Frei Miguelinho, da Revolução dos Padres
Escreve Tavares de Lira no livro História do Rio Grande do Norte:
"Um dos espíritos mais cultos do seu tempo, Miguelinho era fervoroso adepto das idéias liberais; e para propagá-las, preparando o seu advento, filiou-se às associações secretas que havia no Recife, sendo, pela ascendência natural de sua inteligência, ilustração e virtudes, um dos vultos primaciais dessas associações, em que se conspirava abertamente em favor da Independência. Realizado o movimento revolucionário de 1817, foi o secretário do governo aclamado a 6 de março daquele ano e, como tal, o seu principal colaborador. Foi quem redigiu a proclamação em que o novo governo explicava aos habitantes de Pernambuco as causa da revolução e vantagens que dela adviriam."
Em um termo de arrematação datado de 28 de fevereiro de 1751, na Secretaria de Governo, estavam presentes o Capitão Mor e Governador da Província Joaquim Felis de Lima, o Provedor da Fazenda Real Manoel Teixeira de Moraes, o Almoxarife da Fazenda Real Felis Barbosa Tinoco, o Escrivão da Fazenda Real Francisco Pinheiro Teixeira, e o Secretário de Governo Manoel Pinto de Castro.
Anos mais tarde, precisamente, em 1764, Manoel Pinto de Castro casa com uma filha de Francisco Pinheiro Teixeira, como transcrevemos a seguir:
"Aos vinte e quatro de Janeiro de mil setecentos e sessenta e quatro nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação da Cidade do Rio Grande do Norte dispensados os Nubentes nos banhos pelo Muito Reverendo Senhor Doutor Visitador Manoel Garcia Velho do Amaral para se casarem depois como consta do despacho que fica em meo poder com os mais documentos, que tudo ficam em meu poder para os ajuntar aos meus depois de corridos os banhos de vez, não se descobrindo impedimento algum até a hora de seu recebimento em presença do Muito Reverendo Senhor Doutor Visitador Manoel Garcia Velho do Amaral, e sendo presente por testemunhas, que abaixo assinaram o Capitão Mor desta Capitania Joaquim Felis de Lima, homem casado, e Doutor Provedor da Fazenda Real desta dita Capitania Manoel Teixeira de Moraes homem casado, pessoas de mim reconhecidas, fregueses e moradores desta freguesia, se casaram em face da Igreja Manoel Pinto de Crasto, natural da Freguesia de Sam Veríssimo de Valbon Bispado do Porto, filho legitimo de Francisco Pinto de Crasto e de Isabel Pinto de Almeida, e Francisca Antonia Teixeira natural desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação filha legitima do Tenente Francisco Pinheiro Teixeira, e de Bonifácia Antonia de Mello fregueses, e moradores desta freguesia, e lhes deu as Santas Bençãos conforme os ritos, e cerimonias da Igreja; de que logo fiz este assento, em que por verdade me assino. Miguel Pinheiro Teixeira, Pro vigário do Rio Grande, Joaquim Felis de Lima e Manoel Teixeira de Moraes."
No documento acima, o sobrenome está grafado Crasto como no próximo que apresentaremos, posteriormente. O casal Manoel Pinto de Castro e Francisca Antonia Teixeira teve os seguintes filhos: Padre Manoel Pinto de Castro; Padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro; Padre Inácio Pinto de Almeida Castro; Padre José Joaquim de Almeida Castro; Francisco Pinheiro de Almeida Castro; Joaquim Felício Pinto de Almeida Castro; Damião Pinto Castro; D. Bonifácia Pinto Garcia de Almeida; D. Clara Joaquina de Almeida Castro.
O mais famoso deles foi o Padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro, mais conhecido por Frei Miguelinho, devido a sua pequena estatura. Ele teve uma participação ativa na Revolução de 1817, também conhecida como a Revolução dos Padres, por conta da participação de muitos padres nela. Transcrevemos a seguir o seu batismo:
"Miguel filho legitimo do Capitão Manoel Pinto de Crasto natural de Sam Veríssimo de Valbon Bispado do Porto e de Francisca Antonia Teixeira natural desta cidade neto paterno de Francisco Pinto de Crasto e de Izabel Pinto de Almeida naturais de Sam Veríssimo de Valbon Bispado do Porto, e pelo materno do Capitão Francisco Pinheiro Teixeira e de Bonifácia Antonia de Mello, naturaes desta Freguesia nasceu aos dezessete de Novembro deste presente ano de mil setecentos e sessenta e oito; e foi batisado com os Santos Óleos nesta Matriz de Licença minha pelo Reverendo coadjutor Bonifacio da Rocha Vieira aos três de Dezembro do dito ano. Foram seus Padrinhos Francisco Pinheiro Teixeira por procuração do Capitam Mor Manoel Dias Palheiros, Dona Angélica Maria e Maria Teixeira do que mandei, por impedimento meu lançar este assento em que por verdade me assinei. Pantaleão da Costa Araújo, Vigário do Rio Grande."
É ainda Tavares de Lira que conta no livro História do Rio Grande do Norte:
"Fracassado o movimento, Miguelinho retirou-se para Olinda, onde residia em companhia de sua irmã D. Clara, que o recebeu em prantos. Mana, disse ele, nada de choros; estás órfã, tenho enchido os meus dias, logo me vêm buscar para a morte; entrego-te à vontade de Deus, nele terás um pai que não morre; mas aproveitemos a noite, imita-me; ajuda-me a salvar a vida de milhares de desgraçados. E com a irmã extremosa, ocupou-se durante a noite de 20 para 21 de maio a queimar todos os papéis e documentos que, como secretario do governo, tinha em seu poder, papéis e documentos que, se apreendidos pelos agentes da realeza, comprometeriam ou agravariam a sorte dos seus companheiros e daqueles que haviam aderido à Republica."
Pelo Decreto nº 45 de 25 de Agosto de 1890, do Governador Joaquim Xavier da Silveira Junior, o dia 12 de Junho era feriado consagrado a comemoração da morte de Frei Miguelinho, que foi arcabuzado nessa data, no Campo da Pólvora, na Bahia, juntamente com Domingos José Martins e José Luis de Mendonça.
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