O primeiro documento, que me chegou às mãos, o óbito de Francisco Emiliano, foi enviado lá de Martins pelo pesquisador Junior Marcelino.
Francisco Emiliano Pereira, branco, casado com Josepha Cordulina de Souza Pereira, morreu de hidropisia do peito, com a idade de quarenta e cinco anos, aos dois de agosto de mil oitocentos e sessenta e nove, e foi sepultado no cemitério público no mesmo dia, sendo encomendado solenemente. Padre Anísio de Torres Bandeira. Coadjutor.
Com a informação acima, o fundador da cadeira de latim do Assú, em 1827, não poderia ser o Francisco Emiliano que foi prefeito de Martins. Mas, Junior Marcelino mandou o casamento que fecha a relação entre o que foi Professor de Latim e o que foi Prefeito de Martins.
Aos vinte três dias do mês de agosto de mil oitocentos e quarenta e sete, em oratório privado, em minha presença e das testemunhas José de Souza Pereira e Domingos Velho Barreto Junior, receberam-se em matrimônio os meus paroquianos Francisco Emiliano Pereira Junior e Josefa Cândida de Souza, branco, aquele filho legítimo do Professor Francisco Emiliano Pereira, e esta filha legítima de João de Souza Pereira, moradores nesta Vila e logo receberam as bênçãos nupciais; do que para constar fiz este assento em que assino. O Vigário Antonio de Souza Martins.
Outra informação, para enriquecer nossos estudos sobre o mestre latinista, veio de Mossoró, do nosso amigo e genealogista Marcos Pinto. É uma partilha dos bens deixados pelo professor Francisco Emiliano, do qual ele extraiu o seguinte trecho, que nos interessa para este estudo.
Dizemos nós, abaixo assinados, Maria Joaquina Chaves, Francisco Emiliano Pereira e sua mulher Josefa Cordulina de Souza Pereira, José de Souza Martins Pereira e sua mulher Emília Cândida de Souza, Manoel Antonio Pinto e sua mulher Rosa Caetana de Jesus, Francisco Fernandes Pinto e sua mulher Lucina Emiliana Pereira, Maria Joaquina de Chaves, solteira, idade de vinte e sete anos: aquela mulher do falecido Francisco Emiliano Pereira, e estes filhos e genros dos mesmos; que tendo falecido nosso marido, e pai no ano de mil oitocentos e cinquenta e oito, aos vinte de nove de julho, temos acordado unanimemente em proceder a partilha dos bens deixados pelo mesmo particular, e amigavelmente, e de conformidade com o beneplácito da lei, havendo para isto concordado todos nós os bens do monte, pedido para isto os autores, o herdeiro Francisco Emiliano Pereira, cujo termo de partilha convencional é da maneira seguinte: cidade de Imperatriz, 1º de abril de mil oitocentos e sessenta e dois. Seguem assinaturas.
No mesmo dia, mês e ano retro, reunidos todos nós abaixo assinados, mulher, filho e genros do falecido Francisco Emiliano Pereira, e de conformidade com a convenção já declarada foram dados à partilha pela inventariante, viúva Maria Joaquina Chaves, os bens existentes no seu monte, bem como as dívidas ativas e passivas, os quais bens foram por nós avaliados unanimemente, tudo da maneira seguinte...
Na relação acima são filhos: Francisco Emiliano Pereira, Emília Cândida de Souza, Rosa Caetana de Jesus, Lucina Emiliana Pereira, e Maria Joaquina de Chaves.
Posteriormente, Marcos Pinto complementa com mais informações: Li em um compêndio de edição fac-similar do jornal “O Comércio de Mossoró”, ano de 1904, de grande seca, que informa em uma das páginas que uma das suas filhas (de Francisco Emiliano), a esposa do advogado rábula Manoel Antonio Pinto, grande articulista das primeiras edições do jornal “O Mossoroense” (1873-1874), Sra. Rosa Caetana de Jesus, faleceu de inanição em Mossoró.
Informa, ainda, Marcos Pinto, que José de Souza Martins Pereira (esposo de Emilia) é da gens dos Souza Martins, que vem do padre e político Antonio de Souza Martins. No meu blog, postei um artigo, A Paisagem Humana de Martins, de Franklin Jorge, que transcreve o testamento do Padre, bisavô de Junior Marcelino.
Na relação dos filhos não aparece Antonio, cujo batismo transcrevi no artigo anterior. Deve ter falecido. Outro detalhe, importante, é que Domingos Velho Barreto Junior, que aparece como testemunha no casamento de Francisco Emiliano, era pai de Alexandrina Barreto Chaves, esposa de Joaquim Ferreira Chaves Filho. Este último foi duas vezes governador do Rio Grande do Norte.

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