domingo, 20 de fevereiro de 2011

Os habitantes da Ilha de Manoel Gonçalves (III)


Os Habitantes da Ilha de Manoel Gonçalves (III)
Não sei até onde o mar tinha avançado, em 1841. Com certeza alguns moradores ainda tinham atividades naquela Ilha de Manoel Gonçalves, pois, naquele ano, foram realizados dois batismos. Foram os últimos registros que encontrei.
Vale registrar, aqui, o falecimento de um Frade que fez batismos na Ilha, o Reverendo Frei Antonio de Jesus Maria Lobo.
“Aos 23 de Agosto de 1846, foi sepultado, na Capela de N. Senhora da Conceição de Macau, o Reverendo Frei Antonio de Jesus de Maria, da Religião Franciscana, branco, com idade de 50 anos, sendo envolto em seu próprio hábito, e encomendado pelo Reverendo Manoel Januário Bezerra Cavalcanti, do que para constar mandei fazer este assento, em que assigno. Felis Alves de Sousa. Vigário Colado de Angicos.”
Frei Antonio de Jesus de Maria batizou na Ilha de Manoel Gonçalves, do meu conhecimento, as seguintes crianças:
Joaquim, filho de Elisiário Antonio Cordeiro e Antonia Silvéria de Oliveira, em 24/9/1832; Justina de Manoel Francisco Monteiro e Ursula Maria das Virgens, em 30/12/1832; Manoel, de Francisco Vieira e Mello e Anna Maria dos Prazeres, em 24/2/1833; Silvéria, de Antonio Francisco Pereira e Ritta Maria da Conceição, em 20/5/1832; Martinha, filha de Antonio José de Deos e Joanna Francisca Bezerra, em 14/7/1833; Luiz, de Manoel Álvares Lessa e Maria Manoella da Costa, em 19/7/1834; e Josefa, filha natural, de José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres, em 18/2/1833.
Em 31/7/1831, há o registro do batismo de Antonio, filho de Francisco Vieira e Mello e Anna Maria dos Prazeres, pelo reverendo Pedro de Tal. Depois, aparecem os seguintes registros, onde o batizante foi o Capellão frei José de Santo Alberto:
Mônica, filha de Daniel Pereira de Brito e Anna Maria da Silva, em 14/6/1835; Maria, filha de Caetano de Lemos da Fonseca e Maria Magdalenna, em 2/6/1835; Joanna, filha de Manoel Thomaz de Araújo e de Maria de Santa Anna, em 4/11/1836; Tertuliano , filho legitimo de Daniel Pereira de Brito e Anna Maria da Silva,em 4/11/1836.
O padre Joaquim José de Santa Annna batizou as seguintes pessoas na ilha: Leonarda, filha de Daniel Pereira de Brito e Anna Maria da Silva, em 18/12/1830; Jesuína, filha de Manoel Joaquim de Medeiros, da ilha de São Miguel, e Francisca de Paula, em 8/12/1830; Luisa, escrava de Carlos José de Sousa, em 7/12/1830
Os últimos registros que consegui, datam de 1841 e os batismos foram realizados pelo Reverendo Manoel Januário Bezerra Cavalcanti.
“Joze filho legitimo de Sabino Alves Pessoa, e Maria Antonia de Jesus, nasceu aos trinta de Abril de mil oitocentos e quarenta e um; foi batizado por mim com os S.S. óleos aos 5 de julho do mesmo ano na Ilha de Manoel Gonçalves. Forão P.P Izaquiel José Bazilio, e Maria Leandra de Farias, do que para constar, fiz este assento, em que me assino. Manoel Januário B. Cavalcanti.”
Felippa, filha legitima de Daniel Pereira de Brito, e Anna Maria da Silva, nasceu aos vinte, e seis de Maio de mil e oitocentos, e quarenta e um; foi batizada a m supra. Foram padrinhos Chistovão de Farias Leite Junior, e Julianna, digo, N.S.”
Daniel Pereira de Brito e Anna Maria da Silva, que aparecem várias vezes, eram naturais de Aracati, Província do Ceará. Felippa faleceu, em 1845.
Os quatro filhos naturais de José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres tiveram vários registros repetidos, com informações diferentes. Há uma folha, no livro de registro, onde todos eles são registrados e reconhecidos como filhos. A única que é batizada na ilha é Josefa. Joaquim, o último deles, teve o seguinte registro que transcrevo pela sua originalidade:
“Joaquim, filho de Delfina Maria dos Prazeres, Casada, e José Martins Ferreira, solteiro, naturais e moradores nesta Freguesia, nascido párvulo aos oito de Abril de mil oito centos e trinta e quatro, foi batizado solenemente no Sítio de Macau, por Frei Antonio de Jesus Maria Lobo, de minha Licença, aos 15 de Maio do dito ano; forão padrinhos Manoel José Fernandes, e Anna Martins Ferreira, do que para constar, mandei fazer este assento que assino. Luiz Teixeira da Fonseca, vigário Interino.”
Em julho de 1835, reaparece José Martins Ferreira, já casado com Josefina Maria Ferreira. Foram padrinhos de Joaquim, filho de Manoel da Rocha Bezerra e Josefa Jacinta Bezerra. Não obtive registro desse casamento. Acredito que o casamento pode ter ocorrido em Recife, pois, Josefina era sobrinha de Bento José da Costa. No registro do primeiro filho legitimo com Josefina, em 1837, a madrinha é a esposa de Bento, Anna Maria Teodora.
O comandante Eugenio de Castro, na obra incentivada por Câmara Cascudo, e intitulada “Ilha de Manuel Gonçalves”, escreveu ao final:
“Si o tempo chegar, - como o gênio de Selma Lageroff soube criar no coração do pequenino Nils Holgersson a certeza de uma cidade de Vineta submersa no Báltico e a ser desencantada – melhor poderá o archeologo tirar de tão inglorioso esquecimento a <Manoel Gonçalves>>, com reconstituir-lhe sua vida, sua geographiapraieiros potiguares, o mystico alvorecer de uma lenda brasileira.”

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