quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Porto de Touros: o provimento do Pe. Francisco de Brito Guerra

Porto de Touros: O provimento do Pe. Francisco de Brito de Guerra

A viagem genealógica a Macau e Pendências foi muito proveitosa. Fui procurar os Avelinos que tinham saído de Angicos para lá. Além de Emygdio e Irinéia, encontrei Edinor, Gilberto, Anna dos Prazeres, Balbina, Biluca e Tarcisio de Carvalho Dantas, este último descendente de Emygdia Avelino e do macauense Manoel Olímpio Dantas Cavalcanti. Tentava encontrar o elo entre Georgino Avelino e Cícero Torres Avelino. Afonso Avelino Dantas Neto me aconselhou  procurar Tarcisio. Conversei com Tarcisio, Gilda Avelino, Maria Avelino, irmã de Gilberto e José Nazareno Avelino.Consegui encontrar o elo e ainda tive o prazer de conhecer os meus ancestrais, os Martins Ferreira, que viviam na Ilha de Manoel Gonçalves. Satisfeito, parti para o Porto de Touros em busca de mais informações sobre o avô de Cícero, Francisco Xavier Torres Junior. Não encontrei o casamento dele com Maria Joaquina Lúcia da Costa, nem em Angicos e nem em Santana do Mattos. Cheguei a Touros e tudo era diferente, o livro de registro, o papel, a tinta, a grafia, e a forma de registro. O começo foi difícil, mas logo a mente se acostumou. Encontrei alguns conhecidos, entre os quais, Jacinto José da Ora que devia ser irmão do brasileiro que veio da Ilha de Manoel Gonçalves e André de Sousa Miranda como transcrito a seguir:
"Aos cinco de Setembro de mil oitocentos e trinta e cinco depois de feitas as diligencias do estilo, e não aparecer impedimento algum Canônico, e nem Civil de licença minha o Reverendo Fr. José de Santo Alberto, da ordem dos Carmelitas assistiuao recebimento Matrimonial, e Sacramental dos Nubentes Francisco Lopes Galvão, filho legitimo de Cipriano Lopes Galvão, e de sua mulher Anna Francisca, falecida, com Felippa Maria da Conceição, filha legítima de José de Sousa Galvão, e de sua mulher Silvana Maria da Conceição, os Abençoou, presentes as testemunhas José Ignácio de Miranda, e André de Sousa Miranda e Silva, solteiros e moradores na Ilha de Manoel Gonçalves, onde se fez este sacramento. e para constar fiz este assento em que me assino. O Vigário p oposição Felis Alves da Cruz"
Durante a viagem genealógica a região salineira não tinha encontrado, até o presente, nenhum registro de casamento na Ilha. Esse foi o primeiro.
No meio das dificuldades por conta, principalmente, de alguns registros com poucas informações, encontrei a mãe de Francisco Xavier Torres Junior e três irmãos. Ela era Úrsula Cordola do Sacramento e eles Felix Gomes Torres, Isabel Francisca Torres e Rita Cordola do Sacramento. Um dos registros continha como testemunhas, "Felis Gomes Torres e seu mano Francisco Xavier Torres Junior". Transcrevo a seguir o registro de Isabel.
"Aos dois do mês de Janeiro de mil oitocentos e quarenta e três nesta Matriz do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, pelas cinco horas da tarde, depois de corridos os banhos sem impedimento, confessados, examinados em Doutrina, se receberão em Matrimonio, por palavras de presente em mutuo consenso os nubentes Felisberto Martins de Macedo, viúvo, que ficou pelo falecimento de Maria Francisca dos Santos, com Isabel Francisca Tourres, filha legitima de Francisca Xavier  Tourres, mulher Ursula Cordola do Sacramento, já falecida, brancos, meus Paroquianos, em minha presença que lhes dei as bênçãos nupciais, e das testemunhas assinadas ao pé da certidão João Antunes da Costa, e Francisco Ferreira da Rocha, brancos, casados moradores nesta Freguesia, e para constar fiz este assento, em que assino. Vigário Antonio Carmello Valcacer."

Mas não era só eu que estava insatisfeito com a forma dos registros. Por motivos diferentes, o Visitador fez um Provimento, começando em Latim. Eu tinha sido um bom estudante de Latim de irmão Clemente, no Marista, mas com receio das abreviaturas me vali da internet, grande auxiliar nas minhas pesquisas. Acreditava que aquela era uma frase usual e entrei com um pedaço dela: "ore duórum" e la veio a frase toda para meu deleite. Transcrevo o provimento do Vigário Visitador, Francisco de Brito Guerra, nosso futuro Senador e tio de uma pessoa que conheci nessas viagens, o Barão de Assú, Luiz Gonzaga de Brito Guerra:
"Provimento".
"Vistas em Visita. In ore duórum vel trium testium stet omne verbum*. O R Parocho d'ora em diante faça assignar tão bem duas, ou trez testemunhas, que assistirem ao acto do casamento, nos Assentos, que lancar neste livro, na conformidade das leis Civis, e Canônicas, e Segundo o disposto na nossa Constituição Diocesana. Devem se declarar nos Assentos as naturalidades, e moradias dos contrahentes, como tão bem haver precedido, além dos proclamas / se não forem estes dispensados por Autoridade Superior / confissão sacramental, e exame de Doutrina Christã. Villa do Porto dos Touros em Visita aos 23 de Dezembro de 1835. Francisco de Brito Guerra, Vigário Visitador".
*Toda afirmação deverá firmar-se na palavra de duas ou três testemunhas.
Continuo minhas buscas por mais informações sobre os Torres que vieram de Porto de Touros. Há um Francisco Xavier Torres que ajudou financeiramente a construção da Capela de Guamaré. Não sei se é o mesmo. Procuro ainda os Alves Fernandes. Papai dizia que eles eram do Clã do Martins Ferreira. Três genros de João Martins Ferreira eram Fernandes. Resta comprovar.

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