Uma viagem a Macau dos Martins Ferreira
Aproveitei o feriado para ir visitar Macau. Precisava conhecer alguns locais e algumas imagens da terra onde viveu parte da minha família. Antes de chegar lá, fomos, eu e Graça, conhecer Guamaré. Queria visitar uma das capelas mais antigas do Rio Grande do Norte, e onde parte das atividades religiosas da região era realizada. Conheci por fora. Estava fechada. Teoricamente, acho que as igrejas deveriam estar sempre abertas, como também as bibliotecas, os museus, as academias de letras e os institutos históricos. A igreja era pequena, mas volto um dia para conhecê-la. Seguimos para Macau. À tarde, saí para percorrer a pé, as imediações. Entrei na Rua Martins Ferreira, nome de família de meus ancestrais e a percorri até o final. Em uma casa de esquina, duas placas quase que se tocam em perpendicular: Rua Martins Ferreira e Praça José da Penha. Em várias cidades do Rio Grande do Norte, há algum tipo de homenagem ao Capitão J. da Penha: uma praça, um busto, uma rua ou uma escola. Até em Fortaleza a herma do Capitão J. da Penha foi instalada. Fica na Praça da Escola Normal, em frente ao Colégio da Imaculada Conceição, no início da Avenida Santos Dumont. O tempo reunia numa esquina duas famílias que aparentemente não tinham nenhuma relação. Mas não é verdade. Francisca de Paula, tia de José da Penha, casou-se com Francisco Martins Ferreira, neto do Capitão João Martins Ferreira, administrador das terras de Bento José da Costa, que veio da ilha de Manoel Gonçalves para fundar Macau. Francisca, também era angicana, mas está enterrada em Macau, onde faleceu de parto em 1874, com a idade de 25 anos.
Nada nas ruas lembrava o passado desses personagens, a não ser os nomes lá em cima em duas placas. Fui ver o monumento da Independência e daí fui a Igreja, também fechada. Depois, peguei o carro e fui dar uma volta maior pelas outras ruas, a procura de algo que lembrasse o tempo passado. Em uma esquina, me chamou a atenção um prédio que parecia mais antigo, mas que soube logo, tinha 40 anos. Mas encontrei Bonifácio e Romualdo, dois visitantes, e conversamos um pouco sobre o passado. Contei um pouco do que aprendi sobre a Ilha submersa e sobre os Martins Ferreira.
À noite, consegui contato com o seminarista Jailton que conheci aqui na Cúria. Ele me garantiu que a Igreja seria aberta e ás sete horas estávamos lá, guiado por Jailton, conhecendo um pouco do passado. Jailton tem na cabeça muitas histórias que ouviu quando freqüentava, criança, o Museu José Elviro.. Na igreja vimos o cruzeiro que veio da Ilha e uma placa que dizia: "Esta cruz pertenceu á ilha de Manoel Gonçalves, hoje desaparecida. Dizem que foi a última cousa trazida da ilha pelos fundadores de Macau – em 1825 – A 2 de Novembro de 1931, o povo trouxe do Cemitério para a Matriz, sendo Vigário da Parochia e Prefeito do Município o Padre Paulo Heroncio de Mello." Não tenho muita certeza disso, pois, vi registros de batismo na ilha, datados 1841.
Em seguida subimos e fomos ver a imagem de Nossa Senhora da Conceição que veio também da ilha. É uma imagem muito bonita e bem conservada. Descemos para ver as três naves da Igreja. A matriz é uma Igreja que se modernizou, mas não perdeu a beleza. No centro da nave maior, mais uma imagem de Nossa Senhora da Conceição que segundo Jailton também tem uma história.
No dia seguinte fui ao cemitério na esperança de encontrar alguns túmulos de familiares mais antigos. Era um cemitério enorme. Ali pensava, diferentemente do que aconteceu em outras cidades, encontraria mais informações. Os cemitérios, infelizmente, não contêm os registros, e tudo vai se deteriorando com o passar dos anos. Como em todo cemitério neste país, ali roubavam placas e dois indivíduos, logo cedo da manhã, fumavam tranquilamente suas ervas. O administrador me informa que havia outro cemitério antes. Não encontrei os fundadores que foram enterrados em Macau. Da família encontrei o túmulo de Emygdio Avelino e o de Gilberto Avelino. Vale aqui lembrar mais um fato da história da Ilha de Manoel Gonçalves. Manoel da Rocha Bezerra que casou no Oratório de Nossa Senhora da Conceição da Ilha, em 1824, com Josefa Jacinta de Vasconcelos, era irmão de Matheus da Rocha Bezerra, avô de Emygdio Avelino. O capitão João Martins Ferreira foi uma das testemunhas. Matheus foi professor em Macau no ano de 1852.
Voltei para o hotel para reiniciar mais duas visitas, o museu José Elviro e a praia de Camapum. O museu ainda não tinha sido aberto. Sua abertura prevista para sete de setembro foi adiada, conforme aviso na porta. Um contato com Joad, Secretário de Administração de Macau, prometia a possibilidade de uma visita. Infelizmente, houve um desencontro nas comunicações e saí sem ver o museu.
A praia de Camapum, dizia a historia da Ilha que ficava defronte para ela. Daí meu interesse. Cheguei à praia, mas ninguém ali sabia informar em que direção, em frente da praia, tinha existido a tal ilha. Não foi o que esperava, mas valeu a pena. Macau é uma cidade muito bonita. Precisa ser mais bem aproveitada.
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