João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Vicente Avelino não se conformou só com a carta que publicou no Brado Conservador, que vimos no artigo anterior. Mais dois documentos foram publicados. Vejamos, inicialmente, a petição que fez ao vigário e às pessoas gradas da Vila de Angicos.
Aos Ilustríssimos Senhores e Reverendo Vigário e mais pessoas gradas desta Vila. Vicente Maria da Costa Avelino, a bem de sua reputação precisa, que VV. SS. lhe atestem ao pé desta o que com verdade souber sobre o seguinte: Primeiro, se em dia em que aqui chegaram uns autos de questão cível, da cidade de Macau, entre partes como autores Francisco do Rego Borges e sua mulher, por seu procurador, Francisco das Chagas de Azevedo Souza, e réus Roberto Barbosa da Cruz, sua mulher e sua cunhada Anna Barbosa da Cruz, por seu procurador o suplicante, este saiu pelas ruas gritando que não temia mais perder questão enquanto estivessem na referida cidade de Macau, o meritíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito Morato, o digno escrivão da mesa capitão João Avelino; segundo, finalmente, se naquele dia ou em outro qualquer, ouviram o suplicante dizer, que nunca pensou ganhar tal questão, que a considerava perdida. Pela verdade do quanto se passou e se tem passado o suplicante pede a VV. SS. que se dignem atestar o que com relação ao exposto souberem por – Justiça. Vicente Maria da Costa Avelino, Vila de Angicos, 29 de maio de 1877.
No mesmo jornal é publicado, na sequência, atestado assinado pelo Vigário Felis Alves de Sousa e mais treze pessoas da Vila de Angicos. Vejamos o atestado e as pessoas com suas respectivas posições, naquela Vila.
Nós abaixo assinados atestamos e juramos se necessário for, quanto ao primeiro quesito, que é uma calúnia irrogada ao peticionário, pois que nunca ouvimos este e nem alguém dizer que ele dissesse, que isso assim se passasse; quanto ao segundo, finalmente, atestamos negativamente, firmando apenas que por vezes ouvimos o peticionário dizer que toda questão era duvidosa, mas que a vista do direito que assistia a seus constituintes, não supunha perder dita questão.
Vigário, Felis Alves de Sousa; Florêncio Octaviano da Costa Ferreira, presidente da Câmara; Trajano Xavier da Costa, delegado de polícia; Eliseu Amâncio Brasiliano da Costa, capm. de 1ª Companhia; José Martins Pedrosa da Costa, capm. da 3ª Companhia; José Vitaliano Teixeira de Sousa, coletor; José Paulino Teixeira de Sousa, professor público; José Bezerra Xavier da Costa, subdelegado de polícia; a rogo do tenente-coronel João de Deus Gonçalves, por estar cego, Joaquim Firmino de Deus Gonçalves; Alexandre Francisco Pereira Pinto, 1º suplente de Juiz Municipal; José Bezerra da Silva Grillo, 1º Juiz de Paz; negociante, Cassiano Maria da Costa Ferreira; negociante, Manoel Fernandes da Rocha Bezerra; negociante, João Luiz Teixeira Rôla; Taurino Tibúrcio da Costa Ferreira, tenente da Guarda Nacional; Antonio Francisco da Costa Machado, negociante; proprietário, José Conrado de Sousa Nunes; Francisco Xavier Torres Filho, alferes da Guarda Nacional; José Teixeira de Sousa, proprietário; José Gorgonio de Deus Gonçalves, negociante; Joaquim Firmino de Deus Gonçalves, proprietário; Francisco Alexandre Pereira Pinto, proprietário; Francisco Martins Ferreira, tenente-cirurgião da Guarda Nacional. Reconheço as firmas retro e supra serem as próprias dos signatários deste atestado, por ter delas inteiro conhecimento, do que dou fé. Vila de Angicos, 30 de maio de 1877. Em fé de verdade A. H. A o Tabelião Público de Paz. Antonio Honório d'Azevedo. Estava selado com a verba de 400 réis.
Essas pessoas acima, na sua maioria, tinham relação de parentesco umas com as outras ou por sanguinidade ou por afinidade. Como exemplos citamos: Florencio Octaviano era pai de Cassiano e de Taurino, e outro filho dele, de nome Francisco da Costa Ferreira, era casado com Valeriana, filha de João Luiz Teixeira Rola; José Paulino era filho de José Vitaliano; Joaquim Firmino e José Gorgonio eram filhos de João de Deus Gonçalves. Manoel Fernandes e José Grilo eram irmãos, filhos de Agostinho Barbosa da Silva; o tenente-cirurgião era meu bisavô; Alexandre Francisco (capitão Antas) era irmão de Francisco Alexandre, sendo que o primeiro foi casado, em segundas núpcias, com Maria Batista Xavier da Trindade, sobrinha do meu bisavô João Felippe; Antonio Francisco da Costa Machado, meu tio bisavô, era cunhado de João Felippe; Francisco Xavier Torres Filho era meu tio bisavô, além de cunhado de Manoel Fernandes; José Bezerra Xavier da Costa era meu tio trisavô; o padre Felis era tio avô do capitão José da Penha.
Por fim, Vicente Maria da Costa Avelino era filho do meu trisavô Alexandre Avelino da Costa Martins e foi casado com Anna Bezerra da Natividade, filha do professor Matheus da Rocha Bezerra, este irmão de Agostinho Barbosa da Silva, citado acima.
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