segunda-feira, 20 de julho de 2015

Os Trindades de Papary


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.

Câmara Cascudo, escrevendo sobre o Sítio Floresta, que pertenceu aos pais da escritora Nísia Floresta, conta que D. Antonia Clara, viajando para o Rio de Janeiro e aí morando, resolveu vender Floresta e, a 9 de junho de 1853, passou procuração bastante ao seu parente coronel Bonifácio Câmara. Não assinou por não saber escrever. A 8 de maio de 1857, Floresta era vendida a Luiz Bezerra Augusto da Trindade, por 400$. D. Antonia Clara já falecera (1855) e em 1853 se dissera possuidora única de Floresta, pela morte da filha Maria Izabel e do neto Camilo Augustos. Luiz Bezerra Augusto da Trindade morreu em 1881 e seus filhos e netos ficaram arrendando o sítio, com Floresta (sic). O maior proprietário era Francisco Teófilo Bezerra da Trindade (falecido a 3 de outubro de 1938).

Procurei os livros da paróquia de Papari em busca de informações maiores sobre os Trindades de lá. Os registros não eram bem conservados e obtive menos informações do que procurava. Mas Genealogia se faz com o que se tem. Com a ajuda da Hemeroteca Nacional complementei algumas informações.

 O primeiro registro que encontro é o batismo de José: Aos oito de agosto de mil oitocentos e cinquenta e oito, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente, a José, nascido a 6 desta mês, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina Cabral de Vasconcellos, moradores nesta Vila; foram padrinhos  Alberto  Cabral de Vasconcelos e Thereza Genuína de Vasconcellos, do que para constar mandei fazer este assento em que assino. O vigário José Alexandre Gomes de Mello.
Posteriormente, encontro registros de batismos de dois filhos com o mesmo nome. Observe que o nome da mãe é escrito de forma diferente nos dois documentos.

Aos quatro de dezembro de mil oitocentos e cinquenta e nove, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Augusto, nascido aos vinte e seis de novembro do dito ano, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina Rosalina Cabral de Vasconcellos Galvão, moradores nesta Vila; foram padrinhos Amaro Carneiro Bezerra Cavalcante, por seu procurador José Coelho de Vasconcellos Galvão e Joanna Cândida Pinheiro da Câmara, por seu procurador Francisco Lopes Galvão, do que para constar mandei fazer este assento em que assino, o vigário José Alexandre Gomes de Mello.
Pelo jornal “O Rio Grandense do Norte”, datado de 1856, encontrei a informação que esse Francisco Lopes Galvão era sogro de Luiz Bezerra, portanto, pai de Jozina. Vejamos o registro do outro Augusto.

Aos dezenove de março de 1861, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Augusto nascido a quinze de janeiro deste ano, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina Rozalina Cabral, moradores nesta Vila. Foram padrinhos Francisco José Pereira Cavalcante de Albuquerque e Otília Olimpia Galvão. Do que para constar mandei fazer este assento em que assino. José Alexandre Gomes de Mello.

Depois dos dois Augustos, o próximo registro que encontrei foi do ano de 1875: Aos vinte e nove de agosto de mil oitocentos e setenta e cinco, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Luiz, nascido a vinte e três do mês próximo passado, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina Rozalina Cabral, moradores nesta Vila, sendo padrinhos José Coelho de Vasconcellos Galvão e Luzia Olímpia Cabral de Vasconcellos, do que fiz este. Vigário Manoel Ferreira  Lustosa Lima.
Desse Luiz, encontrei o seu casamento, aqui na cidade do Natal, com uma sobrinha, pois o pai da noiva era irmão do noivo e as mães tinham algum parentesco: Aos trinta de julho de mil novecentos e quatorze, na Igreja Catedral, feitas as proclamações sem impedimento, impetrado dispensa de segundo atigente ao primeiro e terceiro atigente ao segundo grau simples de consanguinidade e observadas as demais formalidade prescritas, assisti com as testemunhas Doutor Joaquim Ferreira Chaves, Governador do Estado e Francisco Herôncio de Mello, ao recebimento matrimonial do Bacharel Luis Segundo Bezerra da Trindade e Esther Bezerra da Trindade, ele filho legítimo de Luiz Augusto Bezerra da Trindade e Jozina Rosalinda Cabral de Vasconcellos, solteiro, com trinta e nove anos de idade  natural da Freguesia de Papary e residente na cidade do Rio de Janeiro, ela filha legítima de Francisco Theóphilo Bezerra da Trindade, e Domitilla Galvão Bezerra da Trindade, solteira com 23 anos, natural desta Freguesia e nela moradora; do que fiz este termo que assino. O Vigário, Cônego Estevam José Dantas.

Havia outro filho de Luiz Augusto e Jozina com o nome de Luiz: era o Bacharel Luiz Augusto Bezerra da Trindade Junior, que morreu no Paraná, em 1890.

Outro Trindade que encontro é José Rutio Bezerra da Trindade. Segundo o jornal Jaguarary, datado de 1851, ele era irmão de Luiz Augusto Bezerra da Trindade. Vejamos os registros encontrados dos filhos de José Rutio e sua esposa, Dona Maria Federalina, todos na Matriz de Papari.

Joaquim nasceu aos 21 de janeiro de 1854, e, foi batizado aos 31 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Luiz Bezerra Augusto da Trindade e Delfina Maria da Encarnação; Joana nasceu aos 13 de fevereiro de 1859, e, foi batizada aos vinte e sete do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Luiz José da Silva e Antonia Joaquina de Oliveira; Antonio nasceu a 16 de março de 1860, e, foi batizado ao 1 de abril do mesmo anos, tendo como padrinhos Manoel José de Moura e Maria Ignácia de Carvalho; Luiz nasceu aos 20 de agosto de 1868, e, foi batizado aos 24 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos João Freire de Amorim e Maria Francelina Freire, por sua procuradora Francelina Freire de Oliveira; José nasceu aos 27 de agosto de 1876, e, foi batizado ao 1 de janeiro de 1877, tendo como padrinhos o cônego Gregório Ferreira Lustosa, com procuração de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e Joanna Cerqueira de Carvalho Souto.

Dessa família era Virgilio Galvão Bezerra da Trindade. Vejamos o batismo dele, aqui em Natal: Aos trinta e um de julho de mil oitocentos e oitenta e sete na igreja de Santo Antonio, batizei solenemente o párvulo Virgílio, nascido a cinco de abril do mesmo ano, filho legítimo de José Cândido Bezerra da Trindade e dona Ubaldina Leopoldina Bezerra da Trindade, sendo padrinhos Joaquim José de Magalhães e dona Coralina Machado Magalhães; do que  para constar mandei fazer este assento, que assino. O padre João Maria de Brito.

O registro de óbito de José Cândido, pai de Virgílio, tem uns trechos ilegíveis por conta da tinta usada, mas segue o que conseguimos ler: Aos sete de abril de mil oitocentos e noventa e um, nesta cidade, faleceu da vida presente e sepultado no Cemitério Público, José Candido Bezerra da Trindade, oficial do Exercito, idade vinte e sete anos, natural de Papary, casado com Ubaldina Elycina de Vasconcellos Galvão, recebeu os sacramentos da Igreja. Padre João Maria.
Esse José Candido, acredito era filho de  Luiz Augusto, mas a idade, no óbito,  não bate com o batismo de José, filho do dito Luiz.

Não localizei o casamento de Virgilio, que foi em 31 de dezembro de 1919, mas encontrei no livro de dispensa, que Virgilio Bezerra da Trindade e Diva Ferreira de Andrade tiveram dispensa de 3º grau atingente aos segundo de consanguinidade. Do casamento de Virgílio e Diva nasceu Ieda, aos 31 de dezembro de 1920, tendo sido batizada aos 5 de abril de 1921, na Igreja Catedral pelo vigário Estavam Dantas, sendo padrinhos Alberto Galvão Bezerra da Trindade e Ana Ferreira da Trindade. Ieda casou com Francisco Porto dos Santos a 14 de março de 1942, na catedral.

Em Papari encontrei um Francisco Antonio da Trindade, mas não localizai a relação dele com Luiz Augusto e José Rutio. Vamos ver se com a publicação deste artigo, mas luz surja para completar a genealogia desses Trindades, da terra de Nísia Floresta.




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