quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma lástima, com diria Dom Adelino Dantas

Uma lástima, como diria Dom Adelino Dantas.
Minhas pesquisas com os livros de Santana do Matos, Angicos, Macau e Açu esbarraram na falta de registros anteriores a 1823. Procurei em vão informações sobre o paradeiro deles, mas ninguém soube responder.  Um provável lugar seria em Olinda. De qualquer forma, para suprir essas lacunas procurei os livros aqui de nossa Catedral que contém registros mais antigos. Tanto na Cúria como no Instituto Histórico, há livros do século XVIII. Talvez nesses livros encontrasse elos perdidos que suprissem algumas lacunas das minhas pesquisas.
Dom Adelino Dantas, no livro Homens e Fatos do Seridó Antigo, faz dois comentários que me fez ficar menos inconformado.
No primeiro deles disse: "De 1748 a 1788 abre-se um vácuo enorme, uma zona de silêncio em assuntos de referência paroquial. São quarenta anos sem um assento sequer de batizados, de casamentos ou óbitos. Tudo se perdeu, deixando fechados os caminhos aos teimosos."
No segundo, quando discorria sobre o Visitador Manoel José Fernandes, comentou: "Nascêra nas eras de 1800, na fazenda Pedra Lisa, da antiga freguesia de São João Batista do Açu, hoje da paróquia de Augusto Severo, informa Barôncio Guerra. Em seu testamento, ele mesmo escreveu que era natural da freguesia do Açu e nela batizado. Em vão procurei essa certidão de batismo no arquivo dessa paróquia. Não existe mais  livro nenhum, ali, daquele tempo. Uma lástima!"
Nos livros daqui da Catedral encontrei alguns personagens que casaram aqui ou que foram depois para o interior do Rio Grande do Norte. Encontrei, por exemplo, o casamento de Francisco Xavier da Cruz, um dos meus ancestrais, cujo único registro que tinha sobre ele, era na árvore desenhada por Jacob Avelino, da genealogia do escritor Afonso Bezerra. A partir das informações contidas em um único registro de casamento consegui preencher algumas lacunas existentes nas minhas pesquisas.
Mas, nem tudo está perdido. Fábio Arruda, de quem Reinaldo Carneiro Leão diz, "Não conheço ninguém neste Brasil, no passado ou no presente que saiba mais sobre os senhores de engenho e suas propriedades neste Nordeste, pertinente aos séculos XVI, XVII e XVIII", colega de pesquisas genealógicas, me passou umas transcrições de imagens que ele tirou no Instituo Arqueológico, Histórico e Geográfico  Pernambucano, de batismos aqui da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, a partir de 1688. Procurei saber onde ele tinha encontrado tais relíquias, e ele me respondeu como transcrevo aqui:
"Prezado João Felipe. Você havia me perguntado de onde teriam vindo os antigos Livros das Igrejas do RN, correto? Agora já tenho uma boa noção do que aconteceu...
Os antigos Livros das Igrejas do Nordeste eram recolhidos para o Bispado, com sede no Recife/Olinda. Ficavam guardados na Câmara Eclesiástica, que ainda existe hoje, porém os Livros não existem mais. Segundo "informes" (informação sujeita à comprovação), os Livros estavam se estragando na Câmara Eclesiástica, por causa da umidade presente no ambiente. O funcionário, à época, achou que era algo contagioso e foi jogando fora na medida em que surgiam os mofos. Não sei de que forma, mas alguém salvou apenas os Livros do Rio Grande do Norte. Eis o motivo de os Livros ainda existirem e estarem a salvos no IAHGP."
Além disso, disse mais: "Em fins do Século XIX, o Sócio Salvador Coelho de Drumond e Albuquerque, descendente de João Fernandes Vieira, nos idos de 1871, para fins de conservação, efetivou uma cópia de vários dos registros dos antigos Livros, incluindo CASAMENTOS E ÓBITOS. (Nota: Lembre-se que só temos no IAHGP os Livros de BATISMOS.)
Em forma de 02 volumosos Livros, manuscritos, datados de 1871, temos, no IAHGP, cópia de transcrições destes antigos casamentos, onde encontrei, por exemplo, o casamento de Manoel Raposo da Câmara e Antônia da Silva. Não preciso dizer que fotografei na íntegra os 02 Volumes dos referidos Livros do Major Salvador Coelho de Drumond e Albuquerque. O que dizer sobre o Major?... Homem de muita visão!
Estou colocando à sua disposição, não só estes 02 Livros do Major, mas também as fotografias dos antigos Livros das Igrejas do RN (1688-1710), incluindo um outro que encontrei relativo a escravos e seus senhores, de 1710 a 1720. Santo Major!"
Francisco Xavier da Cruz, meu ancestral já citado acima,  que casou em Natal com Lourença Dias da Rosa, descendia de Antonio Dias Machado, que por sua  vez descendia de João Machado de Miranda. Pois bem, fui encontrar nos documentos transcritos por Fábio Arruda, dois batismos de filhos de João Machado de Miranda e Leonor Duarte de Azevedo. Eram Felizarda que nasceu em 1706 e João que nasceu em 1709. João Machado de Azevedo (João) casou em 1743.
Nesses documentos, ainda, encontramos personagens como: Teodósio da Rocha, João Martins de Sá, Capitão Teodósio Grasciman, Manoel Gonçalves Branco, Afonso de Albuquerque Maranhão, Manoel Raposo da Câmara, Domingos Paes Botão, José Porrate de Moraes Castro e Tomé Lostao.
Os batismos vão de 1688 até 1711.

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