João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio
do IHGRN e do INRG
As mesmas águas, que fizeram submergir a Ilha de Manoel
Gonçalves, expulsaram de lá seus habitantes e visitantes para diversas
localidades, como Macau, Pendências, Oficinas, Rosário, Cacimbas do Viana,
Curralinho e outras tantas. As coisas da natureza e a natureza das coisas vão
tecendo o destino das pessoas, juntando-as e separando-as, tudo ao mesmo tempo.
A cada instante, o mundo é redesenhado. O caos reordena a natureza.
Aquele porto, no meio do mar, onde tantas embarcações
ancoravam e por onde tantas pessoas, das mais diversas nacionalidades e
localidades circulavam, com seus negócios e afazeres, jaz submerso no oceano e
esquecido pelas autoridades. Nem um farol e nem um marco está presente onde foi
a nossa Atlântida. Por onde andam os remanescentes daquele povo que transitava
ou residia na Ilha esquecida? Quantos sabem que seus antepassados passaram por
lá?
Pesquisando em velhos livros da Cúria, vou repassando a antiga
história do nosso povo e dos nossos heróis esquecidos. Vez por outra encontro,
através de seus descendentes, velhos conhecidos. Em uma dessas viagens, nos
livros da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, encontro o batismo de
Eliziário, que me fez recordar o lisboeta Eliziário Antonio Cordeiro, lá da Ilha
de Manoel Gonçalves. Paro e vou examinar o registro, em busca de algum elo com
o povo que lá vivia.
Aos vinte e três dias de junho de mil oitocentos e setenta e
três, o Reverendo Coadjutor Pro-Pároco Joaquim Francisco do Nascimento batizou
solenemente Eliziário, nascido a seis de maio do mesmo ano, filho legítimo de
Manoel Martins de Oliveira e Rita Xavier Bezerra. Padrinhos, o Reverendo Padre
Francisco Constâncio da Costa e Francisca Jeracina Cordeiro. E para constar fiz
este assento. José Herôncio da Silveira Borges, Coadjutor Pro-Pároco.
Esse Manoel, acima, deve ser o filho de Eliziário Antonio
Cordeiro e Antonia Silvéria de Oliveira, ele de Lisboa, ela da Serra de
Martins, que nasceu aos trinta de outubro de mil oitocentos e trinta, e foi batizado
na Ilha de Manoel Gonçalves. Nas minhas hipóteses, Antonia Silvéria de Oliveira
era filha do capitão Silvério Martins de Oliveira e Joanna Nepomucena. Dona
Joana, que viúva residiu um tempo na Ilha, era filha do capitão Manoel Ignácio
de Carvalho e Anna Josepha Joaquina de Albuquerque, residentes na Serra de
Martins. Lembramos que o capitão Silvério e Dona Joana foram sepultados na Igreja do Bom Jesus das
Dores, aqui na Ribeira do Potengi.
Um dos filhos de Eliziário, com o mesmo nome, casou em 1869,
na Barra de Mossoró, com sua parenta Antonia Cordeiro de Carvalho, filha de
Gorgonio Ferreira de Carvalho e Anna Joaquina Cordeiro.
Em outro registro encontro que aos vinte e oito de dezembro
mil oitocentos e três, era batizado Raymundo, que nasceu aos vinte e sete de
novembro do mesmo ano, filho de José Martins Cordeiro e Victoriana Joaquina
Pinheiro, tendo como padrinhos Pedro Liberato Bimont e dona Maximiana
Synphronia da Costa. Esse José Martins deve ser, também, um dos filhos de
Eliziário Antonio Cordeiro e Antonia Sivéria.
Raymundo, que virou Raymundo Rodrigues Cordeiro, casou em 30
de novembro de mil oitocentos e noventa e cinco, aqui na Matriz de Nossa
Senhora da Apresentação, com Francisca Viterbina Gomes Carneiro, filha de João
Viterbino Gomes Carneiro e Maria Florentina Carneiro de Mello, perante as
testemunhas Nicoalu Bigois e Luis Ferreira França.
Esses Carneiros são velhos conhecidos nossos. João Viterbino
e Maria Florentina casaram em 1871, com dispensa de consanguinidade, ele filho
de Manoel Gomes Carneiro e Francisca Xavier de Miranda Henriques, e ela filha
de João Gomes Carneiro de Melo e Anna Joaquina Teixeira de Souza, que viveram
um tempo em São Gonçalo e, depois, foram para Cacimbas do Viana. Francisca
Bela, uma irmã de Maria Florentina, foi batizada em Macau, em 1848, e casou na
Fazenda Conceição, em 1864, com meu tio-bisavô Cosme Teixeira Xavier de
Carvalho. Maria Leocádia, outra irmã de Maria Florentina, casou em Angicos, em
1861, com José Odorico da Costa Ferreira, filho de Antonio Martins Wladislau da
Costa e Antonia Teixeira de Sousa.
Em outro artigo já discutimos que João Gomes Carneiro de
Melo descendia do lisboeta João Gomes Carneiro e de dona Anna Ferreira de
Miranda.
Você que é Cordeiro ou Carneiro pode descender desses
portugueses. Você já encontrou seus passos no passado?
Meu nobre Amigo e Confrade João Felipe. Bom dia.
ResponderExcluirComo pesquisador da nossa genealogia potiguar, suscitou-me interesse em informá-lo de que em Apodi existe uma vetusta e vasta família conhecida popularmente como "OS ELIZIÁRIO", cujo patriarca ELIZIÁRIO ANTONIO CORDEIRO nasceu na Ribeira do Panema (Que acredito seja hoje do município do Assu-RN) no ano de 1835, cujo óbito deu-se no sítio "Córrego" (Apodi) a 15.11.1890, filho legítimo de João Batista de Macedo (do Assu) e de Leonor Maria da Conceição, que é a mesma Leonor Felícia Batista Perpétua, filha do vetusto casal radicado em Apodi Manoel Pereira do Canto e Cipriano de Jesus Barrêto (Falecida no seu sítio "do Mina" a 09.11.1833, e Inventariada em Apodi no ano de 1833, em cujo documento oficial consta um testamento em que a mesma afirma ser filha de João Pereira da Costa e Vicência Maria, e que era natural da Freguesia das Várzeas do Apodi.
Eliziário era casado com MARIA JOAQUINA DA PENHA, que faleceu no sítio "Córrego" (Apodi) a 27.04.1916 aos 86 anos de idade, filha de Manoel da Silva Pereira e Joana Caé das Dores. DEixou uma vasta prole de 15 filhos, cuja descendência posso lhe enviar via E-mail para quem interessar possa. Faço-lhe uma indagação: Qual a explicação quanto ao liame genealógico desse Eliziário radicado em Apodi,repetindo o nome do Eliziário oriundo de Portugal ? já que o pai era da vetusta família CABRAL do Assu e a mãe era Apodiense ?. Solicito aos lídimos amigos pesquisadores da genealogia potiguar que, se puderem me forneçam subsídios para descobrir o liame genealógico em epígrafe.
Meu amigo Marcos Pinto
ExcluirAnteriormente, você já tinha me informado sobre esse Eliziário. Até agora, não encontrei nenhuma relação dele com o português. Nenhum dos pais dele parece ter alguma coisa a ver com o da Ilha de Manoel Gonçalves. Somente, se conhecermos os mais ascendentes poderia surgir uma luz.
Talvez esse nome Eliziário venha se repetindo na família e um dos ascendentes seja parente do português.
Sou bisneto do capitão Manoel Batista Cordeiro e Libania Cordeiro,procuro parentes.
ResponderExcluirMorto na guerra dos Canudos.
ExcluirRedigindo,sou bisneto do capitão Manoel Batista Cordeiro,morto na guerra dos Canudos e Libania Cordeiro,procuro parentes.
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