quarta-feira, 2 de março de 2011

Escravos, pretos e índios

Antes de tudo uma sugestão: os dirigentes de instituições de ensino de qualquer nível, os licenciadores ambientais, os vereadores e prefeitos municipais, deputados estaduais e federais, senadores e governadora do Rio Grande do Norte deveriam ler o livro de Wagner Barros Spencer = Ecos do Silêncio. Fariam um grande bem ao nosso Estado com relação à preservação do patrimônio cultural do Rio Grande do Norte.
Os registros da Igreja, os assentamentos de praça, os inventários ou testamentos, nos dão notícias dos ascendentes do povo do Rio Grande do Norte. Somos filhos naturais ou legítimos, de negros, índios, brancos, portugueses, outros estrangeiros e até de padres. Dando continuidade aos nossos registros genealógicos, vamos trazer para cá alguns registros sobre os índios, pretos e escravos que viviam por aqui. Inicialmente, alguns assentamentos de praça.
Christovão Soares, índio forro, assistente na Aldeia das Gorayras, desta Capitania do Rio Grande, é soldado desta Companhia desde Novembro de 1698, e vence mil oitocentos e sessenta e seis réis, de soldo por mês, na forma do Conselho da Fazenda, lançado no livro 2º a folha 79, verso, e não receberam mais coisa alguma. Manoel Gonçalves Branco.
O Capitão Gaspar da Silva, índio forro, assistente na Aldeia Guayuru, termo desta Capitania do Rio Grande, senta praça de soldado nesta Companhia desde 26 de Novembro de 1698 anos, e vence mil oitocentos e sessenta e seis réis de soldo por mês, na forma do assento do Conselho da Fazenda, lançado no livro 2º a folha 79, verso, e não vencerá mais coisa alguma. Manuel Gonçalves Branco.
O Capitão Manuel Coelho, Tapuyo forro, de Nação Cariri, jurisdição da Paraíba, senta praça de soldado nesta Companhia desde 22 de Outubro de 1699 anos, e vence mil oitocentos e sessenta e seis réis de soldo por mês na forma do assento do Conselho da Fazenda, lançado no livro 2º a folha 79, verso, e não vencerá mais coisa alguma. Manuel Gonçalves Branco.
Vejamos agora alguns registros da Igreja. Inicialmente, dois casamentos na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí. Não sei se restou alguma ruína dessa Capela, ou onde ela ficava.
Aos vinte e dois de Janeiro do ano de mil setecentos e setenta e cinco, pela manhã, corridos os banhos juxta tridentinum, sem se descobrir até a hora do seu recebimento, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiahy, de licença minha, em presença do Padre Manoel de Aragam Cabral, e das testemunhas que com ele assinaram, o Capitão Antonio de Góis, e Francisco da Costa, se casaram  os nubentes Pedro da Costa, índio, filho legitimo de Thomé Dias, e Joanna da Costa, com Joanna Baptista, filho de Ancelmo da Guerra e Archangela dos Santos, índios todos, e naturais da Vila de Extremoz, e logo receberam as bênçãos na forma do Ritual Romano; do que mandei lançar este assento em que me assino. Pantaleão da Costa de Araújo. Vigário do Rio Grande.
No primeiro de Fevereiro do ano de mil setecentos e setenta e cinco, pela manhã, corridos os banhos juxta tridentinum, sem se descobrir impedimento até a hora de seu recebimento, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiahy, de licença minha, em presença do Padre Manoel Aragam Cabral, e das testemunhas Manoel Fernandes e Manoel Teixeira, se casaram com palavras de presente, os nubentes Eugenio Gomes da Camera, filho natural de Antonio Gomes da Camera, e de Luiza, escrava do Coronel Gonçalo Freire, com Ignez Rodrigues da Silveira, filha natural de Matheus Rodrigues da Silveira, e de Maria Madalena, esta escrava de Domingos João Campos, e logo receberam as Santas Bênçãos, conforme o Ritual Romano; do que mandei fazer este assento, em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.
Para não perder a oportunidade, informo que consta na Nobiliarquia Pernambucana de Borges da Fonseca, o seguinte registro: O Capitão João Pitta Porto Carrero de Mello e Albuquerque casou com Dona Maria do O' da Costa e Araújo, filha legitimada de Pantaleão da Costa e Araújo, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Vigário Confirmado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, da Cidade do Natal, do Rio Grande do Norte, havida de D. Ignácia Felícia de Macedo, o qual Vigário foi filho de Pantaleão da Costa e Araujo, Cavaleiro da Ordem de Cristo, senhor do engenho do Rosário da Freguesia de Santo Antonio de Tracunhaém, da qual foi Capitão mor, e de sua mulher Ignez Pessoa, filha do Capitão André de Barros Rego, e de sua mulher D. Maria Pessoa.
Nos documentos que encontrei o nome completo, do Vigário e de seu pai, era Pantaleão da Costa de  Araújo.
Gonçalo, filho legítimo de João José e de sua mulher Maria do Carmo, naturais da Freguesia de Extremoz, de nação índia, neto por parte paterna de avós incógnitos, pela materna de Marçal Lopes, já defunto, e de Suzana Caetana, todos índios da Vila de Extremoz, nasceu a vinte e nove de Julho de mil setecentos e oitenta, batizado nesta Matriz, por mim, com os Santos Óleos. Foram padrinhos Ignácio de Sousa, escravo de Francisca de Sousa Catunda, e Anna dos Prazeres, escrava da viúva do peixe boi (não sei o que significa, mas era o que estava escrito), e por verdade, ausente o Reverendo Vigário, me assinei. Padre Joaquim José Pereira.
Na matriz de São Batista do Açu, no ano de 1835, ocorreu o casamento de um índio de nome Christovão da Rocha Pita.

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