Custódia do Sacramento e os Tavares Guerreiro
Mário Ferreira de Araújo Junior, descendente das famílias Varela Barca e Tavares Guerreiro, lendo um artigo que escrevi sobre Uruaçu, estranhou a diversidade de nomes dos filhos do Sargento mor Antonio Rodrigues Santiago e de Custódia do Sacramento. Por e-mail, escreveu Mário: Fico intrigado com o motivo que levou os pais a registrarem os filhos com sobrenomes tão diferentes, mas a maior dúvida é a seguinte: seria Francisco Tavares Guerreiro o primeiro do Rio Grande do Norte a levar esse nome, ou poderiam ter apenas copiado o nome de alguém?
Os filhos do Sargento mor Antonio Rodrigues Santiago e Custódia do Sacramento, segundo Manoel Maurício, no documento “Memoria da família de Utinga”, eram o Capitão Manoel Rodrigues Santiago (mesmo nome do avô paterno), Catherina Duarte de Azevedo (mesmo nome da avó paterna), Joana Gomes de Abreu e Francisco Tavares Guerreiro.
Na primeira resposta que passei para ele, informei que, possivelmente, os outros sobrenomes deveriam derivar de ascendentes de Custódia do Sacramento. Naquela época, os pais colocavam nas filhas sobrenomes religiosos que acabavam escondendo os sobrenomes da família. Aí, aparecem mulheres com os nomes: Custódia do Sacramento, Isabel Rainha da Hungria, Joana Batista da Degolação, Úrsula Córdula do Sacramento e as muitas Marias: Egiciaca, do Corpo de Deus, do Espírito Santo, da Conceição do Amor Divino, da Ressurreição e assim por diante.
Dona Custódia do Sacramento aparece com muita freqüência nos registros da Igreja, ora como testemunha, ora com madrinha ou então como dona de escravos. O Sargento mor Antonio Rodrigues Santiago deve ter morrido muito mais cedo que ela, pois, já em 1749, Francisco Tavares Guerreiro, testemunha de casamento de um escravo, é apresentado como filho de D. Custódia do Sacramento, não mais citando o pai. Em 1793, ela morre conforme o registro que segue:
“Aos sete de Setembro de mil sette centos, e noventa e dous faleceo da vida presente Dona Custódia do Sacramento de idade de cem annos, pouco mais ou menos com todos os sacramentos, foi envolta em hábito de São Francisco, encomendada de licença minha pelo Padre Ignácio Pinto de Almeida, e sepultada nesta Matriz, do que mandei fazer este em que por verdade me asigno. Pantaleão da Costa de Araujo, vigário do Rio Grande”
Fiz minhas contas e imaginei que pelas informações acima ela deveria ter nascida por volta de 1692, e, portanto, deveria constar seu batismo nos registros do livro que está arquivado no Instituto Histórico Pernambucano. Fiz a consulta aos meus arquivos e lá estava o batismo de Custódia:
“Em 9 de dezembro de 1705 annos na Capella de Santo Antonio do Potegi baptizei a Custódia filha de Manoel Tavares Guerreiro e Dona Joana Gomes, forão padrinhos o Sargento mor Estevão Velho de Moura, e sua molher Anna da Costa, tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá.”
No livro, acima, não colocavam as datas de nascimento, mas os batismos não demoravam mais do que um ano da data do nascimento. Ela deve ter nascido no próprio ano de 1705. Encontrei muitos registros de óbitos com datas erradas. Além da expressão “pouco mais ou menos”, outra muito comum era “parecia ter”, expressando uma idade aproximada. Já encontrei vários registros de óbitos onde as idades dos falecidos não são corretas, quando confrontadas com as datas dos nascimentos ou outras informações. Dona Custódia deve ter morrido, portanto, com 87 anos de idade.
Com a informação acima, compreendemos porque os outros dois filhos de Antonio Rodrigues Santiago e Custódia do Sacramento tinham os sobrenomes Tavares Guerreiro e Gomes de Abreu. Em outros registros nesse mesmo livro, o nome completo da esposa de Manoel Tavares Guerreiro era Joana Gomes de Abreu.
Além de Custódia, outros filhos do casal Manoel e Joana que aparecem no livro de registro citado são: Mathias, batizado em 16 de outubro de 1702, na Capela de São Gonçalo do Potengi, e padrinhos Nicácio da Costa Abreu e a viúva Domingas Gomes de Abreu; Manoel, batizado em 3 de abril de 1704, na capela de Santo Antonio do Potengi, e padrinhos Roque da Costa Gomes e Ursula Mendonça, mulher do Capitão Gonçalo da Costa Faleiro; Bernardina, batizada em 19 de Agosto de 1707, na capela de Santo Antonio do Potengi, e padrinhos Nicácio da Costa de Abreu e a viúva Domingas Gomes de Abreu.
Pelo que pude apreender dos registros do livro acima, Joana Gomes de Abreu, Nicácio da Costa de Abreu e Domingas Gomes de Abreu eram filhos do capitão Pedro da Costa Faleiro.
Outro filho do casal Manoel Tavares Guerreiro e Joana Gomes de Abreu era o Capitão Antonio Tavares Roldão que casou, em 25 de janeiro de 1740, na Capela de São Gonçalo do Potengi, com Monica da Cruz, filha de Roque Pereira da Motta e Helena da Cruz. Pelo livro de Batismos, Mônica foi batizada em 30 de maio de 1703, na Capela de Missões de Ceará-Mirim. Portanto, casou com 36 anos de idade.
Em 1793, faleceu um Francisco Tavares Guerreiro Junior com 30 anos. Em 1795, faleceu um preto forro de nome João Tavares Guerreiro. Possivelmente, foi escravo da família. Havia o hábito de batizar os escravos com o mesmo sobrenome dos donos.
Mário Ferreira de Araujo Junior, citado no inicio deste artigo, é filho de Mário Ferreira de Araujo e Terezinha Guerreiro de Araújo. Segundo Mário, sua mãe era filha de Sandoval Tavares Guerreiro e Maria do Rosário Varella, neta por parte paterna de José Tavares Guerreiro e Maria da Glória Guerreiro, e pela parte materna de Luiz Varela de Souza Barca e Judith Cavalcanti Varela Barca. Mário Junior procura o elo com os Tavares Guerreiro mais antigos.
Olá João Felipe,
ResponderExcluirLamento o problema com o Blog e também pela perda dos comentários. Gostaria de solicitar, novamente a correção do meu nome neste artigo de "Manoel..." para "Mário Ferreira de Araújo Júnior". Você já fez isto uma vez, mas deve ter passado com a mudança do blog.
Um grande abraço.
Mário
ResponderExcluirAcho que corrigi
Doutor, grata surpresa descobrir esse blog e ainda mais descobrir essa parte sobre os Tavares Guerreiro. Eu, como um Tavares Guerreio Junior, filho de Clovis Tavares Guerreiro sempre tive interesse em rastrear o antepassado. Como poderia obter mais informações sobre os Tavares Guerreio mais recentes, algo entre 1850 e 1910?
ResponderExcluirGrato pela atenção.
Olá, Clóvis Guerreiro. Meu nome é Mario Ferreira de Aráujo Jr, citado neste artigo por João Felipe. Gostaria de poder atendê-lo em seu interesse sobre os antepassados Tavares Guerreiro. Tenho alguns registros e até uma cópia em DVD do livro de Carlos Alberto Dantas Moura (Família Ribeiro Dantas de S. J. de Mipibu, 2ª Edição), que disponibiliza a genealogia de diversas famílias que se relacionam com a dele, além dos Tavares Guerreiro que são contemplados com várias páginas relatando a história da família no RN, desde a chegado do primeiro Manuel Tavares Guerreiro.
ExcluirObservei que o nome Clóvis aparece várias vezes no livro, tanto em outras famílias como Guerreiro; um deles deve ser você.
Um grande abraço.
Meu e-mail: mario962@gmail.com
Clóvis
ResponderExcluirInicialmente, entre em contato com Mário Jr. Ele é Tavares Guerreiro, também.
mario962@gmail.com