domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Noiva da Revolução, a Ilha de Manoel Gonçalves e minha trisavó

A Noiva da Revolução, a ilha de Manuel Gonçalves e minha trisavó.

 "A NOIVA DA REVOLUÇÃO" é o título de um romance do jornalista Paulo Santos de Oliveira, que descreve o movimento patriótico de 1817 com total fidelidade aos acontecimentos. Essa grande aventura, apaixonada e romântica, é narrada pela ótica de Domingos Martins, o principal líder revolucionário, e complementada pela  filha de portugueses Maria Teodora da Costa, que viveram um amor proibido e fizeram o casamento talvez mais importante já realizado no País", segundo o site do livro acima.
Quando comecei minhas pesquisas genealógicas, João Batista de Melo Pinto, meu primo, me escreveu que, Miguel Trindade Filho, meu pai, em carta para ele, falava em um cidadão chamado Bento José da Costa, um português, residente em Recife, grande proprietário de terras, cuja filha Maria Teodora se casou com o chefe da Revolução de 1817, Domingos José Martins, era tio de minha trisavó portuguesa Josefina Maria Ferreira. Fomos, então, eu e Batista atrás de documentos que pudessem comprovar essa afirmação. A primeira referencia que encontrei foi na "Escritura de Venda que Faz D. Francisca Rosa Fonseca, de todos os terrenos e fazendas de gados que possui no Sertão do Assú, a Domingos Afonso Ferreira e ao Tenente-Coronel Bento José da Costa" no livro de Olavo Medeiros Filho, Ribeiras do Assú. Lá encontrei entre as terras, a fazenda Cacimbas do Viana, local onde nasceu minha avó, Maria Josefina Martins Ferreira, neta de Josefina Maria Ferreira. Em seguida encontrei no livro 1º Centenário da Ordenação Sacerdotal do Monsenhor Joaquim Honório da Silveira, que os portugueses capitão João Martins Ferreira, seu filho José, seus quatros genros, José Joaquim Fernandes, Manoel Antonio Fernandes, Manoel José Fernandes e Antonio Joaquim de Souza mudaram-se definitivamente para ilha de Macau, abandonando a pequena ilha de Manuel Gonçalves, tragada pelo mar, e que fazia parte das terras adquiridas pelo Tenente Coronel Bento José da Costa. O sobrenome Martins Ferreira me chamou a atenção por ser o mesmo do meu trisavô José Martins Ferreira, esposo da portuguesa Josefina. Constava ainda no livro do Monsenhor Honório, parte da escritura das terras de Bento, citada ali por Nestor Lima. Havia uma pequena divergência entre a citação de Olavo e a de Nestor. Era quanto ao nome do Administrador das terras de Bento. Na primeira constava como sendo João Alves Ferreira e na segunda como João Moz Ferreira. Já familiarizado com tantas abreviaturas, depois de muitas leituras de livros de casamento, suspeitei de imediato que o João que estavam citando nem era um nem outro, mas João Martins Ferreira. Fui ao Instituto Histórico conferir e lá estava a abreviatura Miz que tanto conhecia. Nas abertura das atas da Câmara Municipal de Angicos do ano de 1855, constava sempre o nome Costa Miz, se referindo ao meu trisavô vereador Alexandre Avelino da Costa Martins. Parece óbvio que o Administrador das terras de Bento era o mesmo que morava na ilha Manuel Gonçalves de sua propriedade e que se mudou para a Ilha de Macau com genros e filhos. Em seguida encontrei o batizado de quatro filhos naturais de José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres que nasceram entre 1830 e 1835, José, Manoel, Josefa e Joaquim e que são reconhecidos como filhos na forma que foi declarado pelo vigário João Teotônio de Souza e Silva: "o qual disse em minha presença reconhecia o dito parvulo por seu filho e me pediu fizesse essa declaração para a todo tempo constar". Foram padrinhos Silvério Martins de Oliveira com Joanna Nepomucena, Pedro Álvares Ferreira, Francisco Martins Ferreira, Antonio Joaquim de Souza com Thomásia Martins Ferreira e Manoel José Fernandes com Anna Martins Ferreira. Thomásia e Anna eram filhas de João Martins Ferreira e por isso acredito que José Martins Ferreira fosse o filho José, de João Martins. Silvério foi o primeiro Administrador da Mesas de Rendas Estaduais de Macau. Em seguida encontrei o batizado de dois filhos legítimos de José Martins Ferreira com Josefina Maria Ferreira. Todos esses batizados em Macau, em 06 de junho de 1842. O primeiro era do meu bisavô Francisco Martins Ferreira que nasceu em sete de outubro de 1841. Foram padrinhos Tenente Coronel José Ramos de Oliveira e sua mulher Maria da Costa por seus procuradores em Macau. Esse Tenente Coronel é citado em um artigo sobre a Ponte D' Uchoa, no Sítio das Jaqueiras, da pesquisadora do Instituto de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco, Samira Adler, que escreve: "da residência de Bento José, não sobrou qualquer vestígio. A última noticia oficial vem de 1858, data em que o Sr. Manoel José da Costa – tutor dos órfãos do comendador José Ramos de Oliveira, o derradeiro dono daquelas terras - manda demolir a construção, loteia a propriedade e vende os terrenos a vários compradores". O cidadão Manuel José da Costa (1809-1885) a que Samira se refere é o Barão das Mercês, filho de Bento que se casou com Caetana Cândida Gomes, Baronesa das Mercês, prima paterna do mesmo (Mística do Parentesco, Edgardo Pires Ferreira). O outro batizado, no mesmo dia, foi de João Martins Ferreira que nasceu em 22 de junho de 1840. Os seus padrinhos foram Pedro Alves Correa e, João Martins Ferreira, por procuração que apresentou de Maria Teodora da Costa Pires da Praça de Pernambuco. As escrituras citadas anteriormente foram feitas em 1897 e nessa época João Martins Ferreira já era o Administrador das terras de Bento. Todas essas relações confirmam como disse Miguel Trindade, que Bento era tio de Josefina Maria Ferreira e que, portanto Maria Teodora, a noiva da revolução era sua prima. No mínimo comadre.

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