segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Padre revolucionário e os Montenegros de Assú (II)

O Padre revolucionário e os Montenegros de Assú (II)
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do INRG e do IHGRN
        No artigo anterior vimos que Domingos de Mello Montenegro, filho de Manuel de Mello Montenegro e Genebra Francisca de Vasconcelos Pessoa, se casou em 1824, no Assú, com a idade de 46 anos, sendo ele natural de Tejucupapo, Pernambuco. Daí concluímos, pelas informações do Pe. Sadoc,  que Domingos era irmão do Padre João Ribeiro Pessoa de Mello Montenegro e que nasceu por volta de 1778. Portanto, ele era mais velho do que seus irmãos sobralenses. Mais ainda, essa informação confirma que os pais do padre revolucionário só podem ter ido para Sobral depois do ano de 1778 e, por isso, o Padre João Ribeiro deve ter nascido em Tracunháem como dizem os mais diversos autores. Outro detalhe é que o intervalo entre a data do nascimento do Padre e a de Domingos é de 12 anos, e, portanto, Manuel e Genebra devem ter tido outros filhos nesse período. 
 
        Uma das testemunhas do casamento de Domingos foi Mathias Antonio de Oliveira Cabral, na época solteiro. Ele se casou em 17 de novembro de 1827, no Assú, com D. Maria Umbelina Montenegro, 22 anos, natural de Goianinha, filha de Manuel de Mello Montenegro Pessoa, já falecido e D. Ângela Garcia de Araújo Freire. Quem era esse Manuel de Mello Montenegro? É provável que seja Manuel nascido em 1780, em Sobral, irmão de Domingos e do Padre João Ribeiro. Como D. Maria Umbelina nasceu em Goianinha, vemos que tanto Domingos como seu irmão Manuel moraram nessa cidade antes de ir para Assú. Outro fato interessante é que D. Ângela foi madrinha, em 1835, de Ovídio, filho de outro Manuel de Mello Montenegro Pessoa e de Maria Beatriz Paz Barreto. É possível que o genro de Manuel Varella Barca seja filho, portanto, de Manuel de Mello Montenegro e D. Ângela Garcia, e por consequência sobrinho do Padre revolucionário.
 
        P.S Depois deste artigo, anos depois, precisamente, em 2021, encontro a confirmação da filiação de Manoel de Melo Montenegro Pessoa - Nos registros civis dos óbitos de Ceará-Mirim, segundo declarou o tenente-coronel Tomaz José de Sena,  seu sogro, o coronel Manoel de Melo Montenegro, Pessoa, viúvo de 82 anos, faleceu aos 12 de outubro de 1889, sendo filho legítimo de Manoel de Melo Montenegro Pessoa e Ângela Garcia Freire, naturais da Paraíba. Assim, era irmão de Dona Maria Umbelina Montenegro, mulher de Mathias Antônio de Oliveira Cabral.


          Em 16 de agosto de 1846, no Assú, foi batizada Catarina, filha de João Ribeiro Pessoa e Maria Romualda Cavalcante, e teve como padrinhos o Major Mathias Antonio de Oliveira Cabral e sua mulher D. Maria Hermelinda Albuquerque Montenegro. Dona Maria Umbelina Montenegro deve ter falecido, e, portanto, Mathias casou novamente. É provável que essa segunda esposa fosse irmã da primeira. No batismo de Manoel, outro filho de Manoel de Mello Montenegro Pessoa, e Maria Beatriz Paz Barreto, uma das madrinhas foi Maria Hermelinda de Albuquerque, pelas minhas suspeitas, tia do batizado. Nas minhas suspeitas,  Manuel de Melo Montenegro Pessoa,  Maria Umbelina e Maria Hermelinda deviam ser irmãos, filhos todos de Manuel e Ângela, citados acima.
 
        Outro detalhe da vida dos Montenegros vem de um artigo de Vinicius Barros Leal, intitulado O Padre João Ribeiro e o Ceará. Nesse artigo ele noticia a existência de dois filhos do Padre, a saber: Hermano e Filadélfia que no ano de 1831 tinham respectivamente 26 e 21 anos, moravam em lugares separados, o primeiro em Pernambuco e ela, Filadélfia, no Ceará, na companhia de seu tio, o Padre Francisco Urbano Pessoa Montenegro, vigário de Uruburetama. A admiração do Padre João Ribeiro por George Washington o fez por o nome de Filadélfia na filha.
 
        Segundo Vinicius, Filadélfia, em 4 de novembro de 1834, se casou com o baturiteense José Fidélis Moreira Lima, filho de Antonio Moreira Barros e Josefa de Abreu e Lima. No registro do casamento a noiva é dada como nascida no Rio Grande do Norte, e filha natural de Leocádia Cândida Torres. Diz ainda Vinícius que noutro local, precisando melhor o lugar de seu nascimento, o Assú, a sua mãe figura com o nome de Teresa Joaquina Ribeiro. Entre os filhos nascido do casal cita: José, a 1º de abril de 1838; Hermano, a 12 de abril de 1841; João, em setembro de 1842; Tito, a 8 de dezembro de 1843; Francisco Urbano e Maria Hermelinda, que casou com Antonio Joaquim de Melo e foram os pais de José Artur Montenegro, nascido a 29 de fevereiro de 1864 e falecido a 3 de abril de 1901.
 
        Filadélfia homenageou o irmão, Hermano, batizando um dos filhos com esse nome. Da mesma forma homenageou o tio, Padre Francisco Urbano Pessoa Montenegro, outro irmão do Padre João Ribeiro, que não localizei onde nasceu. É oportuno lembrar que havia no Assú um Padre com o nome de Francisco Urbano de Albuquerque Montenegro, que suspeito ser da mesma família do Padre João Ribeiro. Esse Padre Francisco Urbano foi quem celebrou, em 1843, o último batismo que encontrei na Ilha de Manoel Gonçalves. Esse sobrenome Albuquerque que aparece na família vem de Dona Brites Albuquerque, uma ascendente dos Montenegros.
 
        Os Montenegros têm ainda um entrelaçamento com a família Raposo da Câmara. Encontramos que o capitão Cândido Soares Raposo da Câmara era casado com Dona Genebra Philadélfia de Vasconcelos, em outros registros os sobrenomes Montenegro Câmara, Oliveira Câmara, e Cabral de Oliveira Câmara. Toda essa variação de sobrenomes, de Dona Genebra, me faz crer, que ela era uma das filhas de Mathias Antonio Cabral de Macedo e Maria Hermelinda de Albuquerque Montenegro. Foi uma homenagem tanto a mãe, como a filha do Padre. Outros filhos de Mathias e Hermelinda encontrados: Edwiges Emília de Oliveira Cabral, Cassiano Cabral de Oliveira Montenegro e Leocádia Leopoldina de Oliveira Montenegro. Está faltando um livro que trate das famílias do velho Assú. A região merece.


2 comentários:

  1. Parabéns por mais esse artigo!! Estou viciada em ler seus artigos... alguns já li várias vezes, e a cada leitura descubro uma nova informação. Acho simplemente fantástico essas descobertas do passado. Desde que descobri meus antepassados pelo nome do meu bisavô, Delfino Alves Martins, através de um dos seus artigos, fico a procura de novos nomes e deixo de ler outras mensagens mais os seus artigos são os primeiros.

    Quanto ao nome do Aeroporto estou torcendo por "Aeroporto 7 de Agosto", data que marca a história do descobrimento do Brasil e também a história do Rio Grande do Norte.

    Um feliz Natal e um Ano Novo cheio de novas descobertas.
    Noélia

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  2. Amei saber isto !
    Quero saber a origem ,de qual país eles vieram ?

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