quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Pedro de Barros Dantas, lá do Assú




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)

Os assentamentos de praça, muitas vezes, cobrem lacunas deixadas pelo desaparecimento de alguns livros de registros da Igreja. Neste artigo sobre Pedro de Barros Dantas, vamos começar, pois, por registros de praça.

Pedro de Barros Dantas, filho de Antonio Dantas, natural da Paraíba, morador nesta Ribeira de Assú, branco, casado, de estatura ordinária, barba fechada, olhos azuis, cor rosada, testa grande, de idade de quarenta e cinco anos, assenta praça em revista de 27 de julho de 1789. Há uma anotação na margem desse assento, que ele passou para Cabo de Esquadra.

Pelas informações acima, Pedro era natural da Paraíba e deve ter nascido por volta de 1744. Pelas informações, a seguir, era casado em 1777, e já estava em Assú: Joaquim de Barros Franco, filho de Pedro de Barros Dantas, natural e morador nesta Ribeira do Assú, olhos azuis, cor trigueira, nariz pequeno, cabelo corredio, branco, solteiro, de idade de 12 anos, assenta praça em revista de 27 de julho de 1789.

No assentamento a seguir, se observa que Pedro teve uma passagem por Portalegre: Pedro de Barros Dantas Junior, filho de Pedro de Barros Dantas, natural da Vila de Portalegre, idade de 13 anos, cabelos e olhos castanhos, altura 5p e 2p, praça em 29 de abril de 1797, agricultor, solteiro.

José da Cunha Cavalcante filho de Pedro de Barros Dantas, natural da Freguesia do Assú, idade de 15 anos, cabelo preto, olhos castanhos, altura 5p e 2p, praça em 29 de abril de 1797, solteiro, agricultor.

Vejamos agora o registro de casamento de um filho de Pedro, como o mesmo nome do avô: Aos quatro dias do mês de fevereiro de mil oitocentos e vinte e seis, no Sítio Itu, pelas oito horas da manhã, na Freguesia de Santa Ana do Matos,  em minha presença e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes, Antonio Dantas, freguês da Freguesia de Santa Ana, donde apresentou  carta do seu vigário, João Theotonio, em que declara não ter ele impedimento, e Josefa Francisca, minha freguesa; o esposo de idade de 30 anos, filho legítimo de Pedro de Barros, e de Antonia Felis; a esposa de idade de 28 anos, filha legítima de Manoel Ignácio Cavalcante e Maria do Carmo, já falecidos, naturais e moradores no Assú, onde se fizeram as denunciações necessárias, sem impedimento; e logo lhes dei as bênçãos matrimoniais, sendo presentes por testemunhas o capitão, Comandante Geral, Manoel Varella Barca, casado, e João Amâncio, solteiro, todos desta Freguesia de Santa Ana do Matos.

Vejamos, agora, o casamento, de um filho, já bem maduro,  de Pedro de Barros Dantas: aos nove dias do mês de julho de mil oitocentos e vinte e oito, pelas cinco horas da tarde nesta Matriz de São João Batista do Assú, em minha presença e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes, Manoel Correa Felis e Josefa Maria da Silva, meus fregueses, dispensados os proclamas por sua Excelência Reverendíssima. O esposo tem de idade cinquenta anos, filho legítimo de Pedro de Barros Dantas, já falecido, e Antonia Felis de Vasconcelos; a esposa de vinte anos, filha legítima de Pedro José da Silva, e Ana Thereza de Jesus; o nubente natural do Assú e a nubente da Vila do Pilar; e logo lhes dei as bênçãos matrimoniais, sendo primeiramente confessados e examinados na Doutrina Cristã, presentes por testemunhas José Francisco de Sousa, casado, e José Ribeiro Moreira, solteiro, todos deste Assú. 

Manoel Correa Felis, que não apresenta sobrenome do pai, mas da mãe,  deve ter nascido por volta de 1778.

Outro filho de Pedro de Barros Dantas casou, também, bem maduro, e, também, com uma nubente jovem, como se pode ver do registro a seguir: Aos vinte e dois de fevereiro de mil oitocentos e vinte e oito, pelas oito horas da manhã, no Sítio Estevão, em minha presença, e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes, João Amâncio de Barros, e Maria José do Espírito Santo, meus fregueses, por se acharem dispensados no impedimento que os ligavam: o esposo tem idade de quarenta anos, filho legítimo de Pedro de Barros Dantas, já falecido, e Dona Antonia Felis de Vasconcelos, morador na Freguesia de Santa Ana do Matos, donde apresentou banhos desimpedidos; a esposa de vinte anos, filha legítima de Joaquim Felis de Lima e Rita Thereza de Jesus, naturais e moradora desta dita Freguesia do Assú, onde se fizeram as denunciações necessárias, sem impedimento, e logo lhes dei as bênçãos matrimoniais, sendo primeiramente confessados e examinados em Doutrina Cristã,  presentes por testemunhas o capitão, Comandante Geral, Manoel Varella Barca, e Francisco de Sousa Caldas, casados.

Um registro de óbito dá notícia do falecimento de uma esposa de Pedro de Barros Dantas, que deve ser aquele natural de Portalegre e que assentou praça em 1797: aos quatro de dezembro de mil oitocentos e quarenta e sete nesta Matriz de São João Batista do Assú, se deu sepultura ao cadáver da adulta Thereza da Trindade Nobre, branca, de idade de cinquenta e três anos, viúva de Pedro de Barros Dantas. Ela deve ter nascido por volta de 1794.

Aos 10 de maio de 1831, faleceu José, filho de Pedro de Barros Dantas, falecido, e de Thereza da Trindade, com 12 anos de idade.

Em 5 de março de 1832, na Matriz de Santa Ana do Matos, se receberam por esposos, Pedro José Ferreira e Thereza da Trindade Nobre,  filhos legítimos, ele,  de João Fernandes Galvão e Ana Joaquina de Góis, e ela de Pedro de Barros Dantas, falecido, e Thereza da Trindade Nobre, na presença de João Carneiro da Cunha e Antonio da Silva Carvalho, ambos casados.

Em 17 de maio de 1835, nascia Luiz, filho de Pedro José Ferreira, natural de Manguape (?), e de Thereza da Trindade Nobre, em 7 de julho do mesmo ano era batizado, tendo como padrinho Antonio Dantas Cavalcante.

Em 20 de agosto de 1870, na Capela do Rosário, Martiniano Egídio Ferreira Nobre, filho de Pedro José Ferreira e Thereza da Trindade Nobre, casou com Francisca Xavier da Cunha Vasconcelos, filha de Francisco Trajano Xavier da Cunha e Senhorinha Clara dos Anjos, na presença de Felis Rodrigues Ferreira e Luiz Ferreira Nobre. Este Luiz pode ser o batizado acima, em 1835. Essa Senhorinha tinha duas irmãs que casaram na Ilha de Manoel Gonçalves: Josefa Jacinta de Vasconcelos com Manoel da Rocha Bezerra e Antonia Bernarda Achiolis  com Paulino Álvares Pessoa.

Em 1 de fevereiro de 1883, na Matriz, José Florêncio de Moraes Barreto desposou Maria de Jesus da Trindade Nobre, aquele filho legítimo de Antonio José de Sousa e Josepha Maria de Oliveira, e esta, filha legítima de Pedro José Ferreira e Thereza da Trindade Nobre, sendo testemunhas Manoel Honório Barbalho Bezerra e Francisco Antonio de Moraes Barreto.
Em 21 de novembro de 1833, no Sítio Picada, da Freguesia de Santa Ana do Matos, José de Araújo da Cunha, desposou Antonia da Trindade Nobre, ele, filho legítimo do tenente Alexandre da Cunha Calheiros e Ignez Neta Pereira, e ela, filha legítima de Pedro de Barros Dantas e Thereza da Trindade Nobre, sendo testemunhas Manoel Varella Barca e Antonio Caetano Monteiro, houve dispensa de impedimento do terceiro grau de consanguinidade. Aos 15 de janeiro de 1880, na Matriz do Assú, com dispensa de consanguinidade, João Julião da Cunha desposou Ana da Trindade Nobre, aquele filho legítimo de José da Cunha Cavalcante, falecido, e Joana da Cruz, esta filha legítima de José de Araújo Cunha  e Antonia da Trindade Nobre, foram testemunhas Antonio Dantas Cavalcante, solteiro, e Pedro de Barros Dantas.

Aos 5 de março de 1837, nascia José, filho legítimo de Pedro de Barros Dantas e Ana da Trindade, tendo sido batizado aos 26 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos José da Cunha Cavalcante, casado, e Thereza da Trindade Nobre, viúva.

Aquilina, filha de Pedro de Barros Dantas, e Ana da Trindade Nobre, nasceu aos 2 de setembro de 1848, e foi batizada na Matriz do Assú, aos 11 de março de 1849, tendo como padrinhos o tenente Manoel de Melo Montenegro Pessoa, e  sua mulher Maria Beatriz Paz Barreto, por procuração que apresentou Ângela Garcia freire de Araújo, viúva.

Francisco, filho legítimo de Francisco Dantas Cavalcante, e Vicência Maria, naturais do Assú, nasceu aos 28 de fevereiro de 1836, e foi batizado aos 25 de março  do dito ano, na Matriz do Assú, sendo padrinhos Pedro de Barros Dantas e Ana da Trindade Nobre, casados, estes de Santana do Matos, aqueles do Assú.

Manoel, filho legítimo de Pedro de Barros Dantas, e de Ana da Trindade Nobre, nasceu a 8 de julho de 1842, e foi batizado na Matriz, a 14 de agosto do mesmo ano, sendo padrinhos Sebastião Nobre de Almeida e D. Alexandrina  Cavalcante Pessoa, solteiros. Nesta mesma data, Pedro de Barros Dantas e Ana da Trindade Nobre, foram padrinhos de um escravo de Sebastião Nobre de Almeida.

Esse mesmo casal acima teve outro filho, 22 anos depois, com o mesmo nome de batismo: Manoel, branco, filho legítimo de Pedro de Barros Dantas e Ana da Trindade Nobre, naturais e moradores nesta Freguesia, nasceu a 2 de março de 1864, e foi batizado no Sítio Cuó, desta Freguesia aos 8 de maio do mesmo ano, sendo padrinhos o capitão Thomaz José de Sena e sua mulher Dona Francisca Beatriz de Sena Montenegro, por sua procuradora Dona Maria Marcina de Barros Nobre, solteira, todos deste Assú.

Pedro, branco, filho legítimo de Pedro de Barros Dantas, e de Maria do Carmo de Moura, moradores nesta Freguesia, nasceu aos 3 de julho de 1832, e foi batizado, na Fazenda Capivaras, aos 24 de agosto do dito anos, sendo padrinhos José Joaquim de Barros Dantas, solteiro.

Aos vinte e oito de fevereiro de mil oitocentos e setenta e cinco, sepultou-se, no Cemitério Público da Cidade do Assú, o cadáver de Pedro de Barros Dantas, idade de sessenta e quatro anos, morador nesta Freguesia, casado que era com Anna da Trindade Nobre; morreu de hepatite, com os sacramentos da penitência, e Santíssimo Viático, envolto o cadáver em preto e de licença minha, encomendado solenemente pelo Reverendíssimo Vigário do Assú, José de Matos Silva, do que tudo, para constar, fiz este assento e nele me assino. O Vigário Antonio Germano Barbalho Bezerra.

Pelo registro acima, esse Pedro de Barros Dantas deve ter nascido por volta de 1811, não sendo, portanto, aquele filho do velho Pedro de Barros, de mesmo nome, que assentou praça em 1797.

Essas repetições de nomes e a falta de alguns registros dificultam o estabelecimento de elos entre algumas dessas pessoas acima.