João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Na caixa de entrada de e-mail, verifiquei que as mensagens enviadas para Bartola estavam voltando. Nos detalhes a mensagem de quota excedida. Quando isso aconteceu em ano anterior era pelo fato dele está internado. Fiquei preocupado. Na quinta-feira, quando da palestra de Genealogia de Clotilde Tavares, Ormuz me informava que recebeu notícia de Verônica dando conta que nosso amigo estava na UTI.
Na sexta-feira, fomos Graça e eu fazer uma visita. A situação dele era irreversível.
Conheci José Bartolomeu Correia de Melo no Colégio Marista. Depois soube dos meus familiares que ele ainda era nosso parente através da mãe, Dona Gracilde. Fui para o Atheneu, o tempo foi passando e voltamos a nos encontrar na Universidade, ele no Departamento de Química e eu no Departamento de Matemática. Convivemos sem conversar sobre o nosso parentesco até a data em que comecei a fazer minhas pesquisas genealógicas, depois que saí da Universidade.
Sentamos várias vezes para descobrir como se dava esse parentesco. Começamos pelos parentes comuns. E, como em muitos casos, lá estavam o Capitão J. da Penha, Dr. Téodulo Avelino e o Senador Georgino. Embora esse trio se repetisse, entre muitos com quem conversei, ninguém sabia como se dava esse parentesco. Duas pistas Bartola me deu: sua avó se chamava Claudiana e a bisavó Conceição. Claudiana era um nome que se repetia na família dos Avelino: era o nome da esposa do cadete José Avelino, e também da avó dessa última, a esposa de Antonio Barbosa, ambas Claudiana Francisca Bezerra. Desconfio que esse Bezerra que apareceu na nossa família venha dos Rocha Bezerra.
Depois que descobri os nomes dos irmãos do meu bisavô Francisco Avelino da Costa Bezerra, comecei a descer, a partir deles, em busca dos elos com os parentes contemporâneos.
Pois bem, Maria da Conceição da Costa Bezerra, irmã de meu bisavô, mãe de Claudiana e bisavó de Bartola, nasceu em 17/01/1862, filha de Alexandre Avelino da Costa Martins e sua esposa Anna Francisca Bezerra, neta paterna de Vicente Ferreira da Costa e Mello do O’ e Joaquina Maria do Rosário, e materna do tenente-coronel Antonio Francisco Bezerra da Costa e Dona Agostinha Monteiro de Sousa.
Maria da Conceição casou, em 17/01/1882, lá no Sítio Carapebas, com dispensa de consanguinidade, com Antonio Machado Alves Bezerra, filho de Vicente Machado de Aquilar Bezerra e Ignácia Francisca Bezerra.
Claudiana, avó de Bartola, nasceu em 25/02/1884, e foi batizada no Sítio Curral dos Padres, em 13/04/1884, tendo como padrinhos os avós, de cada lado, Vicente Machado de Aquilar Bezerra e Anna Francisca Bezerra. Francisco Alves Machado, pai de Monsenhor Lucilo Machado, era irmão de Claudiana.
Bartola faleceu sábado, 18 de Junho de 2011. Estive no seu velório. Lá conversei um tempo com o irmão de Bartola, Paulo de Tarso Correa de Mello, sobre nossos parentes. Disse Paulo que quando nasceu a família queria acrescentar, ao seu nome, os sobrenomes Aquilar e Viégas, o que não prevaleceu.
Dona Claudiana, avó de Bartola, era casada com João Evangelista de Oliveira Correia, filho do português Lourenço José de Oliveira Correa e Dona Maria José Pinto. João e Claudiana geraram Gracilde Correa de Melo que era casada com João José de Melo. Desse último casal nasceram José Bartolomeu, Paulo de Tarso e Geraldo José Correia de Melo. Bartola era casada com Verônica Marques Correa de Melo, sua colega do Departamento de Química da UFRN. São filhos deles Anna Cláudia Marques Correia de Melo Mendes de Sousa, Brenno Luiz Marques Correia de Melo e Ruthe Helenna Marques de Melo Nunes Gurgel. Desses filhos já tinham 5 netos.
Ainda, segundo José Bartolomeu, comentando artigo sobre Utinga, Dona Idalina Jacinta Emerenciano, irmã de José Ildefonso Emerenciano, era sua bisavó. Esse parentesco deveria ser através do seu pai João José de Melo. Nesse mesmo comentário, escreveu:
“Uma reforma ortográfica ocorrida nos anos trinta (34 ou 37?) fez com que alguns tabeliães, por excesso de zelo reformista, modificassem até nomes e sobrenomes, passando a grafar CORREIA ao invés de CORRÊA, o mesmo acontecendo com MELO em vez de MELLO. (Essa mudança, aqui-acolá, já ocorria, por via contrária dos tabeliães analfabetos). Assim, segundo as certidões de nascimento (de antes da dita reforma), meu pai era Mello e minha mãe Corrêa. Eu, nascido depois, já neto-pobre, me chamei Bartolomeu e não Bartholomeu; por isso, sempre brinco, dizendo que Corrêa de Mello é nome nobre e Correia de Melo nome de pobre. Bartola.”
Quando escrevi meu livro, Servatis ex more servandis, Bartola fez a primeira ordenação em capítulos, e me encaminhou para a Editora da UFRN, onde não foi possível editar o livro por questão de tempo.
Bartola partiu em pleno auge de sua produção literária. Um grande escritor!
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