quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O inventário de Thomaz Bengala




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Embora tenha deixado uma descendência ilustre, o nosso personagem, Thomaz Bengala, deixou, também, um mistério com relação a sua vida e a sua morte. Não se sabe quando nasceu, quem eram seus pais, com que idade faleceu, e onde foram registrados seus filhos. Em nenhum livro vi referência ao seu nome, nem Câmara Cascudo e nem Olavo Medeiros Filho escreveram, que seja do meu conhecimento, qualquer coisa sobre esse Thomaz de Araújo Pereira Junior, que viveu em Santana do Matos.
Buscávamos seu inventário, acreditando que boa parte desse mistério pudesse ser resolvida. Mas, nada. De qualquer forma, algumas novidades surgiram que vamos inserir aqui. Não vamos entrar nos detalhes dos bens, que não eram muitos. Não parecia ser uma pessoa abastada.
Sobre seu inventário, que chegou às minhas mãos, pelo descendente Prof. João Abner, informamos, inicialmente, que: Aos dezoito dias do mês de maio de 1863, na Fazenda São José, do Termo da Cidade do Assú, em casa de aposentadoria do Doutor Juiz de Órfãos, Doutor Ignácio Dias de Lacerda, e na presença do escrivão do seu cargo João Batista de Oliveira Monteiro, foi deferido o juramento dos Santos Evangelhos, onde Dona Rita Regina Câmara informou que seu marido, Thomaz de Araújo Pereira Junior,  faleceu aos 31 de outubro de 1862, sem deixar testamento, e que daria os nomes dos filhos, com suas respectivas idades, como também a relação dos bens deixados pelo marido, sem ocultar nada. Assinou por ela, por não saber escrever, seu irmão Manoel Antonio de Miranda.
Nessa declaração inicial, de Dona Ritta Regina, nenhuma informação sobre a causa da morte, nem tampouco a idade do falecido. Mas, uma coisa ficou, aparentemente, clara, que seu pai se chamava Thomaz de Araújo Pereira.
Sobre os filhos, disse Dona Ritta Regina que seu marido, Thomaz de Araújo Pereira Junior, deixou os seguintes: Maria de 7 anos; Ananília de 4 anos; Bemvenuto de 3 anos e Vivaldo de 2 anos de idade. 
Com a informação acima, podemos inferir que Thomaz e Regina devem ter se casado um pouco antes de 1855.
Na parte das dívidas devidas, citou Dona Rita a quem devia o casal: à sua irmã Maria Francisca Nobre, procedido de dinheiro de empréstimo; aos órfãos de Vicente Gomes de Lima, por ter sido seu marido tutor dos referidos; a seu pai João Ferreira de Miranda, e a Canuto Ildefonso Emerenciano procedido de fazendas que o marido dela comprou ao referido Canuto.
Uma coisa que chama nossa atenção, no ítem das dividas, é o fato de não aparecer nenhum parente de Thomaz, mas um irmã e o pai de Ritta. Aliás, em todo o inventário não aparece parente algum do inventariado.
Dona Ritta, até por seu requerimento, ficou como tutora dos filhos por certo tempo, e seu irmão como fiador, já em 1863, conforme seu procurador Luiz da Rocha Pitta, mas por um pedido desse seu irmão, houve alteração, em 1870: Diz Manoel Antonio de Miranda, residente no Termo de Ceará Mirim, em qualidade de fiador de Rita Regina da Câmara, tutora dos órfãos seus filhos, que tendo esta mudado-se deste Termo para o de Acary, e o suplicante para o de Ceará Mirim, e desejando este lançar-se fora da dita fiança, vem requerer a V. Sª se sirva de ordem que sejam enviados para o referido Termo de Acary, os autos do inventário que se precedeu por falecimento do marido da dita tutora, Thomaz de Araújo Pereira, que devem existir no Cartório  de Órfãos deste Termo, a fim de que possa aí ser nomeado outro tutor dos referidos Órfãos, visto ter aquela passado à segunda núpcias.
Nesse ano de 1870, ela nomeou Joventino da Silveira Borges (nomeado tutor no lugar de Ritta), em primeiro lugar, e Luiz Valcacer da Rocha Pitta, em segundo lugar para prestarem contas no Juízo de Órfãos de Assú, dos bens dos seus filhos. Esse documento veio com as assinaturas de Manoel Pires de Albuquerque Galvão (2º marido de Rita Regina), José Ferreira Nobre Câmara e João Ferreira de Miranda Junior (irmãos) e Manoel Victoriano da Silva Santos.
Nesse mesmo inventário, encontramos que: Em 5 de setembro de 1883, no Sítio Area, termo de Acary, em casa do capitão Luis de Medeiros Galvão foi intimado o tutor para prestar contas, que na ocasião informou que todos os bens foram entregues aos seus tutelados em virtude dos seus casamentos e por terem atingido idade de suas emancipações, estando presentes eles e seus maridos: Manoel Jacintho da Silveira Borges, Manoel Salustino Gomes de Macedo, Bemvenuto Pereira de Araújo, e Vivaldo Pereira de Araújo, por si e como administradores de suas mulheres Maria Regina e Ananília Regina. Assim, e aí presentes, assinaram dando quitação do recebimento de suas legítimas, na presença do Juiz de Órfãos Doutor Francisco Aprígio de Vasconcelos Brandão.
Annanília Regina e seu marido Manoel Salustino Gomes de Macedo foram os pais do Desembargador Thomaz Salustino. Manoel Salustino, natural de Picúi, era tio avô do meu sogro Francisco Umbelino Neto.
Em artigos anteriores, transcrevemos os casamentos de Vivaldo Pereira de Araújo com Maria Quitéria da Silveira, filha de  Manoel da Silveira Borges, e Maria Quitéria Barbalho Bezerra, e o de Maria Regina de Miranda com Manoel Jacinto da Silveira, filho legítimo de Jacintho José Thomas da Silva e Anna Clara da Silveira, já falecidos.
No casamento, de Vivaldo, é informado que ele era natural da Freguesia de Santa Rita.
O 2º casamento de Dona Ritta Regina foi em Acary, como segue: Aos trinta de setembro de mil oitocentos e sessenta e nove, pelas sete horas da tarde, no Sítio Cascavel, desta Freguesia de Acari, depois de obtida as necessárias  dispensas de parentesco de afinidade, proclamas e hora, uni em matrimônio os contraentes Manoel Pires de Albuquerque Galvão e Rita Regina da Câmara, viúvos, sendo ele desta Freguesia e ela da Freguesia de Sana Rita da Cachoeira, servatis servandis, sem impedimento algum, em presença das testemunhas Antonio Pires de Albuquerque Galvão e Sérvulo Pires de Maria Galvão, que comigo assinaram o assento, pelo qual mandei fazer este assento que assino. O Vigário Thomaz Pereira de Araújo.
Duas coisas chamam nossa atenção no casamento de Ritta Regina: primeiro, que ela era da mesma Freguesia do filho Vivaldo, a saber Santa Rita da Cachoeira; segundo, a dispensa de afinidade no casamento com Manoel Pires de Albuquerque Galvão. Já tínhamos visto em um registro de 1864, que Dona Ritta Regina viúva, foi madrinha, no Sítio Bodó, sendo dada sua Freguesia como sendo de Santa Cruz. Quanto a afinidade, pode ter vindo de duas possibilidades: a mãe de Manoel Pires é descendente do Velho Thomaz de Araújo Pereira (o 1º do nome), um parentesco distante, ou, talvez, Manoel Pires fosse parente bem próximo de Thomaz de Araújo Pereira Junior. Corre uma lenda, segundo me contou o Prof. João Abner, à boca pequena, na família, que Thomaz Bengala era filho natural do Padre Thomaz Pereira de Araújo, com uma moça, lá de Santana do Matos, esse mesmo que casou Ritta com Manoel Pires.  Porfíria Alexandrina de Jesus, uma irmã do Padre, foi casada com Antonio Pires de Albuquerque Galvão Junior, irmão de Manoel Pires, esposo de Ritta Regina. Outro irmão do Padre, de nome Antonio Pereira de Araújo Junior foi casado com Teodora Maria de Jesus, irmã de Manoel Pires.
Os pais de Ritta Regina da Câmara eram João Ferreira de Miranda e Joaquina Maria da Conceição. Este casal já estava em Santana do Matos, em 1837, pois foi aí que batizou uma filha de nome Maria, no Sítio São José, tendo como padrinhos Luiz da Rocha Pitta e minha trisavó, Maria Ignácia Rosalinda Brasileira. A batizada, talvez, fosse Maria Francisca Nobre, a irmã que emprestou dinheiro para o casal Thomaz e Ritta. Nos filhos de João Ferreira de Miranda e Joaquina Maria, aparecem sobrenomes com Câmara e Nobre.
Não encontramos em Santa Cruz (Santa Rita da Cachoeira) qualquer registro sobre Ritta Regina ou seus filhos, embora ela e Vivaldo sejam dados como dessa freguesia. Esperamos encontrar outros documentos que ajudem a desvendar o mistério que envolve a vida de Thomaz Bengala.
Filhos de Thomaz e Ritta Regina

domingo, 31 de janeiro de 2016

Araújo Pereira, lá do Assú


João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Já fiz um artigo sobre o Thomaz de Araújo Pereira, aqui de São Gonçalo, que era descendente do Thomaz de Araújo Pereira, primeiro do nome, lá de Acari. Encontramos um Thomaz de Araújo Pereira, lá no Assú. Aliás, encontramos registros de mais pessoas com sobrenomes Araújo Pereira e Pereira de Araújo. Com os assentos mais resumidos, não foi possível identificar seus ascendentes, mas vale a pena fazer o registro. Vamos começar com um registro, onde está dito que um deles era natural do Seridó. Chamamos a atenção dos leitores para as variações nos nomes das esposas deles. Naquela Freguesia de São João Batista do Assú, isso era frequente. Parecia que a pessoa encarregada de fazer o assento escolhia ou inventava  sobrenome, principalmente das mulheres.
João, filho de Thomaz de Araújo Pereira, natural do Seridó, e de Joana Maria dos Santos, do Assú, nasceu aos 21 de setembro de 1835, e foi batizado, nas Oficinas, aos 29 de setembro do mesmo ano, tendo como padrinhos João Gonçalves Pereira, casado, e Francisca de Andrade, solteira, ambos de Santana do Matos.
Anteriormente, tinha sido batizado um filho do casal, sem destacar a verdadeira naturalidade dos pais: José, filho de Thomaz de Araújo e Joana Maria, ambos do Assú, nasceu aos 15 de maio de 1834, e foi batizado em primeiro de junho do mesmo ano, no Saco, do Termo de Santa Ana do Matos, sendo padrinhos Francisco Xavier de Seixas e Ana Maria, casados, moradores na Freguesia de Santa Ana do Matos.
Outro registro que parece ser de filho do mesmo casal Thomaz e Joana, vamos encontrar nos livros de Santana do Matos, como segue: Sebastião, filho legítimo de Thomaz de Araújo Pereira e Joana Maria do Sacramento, natural, ele do Seridó, e ela desta, e nele moradores, nasceu aos 21 de janeiro de 1837, e foi batizado com os santos óleos,na Povoação de Macau, desta Freguesia, aos quatro de abril do dito ano, pelo Reverendo Frei José de Santo Alberto, de minha licença, foram padrinhos José Martins Ferreira e Josefina Maria Ferreira, casados, João Theotônio de Sousa e Silva. Esses padrinhos eram meus trisavós.
Aos 4 de dezembro de 1839, foi batizada, no Saco, Conegundes, filha de Thomaz de Araújo Pereira e Joana Maria de Jesus, sendo padrinhos Manoel Francisco Monteiro de Lima e Nossa Senhora.
Sobre Thomaz Pereira de Araújo e sua esposa Ana Maria, com essa inversão no sobrenome, encontramos alguns registros.
Octaviano, nasceu em 1 de fevereiro de 1835, e foi  batizado aos 15 de março do mesmo ano, na Matriz do Assú, sendo filho de Thomaz Pereira de Araújo e Ana Maria da Conceição, tendo como padrinhos David Dantas de Faria e Felipa Maria do Espírito Santo, solteiros.
Theodósio, filho de Thomaz Pereira e Ana Monteiro, nasceu aos 7 de janeiro de 1838 e foi batizado aos 19 de fevereiro do mesmo ano, na Matriz do Assú, sendo seus padrinhos João Luiz de Araújo e sua mulher Anna Jacinta. Vigário Luiz Francisco da Fonseca.
Quitéria, filha de Thomaz Pereira de Araújo e Ana Maria da Conceição,  nasceu aos 13 de julho de 1839, e foi batizada aos 7 de outubro do mesmo ano, tendo como padrinhos Jerônimo Mendes Pereira e Izabel Álvares Xavier.. 
Manoel, pardo, filho de Thomaz Pereira de Araújo e Ana Monteiro da Conceição, nasceu aos 15 de março de 1847 e foi batizado aos 29 de junho do mesmo ano, na Matriz do Assú, tendo como padrinhos o major Manoel Lins Caldas e Delfina Francisca Senhorinha Vasconcelos, por procuração de Maria Genoveva Lins Caldas.
Em virtude das abreviaturas e da qualidade da imagem, não sabemos se o batizado era Alexandre, André ou Antonio, filho de Thomaz Pereira de Araújo e Ana Monteiro da Conceição, nascido aos 20 de fevereiro de 1853, foi batizado no mesmo ano, tendo como padrinhos Antonio Cabral de Macedo e Vicência Gomes da Silva, por procuração de Maria Duarte Freire.
Em 1853, Thomaz Pereira de Araújo e Ana Monteiro aparecem como padrinhos, sendo que no sobrenome dela é acrescentado  Cunha
Havia outro Thomaz Pereira de Araújo, cuja esposa era Maria José. Vejamos os registros.
Joaquina, parda, filha de Thomaz de Araújo, Pereira, e Maria José, ambos do Assú, nasceu aos 30 de junho de 1835, e foi batizada aos 12 de julho do mesmo ano, na Matriz do Assú, tendo sido padrinhos Nossa Senhora da Conceição e João Umbelino, solteiro.
No dia 5 de julho de 1840, nascia Joana, filha de Thomaz Pereira de Araújo e Maria José da Fonseca, tendo sido batizada aos 19 de julho do mesmo ano, na Matriz do Assú, sendo seus padrinhos Manoel Francisco da Silva e Maria Ferreira de Lima.
Severino (parece ser este o nome), pardo, filho de Thomaz de Araújo Pereira e Maria José da Fonseca, nasceu aos 2 de junho de 1846 e foi batizado aos 5 de julho do mesmo ano, na Matriz do Assú, tendo como padrinhos José Máximo Correa e Francisca Maria, solteiros.
José, filho de Thomaz Pereira de Araújo e Maria José, nasceu aos 13 de agosto de 1848, e foi batizado aos 18 de outubro do mesmo ano, na Matriz do Assú, tendo como padrinhos Francisco Jorge Barbosa, casado, e Ana Maria, solteira.
Em 1831, vamos encontrar um Thomaz Pereira de Araújo, solteiro, sendo padrinhos de José, filho de José Maria de Oliveira e Ana Francisca da Conceição.
Encontramos, em 1831, na Matriz de São João Batista do Assú, Thomaz Pereira, com 51 anos, viúvo de Quitéria Maria, casando com Felícia Rosa, de 36, filha de Braz Dias e Francisca de Tal, falecidos, sendo testemunhas João José e João de Deus, casados.
Ainda com sobrenome Pereira de Araújo, encontramos.
Thomaz, filho de Simão Pereira de Araújo, e Delfina Maria da Conceição, nasceu aos 26 de outubro de 1860 e foi batizado aos 16 de março de 1861, na Matiz do Assú, tendo como padrinhos Thomaz Pereira de Araújo e Quitéria Maria da Conceição.
No registro a seguir aparece no sobrenome a palavra Neto: Aos 11 de agosto de 1862, Felis Thomas Brandão, viúvo de Joaquina Maria da Conceição, casou com Maria Angélica da Conceição, filha de Bernardino José de Sena e Luciana Maria de Jesus, tendo como testemunhas Sebastião Rodrigues da Cruz e Thomaz de Araújo Pereira Neto, moradores nesta Freguesia. Antonio Dias da Cunha.
Aos 8 de janeiro de 1862, na Boa Vista, Manoel Joaquim de Santa Ana, natural de Bananeiras, morador em Extremoz, filho de Joaquim José de Santa Ana, e Rosalina Angélica do Espírito Santo, casou com Maria Thereza de Jesus, filha de Thomaz Pereira de Araújo e Antonia Gomes do Carmo, sendo testemunhas Joaquim Antonio de Araújo e Theodoro Antonio de Brito. Antonio Dias da Cunha.
Em 1848, Thomaz Pereira de Araújo e Maria Joaquina de Araújo foram padrinhos de Manoel, filho de Francisco Theodósio da Silva e Ana Maria da Conceição.
Encontramos ainda Thomaz Pereira de Araújo e Maria Pereira Virgem sendo padrinhos de Leonides, filha de Manoel José da Paixão e Maria Francisca da Costa, em 1855.

Em 1868, nasce Manoel, filho de João Pereira de Araújo e Maria Umbelina da Conceição, tendo como padrinhos no seu batizado, Manoel Thomaz Pereira de Araújo e Izabel Maria de Araújo.

Se alguém reconhecer algum parente acima, favor escrever.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Olyntho Lopes Galvão e os Lopes Galvão


Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

O meu blog tem trazido, para meu convívio virtual, pessoas que moram nos mais diversos lugares do país, e, até, de fora dele. Recebi recentemente um e-mail com solicitações genealógicas, onde constava o seguinte: Meu nome é Carlos Roberto Galvão Sobrinho, sou médico e historiador, moro nos Estados Unidos, mas sou brasileiro e filho de potiguares que imigraram para o RS nos anos 60.  O meu pai é de Natal, mas a sua família descende dos Lopes Galvão de Mossoró e Açu.  Estou engajado num projeto de reconstrução genealógica deste ramo da família e escrevendo um artigo sobre a sua contribuição para a história do RN.  Como estou nos EUA (e só ocasionalmente venho ao Brasil), tem sido naturalmente difícil me dedicar ao trabalho em tempo integral e fazer pesquisa arquival etc.  Ainda que tenha conseguido aos poucos levantar muitos dados,  há ainda várias lacunas no meu trabalho.  Enfim, escrevo para saber se teria alguma informação sobre os Lopes Galvão.

Em outro e-mail, ele escreveu: Se não for abusar da sua generosidade, gostaria de consultar mais uma vez a sua sabedoria sobre a matéria, mas desta vez sobre um período mais próximo.  Entre as lacunas que tenho na reconstrução da árvore genealógica paterna figura o parentesco entre os Lopes Galvão do Seridó e os Lopes Galvão de Mossoró; O meu bisavô paterno era Olinto (Olynto) Lopes Galvão de Mossoró.  Olinto nasceu em 1860, foi juiz suplente em Mossoró e intendente em Açú/Assu; casou-se com Cândida Miranda Fontes (descendente dos Miranda Henriques), minha bisavó. 

Aqui vão as minhas perguntas: 1.  Quem foi o pai de Olinto Lopes Galvão? Infelizmente a memória familiar se perdeu, ainda que tenha tios que se recordem do avô; 2. Qual o parentesco - se é que o há - entre Olinto Lopes Galvão e Romualdo Lopes Galvão (n. 1864), também de Mossoró, abolicionista, republicano, comerciante, presidente do Banco de Natal, governador, etc. etc.,  e contemporâneo de Olinto?  Romualdo era filho de João Lopes Galvão (n. 1839 em Mossoró) e irmão de Isabel Lopes Galvão (n.1873), que se casou com Sylvio Policiano de Miranda.  A minha família também não sabe com certeza se há ligação entre eles; 3. Qual a relação entre João Lopes Galvão, pai de Romualdo e Isabel, e os Lopes Galvão do Seridó?

Com os pedidos acima, resolvi buscar o que tenho nos meus arquivos sobre esses Lopes Galvão, que ainda não tinha explicitado em algum artigo. Embora, tenha informações sobre alguns deles, não foi possível encontrar o elo com o Cipriano Lopes Pimentel.

Os Lopes Galvão aparecem espalhados por vários lugares do Rio Grande do Norte. Aqui, vamos apresentar vários deles, que encontrei, através dos registros da Igreja. Inicialmente, lembramos um documento importante apresentado por Hélio Galvão, no seu livro sobre a Fortaleza da Barra do Rio Grande, o testamento de Cipriano Lopes Pimentel, datado de 19 de dezembro de 1729. Nele Cipriano declara que é filho do sargento-mor Francisco Lopes e de sua mulher Joanna Dornelles. Apresenta sua esposa Dona Tereza da Silva, filha de Filipe da Silva e Joana Salema. Na sequência nomeia como seus filhos e da sua dita mulher: Lázaro Lopes Galvão, Cipriano Lopes Galvão, Jorge Lopes da Silva, Archângelo Lopes, Estevam Lopes, Manoel Lopes e Dona Luiza da Silva, casada com o sargento-mor Manoel Álvares Maciel.

Esse Jorge, citado acima, é um deles, que encontramos o registro de casamento: Aos 15 de outubro de 1736, na Igreja de São Miguel da Missão de Guajirú, na presença do Reverendo Antonio Andrade de Araújo, Cura de Goianinha, e das testemunhas capitão Duarte Pinheiro Rocha, tenente Francisco Xavier Ribeiro, Maria Magdalena, esposa do sargento-mor Hilário de Castro Rocha, e Maria Gomes, se casaram Jorge Lopes Galvão, natural de Goianinha, filho legítimo do capitão Cipriano Lopes Pimentel e Thereza da Silva, com Francisca Xavier Figueira, filha do sargento-mor Francisco Rodrigues Coelho, falecido, e Joana Figueira. Manoel Corria Gomes, vigário, Antonio de Andrade de Araújo.

O Cipriano Lopes Galvão, também citado acima, é nomeado em um registro de batismo, onde sua esposa foi madrinha: Em 28 de setembro de 1756, era batizado, aqui na Matriz da Cidade do Natal, pelo padre Francisco de Albuquerque de Mello, Phelippa, filha do capitão Manoel Gomes da Silveira e sua mulher Luzia de Albuquerque de Mello, tendo como padrinhos Manoel de Oliveira Miranda e dona Adriana de Holanda de Vasconcelos, mulher do sargento-mor Cipriano Lopes Galvão, por seu bastante procurador Faustino da Silveira.

Encontramos, também, um registro de casamento de um neto de Cipriano e Adriana: No dia 22 de junho de 1800, na Capela de Nossa Senhora da Guia de Acari, dispensados do parentesco em que estavam ligados, em presença do reverendo padre Manoel Teixeira da Fonseca, de licença minha, e na presença das testemunhas capitão João de Albuquerque Maranhão e capitão Miguel Pinheiro Teixeira, se casaram João Lopes Galvão, filho legítimo do capitão-mor Cipriano Lopes Galvão e Vicência Lins de Vasconcellos, com Joana Francisca da Conceição, filha legítima de José de Freitas Leitão e Francisca Xavier, já defunta. Vigário José Antonio Caetano de Mesquita.

Essa Vicência Lins de Vasconcelos era filha dos meus hexavós, Francisco Cardoso dos Santos e Thereza Lins de Vasconcelos.

Nos registros de Touros, e na localidade de Caiçara, vamos encontrar, também, um Cipriano Lopes Galvão e um Francisco Lopes Galvão: Aos 20 de setembro de 1835, de licença minha, o Reverendo Frei José de Santo Alberto, da ordem dos Carmelitas, assistiu ao matrimônio de Francisco Lopes Galvão, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão e de sua mulher Anna Francisca, já falecida, com Felipa Maria da Conceição, filha legítima de João de Sousa Galvão e Silvana Maria da Conceição, na presença das testemunhas José Ignácio de Miranda e André de Sousa Miranda e Silva, moradores na Ilha de Manoel Gonçalves, onde se fez este sacramento. Felix Alves da Cruz, vigário por oposição.

Aos 10 de maio de 1838, na Capela de Guamaré, na presença do Reverendo David Martins Gomes, de minha licença, e das testemunhas Francisco José Soares, morador em Guamaré, e de Antonio Ferreira de Brito, desta Freguesia, se receberam em matrimonio, João Galvão Lopes, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão e Anna Francisca de Sousa, já falecida, com Maria Freire da Silva, filha legítima de João Freire da Silva e Gertrude Gomes da Rosa. Felix Alves da Cruz, vigário colado.

Aos 2 de setembro de 1842, na povoação de Caiçara, em desobriga, se receberam em matrimônio, Manoel Galvão Lopes de Sousa, filho de Cipriano Lopes Galvão e de sua mulher Anna Francisca de Sousa, já falecida, com Florinda Maria da Soledade, filha legítima de Luiz Correa Chaves, e de sua mulher Joanna Correia da Soledade, brancos, em minha presença, e das testemunhas Pedro José dos Santos, e João Francisco Cacho, moradores em Caiçara. Antonio Camelo Valcácer.

Aos 6 de setembro de 1842, no Sítio das Bicúdas, em desobriga, se receberam em matrimônio Alexandre Lopes de Sousa, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão, e de sua mulher Anna Francisca, já falecida, com Fausta Maria, filha legítima de Luiz Correia Chaves, e de sua mulher Joana Maria da Soledade, brancos, em minha presença, e das testemunhas José Bezerra da Costa e Francisco Ferreira da Costa, brancos, casados, Antonio Camelo Valcácer, vigário apresentado.

Nosso Cipriano, dos registros de Touros, casa novamente, depois de ficar viúvo: Aos três de agosto de 1844, na povoação de Caiçara, em desobriga, se receberam em matrimônio, Cipriano Lopes Galvão, viúvo que ficou de sua primeira mulher Ana Francisca de Sousa, com Francisca Freire da Silva, filha legítima de José Nunes de Oliveira, já falecido, e de sua mulher Izabel Correia de Brito, brancos, em minha presença e das testemunhas Jerônimo Freire de Queiroz e Vicente Ferreira de Brito. Vigário Antonio Camelo Valcacer.

Lá no Assú,  vamos encontrar outros Ciprianos: Aos treze dias do mês de novembro de 1823, pelas cinco horas da tarde, na Matriz de São João Batista do Assú, em presença do Padre Manoel Fernandes Pimenta da Silva, e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes Cipriano Lopes da Rocha e Rosaura Maria, meus fregueses: O esposo de idade de 22 anos, filho natural de Ana Maria da Rocha, e natural da Freguesia do Seridó, donde apresentou seus papéis desembaraçados; a esposa de idade de 22 anos, moradores neste Assú, onde se fizeram as denunciações necessárias sem impedimento; a nubente viúva que ficou por falecimento de Antonio José de Albuquerque; e logo lhes deu as bençãos matrimoniais, sendo primeiramente confessados e examinados na doutrina cristã, presentes por testemunhas Antonio Caetano Monteiro e Antonio Barroso de Carvalho, casados. Joaquim José de Santa Ana, pároco do Assú.
Desse casal acimao registro de mais um nome repetido: Cipriano, filho legítimo de Cipriano Lopes Galvão, natural do Seridó, e Rosa (deve ser Rosaura) Maria da Conceição, natural do Assú, nasceu aos 4 de março de 1832, e foi batizada aos 8 de abril do dito ano, pelo Reverendo Vito Antônio de Freitas, de licença minha, na Capela de Santa Ana de Campo Grande, sendo padrinho o referido Reverendo Vito Antonio. José Joaquim de Santa Ana, vigário do Assú.
Outro filho do casal: Francisca, filha de Cipriano Lopes Galvão, lá do Seridó, e Rosaura Maria da Conceição, do Assú, nasceu aos 29 de janeiro de 1834 e foi batizada na Capela de Santa Ana de Campo Grande, aos 24 de fevereiro do mesmo ano, sendo padrinho Antonio Manoel Barroso, solteiro. Mais uma vez a presença de um Barroso, nessa família.

Em 1832, foi batizado José, filho de Felisberto Barroso de Carvalho e Francisca Maria, tendo como padrinho Cipriano Lopes Galvão.

Aos 30 de novembro de 1833, na Fazenda Adquinhon, em presença do Padre Vito Antonio de Freitas, de licença minha, se receberam por esposos presentes, Raimundo José de Sousa, de 24 anos, natural do Seridó, filho legítimo de Manoel Lopes Galvão e Ana Rosa Pereira, e Tereza Maria de Jesus, de 17 anos, natural do Assú, filha legítima de João Batista de Sousa e Tereza de Jesus Maria, sendo presentes por testemunhas Ignácio Francisco e Idalino de Alexandre Bezerra, casado. Joaquim Jose de Santa Ana, vigário do Assú.

Para os lados de São José e Papari, mais Lopes Galvão. Em 9 de fevereiro de 1836, na Matriz de Santa Ana da Vila de São José, o Reverendo Francisco Antonio de Souza e Silva, batizou Úrsula, branca, nascida aos 5 de janeiro do dito ano, filha de André Lopes Galvão e Senhorinha Mathildes Barbosa, moradores na Boca da Picada, sendo padrinhos Estevão Teixeira Brandão e sua mulher Antonia Clara, naturais e moradores na Freguesia de Papari.

Aos 13 de novembro de 1846, na Matriz de Nossa Senhora do O’ de Papari, em presença do Reverendo Gregório Ferreira Lustosa, vigário da cidade de São José de Mipibu, de licença minha, e na presença das testemunhas Bernardo de Castro Leitão e Francisco Xavier Carneiro, casados, se casaram Joaquim Lopes Guarim, branco, de 25 anos, natural do Assú, de onde veio de menor para a cidade de São José de Mipibu, filho legítimo de Francisco Lopes Galvão, falecido e Thereza Maria de Jesus, com Violante Rozalinda da Silva, branca, de 20 anos, natural de Brejo da Cruz, de onde veio criança para Papari, filha legítima de Francisco Xavier de Macedo, falecido e Catharina Barbosa da Silva, foram dispensados do 2º grau de afinidade ilícita, contraído pelo nubente, em que estavam ligados, Vigário José Manoel dos Santos Brígido.

Aos 26 de janeiro de 1847, na Matriz de Papari, na presença do major José de Araújo Costa e João Porfírio (ilegível), se casaram José Felippe Santiago Jr. natural de Natal, filho legítimo de José Felippe Santiago e Antonia Joaquina de Sousa Santiago, com Ana Joaquina do Sacramento, natural de Acari, filha de Bartholomeu Lopes Galvão e Francisca Alexandrina do Sacramento. José Manoel dos Santos Brígido.

Em março de 1859, no sítio Vista, o padre João Damasceno Xavier Dantas casava José Joaquim Torres Galvão, viúvo que ficou de Leocádia Guedes da Fonseca, com Michelina Guedes de Paiva, filha de Manoel Francisco de Paiva e Francisca Barbosa do Carmo.

Em 6 de fevereiro de 1883, em Ceará-mirim, presentes Ignácio Guedes e Joaquim Guedes, casavam Francisco Lopes Galvão, 32 anos, filho de José Joaquim Torres Galvão e Leocádia Joaquina da Fonseca, com Cândida Belarmina da Conceição, de menor, filha de Belarmino Lins de Vasconcelos e Maria Marculina Monteiro.

Essas informações poderão ser completadas por outras pessoas que descendem dessas ou que tenha tido acesso a outros registros. Infelizmente, não acessei ainda os registros da Igreja de Mossoró.
Sobre Olyntho, encontrei seu óbito no ano de 1930, aqui nos registros da Catedral. Dizia que ele tinha 63 anos e era oriundo de Goiana, Pernambuco, Quanto a Romualdo, que nasceu em Campo Grande, hoje Augusto Severo, encontrei, também, seu óbito, em 1927. Segundo esse registro, faleceu com 74 anos de idade e era filho de João Lopes Galvão.

Diz Carlos, que ele era filho de João Batista Galvão, e neto de José Olinto Galvão. Diz mais que este e mais Joaquim Fontes Galvão, Ercílio Fontes Galvão, Olyntho Lopes Galvão Filho eram filhos de  Olynto Lopes Galvão, e Dona Cândida de Miranda Fontes.

Volto aos registros para buscar algum registro sobre esses membros da família Fontes Galvão.
José Olinto Galvão, com 18 anos de idade, filho de Olintho Lopes Galvão e Cândida Fontes Galvão, casou na Catedral aos 31 de janeiro de 1931, com Maria da Conceição Santos, de 16 anos, filha de João Pedro dos Santos e Elvira Ephigenia Santos.na presença de Nestor dos Santos Lima e Rodrigo Affonso Cunha.

Em outro registro, encontro que Zélia Maria, branca, nascida aos 17 de agosto de 1940, era batizada na Catedral, sendo filha legítima de José Olinto Gomes, funcionário público, natural de Natal, e de sua esposa Dona Maria Conceição Santos Galvão, natural de Natal, neta paterna de Olinto Lopes Galvão e Cândida Fontes Galvão, e materna de João Pedro dos Santos e Efigenia dos Santos, sendo seus padrinhos Hercílio Galvão, casado, funcionário público e sua esposa D. Laura Gambarra Galvão.

João (Batista Galvão), filho legítimo de José Olinto Galvão e de Maria da Conceição Galvão, nasceu aos 3 de julho de 1936, e foi batizado na Catedral em 1 de agosto do mesmo ano, tendo como padrinhos Antonio Coelho e Thereza de Nazareth Santos Coelho.


Este artigo poderá ser reeditado, dependendo de novas informações encontradas.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O sargento-mor Francisco Nogueria

por João Felipe da Trindade
Inez Maria de Araújo casou com o sargento-mor Francisco Nogueira Castello Branco. Não houve sucessão. Na verdade, esse casamento foi no dia 24 de outubro de 1763, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, sendo celebrante o padre Miguel Pinheiro Teixeira, tendo como testemunhas, o capitão-mor Joaquim Felix de Lima, governador desta capitania, e o capitão José Teixeira da Silva. O nubente, natural da Freguesia de São Julião, da cidade de Lisboa, era filho de Daniel Lobo Castelo Branco e de Maria Izabel Lucas. Tinha vindo da Bahia, de menor idade, e era morador da Freguesia de São João Batista do Assú. Na data do casamento, os pais de Inez, Lourenço de Araújo Correia e Elena Duarte de Azevedo, já eram falecidos. No dia seis de dezembro de 1783, o sargento-mor Francisco Nogueira faleceu, na idade de 80 anos, pouco mais ou menos, tendo sido sepultado, no dia seguinte, na Arco do Cruzeiro da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. Por essa informação do óbito, ele deve ter casado com a idade de 60 anos.
Elena Duarte de Azevedo, sogra de Francisco Nogueira, era filha de Manoel Rodrigues Santiago e Catherina Duarte de Azevedo, neta, pela parte materna, de Manoel Duarte de Azevedo e Margarida Machado de Miranda. Esta Margarida era, segundo o genealogista Manoel Maurício, filha de Estevão Machado de Miranda, que por sua vez era genro de Antonio Vilela Cid, e  ambos mártires de Uruaçu.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Antonio de Barros Passos Junior e José Rebouças de Oliveira




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
Em artigo anterior, vimos que Antonio de Barros Passo Junior, que foi batizado, na Igreja de Santo São Pedro, Pernambuco, aos trinta e um de abril de mil setecentos e trinta e três, veio para Extremoz, no ano de 1759. Neste artigo veremos os descendentes dele e o entrelaçamento com a família Rebouças de Oliveira.

Em uma certidão, do ano de 1790, do Escrivão da Fazenda Real, do Almoxarifado da Alfândega, e da Vedoria de matrícula de Gente de Guerra, Antonio José de Souza e Oliveira, desta cidade do Natal da capitania do Rio Grande, constava na Companhia de que foi capitão Pedro Tavares Romeiro, do Presídio, que Antonio de Barros Passos, soldado da companhia do sargento-mor do Regimento pago do Recife de Pernambuco, de que foi coronel João Souza de Lacerda, ter vindo, com carta de guia para esta capitania, por soldado Mestre de Escola dos  Índios de Extremoz do Norte, e na dita praça de soldado serviu de Mestre desde o dia vinte e dois de junho de mil setecentos e cinquenta e nove em que se apresentou nesta  vedoria por ordem do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Luiz Diogo Lobo da Sylva, governador e capitão general de Pernambuco, que foi  desta capitania, até seis de abril de 1770, dia em que passou para Ajudante pago do Terço Auxiliar desta cidade, de que é Mestre de Campo, Francisco Machado de Oliveira Barros, e no ano de 1785, teve quatro meses, dois dias de licença notada, e no de 1789, em 19 de julho, do mesmo ano, saiu desta cidade para fazer revista aos corpos auxiliares de ordenanças do Sertão desta capitania, por portaria dos governadores interinos, em cumprimento de ordem do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor D.  Thomaz José de Mello, Governador e capitão general de Pernambuco, Paraíba e mais capitanias anexas, e em 3 de novembro de dito ano se recolheu da dita diligência e na dita praça, de Ajudante tem servido até hoje sem mais verbos nem notas, em seus assentos e sem alguma coisa que possa servir de impedimento.

Vale a pena colocar aqui uma contestação contra a indicação de Antonio de Barros Passos Junior, que foi feita pelo Senado da Câmara: José da Costa Pereira, capitão e comandante da tropa paga da cidade do Natal, capitania do Rio Grande do Norte, do continente de Pernambuco, reclamou da indicação de Antonio de Barros Passos para o governo, nos termos seguintes: Pelo Alvará de sucessão de 12 de dezembro de 1770, foi servido sua Majestade de ordenar que falecendo os governadores desta capitania, fossem chamados para o governo interino dela o oficial de guerra de maior patente, o corregedor da Câmara, e o vereador mais velho do mesmo senado. E falecendo presentemente Caetano da Silva Sanches, governador desta capitania, o Senado desta cidade, ou por falta de inteligência, ou por motivos sinistros, contra o entender sempre praticado não só nesta capitania senão também nas vizinhas da Paraíba e Ceará Grande, me privou desta honra, chamando para o governo Antonio de Barros Passos, sargento-mor do Regimento Auxiliar de Cavalaria do Distrito de Cunhaú, distante desta Praça, vinte léguas.

Não sei se resultou alguma coisa dessa reclamação, pois segundo Câmara Cascudo, Antonio de Barros Passos Junior participou do governo interino, em 1800, 1801 e 1802.

 Antonio de Barros Passos Junior e sua esposa Bernardina de Assunção eram naturais de Pernambuco. Vejamos alguns registros dos filhos deles: Ana, filha legítima do Ajudante Antonio de Barros Passo, e de Dona Bernardina de Assunção, naturais do Recife, neta paterna do tenente Antonio de Barros Passos, natural de São Lourenço da Mata, e de Anna de Lima de Abreu, natural do Recife, materna de José da Costa, natural da Ilha de São Miguel, e de Mauricea da Assunção, natural do Recife, nasceu aos dezesseis de março do ano de mil setecentos e setenta e seis, e foi batizada com os santos óleos, nesta Matriz, de licença minha, pelo Padre Miguel Pinheiro Teixeira, aos dois de abril do dito ano, foi padrinho o tenente governador José Baptista Freire, do que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Pantaleão, filho legitimo do Ajudante Antonio de Barros Passos, e de Bernardina de Assunção, naturais da Vila do Recife, neto por parte paterna do tenente Antonio de Barros Passos, natural da Freguesia de São Lourenço da Mata e de Anna de Lima de Abreu, da mesma Vila do Recife, e pela materna  de José da Costa, natural da Ilha de São Miguel e de Mauricia da Assunção, natural Recife, nasceu aos sete de maio do ano de mil setecentos e setenta e dois e foi batizado com os santos óleos de licença minha, nesta Matriz, pelo Padre Francisco Manoel Maciel aos oito de julho do dito ano, foi padrinho o cirurgião Francisco Paula Moreira e sua mulher Rita Maria, desta Freguesia, de que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo. Vigário do Rio Grande. 

Dona Bernardina de Assunção faleceu no ano de 1795, com a idade de 59 anos de idade. Segundo Câmara Cascudo, Antonio de Barros Passos Junior voltou a casar, e foi com Ignácia Juliana, filha de Salvador Rebouças de Oliveira e Rosa Maria de Oliveira, aos 14 de outubro de 1800. Dessa segunda esposa, vieram os filhos Josefa, nascida a 23 de fevereiro de 1802; Francisca nascido a 9 e batizada a 20 de agosto de 1804. Esse casamento durou pouco tempo, pois, Ignácia Juliana ficou viúva, ainda em 1804, como podemos ver do registro a seguir: Aos dez de outubro de mil oitocentos e quatro faleceu da vida presente, nesta Freguesia, o sargento-mor de Cavalaria, Antonio de Barros Passos, natural de Pernambuco, com a idade de oitenta anos, pouco mais ou menos (na verdade ele deveria ter cerca de 70 anos), casado com D. Ignácia Juliana, tendo recebido o sacramento da penitência e unção, foi sepultado na Igreja de Santo Antonio dos Soldados, envolto na sua farda, depois de ser encomendado pelo Reverendo Vigário de Extremoz, de licença minha, comigo e mais sacerdotes desta Freguesia. E para constar fiz este termo que assino. Feliciano José Dornelles, Vigário Colado. 

Um dos filhos de Antonio de Barros Passos Junior, que não encontrei o batismo, era, também, militar e tinha o mesmo nome dele. Encontrei apenas registro de uma neta: Aos 23 de novembro de 1839, nesta Matriz, batizei, solenemente, a Josefina, branca, nascida a 4 de março do mesmo ano, filha do tenente Antonio de Barros Passos e sua mulher Dona Gertrudes Thereza de Barros. Foram padrinhos Estevão José de Carvalho e Thereza Joaquina de Jesus por procuração que apresentaram Francisco Felipe da Fonseca Pinto, casado, e sua filha Anna da Fonseca Pinto, solteira, moradores nesta cidade, e para constar mandei fazer este assento em que assinei. Alexandre Ferreira Nobre, Vigário Encomendado.

Um amigo fez a seguinte correção, após esta publicação, sobre Antonio e Gertrudes: Casados aos 08 de janeiro de 1824 em Natal. Ele filho de José Rebouças de Oliveira e de Antonia Joaquina de Barros (Filha de Antonio de Barros Passos Junior), e ela de João Cavalcante Bezerra e de Maria Madalena de Jesus.

Em setembro de 1862, faleceu Dona Gertrudes Thereza de Barros, branca, casada com o tenente Antonio de Barros Passo; 5 anos depois, aos dezoito de novembro de 1867, faleceu repentinamente, o tenente Antonio de Barros Passos, branco e viúvo, seu marido.

Antonio de Barros Passos Junior, além de ser sogro José Rebouças de Oliveira tornou-se genro de Salvador Rebouças de Oliveira, como podemos ver dos registros a seguir.

Francisco, filho legítimo do alferes José Rebouças de Oliveira, natural desta Freguesia, e de Antonia Joaquina de Abreu, natural da Vila de Extremoz, neto paterno alferes Salvador Rebouças de Oliveira, natural de Mossoró, e de Rosa de Oliveira, natural desta Freguesia, neto materno do sargento-mor Antonio de Barros Passos, e de Dona Bernardina de Assunção, naturais da Vila de Santo Antonio do Recife, nasceu aos 8 de novembro de mil setecentos e noventa e quatro, e foi batizado com os santos óleos, pelo Reverendo Vigário Coadjutor desta Freguesia, Doutor Pantaleão da Costa de Araujo, nesta Matriz aos dezessete do dito mês e ano; foram padrinhos o sargento-mor Antonio de Barros Passos, e sua mulher Bernardina de Assunção, por seu procurador, o cabo de esquadra Luis Soares, casado, do que por verdade fiz este assento em que assinei. Ignácio Pinto de Almeida Castro. Vigário Encomendado do Rio Grande.

Aos seis de dezembro de 1797, na Igreja de Santo Antonio do Potengi, o Padre José Gonçalves de licença minha, batizou e pôs os santos óleos, a inocente Izabel, filha legítima de José Rebouças e D. Antonia de Barros, neta paterna de Salvador Rebouças e Rosa Maria, e materna do sargento-mor Antonio de Barros Passos e D. Bernardina de Assunção; foram padrinhos Salvador Rebouças e Úrsula Leite, do que para constar mandei fazer este assento em que me assino. Feliciano José Dornelles. Vigário Colado.

Aos trinta dias do mês de setembro de mil oitocentos e três, batizou, de licença minha, e logo lhe deu os santos óleos, na capela de Santo Antonio, o Reverendo Coadjutor Francisco Alves de Mello, a Bernardina, filha do tenente José Rebouças de Oliveira, natural desta Freguesia, e de sua mulher Antonia Joaquina, natural de Extremoz, com vinte dias de nascida, foram padrinhos por procuração, o sargento-mor Antonio de Barros Passos e Bernardina, solteira, filha; e para constar mandei fazer este assento em que me assino. Feliciano José Dornelles, Vigário Colado.

Aos vinte de abril de mil oitocentos e cinco, era batizado na capela de Santo Antonio, Francisco, filho do Alferes José Rebouças de Oliveira e de Antonia Joaquina, sendo padrinhos Antonio da Rocha Bezerra e sua mulher Antonia Izanobre.

Em dezoito de agosto de 1817, na capela de São Gonçalo do Potengi, Manoel Antonio de Oliveira, filho de Joaquim José de Oliveira e Maria Antonia de Oliveira, falecida, casou, com dispensa de 3º grau de sanguinidade, com Antonia Joaquina de Oliveira, filha do capitão José Rebouças de Oliveira e Antonia Joaquina de Barros, falecida, presentes Gaspar Rebouças e Luis Gomes da Silva.

Em três de março de 1821, na Matriz, Antonio de Pádua Silva, filho de Luiz Antonio da Silva e Ignácia Áuria do Coração de Jesus, natural da Ilha Terceira, cidade de Angra, casou com Izabel Maria de Oliveira, filha do capitão José Rebouças de Oliveira e Antonia Joaquina, falecida.

Em doze de novembro de 1829, na capela de São Gonçalo, Antonio Barreto Carvalho, filho de José Ignácio de Morais e Maria de Morais, casou, com Bernardina Rita da Conceição, filha do capitão José Rebouças de Oliveira e Antonia Joaquina de Barros, falecida, com dispensa de 2º grau, por cópula ilícita.

Aos quatro de maio de 1826, na capela de São Gonçalo do Potengi, Joaquim José da Câmara, filho de Joaquim da Câmara e Maria Antonia, casou com Maria Ignácia, filha do capitão José Rebouças de Oliveira e Antonia Joaquina, sendo dispensados do 3º grau de consanguinidade.

Aos quatro do mês de julho de 1809, faleceu da vida presente, nesta Freguesia, D Ana (?) Antonia Joaquina, branca, com a idade de 50 anos, tendo recebido o sacramento da penitência, somente, casada com o alferes José Rebouças de Oliveira, foi sepultada na capela de Santo Antonio do Potengi, envolta em mortalha de pano branco, depois de ser encomendada pelo coadjutor Simão Judas Thadeu, de minha licença, Feliciano José Dornelles. Neste registro, o nome de Dona Antonia é precedido do nome Ana.

José Rebouças de Oliveira, filho do tenente José Rebouças de Oliveira e Mariana Antonia de Oliveira, falecida, casou em casa de morada do capitão José do Rego Bezerra, com Joanna Francisca de Paula Rego, filha do capitão José do Rego Bezerra e Antonia Úrsula de Mello, sendo testemunhas Francisco Antonio de Barros Passos e o alferes Matheus Carvalho de Vasconcelos Monteiro.

Em 15 de janeiro de 1859, em oratório privado, casou José Rebouças de Oliveira Câmara, natural de São Gonçalo com Rita Gomes da Silva. Não constava os nomes dos pais dos nubentes