João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
O fato de José Varella de Sousa Barca, filho de Manoel
Varella Barca Junior, e neto do capitão Manoel Varella Barca, estar preso na
cadeia de Natal, na época do inventário, em 1850, me deixou intrigado e fui
investigar. Na internet descubro que na
Câmara alta, no ano de 1864, José Castelo Branco de Moreira Brandão e Amaro Carneiro
Bezerra Cavalcanti, protagonizaram um intenso duelo verbal, por várias sessões
consecutivas, onde o presidente da província, Olyntho Meira, estava na
berlinda.
Amaro reclamava que Olynto tinha demitido o delegado de
polícia de São Gonçalo, um cidadão prestante e honrado, o tenente-coronel José
Varella de Sousa Barca, e nomeado para o seu lugar um homem que já tinha sido
processado pelo fato de ter tentado roubar a urna em uma eleição. Esse novo
delegado era cunhado de Moreira Brandão. Lembro, ainda, que Moreira Brandão era
genro de Estevão José Barbosa de Moura, mencionado no artigo anterior.
Na sua resposta, Moreira Brandão disse que o Sr. José
Varella foi por vezes processado, sendo um por crime de homicídio, e que seu
processo achava--se munido de provas, embora ele depois conseguisse livrar-se.
Já Bezerra Cavalcanti contestou as informações de Moreira Brandão dizendo que
tudo que se imputava ao tenente-coronel José Varella tinha sido armado pelos
seus adversários, semelhante ao que já tinha ocorrido com ele.
José Varella de Sousa Barca era casado com Dona Antonia da
Rocha Bezerra Cavalcanti. Não localizei filhos desse casal. Aparecem nos
registros de batismos de São Gonçalo como padrinhos.
Sobre Manoel Varella de Souza Barca, a única informação que
encontrei foi uma nomeação para exercer uma cadeira em Santana do Mattos, em 1894.
Luzia, que aparece como esposa do tenente João Gomes Freire,
era na verdade Luzia de Jesus Xavier. O tenente João Gomes Freire era filho de
Thedósio Freire de Amorim e de Dona Sebastiana Dantas Xavier, irmã de Thereza
de Jesus Xavier, esposa de Manoel Varella Barca Junior. Portanto, Luzia e João
Gomes eram primos legítimos. Essas utinguenses são descendentes dos mártires de
Uruassú, Antonio Vilela Cid e Estevão Machado de Miranda. Sebastiana foi
batizada na capela de Jundiaí, em 22 de abril de 1781, sendo um dos padrinhos o
Padre Lourenço Gomes Freire, tio do seu futuro esposo. João Gomes Freire era
irmão de Theodósio Freire de Amorim Junior e Anna Freire de Amorim. Anna nasceu
em 1808, na Utinga, tendo como padrinhos os avós maternos Francisco Xavier de
Sousa Junior e Bernarda Dantas.
Na capela de Nossa Senhora do Socorro de Utinga, encontrei,
na base de uma das paredes, uma placa confeccionada pela esposa de João Gomes
Freire, referente ao seu jazigo, onde estão escritas as datas de nascimento,
casamento e falecimento dele. A data de nascimento foi 23 de dezembro de 1811
(Segundo Cascudo, 1813, o último algarismo não é fácil de ler). Seu casamento
foi em fevereiro de 1837 e seu falecimento, em 20 de outubro de 1877. Essas
datas não pude conferir, pois não encontrei nenhum desses registros. Faltam
páginas de alguns livros, e outros registros são de difícil leitura. Encontro o
casal João Gomes Freire e Luzia de Jesus Xavier como padrinhos em vários
batismos, mas não encontrei nenhum registro de filhos.
João Gomes Freire, vice-presidente da província, exerceu o
cargo de presidente por poucos dias, de 15 junho a 1 de julho de 1872.
Encontro, também na internet, que Maria Senhorinha Varella
Barca, viúva, de Antonio Barbalho Bezerra Junior, e mãe do alferes do 1º Corpo
de Voluntários da Pátria da Província do Rio Grande do Norte, Manoel Barbalho
Bezerra, morto em campanha, recebeu uma pensão mensal, a partir de 1867, do
Império.
Placa do Jazigo do capitão João Gomes Freire |
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Boa noite João Felipe. Desculpe por estar comentando este artigo com algum atraso. Buscando informações sobre possíveis ligações da minha família com os sobreviventes de Uruaçu, revi este interessante artigo que cita o coronel José Varella de Souza Barca.
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de esclarecer que Manoel Varella de Souza Barca (citado no texto) acredito que não seja o irmão do coronel. Penso que seja o seu filho Manoel Varella Sobrinho, ten., que adotou em 1886 o nome do tio.
Manoel Varella de Souza Barca (o tio) sofreu de catarata por 25 anos e foi operado por volta de 1889, ficando totalmente curado.
Acredito, portanto, que o Manoel citado e que ocupou uma cadeira em Santana do Mattos seja o sobrinho.
No meu site você encontra mais detalhes sobre os dois, inclusive os filhos do coronel, levando em consideração a data deste artigo. Grande abraço.
Caro Mário
ResponderExcluirEstou escrevendo, pacientemente, um livro sobre as famílias de Utinga, a partir de um manuscrito do descendente Manoel Maurício,do ano de 1840. Talvez, encontre mais informações sobres os filhos de Manoel Varela Barca Junior.
Bem, esse me interessa muito. Há alguns meses, finalmente, descobri o nome do meu trisavô materno, Joaquim Tavares Guerreiro, mas quando a gente pensa: "agora estou satisfeito", mais dúvidas surgem. Este Joaquim não estava no meu "cadastro", e parece que veio lá de Cearamirim. Aguardo pelo livro.
ExcluirDesde a semana passada venho seguindo uma pista, depois de ler uns artigos seus sobre Utinga. Decidi testar as informações e acabei chegando aos mártires de Uruaçu. Neste fim de semana vou confirmar as descobertas, embora já tenha lançado no Myheritage, onde fica mais fácil montar as coneccões.
Veja Relatório de Parentesco:
https://www.myheritage.com.br/FP/relationships.php?s=78358583&source=1500588&target=1000119&details=2
José Varella de Sousa Barca é meu tetravô, casado com Antônia Narcisa Bezerra Cavalcante, minha tetravô, o filho dos dois, meu trisavô Luiz Varella Cavalcante Barca, que foi casou com minha trisavó Judith Bezerra Cavalcante, do fruto dessa união surgiu meu bisavô José Varela Cavalcante Barca, que por sua vez trouxe ao mundo meu avô José Anchieta Varela, que teve meu pai Josimar de Souza Varela, e eu sou Karlos Victor Costa Silva Varela (Barca).
ResponderExcluirJosé Varela de Souza Barca faleceu a cerca de 124 nos. Foi prefeito de São Gonçalo em 1897. No meio do século XIX, chegou a ser preso acusado de assassinato. Era Coronel da Guarda Nacional e casou com a irmã do General Antônio da Rocha Bezerra Cavalcanti, cuja família era uma das mais influentes do Nordeste brasireiro.
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