quarta-feira, 2 de março de 2011

A morte trágica de José Alves Martins

A tragédia não escolhe lugar, tempo ou família. Aqui, neste jornal, em outro artigo, escrevemos sobre a lenda de Damasinha, contada por Aluizio Alves, no livro Angicos. Na ascendência do Ministro Aluizio vamos encontrar outra tragédia. José Alves Martins, meu tio bisavô, e bisavô dele, nasceu em dois de julho de mil oitocentos e trinta e um, na povoação de Macau, tendo sido batizado em Guamaré, em dezesseis de agosto do mesmo ano. Em vinte e sete de novembro de mil oitocentos e cinqüenta e dois casou com Francisca Martins de Oliveira, no Sítio Curralinho, tendo como testemunhas, João Martins Ferreira (irmão do noivo)  e Antonio Fragoso de Medeiros
Em 10/1/1879, quando Absalão Fernandes da Silva Bacilon casou com Josefina Emília Alves Martins, o registro dava conta que os pais dos nubentes eram todos falecidos. Não estranhei os falecimentos dos pais de Absalão, pois eles, Antonio Fernandes da Silva e Sabina Maria da Silva (falecida em 1873), tinham contraído matrimônio no ano de 1829. Entretanto, fiquei surpreso com os falecimentos dos pais de Josefina Emília, José Alves Martins e Francisco Martins de Oliveira, pois, o casamento deles, como dito acima, ocorreu somente em 1852. Os nubentes, Absalão e Josefina, tinham respectivamente 41 e 26 anos. José Alves tinha somente 48 anos.
Depois, em outro registro, encontrei que quando João Alves Martins casou em 1876, os pais, José Alves e Francisca Martins, já eram falecidos. Não tinha encontrado os óbitos dos mesmos e não entendia a razão dos falecimentos dos dois. Mas, lendo "Falas e Relatórios dos Presidentes da Província do Rio Grande do Norte, datado do ano de 1872, quando Dr. Henrique Pereira Lucena era o Presidente , encontrei, nos relatos relativos a Segurança Pública, o que se segue:  Os assassinatos, que se tornaram mais notáveis pelas circunstâncias de que se revestiram, foram: 1º. O de José Alves Martins, negociante na povoação do Rosário do distrito de Oficinas, sendo autor deste bárbaro atentado, praticado na noite de 18 de Setembro do ano passado (1871) com horrorosas facadas, João Rodrigues Ferreira, sócio comercial daquele infeliz.
Os Martins Ferreira e os Rodrigues Ferreira freqüentavam muitos lugares em comum, como Curralinho, Cacimbas do Vianna, Macau e Rosário. Encontramos, através dos livros da Igreja, José Alves Martins em várias localidades e com freqüência em Rosário, tendo inclusive batizado Josefina Emília e Delfino Alves Martins, seus filhos, na Capela de lá.
De imediato, imaginei que esse João Rodrigues Ferreira era filho de Manoel Rodrigues Ferreira e Izabel Martins Ferreira ( habitantes, por um tempo, da Ilha de Manoel Gonçalves). Mas, como não tive acesso ao processo, ficou a dúvida. Segundo meu pai, os Rodrigues do Baixo Assu e de Macau eram do Clã do velho José Martins Ferreira (na verdade do pai dele, o Capitão João Martins Ferreira). Acredito que isso deveria se dar através da esposa de Manoel Rodrigues Ferreira, Dona Izabel Martins Ferreira. Portanto, João Rodrigues Ferreira, filho de Manoel Rodrigues Ferreira e Izabel Martins Ferreira e José Alves Martins, filho do Major José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres, além de sócios, eram parentes, talvez primos legítimos.
Posteriormente, descobri uma correspondência do escritor Manoel Rodrigues de Melo (ex-presidente da Academia Norteriograndense de Letras) que trazia uma luz sobre minha dúvida quanto a um dos personagens da tragédia de Rosário. Ele estava escrevendo sobre a família Rodrigues Ferreira e para tanto estava colhendo informações. Em uma das cartas datada de 7/11/1963, que escreveu para Ricardo Rodrigues Ferreira, morador no Recife, filho de Joaquim Rodrigues Ferreira e neto de Manoel Rodrigues Ferreira, pediu: Quero ainda notas sobre o seu tio paterno, João Rodrigues Ferreira, meu avô, que foi para o Recife depois do desastre do Rosário. Em que lugar ele morou em Pernambuco, de que vivia, quando morreu, em que ano vieram os filhos para Macau?
João Rodrigues Ferreira era um pouco mais moço que José Alves Martins, pois nasceu em três de Janeiro de 1836. Foi batizado na Fazenda Boa Vista, em dois de Junho do mesmo ano, tendo como padrinhos os irmãos Manoel Rodrigues Ferreira Junior e Maria Martins (Rodrigues Ferreira). Encontrei somente um registro, até agora, relativo a uma filha de João Rodrigues Ferreira.
Carmosina, branca, filha legitima de João Rodrigues Ferreira, e Clieria (nome que consegui ler) da Silveira Borges, nasceu a vinte e seis de março de mil oitocentos e sessenta e oito, e foi batizado na Fazenda Conceição, desta Freguesia, pelo padre João Candido de Sousa e Silva, a onze de Julho do mesmo ano; foram padrinhos Francisco Horácio da Silveira Borges e sua mulher Honorina Veloza da Silveira Borges. Do que para constar mandei fazer este assento que assino. O Vigário João Theotonio de Sousa e Silva.
Não sei ainda se Francisca Martins de Oliveira faleceu antes ou depois da morte do marido. Ainda não encontrei o óbito deles. Talvez o processo do crime ou um inventário traga maiores informações.

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