João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Hoje completa 139 anos do nascimento, em Angicos, do capitão
José da Penha. Neste ano, por conta dos cem anos da sua morte, no Ceará, ele tem
recebido várias homenagens de seus admiradores. Jarbas Martins publicou versos
na revista da nossa Academia de Letras, Wandyr Vilar está reeditando o livro “O
Espiritismos e os Sábios”, e Vicente Serejo, publicou por toda semana que
passou, neste jornal, seis artigos sobre o valoroso capitão.
Na Hemeroteca Nacional, encontro que o alferes José da Penha
Alves de Souza fez, em 1901, o registro de um filho, na 7ª Pretoria na Capital
Federal. Com essa informação entrei no site dos mórmons para encontrar esse
documento. Lá não encontrei Pretoria, mas sim Circunscrição. Por isso pedi
ajuda ao grupo de Genealogia na Internet. E quem me atendeu foi Pedro Auler do
grupo Geneal, que me mandou o link do site dos mórmons, que abriu exatamente no
registro procurado. Lá estava escrito:
Aos oito de maio de mil e novecentos e um, nesta Capital
Federal e em Cartório, compareceu José
da Penha Alves de Souza, natural do Estado do Rio Grande do Norte, de vinte e
seis anos de idade, casado, alferes do Exército, morador a Rua São Clemente,
Avenida Dona Maria Clara, casa dezesseis, e na presença das testemunhas abaixo
assinadas, declarou que sua esposa Dona Altina Alves de Souza, natural do
Estado da Bahia, de vinte e quatro anos de idade, deu a luz na casa acima
referida, onde residem, ontem a uma hora da madrugada, a uma criança branca de
sexo feminino, que se deverá chamar, Guiomar, neta paterna de José Francisco
Alves de Souza, falecido, e Dona Maria Ignácia Alves de Souza, e materno de
Francisco Pedro dos Santos, e Dona Josepha Pessoa dos Santos, que ele
declarante casou-se aos vinte de fevereiro de mil oitocentos e noventa e seis,
no Estado do Ceará, civilmente, e mais não disse e assinou com as testemunhas, o alferes do Exército
Raphael Benjamim da Fonseca e Maria de Souza Maia. Eu Francisco José Pinto de
Macedo, escrivão subscrevo.
Foi nesse documento acima, que tomei conhecimento, pela
primeira vez, do nome da mãe de Altina, bem como da existência dessa filha de
José da Penha. Mas, ao lado desse registro, havia a informação do óbito de
Guiomar. Fui atrás dele, e encontrei o seguinte registro:
Aos dezoito de fevereiro de mil novecentos e dois, nesta
Capital e Cartório, compareceu o alferes do Exército João Augusto César da
Silva e exibindo atestado do Doutor Antonio Rogério Gouvêa Freire, declarou que
faleceu ontem, as onze horas da noite, de infecção gastrointestinal aguda, na
casa numero vinte e quatro, da Rua Fernandes Guimarães, onde residia a menor
Guiomar, de cor branca, natural desta Capital Federal, com nove meses de idade,
filha legítima do alferes do Exército, José da Penha Alves de Souza e Dona
Altina Alves de Souza. Vai ser sepultada no Cemitério de São João Baptista, e
mais não disse e assinou. Eu Francisco José Pinto de Macedo, escrivão que
subscrevo.
Sabendo que José da Penha casou em 1896, fui atrás do seu
registro no Ceará, buscando, novamente, pelo site dos mórmons. Registro pobre
de informações, que não continha a naturalidade dos nubentes, mas que vale a pena
transcrever.
Aos dezenove de fevereiro de mil oitocentos e noventa e
seis, o Reverendo José Barbosa de Jesus, de licença minha, assistiu o casamento
de meus paroquianos – José da Penha Alves de Souza, alferes aluno, e D. Altina
Pessoa dos Santos, filha legítima do capitão Francisco Pedro dos Santos e D.
Josepha Pessoa dos Santos Cabral; sendo testemunhas José da Silva Bonfim e Dr.
Raymundo de Farias Brito. Para constar fiz este que assino in fide parochi. O
Cura, Pe. Pedro Leopoldo d’Araújo Feitosa.
Francisco Pedro dos Santos, sogro do capitão José da Penha, veterano
da guerra do Paraguai, era natural de Sobral, tendo lá nascido, em 15 de agosto
de 1838, filho de Pedro Alves dos Santos e Helena Maria do Espírito Santo.
Nas cartas do capitão José da Penha para as filhas, lá no
Ceará, ele sempre se referia à comadre Zefinha. Acredito que era a sogra dele,
Josepha Pessoa dos Santos. Acredito, ainda, que foi ela e o marido que criaram
Zaíra, Maria Annita e Murilo Penha, pois em 1916, o Ministro da Fazenda negou o
pedido de revisão das pensões, feito pelo avô deles, Francisco Pedro dos
Santos, para seus tutelados Maria Annita e outros filhos do finado capitão José
da Penha.
Raymundo Farias de Brito, testemunha do casamento de José da
Penha e Altina, foi o prefaciador do livro “O Espiritismo e os Sábios”. Mais
recentemente fui procurar o nascimentos dos outros filhos do capitão, na antiga
Capital Federal e encontrei dois registros civis.
Zaira nasceu no Rio de Janeiro, aos 17 de março de 1899, tendo
sido registrado pelo pai José da Penha Alves de Souza, na 7ª Pretoria ou 5ª
Circunscrição, com testemunhos de Raphael Arcanjo da Fonseca e Raphael Benjamim
da Fonseca. Casou com Luis Pinheiro Filho, que foi dono da Fazenda Santa Cruz,
aos pés do Cabugi.
Murilo Penha Alves de Souza nasceu, também, no Rio de
Janeiro, aos 14 de fevereiro de 1900, sendo registrado na mesma circunscrição
acima, e com as mesmas testemunhas, ambos alferes. Não descobri com quem casou.
Era militar do Exército e foi nomeado, em 1944, chefe da 25ª Circunscrição, em
Fortaleza.
Não encontrei o registro de Maria Annita Penha Alves de
Souza, mas encontrei notícias de seu casamento, em Fortaleza, com Manoel Sadoc
Cysne, em 1923.
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