Em primeiro de março de 1601, João Rodrigues Colaço concedia a data de número 15 a João Lostau, natural do Reino de Navarra. Posteriormente, João Lostau recebeu outras datas. Ele morava na Costa Sul do Rio Grande do Norte. Segundo alguns autores uma de suas filhas, Beatriz Lostau Casa Maior, era casada com o holandês Joris Garstman que chefiava o forte dos Reis Magos no período do domínio holandês. Outros autores dizem que Joris ele se casou com uma portuguesa que morava no Engenho Cunhaú. Esse fato não impediu que João Lostau fosse assassinado por Jacob Rabi no massacre de Uruaçu. Outra filha, Maria Lostau Casa Maior, era casada com Manoel Rodrigues Pimentel que juntamente com Estevão Machado de Miranda eram escabinos na época da invasão holandesa..
Após ter percorrido localidades onde moraram vários mártires de Uruaçu, ficou ainda na mente o desejo de conhecer o lugar onde viveu João Lostau. Através dos livros de Olavo de Medeiros Filho, "Aconteceu na Capitania do Rio Grande do Norte", e o de Hélio Galvão, "História da Fortaleza da Barra do Rio Grande", fui me inteirando das possíveis localizações. Na semana que antecedeu o Carnaval, comprei o livro do Professor da UFRN, Valdeci dos Santos Junior, "Os índios Tapuias do Rio Grande do Norte", onde havia fotos da ruínas de Pirangi, e uma indicação vaga de sua localização.
Entrei em contato com Valdeci, através de e-mail, pedindo informações mais detalhadas das ruínas. Recebi a seguinte resposta: "Na verdade as ruínas do Pium (como são mais conhecidas) têm como uma das hipóteses ter sido a provável casa forte de João Lostau. No livro cito essa hipótese que foi defendida pelo saudoso professor Olavo. Mas existem outras hipóteses que são defendidas, inclusive pelo próprio professor Olavo."
Continua Valdeci: "Olha João, é meio complicado, mas vou tentar te ajudar. Para você chegar lá uma das rotas é pegar a BR 101 e após a cidade de Parnamirim, entrar em direção ao Pium (parece que ainda existe uma casa de shows ou rodeios logo na entrada da estrada de acesso ao Pium). Seguir nessa estrada asfaltada e pedir informações de como chegar a um presídio. A estrada que dá acesso ao presídio é de barro. As ruínas estão situadas numa das pequenas entradas a esquerda (de quem vai em direção ao presídio). Você pedindo informações nas proximidades do presídio, realmente, ficará mais fácil de localizar. Infelizmente, uma relíquia histórica desse porte não tem o apoio cultural do poder público para merecer sequer uma sinalização que ajudem os pesquisadores e/ou turistas para visitá-lo. Espero ter te ajudado e não desista, vá em frente. A dificuldade é somente de informação, mas o local lá é tranquilo, de fácil acesso (sem vegetação que dificulte) e quem chega lá logo percebe a importância das ruínas."
Em uma ida até o Pesque Pague pedi informações, como aconselhado por Valdeci, a algumas pessoas que trabalham lá e que moram nas redondezas. O presídio citado é o de Alcaçuz.
No dia seguinte, domingo de carnaval, saímos de Pirangi eu, Vicente Justiniano e Aurino Simplício, em busca das ruínas. Com as indicações de Valdeci e do pessoal do Pesque e Pague foi fácil chegar lá. Por Pium, entre uma ponte e outra, pegamos uma estrada de barro a esquerda e mais adiante outra estrada de barro, também à esquerda, onde só passava um carro e, logo, chegamos às ruínas. Muito mais fácil do que pensávamos. Se houvesse sinalizações como sugere Valdeci, tudo seria mais rápido. O descaso é maior por conta do fato que essa construção foi tombada pelo Estado do Rio Grande do Norte, em 17 de fevereiro de 1990, segundo Valdeci.
Lá na fazenda, onde se localizam as ruínas, nenhuma indicação de tombamento, ninguém para dar uma informação maior. Tiramos várias fotografias daquela construção histórica, independente de que serventia teve a mesma. É uma construção retangular com apenas três divisões. Não lembra uma casa de moradia. Se era para armazenar mercadorias, parecia pequena. O morador daquela fazenda, a uma pergunta nossa, nos informou que pertencia ao Dr. José Arno. Também nos informou que aquelas pedras pretas com que foram construídas, segundo informações que ele ouviu, era juntadas com óleo de Baleia.
Saí satisfeito com o que vi, embora sem nenhuma opinião formada sobre a finalidade daquela obra. Pouco depois da invasão de Cunhaú, se afirma que muitos moradores rumaram para essa Casa Forte, procurando proteção. Não me parece que fosse um local próprio para essa proteção, a menos que houvesse mais coisas ali que foram destruídas. Valdeci dá noticias de algumas pesquisas por lá, mas coisas superficiais. Acredito que aquela obra merece um estudo mais aprofundado.
Todos esses locais que visitei e que foram pontos importantes da nossa História deveriam estar, neste momento, sinalizadas e incluídas nos roteiros turísticos do Rio Grande do Norte.
Turismo não se faz necessariamente com os dentes. Pode ser feito, também, com o dantes.
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