Servatis Ex More Servandis: o Livro
A frase em latim acima faz parte do registro de casamento de João Felippe da Trindade e Francisca Ritta Xavier da Costa, ocorrido em 1851. Embora, neste país, não seja de costume conservar o que tem que ser conservado, é isso que faço quando resolvi construir a àrvore genealógica da minha família. Escolhi, por esse motivo, essa frase latina para ser o título do meu livro de genealogia.
As memórias do passado vão se extinguindo. Os documentos da Igreja, das Câmaras e dos cartórios estão se destruindo ou foram parar no lixo. Dessa forma, uma parte da história deste país vai ficar oculta para sempre se não agirmos com rapidez.
Após meses e meses de pesquisas em documentos envelhecidos pelo tempo, alguns datados de 1823, consegui um bom banco de dados sobre minha família e outras famílias relacionadas com ela. Fiz artigos a partir dessas informações, construí um blog sobre genealogia, e finalmente, está pronto o livro que registra parte desse trabalho de pesquisa. Resolvi não esperar dez anos para divulgar meus achados. Prefiro ir comunicando por partes, a fim de que outras pessoas possam ter acesso a essas informações da nossa historia, e a partir daí construir elos que reconstituam parte da história das famílias do Rio Grande do Norte.
O trabalho foi estafante, exigiu muita paciência, mas foi também emocionante e cheio de surpresas. Uma caligrafia rebuscada, muitas abreviaturas, medo de fungos, registros incompletos ou já apagados, páginas ausentes ou faltando pedaços dificultavam o trabalho. As lembranças dos mais velhos estavam limitadas a períodos mais recentes. Fiz viagens ao interior, visitei Igrejas e cemitérios em busca de informações. Os limites dos meus conhecimentos se ampliaram, lendas foram desfeitas, e elos perdidos foram recompostos. A origem da minha família não era só Angicos. Ela se ampliava para Carapebas, Porto de Touros, Ilha de Manoel Gonçalves, Macau e outras cidades mais. Sítios, fazendas e até ilhas se situavam no inicio da história de minha família. Sítio Santa Luzia, Sítio São Romão, Fazenda Carapebas e Ilha de Manoel Gonçalves entre outras eram localidades onde estavam presentes alguns de meus familiares.
Não era só Trindade ou Avelino. Havia Martins, Martins Ferreira, Costa, Costa Bezerra, Torres, Xavier, Cruz, Lopes Viégas, Barbosa, Teixeira de Carvalho, Mello, Garcia, Costa Machado, Martins dos Santos e outros ainda ocultos. Aparecem no meio da viagem ao passado outras famílias que se entrelaçam com a nossa: Os Pereira Pinto, os Teixeira de Sousa, os Rochas Bezerra, os Alves, os Fernandes, os Costa Ferreira, os Antas, os Batista de Oliveira, os Pereira de Brito, os Alves de Sousa e outras mais.
Os óbitos, batismos e casamentos iam revelando os hábitos, os costumes, as doenças e as relações entre as pessoas daquele período estudado que foi de 1823 a 1898.
Em um livro o batismo do Capitão José da Penha, em outro o do Jornalista Pedro Avelino. Vão surgindo ano a ano, os muitos irmãos de Pedro Avelino e do Capitão José da Penha. Tios, pais, avós e bisavós do escritor Afonso Bezerra surgem em uma árvore desenhada por Jacob Avelino e se confirmam nos registros da Igreja. O Senador Georgino Avelino é filho do Jornalista Pedro Avelino, sobrinho do Capitão José da Penha e primo segundo de Afonso Bezerra.
Surgem as esposas dos primeiros povoadores de Macau. Josefa Clara Lessa é a esposa de João Martins Ferreira. José Martins Ferreira, filho de ambos, casou-se com Josefina Maria Ferreira. As filhas de João Martins Ferreira são Thomásia Martins Ferreira, Maria Martins Ferreira, Maria Martins de Pureza e Anna Martins Ferreira.
Vou descobrindo, com orgulho, que meus ascendentes e parentes tiveram participação ativa nas localidades onde se situavam. Eram vereadores, prefeitos, deputados, senadores, delegado de polícia, Juiz de Paz, Juiz Municipal, membros da Guarda Nacional, jornalistas, escritores, poetas e membros de Academia de Letras
Parte dessas informações está presente no livro que será lançado dia 10 de março no Midway Mall. Ainda resta muita informação que não foi possível ser colocada nesta primeira obra. Alguns dados ainda estão sendo trabalhados. Alguns elos ainda precisam ser construídos. Com o lançamento, possivelmente, muitas informações complementares virão à tona e poderão nos auxiliar na montagem de alguns quebra-cabeças.
Não é um romance. É um livro contendo muitos registros e informações. Não é para ser lido de uma vez. É para ser consultado e lido por partes. A mesma paciência que tive para ler os registros da Igreja deve ser usada para consultar o livro.
Por fim, uma lamentação. Grande parte dos livros de óbitos, batismos e casamentos que se encontra na Cúria foi microfilmado pela Sociedade Genealógica de Utah. Uma cópia ficou na Igreja, mas se encontra guardada em um armário por não haver equipamentos de leitura disponível, nem haver um projeto para digitalizá-los. Seria muito importante para as Universidades, os Institutos e a Historia do Rio Grande do Norte se todo esse material estivesse facilmente disponível para todos. Que todos se unam para refazermos nossa História!
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