domingo, 10 de abril de 2011

Notas avulsas de Genealogia (5)

Notas avulsas de Genealogia (5)
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da  UFRN e membro  do INRG
Em um dos nossos artigos falamos sobre Deus Dará e os Pitta do Rio Grande do Norte. Agora, encontramos mais uma informação obtida das notas do Major Salvador Drumond. Escreveu ele: assento de batismo de uma filha de um dos maiores inimigos que João Fernandes Vieira teve em Pernambuco.
Em 5 de Janeiro de 1659, batizei no Colégio e pus os Santos Óleos a Catharina, filha do Desembargador Simão Alves de La Penha Deus Dará, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo, Provedor da Fazenda Real, e Juiz dos Cavaleiros; e de sua mulher D. Leonarda de Azevedo. Foram padrinhos seus filhos Manoel Alves de La Penha e Dona Aldonsa.
Lembramos que naquele artigo, aqui publicado, dissemos que Simão, a esposa Leonarda e os filhos morreram em um naufrágio quando viajavam para Portugal. Os padrinhos de Catharina, seus irmãos, tinham os nomes dos avós, pais de Simão. Outro detalhe é que o Major Salvador Drumond descendia de João Fernandes Vieira e que o velho Manoel Álvares, pai de Simão foi um dos apoiadores da Restauração Pernambucana, e foi de lá que herdou o nome Deus Dará.
Em outro artigo transcrevemos para cá, das notas do Major Drumond, o casamento de José Porrate de Moraes Castro e Margarida da Rocha. Agora, informamos, das mesmas notas, o óbito de José Porrate.
Aos 12 de Dezembro de 1718, faleceu de sua vida presente José Porrate de Moraes Castro, Capitão de Infantaria do Terço Paulista, e casado nesta Freguesia, foi sepultado nesta Matriz, em hábito de Nossa Senhora do Carmo, e não fez testamento por morrer quase repentinamente, e recebeu os Sacramentos de Confissão somente; do que fiz este assento em que me assinei. Antonio de Andrade Araújo. Coadjutor.
Outro registro das notas do Major Drumond é o óbito de Agostinho Cesar de Andrade que foi Capitão mor de nossa Província. Está lá: hoje, 16 de Setembro de 1708 anos, faleceu da vida presente o Capitão Agostinho Cesar de Andrade, de idade de 86 anos, pouco mais ou menos, natural da Ilha da Madeira, e morador nesta Freguesia, fez testamento, e seus testamenteiros o Capitão Jerônimo Cesar de Mello, seu filho, e o Sargento mor Pedro Cavalcante, seu genro, e o Reverendo João de Abreu Barreto, seu filho; faleceu com todos os Sacramentos de penitencia, Eucaristia e Unção, foi sepultado nesta Igreja Matriz; e para constar fiz este assento. O Cura Manoel Rodrigues Neto.
D. Laura Cadena, casada com o Capitão mor Agostinho Cesar de Andrade, faleceu no dia 3 de Setembro de 1701, com sessenta e cinco anos de idade; com o sacramento de penitencia, e não fez testamento. Foi sepultada na matriz de Itamaracá. O Cura Manoel Rodrigues Neto.
Lembramos que Agostinho Cesar de Andrade era da família de Maria Cesar, esposa de João Fernandes Vieira, pois ela era filha de Francisco Berenguer de Andrade.
Noutro artigo falamos sobre os Guedes Alcoforado, família presente no Rio Grande do Norte. Por isso, transcrevemos o óbito de Felipe Guedes Alcoforado, das notas de Drumond: aos 25 dias do mês de Outubro de 1689, faleceu da vida presente Felipe Guedes Alcoforado com todos os sacramentos necessários, e fez testamento solene, aprovado, em que deixou por legado de sua alma 700 missas ordinárias, e três de Rainha Santa, dois ofícios, solenemente cantados; deixou mais, de esmola, mil cruzados a uma mulata donzela forra, sua filha, 100$000 a um mulato forro seu filho, e 100$000, por obra pia, a seu irmão, o alferes Affonso Guedes Alcoforado. Advirto que o mulato se chama Manoel, e a mulata Laura. O dito Felipe Guedes era freguês desta Freguesia, morador dentro da Ilha de Itamaracá, natural deste Bispado, casado com D. Anna de Abreu, de idade de 70 e tantos anos, pouco mais ou menos, e foi sepultado em sua capela de invocação de São João Baptista, e no mesmo dia se disseram missas de corpo presente, e um ofício de corpo presente dos dois acima mencionados. De que fiz este assento que por verdade me assinei; e logo se feste outro ofício. Vigário Luiz de Figueiredo Mendes.
Vejamos o casamento de Laura Guedes Alcoforado, citada acima: Aos 9 de Setembro de 1703 anos, de tarde, na Capela São João Baptista desta Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Villa de Itamaracá, em presença de mim, o Reverendo Francisco (Antonio) Borges de Lemos, Vigário desta dita Freguesia, e sendo presente por títulos, o Capitão Luiz Lobo (deve ser o filho de Pedro Lelou), e o Capitão João Guedes Alcoforado, corridos os banhos e não havendo impedimento algum, casou em facie eclesie, na forma do Sagrado Concílio Tridentino, Salvador de Souza Lyra, filho legitimo do Alferes Pedro de Aguiar e de sua mulher Izabel Peres, morador na cidade de Olinda, com Laura Guedes Alcoforado, filha ilegítima  do Capitão Felippe Guedes Alcoforado, já defunto, e de Anna Guedes, crioula do Gentio da Guiné, moradora e freguesa desta dita Matriz do Bispado de Pernambuco. Do que fiz este assento, e por verdade me assinei. O Vigário Antonio Borges de Lemos.
No dito artigo sobre os Alcoforado, há um registro de casamento de um certo Felippe Guedes Alcoforado, filho de Manoel Guedes Alcoforado e Eusébia Ferreira. Esse Manoel deve ser o outro filho ilegítimo.
Noutra folha está: Aos 28 do mês de Julho de 1706 anos faleceu da vida presente, D. Anna de Abreu, viúva que ficou do Capitão Felipe Guedes e mãe do Capitão João Guedes (Alcoforado), com os sacramentos de Confissão e Comunhão, e me afirmaram não dera tempo para me mandar recado para ir dar o sacramento da Extrema Unção, foi sepultada na sua capela de São João, de seu engenho, e se lhe fez o oficio de obrigação de corpo presente, e me disseram não quisera fazer seu testamento; do que fiz este assento, e por verdade me assinei. O Vigário Antonio Borges de Lemos.
Nos apontamentos do Major, há o casamento de outra filha ilegítima de Felippe, por nome Clara Guedes Alcoforado.

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