João Felipe da  Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,  sócio do IHGRN e do INRG
Felizarda  foi batizada, na Capela de São Gonçalo do Potengi, pelo Padre Francisco Bezerra  de Góis, aos 15 de fevereiro de 1698. Era filha de Manoel da Costa Rego e de  Theodósia da Rocha e teve como padrinhos George de Grasciman e Andrezza Soares,  esposa de Francisco Pereira.
Em 20 de abril de 1706, portanto, com 8 anos, vamos reencontrá-la,  na Capela de Santo Antônio do Potengi, sendo madrinha de Hilário, filho de  Antônio Gonçalves de Amorim e de Perpétua de Barros, e nessa ocasião, foi  citada como Felizarda Filgueira, filha da viúva Theodósia da Rocha, sendo,  portanto, seu pai, Manoel da Costa Rego, falecido; três anos depois, em 11 de  junho de 1709, foi madrinha, lá na Igreja de São Miguel de Guajurú, de Domingos  filho de Domingos Carvalho da Silva e de sua mulher Catarina de Barros, sendo  citada como Felizarda Figueira da Rocha; em 12 de abril de 1710, foi madrinha, na  Igreja de São Miguel de Guajurú, de Clara, filha do capitão João Leite de Oliveira  e de Damázia de Morais; em 07 de fevereiro de 1711, na mesma Igreja de São  Miguel de Guajurú, foi madrinha de Felizarda filha de Bartolomeu da Costa e de  Damázia de Araújo acompanhada do irmão, José Barbosa Rego, este batizado em  1694, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação.
Mas quem era Theodósia da Rocha, mãe de Felizarda? Nos registros  de batismos mais antigos, desta Província do Rio Grande do Norte, são  apresentadas duas Theodósia da Rocha. Uma que foi casada com Manoel da Costa  Rego e outra que era filha do capitão Theodósio da Rocha. Pensei, inicialmente,  que representavam a mesma pessoa, principalmente, por conta da variação que a  Igreja fazia em seus registros. Mas, examinando muitos registros fui me  convencendo que eram pessoas distintas. Por fim, descobri que a filha do  capitão Theodósio da Rocha faleceu, em 1775, solteira, com mais de cem anos e,  portanto, não podia ser a esposa de Manoel da Costa Rego. 
Voltemos para dona Felizarda. Como seguiu sua vida,  posteriormente? Para responder, vamos ao seu segundo casamento (não temos  registros de 1712, até 1726), quando ela tinha 29 anos, e onde há referência à  mudança do seu nome, por crisma. 
Aos  cinco de maio de mil setecentos e vinte e sete, na Igreja de São Miguel da  Aldeia de Guajirú, em presença do Reverendo Padre Superior do Guajirú, Jerônimo  de Sousa, da Companhia de Jesus, de licença minha, e sendo presentes por testemunhas  Domingos Barreto, e o capitão João Leite de Oliveira (compadre da nubente), da  Freguesia do Rio Grande, se casaram Joana Figueira, que antes da Crisma se  chamava Felizarda Figueira, viúva que ficou do sargento-mor Francisco Rodrigues  Coelho, natural e moradora no Rio Grande, Freguesia de Nossa Senhora da  Apresentação, com João Rodrigues da Silva, filho de Manuel Rodrigues, e de sua  mulher Cosma Gomes da Silva, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Luz,  deste Bispado, e morador neste Rio Grande, Freguesia de Nossa Senhora da  Apresentação. Manuel Correa Gomes, Vigário.
Suponho  que esse Francisco Rodrigues Coelho fosse o filho do tenente-coronel Manoel  Rodrigues Coelho e Izabel de Barros, que foi batizado aos 12 de agosto de 1697,  tendo com padrinhos Manoel Rodrigues Alioza e Damázia de Morais. Não há menção  à Igreja, mas outros irmãos de Francisco se batizaram na Igreja de São Miguel  da Aldeia de Guajirú, inclusive Maria da Conceição Barros, em 8 de dezembro  (dia de Nossa Senhora da Conceição) de 1694, que foi casada com o português de  Arrifana de Sousa, Francisco Pinheiro Teixeira.
Do  matrimônio com Francisco Rodrigues Coelho, encontrei uma filha,  Francisca Xavier Filgueira, cujo casamento segue.  Observamos que no registro o sobrenome que se escreve é Figueira no lugar de  Filgueira.
Aos  quinze de outubro de mil setecentos e trinta e seis anos, na Igreja do Senhor  São Miguel do Guajirú, desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio  Grande do Norte, feitas as denunciações nesta Matriz e na dita Missão para cuja  parte é a contraente moradora, e apresentado os banhos corridos da Freguesia de  Goyaninha, donde o contraente é natural e morador, sendo me apresentado um  mandado do Ilustríssimo Senhor Bispo, pelo qual me mandava receber por palavras  aos contraentes, tendo os ditos satisfeitos a penitência imposta pela dispensa  que alcançaram para poderem casar, sem se descobrir impedimento, sendo  presentes por testemunhas o Reverendíssimo Cura de Goianinha, o licenciado  Antonio de Andrade de Araújo, o capitão Duarte Pinheiro Rocha, Maria Gomes,  viúva do tenente-coronel Francisco Xavier Ribeiro, e Dona Maria Magdalena,  mulher do sargento-mor Hilário de Castro Rocha, pessoas todas conhecidas e  moradores desta dita Freguesia, de licença minha, o Reverendíssimo Senhor Padre  Pedro Nogueira, superior da sobredita Missão de Guajirú, assistiu ao matrimônio  que entre si contraíram o sargento-mor Jorge Lopes Galvão, natural da Freguesia  de Goianinha e nela morador, filho legítimo do capitão Cipriano Lopes Pimentel,  já defunto, e de sua mulher Dona Thereza da Silva, e Dona Francisca Xavier  Figueira, natural desta freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio  Grande do Norte, filha legitima do sargento-mor Francisco Rodrigues (Coelho),  já defunto, e de sua mulher Joana Figueira, moradores desta dita Freguesia,  guardando em tudo a forma do Sagrado Concilio Tridentino. E logo lhes deu as  bênçãos, e pelo assento que me veio do dito Reverendíssimo Superior, mandei  fazer este em que por verdade assinei. Manuel Correa Gomes.
A imagem a seguir é de um livro de batismo, da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, que está arquivado no Instituto Histórico de Pernambuco. É o batismo de Felizarda, filha de Manoel da Costa Rego e Theodósia da Rocha.
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| Felizarda ou Joanna | 
 
