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João Lostau Navarro era um dos mais antigos
moradores deste Rio Grande do Norte, pois já obtinha terras no ano de 1601, e
recebeu, até 1608, um total 6 doações no litoral, entre Pirangi e a Lagoa das
Guaraíras.
Em 13 de abril de 1626, conforme cita Hélio Galvão,
no livro de sua autoria “História da Fortaleza da Barra do Rio Grande” foi
lavrada uma escritura de dote, em que ele, João Lostau, dotava de bens sua filha Maria
Lostau, que estava noiva de Manoel Rodrigues Pimentel.
O referido dote tinha regras explícitas quanto a sua
destinação: proibição de diminuir o patrimônio; deveriam passar à filha mais
velha do casal, ou ao filho do casal, se não houvesse filha; caso Manoel
Rodrigues e Maria Lostau não tivessem filhos, esses bens passariam à outra
filha de João Lostau, de nome Beatriz Lostau.
Do casal dotado, quem continuou com o patrimônio foi
Joana Dornelles, que se casou com Francisco Lopes. Na sequência, Paula Barbosa,
filha de Francisco Lopes e Joana Dornelles foi a herdeira. Esta última foi
casada com Teodósio de Graciman.
Segundo alguns autores, aí incluído Hélio Galvão,
Teodósio de Graciman era primo legítimo de Paula Barbosa, por ser filho do
holandês Joris Garstman, que comandou o
Forte dos Reis Magos, e de Beatriz Lostau, a outra filha de João
Lostau. Até agora, nenhum documento foi apresentado que comprove essa tese, mas
apenas ilações.
No processo movido contra Garstman, acusado de ser o
mandante do assassinato de Jacob Rabi,
entre os vários motivos apresentados pelas testemunhas, no referido
processo, estava um que dizia, que Jacob foi assassinado, por ter sido ele o autor da morte do sogro
de Joris Garstman.
No referido processo, em nenhum momento aparece o
nome da esposa do acusado. Muitas pessoas foram assassinadas, naquele ano de
1645, sob o comando do Jacob Rabi, começando em Cunhaú, depois Casa Maior de
João Lostau e, finalmente, em Uruaçu.
Na descendência de Teodósio não há indícios que nos
levem a acreditar que fosse filho de Beatriz Lostau. Os possíveis sobrenomes
que surgem desses descendentes sempre estão relacionados a Manoel
Rodrigues Pimentel e Francisco Lopes.
Há outros autores que dizem que Joris Garstman se relacionou
com uma portuguesa, filha de pessoa que trabalhava com engenho de açúcar. Nunca
foi citado o nome dessa portuguesa, nem sequer do pai dela.
Um registro de batismo me deixou intrigado. Por ele,
e por outros motivos, acredito que Beatriz nunca se casou. Vamos ao registro: aos
14 de dezembro do dito ano (1681, data do registro anterior a este) na Capela de São João (das Guaraíras),
batizou o Reverendo Padre Superior Luiz Pinto, e pôs os santos óleos, a
Eugênia, filha de Maria, escrava de Brites Lostau, padrinho Antônio Moreira. Aqui, não acompanha nem a palavra viúva, nem casada.
Em nenhum registro, anterior ou posterior a esse
acima, encontrei alguma citação a Dona Beatriz. Nessa data, era possível que ela
fosse viva, pois sua irmã mais velha, em 1626, estava prometida para Manoel
Rodrigues Pimentel. Talvez, Beatriz tenha falecido uma data posterior e próxima
ao ano de 1681.
Em muitos registros que tenho encontrado Brites e
Beatriz são as mesmas pessoas.
Vejamos alguns registros nessa área, para no situar
no contexto.
No dia 2 de março de 1684, batizou o Reverendo Padre
Superior Luiz Pinto, na Capela de São João das Guaraíras, e pós os santos óleos
a José, filho de Ana, escrava de Domingos Gomes Salema, padrinhos José Gomes
Salema e Catarina, escrava de Felipe da Silva.
Esse Felipe da Silva era casado com Joana Salema. No
testamento de Cipriano Lopes Pimentel, ele declarou que era filho de Francisco
Lopes e Joana Dornelles, e que era casado com Teresa da Silva, filha de Felipe
da Silva e Joana Salema.
Nessa mesma Capela de São João das Guaraíras, 1689 e
1690, foram batizados,
respectivamente, Luiza e Lázaro, ambos
filhos de Cipriano Lopes Pimentel e Teresa da Silva, e Dona Joana Dornelles,
avó deles, como consta no registro, foi
madrinha de ambos, e neste último teve ainda Francisco Dornelles como outro padrinho;
outro filho do capitão Cipriano Lopes Pimentel e Teresa da Silva, cujo nome
omitiram, já foi batizado, posteriormente, na Capela de Nossa Senhora dos Prazeres de Goianinha,
e Dona Joana, também foi madrinha.
No requerimento de Teodósio de Graciman, como herdeiro
dos bens de seu sogro Francisco Lopes, por ser casado com Paula Barbosa,
constava o Sítio Barra das Guaraíras, onde estava morando o dito seu sogro, que
por conta da idade avançada, solicitou que ele, requerente, fosse o administrado dos bens dela, Paula
Barbosa, filha mais velha de Joana Dornelles, conforme as regras ditadas pelo
velho João Lostau. Como muitos documentos se perderam, na invasão do inimigo
holandês, solicitava nova sesmaria para a mesma sorte de terra da Barra das
Guaraíras.
Em todos os documentos associados aos familiares
descendentes de João Lostau, exceto o dote para Maria Lostau, não encontrei
qualquer menção a segunda filha, Beatriz Lostau, a não ser esse registro de
1681.
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