segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Domingos João Campos, tetravô de João Café Filho (I)



João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG

Um amigo, colega da UFRN, Domingos Fernandes Campos, foi quem me revelou que seu irmão, João Bosco Campos, escreveu um livro, ainda inédito, cujo titulo é Alferes Domingos João Campos, Senhor do Engenho Jundiahi, História e Genealogia. Estimulei a publicação do livro, mas até agora não foi possível. Por isso, resolvi fazer esse artigo com base nas minhas informações e nas contidas na palestra de João Bosco, quando tomou posse no IHGRN, em 29 de março 1989, ano em que João Café Filho completaria 90 anos de idade, se vivo fosse.
O registro de casamento do português Domingos João Campos é de difícil leitura, mas que completaremos com outros registros. Ele casou com Rosa Maria de Mendonça, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, em 24 de novembro de 1745. Foram testemunhas o capitão-mor da capitania do Rio Grande, Francisco Xavier de Miranda Henriques, e o Provedor-mor da Fazenda Real, Ignácio de Sousa Rocha Branco. Vejamos um registro de batismo de um filho de Domingos, que contém informações mais completas.
Bernardo, filho do Alferes Domingos João Campos, natural da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Campo, Bispado de Viseu, e de Dona Rosa Maria de Mendonça, natural desta Freguesia, exposta em casa do sargento-mor Hilário de Crasto Rocha, neto por parte paterna de Phelippe Francisco e Izabel Fernandes, naturais da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Campo, Bispado de Viseu, nasceu aos vinte e oito de dezembro de mil setecentos e sessenta e cinco e foi batizado, com os santos óleos, de licença minha, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, aos treze de janeiro de mil setecentos e sessenta e seis, pelo Reverendo Padre Miguel Pinheiro Teixeira. Foram padrinhos Manoel Álvares Correa, filho do sargento-mor Rodrigo Álvares Correa, e Bernarda de Araújo Correa, mulher do dito Rodrigo Álvares Correa, do que fiz este termo, em que por verdade me assino. Pantaleão da Costa de Araújo. Vigário do Rio Grande.
Entre outros filhos de Domingos e Rosa, encontramos: Lourenço Fernandes Campos, que foi batizado em 6/03/1762; Joaquim Fernandes Campos, nascido em 12/1770 e batizado em 22/12/1770, tendo como padrinhos os irmãos tenente Manoel Fernandes Campos (batizado em 31/07/1749) e Anna Quitéria de Mendonça; Antonio Fernandes Campos, batizado em 1/10/1754; Francisco, batizado em 22/03/1757, que pode ser o Francisco de Borjas que casou, em 22/05/1801, com a preta forra, Bonifácia Maria, filha de José Ferreira e Anastácia da Conceição; João, batizado em 23/07/1759; José Fernandes Campos, que casou com Anna Antonia da Conceição, filha do capitão de infantaria Manoel da Silva Vieira e D. Anna Rita de Jesus; uma menina que faleceu em 15/071769, no mesmo dia que nasceu; Além de Maria, exposta, em 1784, na casa de Domingos João e Rosa.
Um registro que merece destaque é de um filho de Anna Quitéria. Manoel nasceu aos 5/7/1783, e foi batizado em Jundiaí, aos 16/9/1783, filho do capitão João Martins Praça e Anna Quitéria de Mendonça, neto por parte paterna de Antonio Martins Praça, da Villa de Penixe, Patriarcado de Lisboa e Maria Antonia das Neves, desta Freguesia, neto por parte materna de Domingos João Campos, natural de Viseu, e de Rosa Maria de Mendonça, desta. Teve como padrinhos José Vicente Monteiro, da cidade da Paraíba, e Maria Angélica, filha do Coronel Francisco da Costa, solteira.
Outro registro, interessante, é de uma filha do Manoel Fernandes Campos. Maria, filha de Manoel Fernandes Campos e Dona Antonia Maria de Mendonça, foi batizada aos 29 de dezembro de 1767 e teve como padrinhos o Alferes Domingos João Campos e sua filha Anna Quitéria. Antonia Maria de Mendonça, da mesma forma que a mãe de Manoel, foi exposta na casa de Dona Maria Magdalena de Mendonça (esposa de Hilário de Crasto). Era, portanto, em certo sentido,  tia de Manoel.
O tenente Manoel Fernandes Campos teve uma filha natural com Damásia Rodrigues da Silveira, que casou em Jundiaí, com Eugenio Ferreira de Lima, filho natural de Matheus Rodrigues Ferreira e Anna de Nis.
Uma filha de José Fernandes Campos e Anna Antonia da Conceição, de nome Anna Clara de Jesus, casou em 9/07/1789, com Francisco Xavier Câmara, filho do capitão Antonio da Câmara Silva e Anna Maria Torres, tendo como testemunhas, o Provedor da Fazenda Real Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim e Domingos Barbosa Correa. Francisco Xavier da Câmara era neto, pela parte paterna de Manoel Raposo da Câmara e Antonia da Sylva, e pela materna de Manoel Frazão Caldeira e Francisca Joaquina de Sá.
Uma das principais atividades do Alferes Domingos João Campos foi de demarcador de terras. Encontramos várias provisões desse ofício para ele. Foi vereador várias vezes, e em uma delas, como o mais velho, ocupou, temporariamente, o governo do Rio Grande.
No próximo artigo daremos continuidade com informações colhidas pelo pesquisador da família, João Bosco Campos, que nos levará até João Café Filho, a partir do tenente Manoel Fernandes Campos. Cópia da palestra com essas informações foi nos enviada por Domingos Fernandes Campos, pois a que tinha no IHGRN não foi encontrada, nem está publicada em Revista do próprio Instituto.

5 comentários:

  1. Meu caro Prefessor João Felipe,

    Que evento seria esse em que se vê o Ex-Presidente João Café Filho, canguleiro da gema,acompanhado de outras autoridades?

    Abraços.

    Francisco Gomes

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  2. Prezado FRANCISCO GOMES, mesmo a pergunta não ter sido formulada à minha pessoa, vos informo que esse evento fúnebre tem como referencial o sepultamento do então Presidente Getúlio Vargas (Suicidou-se a 24 de Agosto de 1954),cuja vacância levou o Café Filho a assumir a Presidência da República, posto que fora eleito Vice-Presidente do Getúlio.

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    1. Prof. Marcos Pinto:

      Gratíssimo pelas informações sobre a presença do Vice-Presidente Café Filho no sepultamento do Presidente Getúlio Vargas, no Rio.

      Inicialmente,pensei que se tratasse de algum sepultamento corrido, na década de 1950, em Natal.

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  3. Obrigado Marcos pela resposta
    Gostaria só de acrescentar que João Bosco Campos, nasceu em 04/06/1949. Era filho de Boaventura Fernandes Campos e Anália Silva Campos. Foi casado com Esmeralda Maria Pereira Viana Campos. Deixou o trabalho ainda inédito - Domingos João Campos, Senhor do Engenho Jundiahi, História e Genealogia- e estava em elaboração História do Senado da Câmara da Cidade do Natal e seus Camaristas.

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  4. gostaria de acrescentar que essa incrível foto do cortejo funerário de Getúlio Vargas, além de ter o Café Filho à direita do caixão, tem Carlos Luz, futuro golpista contra a posse de Juscelino Kubitscheck à esquerda... Se Getúlio não estivesse morto, teria revirado várias vêzes dentro do caixão, com a presença de tais 'amigos-da-onça' liderando o caminho de sua tumba.

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